Desporto

domingo, 28 de maio de 2023

PARABÉNS BENFICA!

 

PARABÉNS BENFICA!


O trigésimo oitavo campeonato do Benfica andava esquivo desde há dois anos, mas desta foi de vez e inteiramente merecido.


Foi uma época longa e difícil. Começou em agosto com a fase de apuramento para a Liga dos Campeões, onde a equipa encarnada deixou para trás outras financeiramente mais poderosas comportando-se dignamente, ao classificar-se em primeiro lugar na fase de grupos, soçobrando nos quartos de final perante o “velho conhecido” das lides europeias, o Inter de Milão, com algumas razões de queixa.


Na Liga portuguesa saiu como entrou, no primeiro lugar numa maratona de trinta e quatro jornadas. Apresentando um futebol de ataque e criativo, liderada por um treinador habituado a outro universo desportivo, que, além de competência, trouxe ética e liderança, a equipa foi cativando os adeptos e público em geral, com vitórias, um futebol ofensivo elegante, eficaz, e uma postura desembaraçada e confiante.


Vacilou no último terço do campeonato, supostamente devido a uma sucessão de circunstâncias desfavoráveis; jogos de elevada dificuldade - Braga e Porto - realizados imediatamente a seguir à participação dos seus jogadores nas seleções, afastamento do defesa dinamarquês - por lesão provocada pelo Uribe, que o retirou desse jogo e dos seguintes até à antepenúltima jornada - e uma série de decisões atrabiliárias dos árbitros em alguns jogos - Chaves - que levou a decisão do título até à última jornada.


Os confortáveis dez pontos de diferença para o segundo classificado reduziram-se a quatro e as habituais facilidades para o rival - penáltis e expulsões a “pedido” - alimentaram a dúvida até à última jornada. Nesta, a equipa não vacilou e confirmou, com justiça, o título de campeão nacional 2022-2023.


Pelo meio, alguns infortúnios - lesão do prometedor Draxler - e saída, no último dia da janela de transferências de inverno, do fantástico e campeão mundial, Enzo Fernandez! Com a saída deste a equipa perdeu algum do “perfume” futebolístico e do fulgor com que enche os relvados. Porém algumas revelações e adaptações compensaram esta perda.


António Silva, Gonçalo Ramos, Ursness, e João Neves, estes últimos cada um ao seu estilo, dois “moiros” de trabalho contagiando colegas e adeptos com a sua combatividade e eficácia, mas também Musa, ponta-de-lança temível que ainda há-de dar muitas alegrias ao clube.


Liderança no terreno do valente Otamendi, Grimaldo em versão melhorada, Alexandre Bah a dar solidez ao flanco direito, Chiquinho e Florentino sempre inconformados a varrerem todo o meio-campo, João Mário criativo e estabilizador da equipa, Rafa irreverente e diabólico várias vezes decisivo, Neres o criativo desequilibrador por excelência e o excelente Odisseias algo acima da época anterior.


Na segunda linha, Lucas Veríssimo, a recuperar de cirurgia, o prometedor Morato, sempre pronto a dar o seu contributo, o lutador Gilberto e os “nórdicos” ainda desconhecidos, de quem se espera bons contributos, tendo em conta o histórico do clube com atletas dessas paragens.


Pelo caminho ficaram as Taças de Portugal e da Liga, ambas com episódios de arbitragem recorrentes, que deixaram entre os adeptos a ideia de que teria havido intenção de afastamento da equipa destas provas.


Toda a época decorreu num ambiente hostil para o Benfica, quer pelo tratamento discriminatório das instituições desportivas, com sistemáticas sanções disciplinares e pecuniárias manifestamente exageradas, quer pela comunicação social em geral, com destaque para o CM e o Record, incansáveis a “desenterrar” temas desestabilizadores, quer algumas instituições da República, MP e PJ, com ações espalhafatosas contra o clube, geralmente coincidentes com períodos de apuros para o Governo.


Como pano de fundo de toda a época o tema da centralização dos direitos desportivos foi surgindo no espaço público. Espera-se com isso aumentar a receita global, melhorar a autonomia financeira dos clubes, diminuir o fosso competitivo entre eles, aumentar a imprevisibilidade das competições e com maximizar a receita global.


