Desporto

domingo, 19 de junho de 2016

Paradoxos da equipa da FPF

    
Edgar Degas Ironing Woman, The Laundresses, 1884

   A equipa de futebol da Seleção Nacional deu o que tinha para vencer a Áustria; empenho, velocidade, agressividade, verticalidade e amplitude. Faltou talento para finalizar. Faltou ambição do Treinador. Fernando Santos parece refém do jogo de interesses que usa a seleção nacional. O meio-campo, apesar da cultura tática dos respetivos titulares, não demonstrou capacidade de criar imprevisibilidade nem poder de choque. O trabalho nas alas foi entregue quase em exclusivo ao Quaresma, que se esgotou por falta de alternância. Ronaldo foi, mais uma vez, uma "prima-dona" que até se deu ao luxo de "previsivelmente" falhar uma grande penalidade; sei que acontece a todos, mas...a probabilidade de Ronaldo falhar era elevada. Marcador indiscutível dos livres frontais, CR7 insiste numa coreografia ridícula que nada acrescenta à eficácia do remate. A sua mobilidade é reduzida, "adornada" com sucessivos e inúteis protestos, constituindo um desincentivo implícito aos colegas.

   Confesso que ainda não compreendi as qualidade de Eder para a função de ponta de lança. Também me pareceu claro no jogo anterior que João Moutinho está longe da sua boa forma e que João Mário ainda não consegue acrescentar valor à equipa em jogos de alto nível. Pelo contrário, Rafa mostrou que poderia ter feito a diferença. Por outro lado, as coloridas botas de Rui Patrício, que nem esteve mal neste jogo, denunciam pernicioso exibicionismo, comum a vários outros jogadores. Comentadores e políticos, numa repetição patética de colagem populista, encarregaram-se de alimentar o já robusto ego dos jogadores, origem da sobranceria com que "arrancaram" amargo empate aos simpáticos e esforçados islandeses.

   Por várias vezes me julguei determinado ao rompimento afetivo com a Seleção Nacional de futebol sénior. A verdade porém é que, na hora da verdade, acabo a torcer e "sofrer" por ela, apesar da descriminação ostensiva para com os jogadores do Benfica, da falta de humildade e talento e da integração de jogadores que não são dignos de pisar os relvados dos campos de futebol; casos de Pepe e Bruno Alves. 

   A hostilidade que a FPF tem exibido para com o Benfica, bem patente na época finda com o hilariante caso Slimani, constatou-se mais uma vez  com as opções do selecionador neste jogo. A equipa necessitava de músculo, pulmão e criatividade no meio campo. Necessitava de um médio ofensivo que fizesse a ligação do meio campo com os avançados; recuperando, assistindo, capaz de criar superioridade numérica na área e de finalizar. Esse jogador era Renato Sanches. Ao deixá-lo no Banco, Santos, deu azo a que pensassem que se deixou influenciar pelo lóbi anti-Benfica, nomeadamente pelas declarações idiotas da véspera do ressentido e egotista Jorge Jesus. Mas também necessitava de mais um flanqueador capaz de alternar com Quaresma, com força e velocidade para ir à linha do flanco contrário, cruzar com qualidade ou fletir para o interior e rematar com potência, beneficiando dos espaços que a maior amplitude ofensiva proporcionaria. Esse homem era Eliseu. Até poderia manter o Rafael em campo, visto que é um excelente defesa esquerdo, mas não tem a força, o poder de choque o remate e a qualidade de colocação da bola de Eliseu. Renato e Eliseu foram campeões nacionais e bateram-se galhardamente contra grandes equipas europeias, tal como Pizzi e André Almeida. Não entraram porque "são" do Benfica. É o que pensam os benfiquistas. Têm direito de o fazer.

