Desporto

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Ressaca

   

   Aguardava-se com forte expetativa a reação da equipa do Benfica à comprometedora derrota caseira com o Porto.  As vitórias sobre o Zénit e o Paços de Ferreira, com intervalos de 3 a 4 dias e rotação de jogadores nucleares, demonstraram a maturidade técnica e emocional de todo o grupo de trabalho, característica de um estatuto  acima das conjunturas.
 
   Contra o Zénit, que se apresentou num registo ultradefensivo, impróprio das grandes equipas, o Benfica exibiu-se uns furos acima do que havia feito contra o Porto; mais concentrado e solidário, mais intenso, inteligente e resiliente. Batalhou mais no meio-campo, nunca deixou de acreditar na vitória e consegui-a num lance em que revelou controle emocional, qualidade técnica, coletivo, e muito trabalho semanal. Desde André Almeida, a subir no terreno conduzindo a bola para a área adversária, passando por Gaitan, a colocar a bola na cabeça de Jonas com a precisão que o caracteriza, também por Jardel, a bloquear os três magníficos defesas contrários, os nossos Witsel, Javi e Garay acabando, finalmente em Jonas, com um cabeceamento pleno de inteligência, fazendo sobrevoar o esférico por cima dos defesas fazendo-o entrar junto ao segundo poste, sem hipótese de defesa. Uma vitória merecida até pelas várias oportunidades criadas perante uma equipa de alto nível, que procurou compensar a falta de ritmo com um bloco defensivo muito coeso, apostado em tirar partido da rapidez dos seus atacantes, jogando nas costas da defesa encarnada. 
 
   Agradou-me a postura de Lindeloff e também de Renato, ambos demonstrando grande pujança atlética, ausência de medo e entrosamento, chegando a sobrevoar os adversários para chegar ao esférico. Renato que chegou a "fazer a barba" ao Hulk impondo-lhe o físico na disputa da bola e o sueco notabilizou-se por algumas impressionantes "cavalgadas" com bola e uma soberba assistência para remate de Jardel.
 
   Do desempenho do árbitro não me parece que haja algo de relevante a assinalar. Eventualmente a falta assinalada em zona frontal contra os encarnados, por aparente simulação do Hulk, num tipo de lance que lhe é característico, em que provoca ou simula o contacto, seguido de queda mais ou menos aparatosa. Felizmente, o remate saíu ao lado.
 
   Da vitória frente ao Paços de Ferreira pouco há a dizer, a não ser que foi merecida, apesar das queixas do Treinador adversário. Não me pareceu que a equipa tenha revelado quebra física, como é habitual após os jogos europeus. Arregaçaram as mangas e foram à luta num campo tradicionalmente difícil, pela ausência de espaço e pelo bom futebol que habitualmente o Paços pratica.
 
   Foi excelente o golo deste, num remate soberbo de Diogo Jota, a explorar o movimento habitual de Júlio César de subida na área para fecho do ângulo de remate do avançado; eficaz nos remates rasteiros ou a meia altura mas muito ineficaz no remate aéreo, com o foi neste caso.
 
   A polémica do jogo foi o do penalti sobre Jonas; se houve contacto, é penalti, mas não fiquei esclarecido com as imagens televisivas. O árbitro jura que sim e, em caso de dúvida, dizem as leis do jogo, beneficia-se quem ataca. Portanto, benefício da dúvida ao árbitro.
 
   Sálvio e Semedo estão de regresso e já fizeram umas "flores". Esperemos que Gaitan, Lisandro e Feysa estejam disponíveis em breve. Com a moral em alta e o plantel operacional, todas as ambições são legítimas. 

Força Benfica!
 
(Tela do fabuloso William Turner; flint castle)