Desporto

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Jaime Neves, em Montepuez (4)

      Montpuez é a grande retaguarda avançada da guerra cujo epicentro é o planalto Maconde. Ao longo do rio Muera encontra-se a principal força guerrilheira da Frelimo. No coração do planalto fica Mueda, a terra da guerra, uma rua com quartéis de um lado, e do outro a cabeça da pista de aviação e o campo de futebol. Mueda é tropa por todo o lado; e os Macondes distantes, silenciosos, dignos, muitos com olhos de Malangatana. São as cantinas do China e do Santos e os T6 e os Fiat G91, que constantemente descolam e aterram com um barulho arrasador. Mueda é a chegada e a partida de colunas para a guerra; para Miteda, Nangololo, Nancatari, Mocímboa do Rovuma, Omar e Mutamba dos Macondes. É a dança dos helicópteros carregados de feridos, numa imensa região onde abundam as minas, as sementes do diabo.
 
      Já a ilha de Moçambique - e de Camões - é o paraíso; cerveja gelada, prego no prato com ovo a cavalo, lençóis limpos e duche. E tem mulheres!, pretas e mulatas bonitas e não as primitivas farruscas do mato. Aqui, a velha tradição imperial portuguesa do duelo das armas, passa a duelo dos corpos. Não faltam jornais, como a disputadíssima A Bola, revistas como a Flama e o Século Ilustrado, fotonovelas como a Capricho e o Sétimo Céu e outras como a Plateia, o Mundo de Aventuras, o Seis Balas, a Crónica Feminina. E de vez em quando a Playboy, a Penthouse e até a Private. Há música por todo o lado e abundam os bailaricos. Não faltam as corridas de riquexó nas quais os comandos fazem dos puxadores nativos animais de tiro.
 
      O Batalhão de comandos de Montepuez, entre operacionais e "auxiliares de combate" tem cerca de dois mil e quinhentos homens. Com Neves há cerca de mil e cem operacionais, os que entram efetivamente em combate, distribuídos por sete Companhias e apoiados logisticamente pela Companhia de Comando e Serviço constituída por quinhentos elementos, que também dá dois cursos anuais de formação de comandos . Já o material é medíocre; trezentos e sessenta viaturas de carga entre Berliets e Unimogs  e seis Jeeps. Nos paióis, milhares de G3, dezenas de metralhadoras HK21, milhares de granadas, dezenas de morteiros, morteiretes e bazucas, lança-roquetes e o portuguesíssimo dilagrama.
 
      Desde Dezembro de 1971, o major Jaime Neves comanda o mais poderoso grupo de operacionais das Forças Armadas Portuguesas. Os seus Comandos caçam guerrilheiros nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Tete, mas também na Gorongosa onde se ocultam os homens de Cara Alegre. Neves é o Senhor da Guerra em Moçambique, dele jorra energia e mando; o poder mais puro e cru. A variante humana e desumana do poder de Deus; o de decidir a vida e a morte de outros. Tem como adjunto o sulista discreto e bravo José Belchior, duas vezes ferido em combate.
 
      É Moçambique, onde derramou o seu sangue e de alguns dos seus, que mais profundamente marca Jaime Neves, pelos sucessos e insucessos, como o da estúpida explosão que destroçou dezenas de vidas duma caravana de civis escoltada por militares entre Tete e Cabora Bassa, por descontrolo de um furriel que disparou a sua G3, irritado pela ultrapassagem inesperada de um camião civil carregado de trotil, acertando-lhe em cheio inadvertidamente, na qual Neves teve ação decisiva no reagrupamento da mesma.
 
       Em Outubro de 1973, deixa o comando do Batalhão de Montepuez assumido em Dezembro seguinte por Artur Fonseca Freitas, um oficial de Amarante, inteligente e dinâmico, numa fase em que, entre os militares, se acentuam as interrogações quanto à substância desta guerra.      

Sintetizado de "Jaime Neves, Homem de Guerra e Boémio" da autoria de Rui Azevedo Teixeira, editado pela Bertrand

domingo, 28 de dezembro de 2014

NASA | Holiday Lights On the Sun


Vive-se (por Jorge Adelar Finatto em "O Fazedor de Auroras")

Vive-se. Do jeito que dá. Às vezes, até mesmo sem nenhum jeito se vive. 
 
