Desporto

domingo, 22 de dezembro de 2019

Heróis do “velho” Portugal

Heróis do “velho” Portugal

  
Ao assistir à bajulação persistente e humilhante do atual primeiro-ministro de Portugal, de origem goesa, às autoridades da União Indiana, Estado inexistente à data da fundação do Estado Português da Índia, veio-me à memória o episódio ocorrido na lancha Veja quando resistia heroicamente à invasão - ilegal e contra a vontade popular - de Diu:


   “O Senhor comandante dirigiu-se à Câmara e fardou-se de branco, dizendo que assim morreria com mais honra. - Rapazes, sei que vocês vão cumprir assim como eu e que mais vós quereis! Acabarmos numa batalha aeronaval. Fazemos parte da defesa de Diu e da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala se possível.

   - Algumas despedidas se fizeram e até as fotografias dos entes queridos foram beijadas e guardadas nos bolsos dos calções”

    Do relatório da guarnição da lancha Veja, sobre a atuação do respetivo comandante, segundo tenente Oliveira e Carmo, morto heroicamente nas águas de Diu, a 18 de Dezembro de 1961, referido no livro de João José Brandão Ferreira “Em Nome da Pátria”.

Peniche, 22 de Dezembro de 2019
António Barreto

sábado, 21 de dezembro de 2019

A Morte de Amílcar Cabral


A Morte de Amílcar Cabral

 
Ouvi há dias, num debate na rádio em que participava Jaime Nogueira Pinto, um dos participantes, que não identifiquei, referir que Amílcar Cabral teria sido assassinado pela PIDE. Esta afirmação, apesar de falsa, vai-se consolidando junto do incauto cidadão comum, crente na honestidade dos alegados progressistas que a propagam com o intuito de denegrir o Antigo Regime, atribuindo-lhe atos vis, e com isso prevenir eventuais recidivas políticas.

   No seu livro “Em Nome da Pátria” João José Brandão Ferreira explica as circunstâncias do assassinato de Amílcar Cabral e identifica os seus autores (pág.. 469 e 470).

   Amílcar Cabral foi morto em 20 de Janeiro de 1973 pelo guerrilheiro do PAIGC Inocêncio Kani, ao reagir à tentativa de detenção no Quartel-general daquele grupo armado na Guiné Conakri. Cabral, sua mulher Ana Maria, Aristides Pereira acompanhados por um jornalista russo, foram surpreendidos no regresso de uma receção a que tinham assistido na embaixada da Suécia em Conakri, tendo, por essa razão, faltado à conferência de Samora Machel em Bokê. Aristides Pereira foi, previamente, preso e metido numa embarcação pelo mesmo Inocêncio Kani, acompanhado dos, também guerrilheiros, Mamadú Touré e Aristides Barbosa. Ana Maria, de imediato, avisou as autoridades guineenses e os restantes dirigentes do PAIGC que se encarregaram de mandar fuzilar os três guerrilheiros envolvidos.

   Diga-se porém, que um dos objetivos da operação “Mar Verde”, planeada e chefiada por Alpoim Galvão em 22 de Novembro de 1970, consistia na prisão ou morte de Amílcar Cabral - fracassada por não se encontrar onde era esperado. Por outro lado, num contexto de guerra declarada, é legítimo a qualquer das partes matar o opositor.

  Cabral, ex-funcionário público na Guiné Bissau, era um moderado, cuja morte não foi benéfica para os interesses portugueses - militares e políticos. Opôs-se à utilização, pela guerrilha, dos mísseis SAM 7, por considerar prejudicial aos interesses do partido a escalada bélica daí resultante e por estar convencido de que as forças portuguesas sairiam em vantagem. Amílcar Cabral declarou publicamente em vários fóruns, considerar esvaziada a justificação da luta armada pela independência, num contexto de plena integração de cada parcela do território português, onde a igualdade de direitos fosse total e universal.

   Dois meses após o assassinato de Amílcar Cabral, a 20 de Março de 1973 foi disparado o primeiro míssil. A morte do líder foi uma das razões invocadas pelo PAIGC para a intensificação do esforço de guerra, numa tentativa de moralização das suas tropas. Seguiram-se os ataques continuados aos aquartelamentos de Guilege - a sul - e de Guidage - a norte -, com flagelação continuada de artilharia - os guerrilheiros furtavam-se ao combate de proximidade. O comandante da guarnição de Guilege, major Alexandre Coutinho Lima, em consequência do ataque, ordenou a retirada, da guarnição e da população, sem autorização superior, em 19 de Maio de 1973, facto que o levaria à prisão e julgamento em Tribunal militar, por ordem do general Spínola.

   Em Guidage, as tropas portugueses resistiram graças ao reforço de uma companhia de para-quedistas. A retaliação surgiu de imediato, em 19 de Maio do mesmo ano, com a destruição da grande base do PAIGC em Comumbori, no Senegal.

