Desporto

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A entrevista ao NG de RGS (2ª e última parte)


Direção do SLBenfica:

A relativização que RGS atribui à necessidade de os sócios e acionistas se inteirarem do projeto em vigor, alegando que quando se ganha, ninguém manifesta tal interesse, deixa-me estarrecido! Pois com certeza! Se a equipa ganha, o projeto é bom. Se não ganha tem que ser corrigido! É essa uma das missões fundamentais dos sócios e dos acionistas!

Isto é mais grave do que eu estava à espera! Respondeu a seguir indiretamente, que o projeto é ganhar tudo! Enunciando o princípio diretor do clube significa que não há objetivos definidos, ideia que acaba por ser assimilada quer pelos Atletas, quer pela estrutura quer pelos Adeptos, degradando a capacidade competitiva global! Isto não é admissível!

A resposta seguinte é igualmente espantosa! Recusa-se a admitir a intenção de derrubar a Hegemonia do FCP mas refere que bastará ao Benfica ganhar duas ou três vezes seguidas para esse domínio regredir, parecendo ignorar os pressupostos em que assentam as vitórias do FCP - incluindo a relativização sociopolítica dos valores que refere - e as inevitáveis derrotas no Benfica! Continua a ser grave!

A estupefação continua quando afirma que a Direção não deve definir objetivos desportivos relegando para os sócios e acionistas esse juízo! Tal reflete antes de mais uma inadmissível incapacidade de definição de objetivos desportivos perante os eleitores e restantes sócios, acionistas e adeptos. O caso é que, a adequada avaliação pelos sócios e acionistas da eficácia do trabalho da Direção, decorre dos compromissos e suas condicionantes que esta definiu para si própria! É assim que se gere qualquer empresa de sucesso. Claro que é muitíssimo melhor não assumir coisa nenhuma e navegar à vista! Mas não queremos isso no Benfica! Isto vai de mal a pior!

Referi um dia algures que me agrada o facto de Rui Costa estar no Benfica mesmo que sem função. Por isso, aceito a resposta de RGS, sendo óbvio que, RC, constituindo um fator de coesão dos Benfiquistas e de credibilização da Direção carece de um projeto específico adequado ao seu perfil e às necessidades do clube, do qual continuamos a saber nada.

A certa altura, tornou-se evidente que “o esquadrão de propaganda azul” definiu RC como alvo desencadeando sobre ele uma série de ataques sórdidos, visando destruir o capital de idoneidade e simpatia de que goza, dentro e fora do universo Benfiquista. Foi na lógica de o proteger que, quanto a mim, bem, António Carraça foi contratado. Tal não foi referido por RGS!

A declaração de empenho que manifestou na reconciliação dos Benfiquistas acusando os opositores de servirem os interesses dos nossos adversários, não é suficiente, tornando-se necessário estabelecer vias e mecanismos de diálogo visando a aproximação de posições, sempre na defesa dos superiores interesses do clube.

Afirma a posição do clube de exigência da sustentabilidade financeira dos concorrentes como requisito para a prossecução da verdade desportiva, mas, efetivamente, nada consta que tenha sido feito nesse sentido já que grande parte dos clubes está em graves condições financeiras.

Reconhece a subversão da verdade desportiva provocado pela cedência de atletas de alguns a clubes a outros do mesmo escalão mas não explicita as dificuldades a que alude, para lhes pôr fim, nem as diligências que a Direção tomou e tenciona tomar para esse fim.

Reconhece implicitamente as alianças de bastidores entre alguns concorrentes, com benefício desportivo e financeiro para o principal adversário revelando a sua fé no vencimento da razão numa sociedade democrática, esquecendo-se de que esta, o é apenas formalmente! Mais revela acreditar na reconversão futura dos aliados antiBenfica, esquecendo que a “exemplar estrutura” gere a rotação de alianças de acordo com os seus interesses, entre os quais, o mais importante é o de disseminar o Anti-Benfiquismo militante por toda a parte, num registo de perseguição social económica e política. Uma omissão gravíssima!