Porque a única coisa realmente urgente e importante é manter-se respirando. O resto é o que vem depois. E o que vem é neblinoso, imponderável, se administra. Ou não.
 
Convivemos com a dor, com a falta de amor, de encanto, de beleza, de dinheiro, com a eterna falta de sentido das coisas. Enquanto isso, vive-se.
 
Vive-se em Porto Alegre, em Paris, em Sierre, em Lisboa, em Cacique Doble. Vive-se no silêncio de Rarogne e de Passo dos Ausentes. Vive-se à beira do Arroio Tega e nas cercanias do Castelo de Muzot. 

 Vive-se em toda parte. Principalmente, no fim do mundo.

Vive-se em secreto e em surdina, com raros, distantes amigos. Mas vive-se.

Vive-se apesar da corrupção que assola o Brasil e destrói tudo o que se tenta construir e até o que não se construiu como a floresta Amazônica e a Mata Atlântica.
 
O mais que se faz é viver. De janeiro a janeiro. Com sol e com chuva. Com alhos e bugalhos. Vive-se.

Calma, a realidade não merece o teu suicídio.

Vive-se na sexta, no sábado e, eventualmente, no domingo. Segunda é um enigma que nem a filosofia, nem a poesia e muito menos a astronomia conseguiram resolver. Mas o fato é que se vive.
 
Vive-se apesar do lixo na rua, do odor nauseante de combustível queimado na cidade, do esgoto escorrendo impune para o rio.

Vive-se em que pese o velho, triste, insuportável e persistente racismo.

 Vive-se olhando os veleiros que fogem para o mar.
 
Vive-se diante do olhar atônito das crianças abandonadas.

Vive-se a nostalgia das casas sem eletricidade.
 
Vive-se sem embargo dos livros não lidos. Vive-se não obstante todos os livros lidos.

Vive-se com as folhas secas do outono nos bolsos do antigo casaco.

Vive-se sem nada a perder e mesmo depois de perder tudo.
 
Vive-se sabendo que nunca mais se encontrará aquela mulher para pedir-lhe um olhar, um abraço.
 
Vive-se de mal a pior, sem eira nem beira.

Vive-se apesar dos mortos nos olhando dos velhos retratos e dos lugares vazios na mesa.

Vive-se a vida invisível dos anônimos, dos solitários, dos desmemoriados.

Vive-se de passagem, sem ensaio, uma única vez, com o coração doendo no peito. Mas vive-se.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Actividade solar e clima na terra (por Rui Namorado Rosa, da Universidade de Évora em Página da Educação)

As manchas solares são manifestações visível da actividade magnética no Sol. A sua observação e registo remontam ao princípio do século XVII, logo após a invenção do telescópio. Assim se descobriu que o Sol exibe uma actividade magnética variável, onde é perceptível pelo menos um ciclo com onze anos de periodicidade. Essa actividade magnética, visível à superfície e que se projecta pelo espaço circundante e atinge os planetas terrestres, e para além destes até pelo menos Júpiter, é alimentada por fenómenos de convecção de massa e de energia magnética no interior dessa estrela.

Os raios cósmicos de muito alta energia, que emanam dos centros das galáxias, atingem a Terra e produzem transmutações nos elementos naturais - assim se forma, por exemplo, o Carbono-14 na atmosfera (bem conhecido por ser muito utilizados na datação de materiais arqueológicos). Ora como o campo magnético solar deflecte os raios cósmicos, ele modula a intensidade do correspondente fluxo que atinge a Terra, pelo que o ritmo de produção do Carbono-14 e o seu teor na atmosfera (e nos seres vivos) variam com a actividade magnética solar. Estudos recentes sobre o teor de Carbono-14 em materiais orgânicos (incluindo fosseis), para além de comprovarem uma pronunciada tendência de crescimento do número médio de manchas solares ao longo do século XX, revelam que o presente nível de actividade solar é o mais elevado desde há 8.000 anos.


Sendo o Sol a fonte de energia, sobretudo na forma de luz solar, que acciona o sistema climático terrestre, não há dúvida que a variabilidade da actividade magnética solar, que também se manifesta na intensidade da luz emitida pelo Sol, se repercutirá na variabilidade climática terrestre. Assim, estima-se que a variação da actividade solar poderá explicar até um terço da presente elevação global de temperatura à superfície da Terra.


