Desporto

sábado, 22 de setembro de 2012

“Ordem” de combate ao passivo


O Diário de Notícias on-line, um dos múltiplos braços do grupo Controlinveste que, diariamente, defende os interesses dos nossos rivais azuis, titulava, em 20.09.2012; “PROVEITOS AUMENTAM 10% PARA HISTÓRICOS 91,1 ME, referindo a Lusa como fonte e a participação de Nuno Fernandes. Surpreendido e desconfiado com tão lisonjeira referência, verifiquei que tal crónica resulta do comunicado da Benfica SAD à CMVM, no qual atribui o aumento de receitas à participação do clube nas competições europeias em 2010/2011 e em 2011/2012, em especial na Liga dos Campeões, que terá rendido 22,4 ME em prémios - em 20111/2012 -, resultado histórico, representando um aumento de 60 % face à época de 2010/2011.
Por sua vez, refere que, pelo 2º ano consecutivo o resultado operacional foi positivo, com um valor superior a 5,1 ME na época 2011/2012, incluindo a venda de atletas, à exceção de Javi Garcia e Axel Witsel.
O pior veio depois, ao anunciar um resultado líquido negativo de, aproximadamente, 11,7 ME e um capital próprio negativo, de 14,2 ME, resultante do aumento do ativo para 411,9 ME e do aumento do passivo para 426,1 ME. Contudo, As vendas de Javi e Witsel permitirão, no primeiro trimestre - julho, agosto e setembro de 2012 -, o regresso do capital próprio a valor positivo.
Por sua vez, o Correio da Manhã de hoje - 2012.09.22 -, refere um passivo total de 539,5 ME, considerando os resultados do exercício do clube em 2011/2012, em que as receitas atingiram os 28,6 ME - queda de 1,3 ME face à época anterior - e as despesas se cifraram em 41,6 ME - aumento de 6,2 ME face à época anterior -, resultando num prejuízo do clube de 12,9 ME que, somado ao prejuízo da SAD de 11,7 ME, totaliza 24,6 ME, ascendendo o passivo acumulado do clube aos 111,8 ME.
Foi pois com alívio que ouvi o Presidente do Benfica referir em Almada, a necessidade de “vender, baixar a massa salarial, ganhar com o talento, a entrega e o empenho dos jogadores que estão no plantel e confiar na capacidade de Jorge Jesus”.  Não chega! Espero que anuncie em breve; quanto vai a SAD amortizar ao passivo já esta época, quando estará pago o Estádio - inicialmente previsto para este ano - bem como um plano plurianual de amortização do passivo, com objetivos bem definidos.
A necessidade de redução de custos operacionais e de estrutura é imperiosa desde há muito e, embora seja aceitável a “derrapagem marginal orçamental” face à necessidade - pontual – de maximizar a probabilidade de sucesso desportivo - tal como defende Fernando Tavares - tal não deve converter-se numa prática corrente sob pena da insustentabilidade de todo o projeto Benfica. Sugiro mesmo que sejam avaliados os ganhos de fusão entre as empresas do grupo, pelas sinergias resultantes do aumento de eficiência global.
Por outro lado, é evidente para todos nós, desde há muito, a necessidade de reduzir os custos operacionais, libertando a SAD de encargos que não gerem contrapartidas financeiras ou desportivas, apostando mais na formação interna - tal como anunciou o Presidente -, recorrendo à contratação externa com assertividade, decorrente de maior competência na prospeção, bem como a necessidade de aumentar os proveitos da venda de direitos desportivos do clube para valores consentâneos com a sua valia comercial, alocando parte dessa receita à amortização do passivo, sem esquecer o afastamento de qualquer entidade do grupo Oliveira como parceiro de qualquer sociedade do grupo Benfica, indispensável à sua libertação, sem a qual não haverá verdadeiro Benfica.
Parece-me também, que deve considerar-se maior aproximação da SAD à Liga, já que me parecem boas algumas das propostas que defende, nomeadamente; o fim dos empréstimos de atletas a clubes do mesmo escalão, quanto a mim, uma das fontes de corrupção; a autonomia financeira dos clubes profissionais, outra das fontes de corrupção associada à anterior e o fim do monopólio da Olivedesportos na exploração dos direitos desportivos dos clubes, condição necessária ao fomento da competitividade, quer pelo aumento de receitas próprias dos clubes, quer pela redução da influência do grupo Oliveira em todos os agentes do desporto em geral, da qual apenas um dos contendores tira proveito, destruindo a credibilidade e rentabilidade do desporto nacional. Poderia ainda, conquistar o apoio da maioria dos clubes ditos “pequenos”, necessários para travar as ameaças provenientes da Federação, que muito têm contribuído para o afastamento do Benfica dos títulos e para a descredibilização do futebol.
Relevo ainda a necessidade de preparar medidas suficientemente dissuasoras da estratégia, que tão bons frutos tem dado ao clube azul, que consiste em dificultar ao Benfica o fortalecimento competitivo das suas equipas, agravando os respetivos custos operacionais e desviando para as suas “trincheiras” atletas influentes, ironicamente, descobertos pelo departamento de prospeção do nosso clube, os quais, a par com os “erros grosseiros”  de arbitragem que todos conhecemos, lhe tem proporcionado superioridade desportiva há décadas, hipocritamente, cobardemente enaltecida pela generalidade dos comentadores desportivos e algumas figuras públicas.
Perante este cenário, é revoltante assistir “à engorda” obscena dos empresários, à “chantagem” frequente dos atletas junto dos seus clubes, à indiferença das superestruturas desportivas, à incompetência do sistema judicial e ao silêncio ensurdecedor das tutelas governativas.
Afinal, sem clubes não há futebol, mesmo que disfarçados de azul.
AB