Aprovo a resposta que deu relativamente ao interesse de uma aliança com o SCP! É um assunto a esquecer. O Benfica deve bater-se ativamente pelos pressupostos de uma competição justa com quaisquer aliados interessados na mesma luta.

A propósito do referido relacionamento público do atual Presidente do Benfica com alguns “inimigos” do clube, como Joaquim Oliveira e António Salvador, testemunha a intransigência daquele na defesa dos interesses do clube, alertando para o perigo dos boatos, parecendo ignorar que, é precisamente esse relacionamento pessoal que gera tais boatos, seguramente fomentados pelo “esquadrão de propaganda azul”.  Grave!

 Nova perplexidade reside na perentória negação da sugerida pluralidade na Benfica TV, contemplando diferentes correntes de opinião! Compreendo a necessidade de coesão e compreendo o risco de dispersão e confronto inerente ao processo, mas, salvaguardadas as indispensáveis precauções, poderia, pelo contrário, constituir um fator de coesão e progresso do clube e SAD! A Democraticidade do clube não poderá nunca restringir-se à retórica! Grave!

Ao contrário, registo com agrado a aceitação da ideia de estreitamento do relacionamento do clube com o universo blogger Benfiquista. Considero-a uma excelente ideia na medida em que alavancaria a capacidade de comunicação da Direção, por um lado e responsabilizaria os bloggers num registo de militância; algo que muita falta faz ao Benfica. Parabéns ao autor da ideia!

É também com agrado que verifico a abertura de RGS à realização periódica de um congresso de Benfiquistas - naturalmente sócios do clube -, para apresentação, debate e votação de ideias para a gestão do clube. E compreendo as reticências que refere quanto aos riscos inerentes. Pois compreendo! É o risco inerente à Democracia; ou assume-se ou coarta-se esta e neste caso, as consequências também serão nefastas. Tudo a seu tempo, sendo que, este projeto, exige muita, mas mesmo muita ponderação, competência e maturidade de todos, sob pena de produzir resultado oposto ao pretendido. Estaremos preparados?

O Conselho de supervisão é outra coisa; seria constituído por um pequeno grupo eleito em AG do clube, que fiscalizaria a gestão executiva da SAD. Aliás, creio que os regulamentos da CMVM, o exigem em certos moldes. Defendo esta ideia, como já referi em crónica anterior. A questão da vaidade não se coloca, uma vez que se aplica a todos.

Não entendo com clareza a questão seguinte; a da proposta de exigência de filiação ininterrupta superior a 15 anos para aceder a qualquer órgão elegível do grupo Benfica, nem a resposta. Porém reconheço que, se é necessário blindar o acesso de “submarinos” e aventureiros ao clube, que poderiam destruir em pouco tempo tudo o que de bom já foi feito, também reconheço que tal requisito consistiria num fator dissuasor de adesão de novos sócios e promotor de desistência de muitos outros. Portanto, cuidado, muito cuidado! Nem tanto ao mar, nem tanto à terra!

À sugestão de que a ação do Treinador deveria restringir-se à preparação técnico-tática da equipa, ficando toda a gestão estratégica a cargo de outras estruturas do clube, afirmou perentóriamente que essas estruturas existem e exercem um trabalho de grande rigor, deixando a questão do treinador sem resposta. No entanto, é para mim óbvio que o Treinador deve ter sempre uma palavra a dizer na constituição da equipa. Faz parte do seu trabalho!

Considero a última questão relevantíssima para a consolidação da expansão do clube, alargamento da capacidade de recrutamento e aumento da eficácia de formação dos mesmos. Já a resposta de RGS afirmando que os CFT - campos de formação e Treino? - são disso exemplo, levam-me a pensar que há algo concreto implementado já com bons resultados, mas, provavelmente, não com perfil apontado na pergunta. Resposta incompleta a uma questão que reputo da maior importância.

Reitero os parabéns aos autores desta iniciativa, bem como aos Dirigentes pela disponibilidade demonstrada, considerando-a um marco na dinâmica de comunicação dos bloggers desportivos com os clubes, e vice-versa, mas, fico com a clara convicção de que, aqueles, subestimaram a capacidade destes, o que não é, de todo, idóneo!