Porém, a actividade solar influencia o clima terrestre também por outras vias. A variabilidade do fluxo de raios cósmicos que atinge a Terra, que é modulada pela actividade solar, parece também afectar o clima, designadamente através da variação do grau de ionização da atmosfera e de consequente formação de nuvens. Estas, por sua vez, influenciam fortemente a quantidade de luz solar que é absorvida na atmosfera e na superfície terrestre. A importância deste mecanismo na variabilidade climática é ainda incerta.

Mas o Sol emite também raios X e radiação ultravioleta extrema que também poderão influenciar o clima. A intensidade dos raios X acompanha o ciclo de actividade solar, mas com uma amplitude de variação muito maior que a da luz solar. Esses raios X são os principais responsáveis pela produção e aquecimento de uma camada atmosférica fortemente ionizada, a cerca de 100 km de altitude, a ionosfera. Essa camada da alta atmosfera afecta a propagação das ondas rádio; é responsável pela reflexão e o longo alcance de propagação de algumas gamas de frequência (ou de comprimento de onda), pelo que as perturbações na ionosfera interferem nas telecomunicações.


A radiação ultravioleta extrema emitida pelo Sol é absorvida a nível mais baixo da atmosfera, na estratosfera, produzindo ozono. A variação da sua intensidade acompanha o ciclo de actividade solar mas com maior amplitude que a luz solar. Como é sabido, esta camada de ozono, que resulta da absorção dessa radiação ultravioleta extrema, é, por sua vez, absorvente de outras gamas de radiação ultravioleta, actuando como uma blindagem para os seres vivos à superfície da Terra.


O Sol emite também radiação corpuscular, o vento solar, que é captada no campo magnético da Terra, sobre uma extensão de muitos milhares de km em altitude. Desta interacção resulta uma extensa magnetosfera terrestre, com suas cinturas de plasma. A magnetosfera assim formada funciona também como uma blindagem que protege a superfície da Terra do vento solar. Por via deste vento solar, a actividade solar repercute-se em actividade geomagnética observada à superfície do planeta.


Porém, o vento solar está sujeito a variações de grande amplitude, as tempestades magnéticas, que atingem a Terra e aqui geram tempestades geomagnéticas e auroras boreais. Estas tempestades exibem uma periodicidade que é a mesma da rotação do Sol, 27 dias. Em períodos menos previsíveis de muito intensa actividade solar, o vento solar atinge velocidade muito superior, e erupções da superfície do Sol projectam jactos de massa coronal que podem ocasionalmente atingir directamente a magnetosfera terrestre, o que acontece algumas dezenas de vezes por ano, provocando intensas tempestades geomagnéticas. Estes episódios distorcem acentuadamente a magnetosfera, afectam as órbitas de satélites e induzem forças electromotrizes nas redes de transporte de electricidade (podendo interromper o seu funcionamento).


Todos estes fenómenos de interacção entre o Sol e a Terra, com reconhecida periódica ou incerta variabilidade e, alguns deles, com elevada amplitude, contribuirão certamente para a variabilidade do clima no nosso planeta. Ainda há muito para aprender acerca das tão faladas alterações climáticas.


(sublinhados do Quase Curiosidades)

O Futuro do futebol nacional é a Controlinveste!