   Jardel mostrou disponibilidade para representar a seleção das quinas. O silêncio foi a resposta! A seleção necessita ou não de um central que suba no terreno nas bolas paradas e seja capaz de fazer golo? Quais dos atuais centrais, já em declínio, o faz melhor que Jardel? Recordo o caso de Lima; sem pontas de lança, ventilou-se, em tempos, a possibilidade de recrutamento deste fantástico finalizador. Não! disse logo Paulo Bento, fazendo saber que era contra as naturalizações. Mais tarde recrutou o "português" Liedson para a seleção nacional! Nem "piou"! Lembro ainda o caso Isaías; jogador extraordinário, incansável, poço de energia, empolgante, rematador implacável, goleador....Quando se colocou a possibilidade de integração na seleção portuguesa, logo apareceram os nacionalistas de pacotilha, antibenfiquistas militantes em oposição esclarecida! Mas, mais tarde, houve espaço para Deco, "encalhado" no FCP e para PEPE, que, certamente por serem "portugueses de fina linhagem", não suscitaram repulsa alguma aos "propagandistas" da seita federativa.

   Hoje não tenho dúvidas; o sucesso da equipa nacional de 66 deixou um profundo e ainda vivo ressentimento nos rivais do Benfica que é a sede desta hostilidade, mais ou menos latente, não explícita, naturalmente negada, mas que os benfiquistas sentem, percebem e que se consolidou especialmente no mandato de Madail. A presença de Humberto Coelho na Vice-Presidência da FPF tem o propósito de "afagar o pêlo" aos adeptos encarnados e "mascarar" a hostilidade. Não admira que muitos adeptos benfiquistas "torçam" o nariz a esta seleção.

   Apesar de tudo, há condições para ganhar à Hungria desde que Santos faça Ronaldo jogar para a equipa ou o sentencie a aquecer o banco de suplentes. Um homem com medo, é meio homem.    

domingo, 5 de junho de 2016

Sou do Benfica!

     
 
Women at her toilet, Edgar Degas
 
   A equipa de andebol do Benfica não ganhou o campeonato nacional por uma unha negra!  Apesar disso, merecem uma palavra de incentivo por terem superado as espetativas gerais. Com o fraco arranque da época quase ninguém supunha possível a excelente campanha que fizeram; venceram a Taça de Portugal derrotando um dos candidatos ao título, o Sporting Clube de Portugal, afastaram  o reiterado campeão, Futebol Clube do Porto da disputa do título nacional, foram às finais da Taça Chalenge, deixando pelo caminho valorosos adversários e levaram a discussão do título nacional à negra, apesar dos sucessivos infortúnios. Um feito digno de aplauso. Eu, que nem apreciava a modalidade, fiquei a gostar dela um bocadinho mais. Está pois validada a mudança de rumo encetada pelos respetivos Dirigentes no início da época finda. Mariano Ortega mostrou que sabe muito da poda e que é um líder à altura dos desafios tendo demonstrado serenidade e competência mesmo nos momentos críticos. A equipa de andebol do Benfica está, finalmente, em condições de discutir os títulos da modalidade. Mais uns ajustes e ganharemos. Força e um abraço a todos. Foram uns valentes. Cuidado com os homens do apito.

  Já o referi antes e não me canso de o dizer; a postura que o Benfica tem mantido no andebol, enche-me de orgulho!, um orgulho secreto, silencioso, mas reconfortante; esta nobreza de não ganhar e não desistir, trabalhando sempre com determinação para a vitória, sem desrespeitar os adversários nem vexar os jogadores é enobrecedora. Mostra, afinal, que este clube tem valores que, tal como referiu à dias o nosso querido Simões, valem mais que títulos desportivos; valores humanos e civilizacionais. São estes valores que perpetuam as instituições.
 
Viva o Benfica!

The star

   
 
The Star, Edgar Degas

 
   Continua o "fogo de artifício" mediático em torno do Sporting Clube de Portugal, apesar da exiguidade de títulos que este clube conquistou na época transata. Dirigentes, Diretores,  Treinador e outros agentes deste clube,  "apadrinhados" por  diligentes comentadores, pateticamente, insistem no discurso das vitórias morais, em declarações de guerra aos "inimigos", no anúncio de vitórias futuras em tudo e mais alguma coisa, recorrendo ao insulto soez, destilando ódio e menosprezo pelos adversários. A ânsia de vitória e a frustração da derrota impede-os de perceber que a sobranceria constitui o caminho mais fácil para o insucesso; um estilo que julgávamos em fim de ciclo  face ao eminente abandono de Pinto da Costa.
 
