PREC – Curiosidades
As 35 horas
A lei das 35 horas
retomada em 2015, contrapartida do PS ao apoio do PCP e do BE para formar
governo, é uma velha reivindicação sindical que remonta aos tempos do PREC e do
1º Governo Provisório de que Cunhal fazia parte. Vejamos o que este pensava do
assunto em 17 de Junho de 1974 e publicado em “O Século” em 20 de Junho:
“São por vezes
apresentadas reivindicações que, na atual situação económica e social, não
podem manifestamente ser satisfeitas. É impossível sem uma grave perturbação na
estabilidade económica alcançar ao mesmo tempo consideráveis aumentos de
salários, diminuição do número de horas semanais, aumento de férias pagas, etc.
O PCP alerta para o perigo de reivindicações
irrealistas e chama particularmente a atenção para as exigências de súbita
e radical diminuição da semana de trabalho, que em alguns casos que em alguns
casos desceria a níveis não praticados mesmo nos países desenvolvidos. Semanas
de 35/36 horas não correspondem ao nível do atual desenvolvimento económico. As
reivindicações irrealistas conduzem a um beco sem saída, à perturbação do
equilíbrio económico, ou ao aumento dos preços e ao agravamento da inflação,
que anulam os aumentos de salários alcançados.”
Quem recorda esta
surpreendente sensatez de Álvaro Cunhal? O que mudou entretanto para justificar
as 35 horas semanais da função pública? A economia nacional é mais próspera?
Sim em termos absolutos, mas não relativamente aos nossos parceiros europeus!
De facto a economia nacional ocupa os últimos lugares; o PIB per capita em
paridades do poder de compra, em 2021, situou-se 26 % abaixo da média da
comunidade europeia, o 7º mais baixo da EU, segundo dados do Eurostat (Jornal
Eco, Mariana Espírito Santo, 23 de Março de 2022).
Este episódio é mais uma demonstração de que
a democracia portuguesa se movimenta de acordo com a lógica de poder partidário
e não com a do interesse nacional, constituindo causa primordial da decadência
e inevitável falência das democracias.
Foto de Eduardo Gageiro
Peniche, 30 de Julho de 2022
António
Barreto
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