       Finalmente a Luz!, afinal, a salvação dos clubes nacionais vem...uau!...da Controlinveste!, agora sim, já os jogos da modesta Taça da Liga interessam à TVI!, quem diria, quando ainda há bem pouco tempo nem os jogos do "Campeonato" lhe interessavam!, que mágico poder é este que detém a Controlinveste, acionista de todas as SAD e da Sport TV, esta, agora presidida por Proença de Carvalho, que desbloqueia todas as portas?, que mágico poder é este que leva os dirigentes a abandonar o projeto de autonomia dos seus clubes defendido por Mário Figueiredo em favor da dependência relativamente ao Grupo que mais tem lucrado com o futebol?
      Perante a determinada e lúcida luta de Mário Figueiredo pela autonomia financeira dos clubes contra a obsceno monopólio que se instituiu no futebol nacional nas últimas décadas, perante o prolongado silêncio da Autoridade da Concorrência relativamente à queixa da Liga contra a Olivedesportos, perante as implícitas ameaças do Governo à Liga na sequência da alteração da Lei de Bases das Federações Desportivas, que até parece ter sido feita à medida, perante a "cega" reclamação de pagamentos em atraso por parte da FPF à LPFP apesar de conhecedora da total falta de meios para o efeito, os habituais patrocinadores das competições futebolísticas nacionais, revelando um medo cúmplice, não renovaram os seus apoios, induzindo o "afundanço" económico  daquela instituição e dos clubes, até à claudicação do próprio Benfica, o principal clube prejudicado pelo "sistema", cujos dirigentes, ingenuamente arvorados da responsabilidade de salvar o futebol, pensam ter alcançado um compromisso de cavalheiros com os dirigentes do Porto. Puro engano!, o "sistema" está de volta e muito bem arquitetado. Vamos vê-lo a funcionar em pleno já nesta 2ª volta!, o conselheiro matrimonial da paróquia anda já por aí a mandar recados!, regressará o velho padrão dos erros humanos dos árbitros e auxiliares enquanto os "queixosos" serão de novo apodados de "queixinhas".
      Este "fenómeno", não constituindo surpresa para ninguém, revela, afinal, o estado caótico e paradoxal a que chegámos enquanto Povo, permitindo ou compactuando com práticas que, manifestamente, violam os mais elementares princípios da doutrina democrática, por acaso...mas só por acaso, constitucionalmente consagrados. Revela a total falência dos clubes nacionais, que, incapazes de sobreviver sem a tutela dos "donos disto tudo"que se apropriaram das receitas antes provenientes dos adeptos que iam aos estádios, não hesitam em alienar a sua própria soberania, induzindo entre a população o nauseabundo e velho cheiro da suspeição. Não é apenas o futebol que está em causa!, são também as instituições que têm a obrigação de zelar pelos essenciais valores da sociedade. São os próprios valores democráticos!, é a própria Democracia!
      Afinal, como já sabíamos, Mário Figueiredo tinha razão na queixa apresentada pela Liga, mas teve que sair para que, finalmente, a AdC, se pronunciasse, impondo uma reformulação nos contratos da Olivedesportos, que, fundamentalmente, permitirá manter tudo como estava. Até porque, parece que é isto que os clubes querem. Sem Olivedesportos, sem Controlinveste e sem Sport TV , não haverá futebol em Portugal! Mas havia!
      Quanto a Luís Duque, acabou de dar um segundo tiro no pé!, o primeiro foi o de ter aceite o cargo apesar do ambiente de crispação com o seu próprio clube e do seu histórico de práticas hostis para com o Benfica. Ao aceitar os "bons ofícios" da Controlinveste na procura de patrocinadores para o "naming "da Taça da Liga, Duque revelou afinal a sua total incapacidade nas áreas financeira e de marketing, alienando grande parte da sua própria autonomia em favor do patrocinador primário. E isto é mau para o futebol! Muito mau!, o "milagre" de Duque consiste, afinal, em devolver o futebol a Joaquim Oliveira!
      Está assim explicada a razão pela qual Fernando Gomes, afirmou na entrevista que concedeu ao jornal oficioso do seu clube "crer" que só uma plataforma de entendimento entre Porto Benfica e Sporting - por esta ordem -, detentores de massas de adeptos consideráveis, poderá potenciar o futebol. É que, para Gomes, essencial...,mesmo, mesmo, essencial para o futebol é a Controlinveste, essa infatigável construtora de sonhos! os três grandes clubes , com o Porto à frente, claro, só poderão dar uma uma ajudinha, desde que estejam de acordo na distribuição dos despojos! Ora, com regras simples, claras e universais, não serão necessários outros acordos. Fernando Gomes, implicitamente, revela a sua incapacidade de as definir, implementar e fazer respeitar, A TODOS POR IGUAL!
     Percebo que os dirigentes do Benfica tenham cedido perante o crescente "buraco" nas contas da Liga - constou que seriam da ordem dos 9 ME -, que inviabilizaria a continuidade das competições profissionais e, em última instância, o equilíbrio financeiro do próprio clube. Mas não deveria ter permitido que as negociações decorressem numa conjuntura indutora de respostas favoráveis a umas das partes, impondo condições que garantissem o equilíbrio entre os intervenientes.
      É claro para mim desde há muito, que o painel de fundo do futebol nacional assenta na aspiração regionalista de alguns setores do Porto e talvez do Norte e do país, historicamente subjugados e revoltados pela prepotência destruidora do centralismo da Capital, que vêm no futebol um primeiro campo de emancipação, elegendo o Benfica como símbolo desse centralismo e alvo prioritário da sua acção. Julgo porém que esta é uma estratégia que tende a produzir efeitos contrários aos desejados na medida em que confunde o regionalismo com práticas indignas a que temos assistido no âmbito do futebol, com origem, precisamente, no seu seio, hostilizando todo o universo benfiquista, cerca de 50 % a 60 % da população. Não serão as práticas de manipulação de resultados das competições nem a pancadaria instigada que atrairão adeptos à causa. Pelo contrário, a "separação das águas"  política e desportiva, associada a práticas de racionalidade, cordialidade e lealdade no desporto, atrairá aderentes de todas as frentes, para a derradeira emancipação do país da asfixia lisboeta.
      E estamos nisto! neste atavismo que lentamente vai corroendo os alicerces do futuro.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