   A declaração de independência do PAIGC, a 24 de Setembro de 1973 em Madina do Boé, zona despovoada do leste, abandonada pelo exército português por ser desprovida de interesse militar, não passou de manobra de propaganda política. Na ONU, controlada desde 1961 por países afro-asiáticos de matriz socialista, o “Estado Fantasma” acabou reconhecido por cerca de 60 países.

   Há quem diga que foi aqui que começou o 25 de Abril, porém parece-me que tal ocorreu com a subida de Marcelo Caetano ao poder.

Peniche, 21 de Dezembro de 1979
António Barreto

domingo, 1 de dezembro de 2019

OPA-2019 – Benfica


OPA-2019 – Benfica   

  
Ressarcimento do investimento dos acionistas que responderam à primeira emissão acionista, restituição da Benfica-Sad, na quase totalidade, ao clube, blindagem da Benfica-Sad a intromissões indesejadas e viabilização de parceria futura, causas apontadas para a OPA em curso, merecem-me os seguintes comentários:

   Fica bem ao Benfica esta atenção para com os que acudiram à subscrição de ações e permitiram a viabilização da constituição da Sad. Aos “sortudos”, investidores de percurso, que beneficiarão desta generosidade resta dar os parabéns, considerando a eventualidade do caráter acidental da respetiva aquisição. Certo é não haver razões para afastar completamente a ideia de a atual OPA estar prevista desde então, o que seria gravíssimo.

   A detenção do controlo total da Sad pelo clube sucede à recuperação, por este, da posse do Estádio e da BTV, visando dissipar receios de apropriação funcional externa daquela. Fica a dúvida quanto ao processo de tomada de decisão, no clube, das questões estratégicas relativas à Sad; li por aí que, com 95 % do capital acionista, deixa de haver obrigatoriedade de discussão em Assembleia Geral de sócios das matérias estratégicas relativas à Sad, o que, a verificar-se, suscita fundadas preocupações.

   De todo o modo, não me parece razoável que um eventual candidato à Presidência se dispusesse a um investimento da ordem dos 30 milhões de euros para assumir uma posição minoritária na Sad. Bastar-lhe-ia anunciar uma estratégia agressiva em termos de competitividade externa, um ajustamento na política de formação e o recrutamento de um ou dois jogadores de topo para a equipa principal.

  Uma eventual parceria futura poderá proporcionar um salto qualitativo significativo desde que se acerte com ela, alguém que traga algo positivo; capital, conhecimento e uma boa rede de contactos. Pode ser uma boa ideia. A verdade é que o atual quadro acionista não acrescenta qualquer valor à Sad; nenhum dos atuais acionistas, à exceção de Filipe Vieira, tem competências em matéria de gestão de entidade desportiva, com a agravante de um deles ser inimigo do Benfica - uma das várias vicissitudes das Sad.

   Por outro lado, se esta operação servir, nem que seja só para afastar a Olivedesportos, dou por bem empregues os 32 milhões! Como foi possível ter-se mantido o inimigo entre portas, durante 18 anos? Com o pretexto do alegado dever de gratidão, permitiu-se que um dos principais rivais, a Porto-Sad, se mantivesse permanentemente ao corrente de todas as decisões, estratégicas e operacionais da Benfica-Sad! Como foi tal possível? Em simultâneo proporcionou-se à mesma entidade lucrativo negócio com a entrega a pataco dos direitos desportivos que lhe permitiram financiar rivais e adversários!

   Finalmente o momento escolhido para lançar esta OPA não foi o melhor; contribuiu para mais um insucesso da participação da equipa de futebol na Liga dos Campeões, quando, como se verificou, era possível ter passado à fase seguinte. E isso, não só comporta perdas financeiras imediatas avultadas como desmoraliza as hostes induzindo eventuais perdas futuras, desportivas e financeiras. É o chamado custo de oportunidade. Só o futuro dirá se foi corretamente avaliado.

   Mais avisado teria sido reforçar cirurgicamente a equipa apostando num percurso mais longo na Liga dos Campeões e depois então avançar com a OPA.

Peniche, 29 de Novembro de 2019

António Barreto
(Gustav Courbet, Fishing Boats on the Deauville Beach 1866)

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Acerca da globalização

  
Suscita-me muita reserva o magistério do Papa Francisco; a forma como se envolve nos temas sociais reveste-se, geralmente, de uma dececionante falta de espiritualidade. De tal forma que, por vezes, dá a ideia de estarmos perante a secularização da Santa Sé.  
   Posto isto, foi com grande satisfação que, através da comunicação social - CM de 23/11/2019 - constatei comungarmos das mesmas preocupações com certos efeitos da globalização.  

