Desporto

domingo, 2 de outubro de 2022

Descolonização e Autodeterminação

 

Descolonização e Autodeterminação

Como se enganaram os povos com a falsa ideia de Liberdade

 

   Convencem-se as populações com propósitos altruístas, ideias generosas e bons propósitos atenuando reações adversas e, pouco a pouco, lentamente, de inevitabilidade em inevitabilidade, o país vai sendo conduzido ao açougue do socialismo.

   O “direito inalienável dos Povos à Autodeterminação” deu lugar ao “direito dos Povos ocuparem incondicionalmente qualquer espaço territorial”, entenda-se; povos africanos, asiáticos e sul-americanos e territórios Ocidentais.

   Aqui, numa confrangedora e abusiva assunção de culpa coletiva, a nacionalidade é atribuída a qualquer um. Critérios de identificação histórica, convergência cultural, domínio do idioma e vínculo nacional são postos de parte.

   Os novos portugueses são apresentados como “salvadores” dos outros por, alegadamente, assegurarem as tarefas de que estes foram sistematicamente afastados, e providenciarem o financiamento do Estado Social.

   A matriz demográfica vai-se transformando e a diversidade cultural dá lugar à desagregação social comprometendo a Nação, requisito primordial dos países, em qualquer época histórica.

   Hoje, as frentes progressistas difundem a necessidade de “africanização da democracia”, levantando a ponta do véu do objetivo político; a adoção dos valores culturais e sociais dos “novos nacionais”, relativizando os tradicionais.

   A histórica resistência do povo profundo à expansão do progressismo vai sendo atenuada pela importação maciça de imigrantes, garantindo a hegemonia política futura dos respetivos partidos políticos.

   Sucede porém que tal constitui uma perversão da democracia e do Programa do MFA na medida em que os partidos deveriam emanar do povo em função dos vários interesses em jogo e não replicar modelos externos impostos às populações, conforme agendas dos velhos, mas ainda vivos, internacionalismos ideológicos.       

   Vejamos o que disse o Ministro da Coordenação Interterritorial, António de Almeida Santos:

   “O ministro português da Coordenação Interterritorial, António de Almeida Santos, declarou hoje que a independência será uma das opções do referendo a realizar em Moçambique dentro de um ano.

   Disse que o referendo que vai ser organizado em cada um dos territórios ultramarinos dentro de um ano “seria mais ou menos baseado no princípio de um homem um voto”.

   Depois de informar que os menores de 18 anos não votariam, acentuou que não se trataria de um referendo adequado caso fosse seguido o sistema anterior de apenas votarem as pessoas que sabem ler e escrever.

   A respeito da luta que há dez anos grassa no território contra os guerrilheiros da Frelimo, o Dr. Almeida Santos afirmou estar “absolutamente fora de questão” admitir a possibilidade de não se chegar a acordo com os dirigentes da Frelimo.”  

República, 21 de Maio de 1974

   Mas o referendo não se efetuou contrariando o estipulado no Programa do MFA, e as promessas feitas ao povo português, metropolitano e ultramarino.

   Nem novos nem velhos, nem letrados nem analfabetos, nem pretos nem brancos, nem sequer como no anterior regime; ninguém foi chamado a pronunciar-se!

   Os novos democratas, autoproclamados antifascistas, que, de cravo ao peito cantavam a Grândola, “O Povo é quem mais ordena…”, decidiram pelo povo, traindo-o.

   Os interesses americanos e soviéticos, e dos nossos atuais parceiros europeus, representados pelos partidos dominantes da época em Portugal, PS e PC, sobrepuseram-se ao “direito inalienável dos povos autodeterminação”.

   A democracia portuguesa começou com uma grande mentira, a promessa da autodeterminação.    

O sublinhado é meu.



Peniche, 2 de Outubro de 2022

António Barreto