FELIZ NATAL!

 
 

Jesus Cristo Redentor

domingo, 21 de dezembro de 2014

A tática do nhéco-nhéco! (Benfica-Gil Vicente 1-0)

      Neste jogo a equipa do Benfica adotou a tática do nhéco-nhéco...e ganhou (obrigado Capela). Andamento em modo devagar-devagarinho, passes de metro a 1o/h, alas nem vê-las, meia-distância ausente, jogo aéreo omisso e oportunidades, poucas. Ah, mas houve concentração tática. César esteve muito bem e desta vez fez o que deveria ter feito com o Braga. Júlio César esteve lá quando foi necessário nos escassos mas perigosos remates que os jogadores do Gil fizeram à sua baliza. Talisca também esteve bem na cobertura e recuperação de bola no meio-campo apesar da sua característica falta de criatividade. Máxi foi igual a si próprio criando as condições para o golo solitário e vitorioso.
      O Gil Vicente fez um bom jogo, sobretudo nos 15 minutos iniciais e nos 15/20 minutos finais, não marcando por inépcia dos seus avançados.
      Talvez os jogadores do Benfica tenham acusado o desgaste físico dos jogos anteriores, com Porto e Braga, talvez tenham acusado a falta de Enzo, Luisão e Sálvio (ai o meu rico Sálvio). Ola John tem que dar gás às botas e mostrar mais intensidade e Jonas tem que trabalhar mais e melhor. A equipa necessita urgentemente do regresso dos lesionados, Luisão, Sílvio, Fejsa, Eliseu, Amorim, Suleimani, André Almeida, etc. (Já agora é melhor consultar o bruxo de Fafe).
   Quanto à equipa de arbitragem, só tenho é que agradecer.
      Há que analisar o jogo e corrigir; estes jogadores podem fazer muito melhor e devem fazê-lo se querem ganhar o campeonato. Olhar para a frente e esquecer o passado recente.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Jaime Neves, o último Guerreiro do império (3)