Devido aos antecedentes históricos nesta matéria não tenho a menor confiança nas instituições desportivas, Liga e Federação, para liderar este processo. Na verdade, o que está, sobretudo, em causa é a apropriação pela Liga do valor de mercado do Benfica para o enfraquecer e reforçar os seus adversários.


A intervenção do atual Governo nesta matéria, impondo a centralização, associada às sucessivas investidas do MP contra o Benfica, a prisão do anterior presidente - mais um -, consolida a ideia de que há setores partidários empenhados em denegrir e diminuir o Benfica, devido, creio, a traumas de natureza política. De outra forma não se compreende a passividade das autoridades perante certas ocorrências, de natureza financeira, judicial e desportiva.


O Benfica é uma nação”; é uma expressão que se vulgarizou e que de quando em vez se repete em ar de brincadeira. Porém, o entusiasmo, a alegria, com que os adeptos festejaram esta conquista, em Portugal e por esse mundo fora, alguns chegando às lágrimas, mostra que há algo de verdade nela. E poderá ser um alerta para todas as instituições, desportivas ou da República, que agem ou colaboram, ainda que por omissão, contra o clube, denegrindo-o, pondo em causa a sua honorabilidade, enxovalhando-o na praça pública de forma sistemática, ignorando ostensivamente todo o contributo que o clube tem dado para o desporto nacional, profissional e não profissional em variadíssimas modalidades e múltiplos os estratos etários.

                                                                   Viva o Benfica!

Peniche, 28 de Maio de 2023

António Barreto


domingo, 14 de maio de 2023

Causas Remotas do 25 de Abril

 

Causas Remotas do 25 de Abril



“...Portugal, três décadas depois da cedência de Roosvelt à URSS das suas possessões africanas, interpunha-se ainda como um escolho inamovível na viabilização do contrato e lutava sozinho contra o condomínio russo-americano e respetivos mecanismos de conquista e anexação.”


“...No dia 25 de Abril de 1974, capitães convictos de salvarem o povo das garras dos exploradores, apoiados por comunistas primários, estudantes analfabetos e intelectuais muito eruditos sobre o imperialismo dos EUA investiram contra a última barreira na Europa contra esse mesmo imperialismo.”


“Ao largo, na costa, uma esquadra americana velava pronta a intervir em favor dos revoltosos marxistas para que as promessas de Roosvelt fossem honradas. A África foi partilhada de harmonia com o esquema habitual: ideologia redentora primeiro; depois financiamentos redentores e divisão equitativa dos lucros entre parceiros sociais.”


“O agente de confiança de Nelson Rockfeller, Frank Carlucci, posando como embaixador dos EUA em Lisboa, como o seu homólogo da KGB, Kalinine, sob travesti semelhante, destacados para consolidar mais esta etapa, desempenharam-se com discrição e eficácia desta missão especial.”


“Os expoentes máximos do Round Table Business, organismo Rockfeller que agrupa os 178 maiores capitalistas do mundo, consideram hoje Portugal como uma das melhores coutadas europeias, tendo o caminho facilitado pela desertificação dos empresários nacionais, liquidados e afastados da competição pela aguerrida matilha comunista, Chase, Morgan, Ford, Rothschild, e o Kremlin tinham vencido juntos mais um lance”


Lourdes Simões de Carvalho, 23 de Março de 1980, em O Dia, citada em: Livro Negro do 25 de Abril, de José Dias de Almeida da Fonseca.


Estaline, Lenine e Kalinine em 1919


Peniche, 14 de Maio de 2023

António Barreto





domingo, 7 de maio de 2023

O Paradoxo do "Homem Novo"

 

O Paradoxo do “Homem Novo”


Nunca foi tão grande, como na nossa época, o desprezo de certas camadas intelectualizadas pelo homem comum. Afastadas do realismo cristão que obriga a consciência a considerar o homem concreto, refugiaram-se num amor abstrato a um homem abstrato que povoa as suas utopias e que sairá numa manhã desconhecida da realização dos seus sonhos. Por isso odeiam o homem concreto - o seu próximo na linguagem e no pensamento cristão - que não é para eles mais que um ser amorfo e desprezível - um produto adulterado pela circunstância burguesa - que o partido transformará pela força no homem novo de amanhã, um homem que eles não são e em que não conseguem transformar-se.”

Fernando Pecheco Amorim - "Manifesto contra a Traição"


Peniche 07 de Maio de 2023

António Barreto