   De facto, a fascinante diversidade cultural que ainda subsiste, tende a atenuar-se, diluir-se, adivinhando-se um padrão comum num futuro não muito distante. Um cenário, em certa medida aterrador, se considerarmos a massificação desse padrão, desde o vestuário à cultura e à arte.  

   Este processo está em marcha e numa fase já bastante avançada em virtude dos espantosos progressos tecnológicos alcançados desde meados do século XX, em especial nas últimas décadas. Em boa verdade um processo que, pelos idos de quatrocentos, teve na expansão ultramarina lusa um forte contributo.  

   Se é iniludível o impacto económico da globalização, com a massificação do acesso às tecnologias de produção de todo o tipo de bens, desde os alimentares aos culturais e recreativos, passando pela mobilidade e comunicação virtual, também é verdade que a singularidade de cada pessoa, de cada comunidade, tende a esbater-se.  

   Uma das áreas onde mais se nota esta evolução é na música popular. Na Europa, por exemplo, a música tipicamente latina, tende a desaparecer evoluindo, em geral, para a de matriz anglo-saxónica. A ambiência poética e romântica, características da música francesa e italiana deu lugar a uma aberrante imitação de géneros derivados do rock and roll  

   Em Portugal e na Espanha, verificando-se em geral o mesmo tipo de transformação, têm-se mantido, com poucas alterações, os respetivos géneros tradicionais; o fado e o flamenco, cada vez mais enclausurados na categoria étnica - tal como a italiana tarantela, aliás. 

  Mas é perante o eminente declínio da fascinante música da américa latina, em especial, argentina, mexicana, colombiana, peruana, cubana, brasileira, etc., que mais forte se faz sentir a deceção do eminente empobrecimento cultural. A Milonga, a ranchera, a cumbia, a harpa, a salsa, o samba, o forró, etc., serão géneros recordados, sim, mas jamais vividos, e, por isso destituídos de genuinidade. 

   Estamos pois, “condenados” às escolas de arte, segundo Tolstoi, as maiores inimigas da dita, destituídas da compulsão da singularidade. A repetição mecânica dos velhos temas é uma frustração, apenas atenuada quando o intérprete supera o criador. 

   Mas quem, no seu perfeito juízo, pode advogar o regresso às contingências sociais que deram origem às formas de expressão que, hoje, melancolicamente, tanto nos empolgam? 

Peniche, 24 de Novembro de 2019
 
António Barreto  

(Georges Seurat, Angelica at the rock, 1878)

sábado, 23 de novembro de 2019

Rui Costa e o Benfica (3)


   Mas não está tudo bem!

  

Na frente externa a participação do Benfica tem sido desastrosa, a ponto de comprometer o prestígio alcançado no passado. A relativização sistemática dos insucessos tende a substituir a cultura de exigência do clube pela do conformismo. E é aqui que tudo começa; adeptos permissivos geram equipas permissivas e com permissividade não há títulos. É uma questão de cultura. Estabilidade é diferente de passividade. O Benfica, o grande Benfica, admirado por esse mundo fora, cultiva a estabilidade na elevada exigência.

   Estará Rui Costa consciente disso? Os sucessivos equívocos de gestão desportiva verificados nos últimos anos têm sido de tal monta que a sua imagem junto dos adeptos tem sido afetada. Estes questionam-se acerca da sua efetiva missão no clube-sad.

   Está em causa tipo de vínculo de Rui Costa; se com Filipe Vieira, se com o clube.

   Num momento em que se inicia um novo ciclo, o clube-sad depara-se com nova encruzilhada; privilegiar o investimento em betão ou, em alternativa, apostar na competitividade desportiva.

   Ora o Benfica, o grande Benfica, vive de vitórias e não de betão.

   De que lado estará Rui Costa?

Peniche, 17 de Novembro de 2019

António Barreto
(After the Bath, Edgar Degas)

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Rui Costa e o Benfica (2)


Rui Costa e o Benfica
De Florença para Milão. Rui Costa, graças a uma transferência milionária - 35 milhões de euros -, ingressou no célebre clube “rossonero” onde se notabilizaram Baresi, Savicevitch, Boban e Cª, e onde, em cinco anos, conquistou uma Taça de Itália, uma Liga dos Campeões, uma Supertaça de Itália, um campeonato italiano e uma Supertaça UEFA, bem como a admiração unânime.

   O futebol italiano, um dos mais prestigiados na Europa e no mundo, consagrou Rui Costa, para orgulho dos benfiquistas e adeptos portugueses em geral, como um dos príncipes dos relvados da sua geração.

   Foi em 2006, pela mão de Filipe Vieira, que o “Maestro” regressou ao Benfica a custo zero, abdicando duma receita de cerca de 700 mil euros, correspondente a mais um ano de contrato, ao rescindir, amigavelmente, com o clube de Milão.

   Vivia-se então, em Portugal, o rescaldo do sucesso, algo amargo, da seleção nacional no euro 2004, no qual Rui Costa fez a última participação ao serviço da Seleção Nacional.