      "Transformamo-nos no homem do uniforme que usamos"  disse Napoleão;terminado o curso de Comandos, já à frente da 2 Companhia em Angola, Neves trocou os calções de caqui e a farda branca com bota alta pelo camuflado e transformou-se no "homem do camuflado", já com o nome de guerra de "Tigre". É de camuflado que receberá, mais tarde, as estrelas de Major General. 
      Durante quase um ano as operações sucedem-se em Angola, na rotina da contra-guerrilha, com emboscadas, contraemboscadas, ataques a acampamentos e nomadizações. Floresta, tensão, trilho, adrenalina pura, mosquitos,  calor tórrido, sede, suor, cansaço, minas, explosões e tiros contra um inimigo que descarrega o ferro e foge furtando-se ao combate frontal. Numa das operações a 2ª CCMDS comandada ataca a Base dos Pacaças - guerrilheiros da FNLA (flanelas) - em Dolisie no Congo-Brazzaville próximo da fronteira de Cabinda, deixando um tapete esburacado de mortos e regressando sob forte morteirada. Noutra ocasião, Neves, numa avionete Dornier, monta um Posto de Comando Aéreo, a partir do qual consegue reunir e conduzir ao aquartelamento seis grupos de neófitos Comandos perdidos em missão na floresta. Os soldados sentem que têm um Comandante com quem podem contar.
      Em maio de 1966 a 2ª CCMDS, na continuação da sua comissão recebe ordem de avançar para o Lumbo em Moçambique com duas missões; a de apoiar o Batalhão Sete de Espadas que estava a ser dizimado em Mueda e a de deter um eventual ataque inglês ao porto da Beira  no âmbito da chamada guerra do petróleo, ataque este que não chegou a verificar-se devido à acção diplomática.
      Por esta ocasião os dois principais focos de guerrilha estão em Cabo Delgado, no planalto maconde, e em Vila Cabral, no lago Niassa, este de menor intensidade. Os Macondes, vivendo da pesca e da caça, com faces tatuadas à navalha e dentes bem afiados, são  indomáveis e aguerridos, difíceis de encontrar.
    Aqui conhece Jorge Jardim que participa em algumas operações e comanda várias missões, acompanhando as suas forças, que lhe valeriam a Cruz de Guerra de 1ª Classe por feitos em combate. Açor, Catatua, Olho Vivo, Picanço, Licas, Hibraico, Polinómio, Maionese, Martelada, Trolha, Desbrause, Finalmente, Chaimite, Aveiras (homenagem ao soldado alentejano abatido na fronteira), Alentejano, Mabecos, Raivosos e Furriel Aguiar, são a designação das missões em que a 2ª CCMDS cobre toda a zona subvertida da Zona de Intervenção Norte. Na operação Finalmente percorrem 300 quilometros a pé em pleno mato até a Mucojo que dá para o Índico. Uma operação do tipo das que os militares de gabinete apenas ouvem falar e os civis nem isso. Na missão Polinómio, Neves dirige as suas tropas em PCA a partir de uma avioneta na qual é atingido de raspão no sovaco em consequência da flagelação com armas automáticas a que a nave foi submetida.
        Entre combates, o desbragamento na cidade, com os inevitáveis copos, mulheres de vida "fácil" e pancadaria gratuita. Maxim's onde atuam Orlandini, Shegundo Galarza e o figueirense Mário Simões, é um dos "cabarets" frequentados, tal como o Moulin Rouge e o Primavera. Há os cafés como o Scala e o Sheik, o hotel Polana, a Cervejaria Laurentina e o Ponto Final, onde por vezes se cruzam com os "boers". Sucedem-se os episõdios cómico-caricatos como aquele em que o Sargento Ribeiro furioso com o azar do seu jogo acusa Neves de confundir foder com rachar lenha; ou daquela matrona que pediu uma audiência ao comandante para impedir os seus soldados "di deixá péli di piça nas minha mininas". Disse São Paulo que apesar das muitas porcarias que possa praticar, um puro será sempre um puro. Foi o caso de Neves, como o reconheceram os seus camaradas e Delfina, a que viria a ser sua mulher.
      Finda a 2ª comissão, regressa à metrópole para uma breve passagem na Escola Prática de Infantaria de Mafra donde segue para Lamego onde passa dois anos como instrutor no Centro de Instrução de Operações Especiais, tendo por colegas outros militares de referência. Na esfera civil sucedem-se as habituais peripécias da irreverente vida noturna. 
