Desporto

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O fim de Jorge Jesus é o fim de Vieira (amen!)


Henrique Raposo

                   


Reconheço o sabor desta temporada 2013-14, é aquele travo acre dos anos 90 e do início dos anos 2000. Parece que estou em 1996, 98 ou 2001. É aquele desânimo, o ver por obrigação uma equipa sem rumo. Não por acaso, voltei a entrar no erro benfiquista daquela negra época: a dança de treinadores. Tal como todos os benfiquistas, estou farto de Jesus, quero um treinador novo e tenho os meus candidatos. E até tenho razão para estar descontente. Depois daquele Maio traumático, o Benfica devia ter dispensado Jesus. Como isso não aconteceu, nós, adeptos e até jogadores, ainda estamos nas Antas e em Amesterdão, ainda estamos naqueles dois 90+2. Mas, atenção, o grande responsável por esta situação não é Jesus. O culpado é o Presidente Vieira. Por outras palavras, o nosso tema de debate não devia ser o pós-Jesus, mas sim o pós-Vieira. 

Para não despedir Jesus no final da época passada, Vieira agarrou-se ao trauma Fernando Santos. A comparação é incompreensível e revela logo à partida uma débil inteligência desportiva. Fernando Santos foi despedido na primeira jornada da sua segunda época. Uma precipitação, sem dúvida. Ao invés, Jesus estava há quatro anos no clube (um ciclo completo) e finalizou o ciclo com três derrotas traumáticas. O fim da Era Jesus era a única saída aceitável. Não está em causa a qualidade do futebol (questão técnica), mas a moral de um homem. Depois daquela descida aos infernos da bola, os jogadores e adeptos nunca voltariam a encarar Jesus da mesma forma. O balneário nunca mais estaria com ele. Como se vê agora. Toda a gente antecipou este cenário, Vieira foi a única pessoa no planeta que não quis ver o óbvio. É grave. O Presidente do Benfica não tem de perceber de futebol, mas tem de revelar sensibilidade para as coisas que estão além da folha de excel.

Fernando Santos e Jorge Jesus são o 8 e o 80, e o problema é que Vieira nunca conseguiu encontrar um meio termo na sua relação com os treinadores. Além disso, a gestão do plantel tem sido caótica e, passados doze anos de consulado Vieira, o Benfica ainda não fixou uma estrutura clara: quem é que manda no futebol? O que faz Rui Costa? O que faz Shéu Han? Carraça? Todas estas indefinições estão na base das nossas derrotas. Sim, é verdade que Vieira terá um lugar na história do clube . Os historiadores do Benfas dirão que "Vieira foi o presidente da transição, pegou num clube de joelhos e deu-lhe estruturas". Problema? Falhou no futebol. É tempo de passar a bola a outro. 

PSG-Benfica 3-0