   No Benfica, fustigado desde o verão quente de 93 por uma espiral de instabilidade, a construção do novo Estádio gerara uma nova esperança entre adeptos. Anunciava-se o saneamento financeiro e administrativo do clube e um projeto desportivo ambicioso, sustentado na credibilidade e no investimento em diversas infraestruturas.

   O regresso do “Maestro” reforçou, junto dos adeptos, a esperança num futuro radioso para o clube. Dois anos antes, na época de 2003/2004, o Benfica terminara um jejum de 11 anos do título de campeão nacional.

   Após duas épocas nas fileiras do clube da Luz, em que o perfume do seu futebol, mais uma vez, deliciou os adeptos, Rui Costa - eleito jogador do ano em 2008 -, com pena de todos, cessou a sua carreira de futebolista ingressando no mesmo ano na de Dirigente, que tem exercido até aos dias de hoje, com o pelouro da Vice-Presidência para a área do futebol.

   Na época seguinte à da saída de Rui Costa, o clube volta a conquistar, em 2009/2010, o título nacional, ficando em muitos a ideia da saída prematura do “Maestro” e de que se perdera a oportunidade dum merecido final de carreira apoteótico.

   Nestes 11 anos, muitas foram as dúvidas que assolaram o universo encarnado; o passado algo nebuloso de Filipe Vieira, onde se contam velhas amizades e cumplicidades com os principais inimigos do Benfica, o recrutamento para os quadros do clube de gente com fortes ligações aos rivais e a implacável perseguição movida a Vale e Azevedo, ao menor desaire da equipa, punha em causa a bondade do projeto em marcha.

    A presença de Rui Costa, o “Maestro”, o jogador-adepto, na estrutura dirigente da SAD, funcionou, e ainda funciona, junto dos adeptos, como garante da fiabilidade do projeto de gestão do clube-Sad. A sua presença, “dando a cara” pela Direção, nos momentos críticos, apazigua-os, constituindo um voto de confiança no projeto de Filipe Vieira.

   Para a grande maioria dos benfiquistas, que vêm em Rui Costa uma espécie do provedor do adepto, é impensável considerar a sua conivência com agendas ocultas, irregularidades, ou mesmo a submissão a orientações destituídas de racionalidade económica e, ou, desportiva.

   Cinco anos depois do adeus de Rui Costa aos relvados, após uma época desastrosa seguida de debanda geral - na sequência do inesperado desastre da época 2012/2013, o clube perdeu, nada mais, nada menos, que 95 mil sócios - chegou o ansiado ciclo de vitórias, sob a batuta de Jorge jesus, Rui Vitória e Bruno Lage.
Peniche, 17 de Novembro de 2019
António Barreto
(Camille Pissarro, La cosecha, 1883)

domingo, 17 de novembro de 2019

Rui Costa e o Benfica (1)


Rui Costa e o Benfica   
Rui Costa faz parte de um grupo restrito de ex-jogadores do Benfica com lugar especial no coração dos adeptos. Não tanto pelo que fez no clube enquanto jogador, mas por, em momento conturbado, lhe ter sido leal, ter agido como seu embaixador oficioso num dos grandes palcos do futebol europeu - o italiano -, pelo vínculo afetivo que sempre ostentou com orgulho, e por ter regressado, incondicionalmente, quando o Benfica ainda fazia, angustiadamente, o “caminho das pedras”.

   Graças à perspicácia de Eusébio, Rui Costa ingressou nas camadas jovens do Benfica, em 1981, aos 9 anos de idade - após quatro anos nas escolas do Damaia Ginásio Clube -, onde, durante oito anos, com os seus dotes pessoais, assimilou a singularidade e excelência que caracterizam o futebol do Benfica.

   Findo o ciclo da formação, após uma época - 90/91 - ao serviço da Associação Desportiva de Fafe, onde permaneceu a título de empréstimo, a jovem promessa regressou ao “clube do coração” em 91, ano em que se sagrou campeão do mundo de sub-20 - em pleno Estádio da Luz contra a seleção do Brasil -, onde permaneceu até 1994, tendo então vencido uma Taça de Portugal - 92/93 - e um campeonato de Portugal em 93/94.

   A qualidade do seu futebol, caracterizada pela superior cultura tática, a elegância e inteligência com que se movia no terreno, a suavidade com que recebia e conduzia a bola, a eficácia que conseguia nos passes longos e no forte remate de meia distância, perfumava os relvados, para gáudio dos espectadores e orgulho dos benfiquistas. Às qualidades futebolísticas, Rui Costa juntava um cavalheirismo invulgar, graças ao qual granjeou o respeito geral, dentro e fora do clube, entre colegas e adversários, entre os adeptos do futebol, independentemente da respetiva simpatia clubista.