      Regressa à sua dura a amada Moçambique em 1970, pela terceira vez, onde chega na ressaca da Operação Nó Górdia onde se destacara o Carlos Matos Gomes. Jaime Neves sempre lamentará não ter participado em operações espetaculares como foram a Viriato em Angola, a Nó Górdio em Moçambique e a Mar Verde na Guiné. Desta vez segue para junto do Batalhão de Comandos em Montepuez, como comandante da 28ª Companhia de Comandos já formados em Moçambique. É ferido em operação, na sequência da deflagração de uma mina sob a "berliet" que ele próprio conduzia e da qual resultaram feridos todos os outros ocupantes da viatura. Já no hospital, deparando-se com a separação entre praças e oficiais, quebrando as normas vigentes, exigiu que ficassem juntos, suscitando o reconhecimento daqueles e o respeito dos restantes.
      Sucedem-se os episódios de combate com grande frequência a alta intensidade nos quais se destaca a capacidade de comando de Jaime Neves. Na eterna memória fica-lhe o impacto dum estilhaço de bazuca no peito do alferes Guimarães, arrancando-o parcialmente, tirando-lhe a vida sob o seu olhar, na sequência de uma chuva de aço que se abatera sobre a 28ª Companhia, numa operação entre Miteda e Nangololo, onde foi emboscada. Noutra operação no planalto Maconde entre Mueda e Mocimboa do Rovuma na Zona dos Paus onde são flagelados com abundante morteirada quando vão em auxílio dos Paraquedistas para recuperar os corpos dos camaradas provisóriamente sepultados na sequência de combates  que ali travavam com os guerrilheiros da Frelimo. Os contactos de fogo com os civis que por vezes ocorrem suscitam discussões entre os soldados; Jaime Neves evita-os mas aceita-os quando inevitáveis superando a natural comiseração sem lugar na guerra. Fala-se de Wiriamu onde terão sido massacrados centenas de civis. Respeita os PIDES pelo importante serviço de informações que prestam ao Exército mas impédios de agredirem os guerrilheiros quando presente.
      A 28ª CCMDS  combate limite da fadiga com Neves sempre na frente, reforçando a confiança dos seus soldados, gerindo com sabedoria os casos de indisciplina, desfalques ou outros desvios suscitando a gratidão e lealdade dos faltosos. Impõe-se perante as hierarquias nos casos da sua competência conhecendo os limites e quando necessário subverte as regras instituídas. Os soldados são a sua família e o Exército a sua casa. Tem a legitimidade das muitas horas de fadiga e dores de combate, seus e dos seus homens. O seu nome corre por Moçambique, em Angola e na Guiné entre militares e civis.
      No final da sua 2ª Comissão, a poderosa 28ª CCMDS, abateu 90 inimigos, feriu 13, capturou 114. Capturou armas diversas; espingardas, metralhadoras, lança-granadas-foguete, canhangulos, granadas diversas, minas, documentos importantes e outros. Destruiu 3500 palhotas, 26 bases e quartéis inimigos, vários celeiros, machambas e outros meios de vida do inimigo. Em contrapartida, a 28ª tem 1 morto em combate, 1 morto em acidente, 3 feridos graves em combate, 3 feridos em acidente e dois elementos evacuados por doença.
      Fora do quartel, Neves, sem a pose marcial que alguns lhe atribuíam, concorda com Fernando Pessoa quando disse que "Boa é a vida mas melhor é o vinho" e desmente Norman Mailer quando referiu num dos seus livros que "tough guys don't dance". como sempre continua a dar livre curso aos seus dotes de cantor humorístico e exímio dançarino, seja no "twist" no Rock de terramoto, ou nos slows, tangos, boleros e pasodobles. Na boémia convive com portugueses do tipo dos que fala Agostinho da Silva; o Bolinhas - como irmão - que sem estudos nem fortuna se mete pelos mares e pelos sertões, o fobeiro do Uige, o chicoronho da Huila, o padeiro Manuel do Brasil, etc.. Foram estes portugueses pobres, ambiciosos e aventureiros que mais contribuíram para essa "misteriosa grandeza de um pequeno e pobre país". As cenas de pancadaria "desportiva" nos bares continuam a suceder e Jaime Neves que não é dado a "filosofias" começa a sentir o peso da solidão de homem solteiro, a necessidade de constituir a sua família, mulher e filhos a quem amar e pelos quais seja amado. 
       Sempre por mérito em combate, Jaime Neves é promovido a Major, primeiro ,em 1971, graduado e em 1973 definitivamente. Por força da nova patente deixa o comando da 28ª CCMDS e pede escusa do comando do Batalhão de Montepuez a que tem direito por inerência, num gesto que o General Kaulza de Arriaga considera nobre por permitir ao seu camara Oliveira terminar a sua comissão no comando daquela unidade.