   É constrangedor e preocupante assistir à passividade e ao alinhamento de figuras públicas tidas por idóneas e ponderadas, às baboseiras belicistas, insultuosas, desestabilizadoras e manipuladoras de tal gente. Responder com indiferença, porém, será fatal. Senão vejamos; o segundo lugar no campeonato foi conseguido graças a sucessivos erros grosseiros de arbitragem de que beneficiaram, ao consentimento da prática reiterada de jogo violento que lhe permitiram, a proteção institucional a nível disciplinar que lhe foi proporcionada e ao escandaloso "jogo amigo" que os adversários das últimas jornadas lhe dispensaram. O caso Slimani, que deveria ter suscitado punição imediata e exemplar deste pseudo-jogador,  terminou, como era previsível, com um pífio e inútil jogo de castigo, depois da época finda, constituindo um insulto implícito dos órgãos federativos responsáveis, a Samaris, ao Benfica e seus adeptos e uma demonstração de incompetência e, ou, nepotismo. O acórdão de condenação de Pereira Cristóvão no caso Cardinal iliba o SCP apesar daquele ser titular de cargo dirigente à data da prática do crime. Entretanto as instituições tutelares do futebol  não se pronunciam sobre este caso provavelmente esperando que caia no esquecimento. Na audiência preliminar do diferendo entre o Benfica e Jorge Jesus, segundo a imprensa de hoje, a juíza deu uma "coça" aos juristas do clube encarnado pela fragilidade das provas apresentadas.  Os investigadores da PJ que investigaram o incêndio do estádio da Luz, arquivaram o processo por impossibilidade de identificação dos respetivos autores. Um dos principais financiadores daquela clube, à data, suspeito de práticas económicas ilícitas pelo Ministério Público, viu as suas contas desbloqueadas graças à decisão de um ex-candidato à presidência do Benfica. Finalmente, dois bancos capitalizados com garantia estatal, um deles com prejuízos superiores a 800 ME em 2015, outro travando desde há anos uma intensa batalha de reestruturação em busca do frágil equilíbrio de exploração, resolvem "doar", salvo o erro, 127 ME ao clube verde-branco, tendo sido anunciado há semanas pela imprensa mais 80 ME para 201, afinal. 
 
   Enquanto Benfica e Porto têm encargos financeiros anuais da ordem dos 20 ME cada, o SCP, tem, apenas...2,2 ME!!! Benfica e Porto, por interpostas entidades, estão pagar os custos de financiamento do Sporting!!! Onde é que aquela gente suporta a sua alegada "superioridade" moral? Porque carga de água os acionistas dos bancos em causa permitem decisões ruinosas das suas administrações? O que é que se passa aqui, afinal? Donde vem toda esta influência? Quem quer impor o Sporting campeão ao país? Quem quer banana trepa!, façam-se à vida e trabalhem honestamente para serem melhores que os adversários. Assim é que é! E todos aplaudiremos.
 
   Tudo isto leva-nos a perceber que há forças poderosas por detrás da atual Direção do Sporting, que ainda não "saíram da toca". Suspeitamos, apesar da bizarria, que Bruno de Carvalho deve ter relações privilegiadas ao mais alto nível político e institucional, dados os seus ascendentes familiares colaterais. Sabemos que o SCP beneficia de acessoria jurídica dum histórico e poderoso gabinete de advogados e dum ex-bastonário Ordem.  Sabemos que tem o apoio de um ex-Presidente da República de Portugal que foi decisivo para a construção do seu estádio. Sabemos que os proprietários do Correio da Manhã e do Record têm histórico vínculo afetivo ao SCP. Sabemos que o Presidente da Liga dos Bombeiros, ex-presidente de câmara, é também Presidente da Assembleia Geral da SAD verde-branca. Sabemos que, na segunda divisão, houveram, na época finda, jogos fraudulentos, o que leva muito boa gente, incluindo eu,  a supor, face a estranhas ocorrências, que tal tenha acontecido igualmente na primeira divisão. 
 
   Enfim, apesar das, surpreendentemente, boas notícias relacionadas com o projeto do novo mandato de Fernando Gomes - combate à corrupção, introdução das novas tecnologias e controlo das transferências de jogadores -   o futebol nacional caminhará para o irreversível descrédito se não forem afastados os "chicos-espertos", os corruptos, o  financiamento ilícito e os caceteiros.
 
   Os dados estão lançados, mas nem todos são visíveis. Convém estar atento.

À viva, Benfica!