   Rui Costa pertence a uma estrita elite de jogadores de futebol que, intrinsecamente vinculados a um clube, alcançaram o respeito e admiração geral.

   O caráter leal de Rui Costa não vacilou no verão quente de 1993, quando, contrariamente a outros colegas - António Pacheco, Paulo Sousa e João Pinto - declinou o convite de Sousa Cintra - à época Presidente do Sporting - para rescindir o seu contrato com o Benfica e ingressar no clube de Alvalade. Vivia-se então grande turbulência no clube da Luz, sob a presidência de Jorge de Brito, histórico e indefetível benfiquista, a braços com grave crise de tesouraria e um passivo de 4,5 milhões de contos - equivalente a 22 milhões de euros!

   Um gesto que nenhum benfiquista que viveu esses temos, esquecerá, reconhecido.

    Referenciado na Europa, o “Maestro” ingressou na Fiorentina em 1994, onde, em sete temporadas, conquistou a admiração dos tiffosi, duas taças de Itália e uma supertaça, tendo sido considerado, por várias vezes, o melhor 10 do campeonato[p1] [p2] , no qual, ao serviço da Juventus, pontificava, nada mais nada menos, que Zinedine Zidane.

   Memorável foi o ocorrido no jogo de apresentação da equipa do Benfica para a época 94/95, com a Fiorentina como equipa convidada, em que o “Maestro”, atuando pelos “violas”, se comoveu, às lágrimas, ao marcar o golo que daria a vitória à sua equipa.

   Algo que consolidou o vínculo afetivo ao clube e calou fundo no coração dos benfiquistas.
Peniche, 17 de Novembro de 2019
António Barreto
[Modigliani-Fillette-en-bleu-1918

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Um Novo Ciclo Para o Benfica (5)


O Rumo

   Recentrar todo o projeto no objetivo primordial, que consiste na prioridade ao futebol sénior consolidando o domínio interno e conquistando, na Europa e no mundo, o lugar compatível com o estatuto de outrora: o de um adversário respeitado e temido por todos, pela excelência do seu futebol, pela capacidade de vencer qualquer prova e pela nobreza de carater.

Peniche 21 de Outubro de 2019
António Barreto
(Chaïm Soutine - La vieille dame assise, 1923-24)
 

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Um Novo Ciclo Para o Benfica (4)


O relacionamento com os Adeptos

   Em qualquer clube a relação dos dirigentes com os respetivos adeptos é sempre potencialmente turbulenta, barómetro dos resultados desportivos, emocional, imediatista e irrealista, pautada pela ingratidão ao menor desaire. Saber lidar com esta realidade é um requisito indispensável a quem investe na empreitada do dirigismo desportivo.

   Os primeiros anos do consulado de Filipe Vieira foram de abertura, tipo presidência aberta, como o próprio reiteradamente afirmou. É verdade que houve disponibilidade para reunir e debater com alguns críticos mais destacados e até trocar correspondência com sócios genuinamente empenhados no incentivo, na crítica e na sugestão de ideias.

   Tal disponibilidade foi-se desvanecendo e circunscrevendo ao “fogo amigo” de cariz laudatório, que, hoje, caracteriza a respetiva “entourage”. Chega a ser ridícula a forma rebuscada com que, por vezes, os comentadores de serviço na BTV, qual cortina de fumo, tentam atenuar os desaires, valorizando detalhes insignificantes, relativizando o essencial e desconsiderando os dissidentes, como se jogadores, técnicos, sócios e dirigentes fossem incapazes de enfrentar as críticas alheias e os erros próprios e como se os adeptos fossem inimigos. Atingiu-se o paroxismo da intolerância na última Assembleia Geral, com ameaças de agressão e insultos aos críticos, anunciando-se alterações ao regimento das Assembleias Gerais que podem por em causa a democraticidade do clube. Mais grave; na BTV, figuras algo notáveis, põem em causa a legitimidade dos sócios para interferirem nas questões do futebol, considerando-as da exclusiva responsabilidade dos acionistas da SAD! Lembro que uma das razões aduzida para o afastamento de Azevedo foi a de que tinha em marcha um plano de apropriação do clube! Não é o que temos hoje por parte de quem disse querer impedi-lo?

   Nenhuma entidade progride sem dissidência, porque ninguém, por si só, tem o dom da omnisciência. Alienar contributos, construtivos e empenhados, pode evitar, ainda que temporariamente, o desconforto da entropia, mas restringe a amplitude das opções e compromete o futuro.

   Tal requer um espaço de debate construtivo e permanente. Há que encontrar a fórmula mobilizadora que fortaleça as políticas desportivas ou administrativas sem comprometer o projeto global, que só pode ser um: Ganhar, onde quer que seja, contra quem quer que seja!     

A defesa do clube

   A estratégia de low profile que tem sido seguida em matéria de defesa do clube-sad, restringindo-a a comunicados, protestos processuais nas instâncias da tutela desportiva ou queixas judiciais, é manifestamente insuficiente.

