Desporto

domingo, 23 de abril de 2023

O 25 de Abril e a Descolonização

 

O 25 de abril e a Descolonização


Quanto ao problema da descolonização assistiu-se, contrariamente ao prometido, a uma entrega sem condições, a uma corrida que não permitisse a salvaguarda de qualquer direito do residente e de Portugal nos territórios. Enquanto o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, general Costa Gomes, dava instruções às tropas em Moçambique para porem fim aos combates e confraternizarem com o inimigo, o major Melo Antunes incitava Samora Machel a atacar a fundo as mesmas tropas, já moralmente destroçadas pelas ordens recebidas, forçando-as à rendição incondicional, para assim poder exigir a independência incondicional a Lisboa. Porquê? Porque as fardas da traição sabiam que a Frelimo perderia um referendum. Era necessário como tal evitá-lo a todo o custo. O Povo português não viu os filmes, feitos por correspondentes da imprensa internacional em Moçambique, em que apareciam soldados portugueses, formados e sem calças, a entregarem as armas aos inimigos da véspera e, a seguir, ante o gáudio do populacho convocado, serem passeados pelas ruas das localidades, enquanto lhes arremessavam pedras, os insultavam e lhes cuspiam. Não viu o Povo os filmes, nem teve conhecimento das declarações de Samora Machel, em que este afirmava que a Frelimo vencera pelas armas as tropas portuguesas, como claramente o demonstravam os filmes e milhares de testemunhas. Samora Machel em diversas ocasiões tem manifestado claramente o desprezo que lhe merecem esses traidores. Entretanto, em Lisboa, Costa Gomes e o MFA declaravam ao Povo Português que tudo se estava a passar na melhor ordem e no melhor espírito de cooperação com os dirigentes da Frelimo. Os crimes, as desordens e enfrentamentos sangrentos de que o povo teve conhecimento, embora vago e deturpado, eram atribuídos à ação criminosa de alguns racistas e colonialistas que se opunham à justiça da descolonização.

Assim se abusou da boa-fé do povo.

Tanto o MFA como a nova classe política aplaudiram sem reservas esta maratona da Traição.”


Fernando Pacheco Amorim, em “Manifesto Contra a Traição”


Nas comemorações do 25 de Abril que se avizinham serão enaltecidos ou lamentados estes atos? Para uns, autores e comunistas, foram atos de heroísmo, para outros, onde me incluo, de traição! Aos povos da metrópole e do ultramar, pretos e brancos. Ninguém foi consultado sobre o destino das ex-colónias, como previa o Manifesto do MFA.



Peniche, 23 de Abril de 2023

António Barreto