Desporto

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Uma proposta de anteprojeto para o Benfica (1)

A.      A missão

Ganhar. Em todas as provas, em todas as modalidades, em todas as faixas etárias, mas sobretudo no futebol sénior, o “main driver” do clube. Tudo o mais virá por acréscimo.

A mentalidade ganhadora associada à excelência de execução da arte, à correção comportamental para com adversários, instituições, adeptos e público em geral, constituem a cultura do Benfica com a qual granjeou maciça adesão popular - a sua base social de referência - e admiração geral dos adversários, incluindo os que o atacam e agridem.

Urge acabar com o discurso de relativização da derrota e do conformismo em nome de gloriosas e sucessivas vitórias futuras, de obras fantásticas, da credibilidade das contas e da solidariedade para com os rivais.

B.      O futebol profissional masculino sénior

o   A equipa técnica:

o   Além dos requisitos de competência, de conhecimento do futebol nacional e europeu, de capacidade de liderança e de identificação com a cultura do clube, deve ser independente do circuito desportivo nacional, impermeável aos jogos de poder internos e com evidente reconhecimento internacional ou potencial para tal.

o   O plantel:

o Deve refletir a filosofia do clube; futebol de ataque, determinado, virtuoso, objetivo e solidário, em atualização permanente, quer ao nível de jogadores quer ao nível tático.

o   A prospeção:

o Setor chave, diferenciador, que requer atenção permanente pela simples razão de que o primeiro a chegar ao mercado adquire vantagem competitiva sobre os rivais (lembremo-nos do caso Eusébio). Se o clube não tem capacidade financeira para acompanhar os grandes rivais europeus na disputa pelos grandes talentos, tem de chegar antes deles.

o A estrutura técnica deverá dotar-se de capacidade para monitorizar permanentemente o estado da arte nas escolas de maior destaque; Europa - começando por Portugal -, América Latina e África, sem esquecer os mercados emergentes asiáticos.

o O objetivo deverá centrar-se na identificação de jogadores com potencial e nos estilos enriquecedores dos modelos táticos da equipa.

o A execução passa pela criação de uma rede de parcerias confiável, supervisionada por colaborador de reconhecida competência, recorrendo, preferencialmente, a gente com vínculo afetivo e cultural ao clube, ex-atletas, ex-funcionários e ex-dirigentes, sem afastar outras possibilidades.

o   O recrutamento:

o A equipa técnica, supervisionada superiormente, deverá manter permanentemente atualizadas as necessidades da equipa, imediatas e a dois anos.

o Igualmente, em articulação com os departamentos da prospeção, da formação e de recursos humanos, deve manter permanentemente identificados os atletas alvo, definindo objetivos prioritários e calendarizando as correspondentes contratações.

o Igualmente, deve manter-se permanentemente atualizado o conhecimento dos valores de mercado em cada área geográfica para cada tipo de jogador, identificando oportunidades que justifiquem a contratação para investimento desportivo ou económico. 

C.      O futebol profissional feminino sénior

o   Consolidar a superioridade interna e assumir os títulos europeus.

o   Dotar a secção de condições internas adequadas ao treino e à competição.

D.      As modalidades

o   De pavilhão, séniores masculinos:

o Futsal: consolidar a superioridade interna e assumir a luta por títulos europeus e mundiais.

o Voleibol: manter a superioridade interna e assumir a luta por títulos europeus.

o Hóquei em patins: recuperar e consolidar a superioridade interna e assumir a luta por títulos europeus e mundiais.

o Basquetebol: recuperar e consolidar a superioridade interna e a capacidade competitiva europeia.

o Andebol: dar o salto competitivo decisivo para aceder aos títulos nacionais; algo estrutural tem falhado nesta modalidade que requer o contributo dos melhores técnicos.

o Natação: assumir a luta pelos títulos internos e a participação em provas internacionais de relevo.

o   De pavilhão, séniores femininos:

o Futsal: Consolidar a superioridade interna e assumir os títulos europeus e mundiais.

o Hóquei em patins: manter a supremacia interna e assumir os títulos europeus e mundiais.

o Natação: assumir a luta pelos títulos internos e participação em provas internacionais de relevo.

o Ténis de mesa: manter uma equipa capaz de discutir e ganhar os títulos internos e disputar provas internacionais de relevo.

o Bilhar: manter uma equipa de excelência capaz de discutir e ganhar títulos internos e europeus.

o   De ar Livre

o Atletismo masculino: reforçar o domínio interno e assumir os títulos europeus.

o Atletismo feminino: assumir o salto qualitativo necessário às vitórias internas e à disputa das provas europeias de relevo.

o Triatlo masculino: consolidar o domínio interno e europeu.

o Triatlo Feminino: consolidar o domínio interno e europeu.

o Triatlo misto: consolidar o domínio interno e europeu.

o Ciclismo masculino: manter um plano de ação para reintrodução da modalidade logo que seja restabelecida a credibilidade das condições de competição internas.


Peniche, 20 de Agosto de 2020

António Barreto

(Continua)