   O abandono do espaço público, deixando as acusações e enxovalhos sem contraditório não gera empatia, nem entre o público, nem entre os opinion makers. Neste particular a saída de João Gabriel deixou um vazio pernicioso.  

   Na frente institucional, está em causa a reiterada cortesia com que a presidência do Benfica se relaciona com os dirigentes da Liga e da Federação - apesar da insistente perseguição que estas instituições têm movido ao clube; seja no plano financeiro com castigos astronómicos, seja no plano disciplinar com punições desproporcionadas e excecionais, seja no plano desportivo, com calendários inadequados e escalonamento de árbitros de tradicional “má-sorte” nos jogos do clube -, a qual tem sido entendida, ou pressentida, como de submissão, sinal de impotência, encorajador da prevalência do status-quo, e não de tolerância ou de empenhamento na pacificação do futebol.

   Uma oportunidade perdida foi aquilo a que assistimos em plena Assembleia da República, quando, numa época de intensos e sucessivos ataques públicos ao Benfica, ocorreu a audiência pedida pela FPF, que se julgava destinar-se à mobilização da classe política na pacificação e moralização do futebol. Silêncio, penoso silêncio, ante as “lampanas” de promotores e facilitadores da intolerância e violência no desporto, foi o contributo do Presidente do Benfica! Uma ou duas frases, a preceito, bastariam.

  A dissuasão dos agressores faz-se responsabilizando-os nos locais próprios, contraditando-os e votando-os ao ostracismo no clube.

 A Promiscuidade

   A credibilidade de um qualquer dirigente também passa pelo escrupuloso cuidado em separar os respetivos negócios privados com os da entidade que dirige. Sem estar em causa a legitimidade concreta, não é de bom-tom desenvolver projetos imobiliários em zonas outrora afetas ao clube, nem tão pouco manter negócios com entidades bancárias comuns. Tal como não é salutar manter uma relação de exclusividade com um empresário de jogadores, o qual, simultaneamente, desenvolve idêntica atividade junto dos principais rivais.

   Qualquer dos casos tem efeitos perniciosos, quer junto dos adeptos, minando a confiança, quer na opinião pública geral, sempre sedenta de escândalos, quer junto dos rivais e seus aliados, peritos na arte de mistificar e sobrevalorizar qualquer mal-entendido.
Peniche, 23 de Setembro de 2019
António Barreto

(Aristide Maillol - La grande baigneuse à la draperie or La Seine, in 1921)

domingo, 27 de outubro de 2019

Um Novo Ciclo Para o Benfica (3)


O sorvedouro

   Duzentos e oitenta milhões de euros - salvo o erro - foi o que se faturou em transferências no ano em que o penta se nos escapou por entre os dedos, por uns míseros dois pontos! Pois nem se reforçou a equipa, nem se amortizou o passivo com esses proveitos! Recorreu-se à dação de receitas futuras comprometendo a competitividade desportiva imediata!

   Trezentos milhões de euros foi a receita do exercício transato, tendo-se repetido os erros anteriores; nem se reforçou a equipa adequadamente, ficando vulnerável nalguns setores, arriscando novo fracasso, nem se vislumbra intenção de redução do passivo!

   Num exercício simplista, mas realista do ponto de vista do adepto comum, se com tal nível de receitas não há excedentes orçamentais, tal significa que os encargos de estrutura são demasiado elevados. E mais elevados ficarão com a execução do projeto de expansão do Seixal!

O estilo

   Nem o modo messiânico nem o de homem providencial são compatíveis com a tradição e cultura do clube, nem com as práticas da boa gestão. É o que tem prevalecido na retórica e na ação da Direção atual, substituindo-se à colegialidade e democraticidade mobilizadoras e criativas.  

 A reputação

   Os casos que nos últimos dois anos vieram a público envolvendo pessoas ligadas ao Benfica, ainda que não provados em sede própria, ainda que resultando de ações criminosas externas, produziram danos reputacionais no clube-sad, constituindo um retrocesso neutralizador, em grande parte, do magnífico trabalho de credibilização efetuado nos primeiros anos deste ciclo. E, ainda que nenhuma responsabilidade direta venha a ser atribuída ao clube-sad e, ou, aos seus dirigentes, eventuais condenações efetivas de figuras próximas, implicarão sempre demissões ao mais alto nível. Um líder tem sempre responsabilidade ética relativamente aos atos cometidos pelos colaboradores que escolheu.

 Aa clivagens

      A diabolização permanente e persistente da gerência de Vale e Azevedo pela atual Direção dividiu os adeptos, deixando muitos deles de “pé atrás”. O efeito pernicioso de tal insistência nunca foi entendido, nem tão-pouco quão importante era para o clube-sad que os “acertos de contas” se tivessem feito intramuros. Ou, percebendo-o, tem sido essa a intenção.

   Além da proteção da figura institucional, sobreleva a questão humana; o ex-Presidente Vale e Azevedo, mesmo após cumprimento integral do cúmulo jurídico - deve ser caso único na justiça penal portuguesa - tem sido perseguido implacavelmente, como se, informalmente, tivesse sido condenado a prisão perpétua! Por mais penas de prisão que cumpra é-lhe sempre negado o direito à reabilitação! E esta Direção tem “ajudado à festa”! Deplorável!

   Não menos grave, é a atitude, envergonhadamente reverencial, a Joaquim Oliveira e seu universo empresarial. Enquanto se afirma, reiteradamente, o dever de gratidão do clube-sad para com ele, os adeptos vêm-no como inimigo; pelo seu vínculo afetivo e institucional ao rival do Porto, pela discriminação com que uma das suas participadas, a Sport-TV, trata o clube da Luz, pelo controlo implícito dos clubes pela via do financiamento e por outras afinidades e alianças frequentemente adversas ao Benfica.

   É neste contexto que os adeptos vêm, desde sempre com grande preocupação, a presença de empresas do grupo Oliveira no clube e a participação do próprio no concelho de administração da Sad.

   Insistir no discurso da gratidão é, pois, insistir no divisionismo e no enfraquecimento da massa adepta do clube. Pelo contrário; foi o Benfica que proporcionou a ascensão económica de Oliveira ao conceder-lhe os direitos desportivos por tuta e meia, os quais lhe permitiram faturar abundantemente, concretamente pela expansão da Sport-tv, proporcionando-lhe múltiplos retornos, financeiros e institucionais.

   Por coincidência, ou não, o tetra-campeonato sucedeu no período em que o Benfica detinha os seus próprios direitos desportivos, com orgulho de todos os adeptos, que viam na BTV a sua guarda-avançada. Não obstante, resolveu a Direção vender de novo os direitos à mesma entidade, então reformulada, contribuindo para o ressurgimento da velha estrutura de má memória. O resultado não se fez esperar; o penta esfumou-se e o BPN recuperou os seus cem milhões adiantadamente, creio.

   E é isto que muitos benfiquistas não perdoam à atual Direção; a dependência relativamente a um dos administradores de um dos principais rivais, e esta pretensa magnanimidade relativamente a estes, apesar de, reiteradamente empenhados na infame tentativa de destruição da reputação do Benfica, visando, objetivamente, inviabilizar o seu financiamento no mercado de capitais e consequente estrangulamento financeiro.
Peniche, 23 de Setembro de 2019
António Barreto

(Boris Grigoriev, Madre, 1915)

sábado, 26 de outubro de 2019

Um Novo Ciclo Para o Benfica (2)


O Estádio

   Salvaguardando eventuais deficiências estruturais ou constrangimentos económicos associados ao velho Estádio, que desconheço, considero ter-se cometido um erro grave com a sua demolição. Era o primeiro grande pilar do benfiquismo; único, grandioso, palco de grandes feitos desportivos, amado pelos benfiquistas, admirado e temido pelos grandes adversários. Perante as fracas assistências que se verificavam à época, optou-se pela construção de um estádio mais pequeno, relativizando a visão de outros dirigentes e ex-dirigentes, como Fernando Martins, segundo a qual não era o estádio que era grande mas a equipa que era pequena. Curiosamente, cerca de 15 anos e 400 milhões de euros depois, concluiu-se que, afinal, o estádio modular, estandardizado, é pequeno! Ou seja, não se percebeu a grandeza social do clube, com a agravante de se ter gerado um endividamento inibidor da competitividade da equipa principal de futebol, razão da ausência de títulos durante mais de uma década.

   Recordo que, à época, havia um projeto de requalificação do velho estádio, da autoria de Tomás Taveira, no valor de 4 milhões de contos - cerca de 20 milhões de euros! O passivo do Benfica seria da ordem dos 2 milhões de contos - cerca de 10 milhões de euros - e havia garantido um financiamento de cerca de 20 milhões contos - cerca de 100 milhões de euros. Não creio que Taveira se tenha envolvido num projeto condenado ao fracasso. Contas saldadas, restariam cerca de 70 milhões de euros para investir de imediato na equipa principal de futebol. Que teria acontecido? Mais competitividade, mais títulos? Nunca saberemos!

 A Doutrina

   Justificou-se a longa travessia do deserdo - de títulos - com a necessidade de reestruturação económica e financeira do clube e de modernização e expansão das suas infraestruturas desportivas. Cerca de uma década depois, chegado o ciclo das vitórias, ante o fracasso do penta-campeonato e as miseráveis prestações sucessivas na Liga dos Campeões, desdramatizam-se as derrotas, aludindo, ora à necessidade de vitórias dos rivais, ora às discrepâncias orçamentais relativamente aos adversários europeus, e, pasme-se, aos maus hábitos dos adeptos! A determinação inquebrantável de vitória foi substituída pelo conformismo; “…que não podemos ganhar sempre…,que é preciso saber perder….,que temos que dar valor aos adversários….,que ganharemos mais tarde…., que somos diferentes….!

 A ambição:

 Atualmente, com a entrada direta na Liga dos campeões, um grupo acessível, e os cofres, alegadamente, a abarrotar, desinvestiu-se na equipa, condenando-a a mais um desempenho vergonhoso na Europa! Em contrapartida, anuncia-se mais um longo ciclo de betão e a promessa vaga, de uma vitória europeia com recurso ao produto da “fábrica” interna. Ou seja, o foco do clube deslocou-se do “querer ganhar”, para o negócio de jogadores e das obras. Ainda na véspera do jogo com o Zénit podemos ouvir, na BTV, um comentador residente alegar, com veemência, da falta de condições do Benfica para rivalizar com os “tubarões” europeus; esquecendo-se de que, tais diferenças, já existiam nos anos sessenta, quando o Benfica emergiu entre os maiores. No dia seguinte a equipa teve um comportamento desastroso jogando muito abaixo do que sabe e pode! Por mim, tal sujeito seria, imediatamente, convidado a sair, e não voltaria a pisar o chão do estúdio. Um Benfica envergonhado é o que se vislumbra bem lá no fundo do projeto em curso. É esta a nova bitola do Benfica; um clube a viver do prestígio passado mas incapaz de construir as memórias do futuro.

 A estratégia

   Construir um grande Benfica com base na formação interna é um plano que agrada a todos os benfiquistas, porém utópico, seja pela dificuldade em manter os talentos da formação até à maturidade competitiva indispensável às grandes competições, seja optando pela rejeição de contributos externos. De todo o modo, o horizonte que vai sendo apontado, dez a quinze anos, é incompatível com as aspirações dos adeptos e os pergaminhos do clube. O edifício que urge reconstruir é imaterial, é afetivo, e não de betão!
Peniche, 23 de Setembro de 2019
António Barreto
(Man and Woman by the sea)

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Um Novo CicloPpara o Benfica (1)


Um novo ciclo para o Benfica

  
As circunstâncias em que ocorreu o fracasso do penta campeonato, corolário de uma gestão desportiva atabalhoada da equipa principal de futebol, levaram-me a rever, ainda que sumariamente, as principais realizações efetuadas no clube-SAD na última década e meia, grosso modo. 

   Reconhecendo a notável recuperação efetuada e os largos créditos devidos à Presidência atual, considero que o Sport Lisboa e Benfica carece, atualmente, de recentramento do seu projeto em termos globais, e, em especial, o da área do futebol; o propulsor de todos os outros.

    No percurso no período em causa merece especial relevância a qualidade da formação alcançada no futebol, a expansão das modalidades, a preservação e divulgação do património desportivo, a intervenção social e a diversificação das fontes de financiamento.

   De facto, a qualidade da formação no futebol tem superado, largamente, as expetativas mais otimistas, lançando uma boa mão cheia de jogadores de alto nível a proporcionarem excelentes retornos financeiros e desportivos e a difundirem a imagem institucional do clube além-fronteiras.

   Atuando em todas as modalidades coletivas de pavilhão foi brilhante a ascensão que se verificou nalgumas delas - hóquei, basquete, futsal e voleibol -, recuperando posições quando os rivais pareciam inamovíveis e mantendo-as durante períodos consideráveis.  

   Nas modalidades ao ar livre o feito histórico radica no atletismo, onde se destronou o principal e histórico rival, e na consolidação do projeto, do qual se destacam as disciplinas de velocidade, meio-fundo, lançamento do peso, triplo salto e triatlo.

   A execução do museu, uma aspiração eternamente adiada das Direções precedentes, assume caráter relevantíssimo enquanto memória perene e instrumento de difusão da história e cultura do clube, revendo histórias, catalogando, recuperando e expondo troféus, alguns dos quais se encontravam em degradação e, ou, semiperdidos. Um justo tributo aos que contribuíram para o engrandecimento do clube e um incentivo para os novos construtores de memórias.

   Na área social é uma enorme satisfação constatar o impacto que tem sido obtido junto de centenas, milhares de jovens, por parte da Fundação Benfica, mudando comportamentos, suscitando maior envolvimento daqueles com a escola e com a família. Uma demonstração inequívoca da dimensão social e humana que um desporto, tantas vezes aviltado e ostracizado como o futebol, encerra.  
Porém, em todo o trajeto deste período verifico, em vários momentos, uma discrepância vital com a cultura do grande Benfica a que me habituei, assim:
(Continua)
(Amadeo Modigliani)
Peniche, 23 de Outubro de 2019
António Barreto