Sintetizado de "Jaime Neves, Homem de Guerra e Boémio" da autoria de Rui Azevedo Teixeira, editado pela Bertrand

FELIZ NATAL

CHET BAKER - Almost Blue

O terrorismo ambientalista à solta

Livro Psicose Ambientalista: O guia politicamente incorreto do ambientalismo:: PSICOSE AMBIENTALISTA Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma "religião" ecológica, igualitária e anticristã. A e...

Para onde vais Portugal? (retirado do blogue de Zita Paiva)

Para onde vais Portugal? (retirado do blogue de Zita Paiva)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

E o Benfica não voô!

   
   Esperava-se um Benfica afirmativo e concludente capaz de demonstrar a natureza  acidental do resultado do jogo da Liga em Braga. Não aconteceu por mérito da equipa do Braga, em especial do seu guarda-redes, o homem do jogo. Primeira parte muito bem disputada, tu cá tu lá, superiorizando-se a equipa do Benfica através de um belíssimo golo de cabeça de Jonas culminando excelente lance coletivo. Até ao intervalo, foi o show de Kritsyuk, que, com duas excelentes defesas, evitou a dilatação do marcador e o adeus à Taça, tirando o "pão da boca" a Jonas.
      No início da segunda parte, como era de prever, a equipa do Braga entra a "todo o gás"
à procura do empate. E ele chegou através de um lance infeliz de André Almeida que falhou a intersecção da bola e da distração dos seus colegas, nomeadamente Maxi, que não fez a cobertura ao 2º poste, abrindo a clareira por onde o avançado do Braga fez o golo. Sorte e mérito do Braga e do seu Treinador que, acto contínuo, mudou de tática; recuou a equipa para os quarenta metros do seu meio-campo dando a iniciativa do jogo aos encarnados, apostando na subida das suas linhas, no seu desgaste físico e mental e no contra-ataque rápido a partir de recuperações do meio-campo. E ganhou. O Benfica subiu no terreno procurando  inverter o resultado, desguarneceu o seu meio-campo e, carente de Luisão não teve o engenho de parar o avançado bracarense para um golo fácil onde a Júlio César não podem assacar-se responsabilidades. 
   A partir daqui intensificou-se o jogo reativo do arsenalistas, defendendo com toda a equipa nos quarenta metros iniciais do seu meio-campo, muito compacta e solidária, fechando todos os caminhos para a sua baliza, onde o guarda-redes efetuou mais três ou quatro defesas de grande categoria garantindo a inviolabilidade da suas redes. Eventualmente acusando o desgaste físico do jogo anterior, a equipa encarnada "empastelou" o seu jogo, incapaz de lhe incutir a intensidade que se impunha para suscitar roturas na defensiva adversária. Só com a entrada de Talisca apareceram os remates de meia-distância, um dos quais poderia ter dado golo, não fora Kritsiuk, muito inconsequente jogo aéreo e alguns cruzamentos mal dirigidos devido à inferioridade numérica dos encarnados na área bracarense. Em cima de tudo isto, o esperado anti-jogo dos vencedores.
      Fatal foi a saída de Enzo, que estava a garantir os equilíbrios defensivos a meio-campo, tal como o não contributo de Luizão, o "patrão" da equipa, e de Sálvio, fiquei a saber, a braços com mais uma lesão prolongada. Faltou a tal voz de comando dentro das quatro linhas. E faltou mais dinâmica na ala esquerda.
      Do árbitro, não me parece que tenha vindo mal ao jogo; parece que há uma mão na bola de Jardel que daria grande penalidade para o Braga e talvez tenha poupado a expulsão ao defesa do Braga que fez falta sobre o isolado Jonas à entrada da sua área.
      Parabéns ao Braga que, desta vez, não usou da tradicional violência, fez um bom jogo e ganhou com mérito.
      Uma palavra de conforto aos bravos do Benfica, apesar de desfeiteados, neste confronto, sendo certo que jogaram desfalcados e com menos um dia de descanso. Olhar para a frente e esquecer o resto.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Voa Benfica, Voa...




Agradecimentos ao amigo sportinguista Romanóvsky

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

SOU DE UM CLUBE LUTADOR





Talento+Determinação+Trabalho+Humildade+União= Campeão

Em frente valentes!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Jaime Neves, o último guerreiro do império (2)


Jaime Alberto Gonçalves das Neves, faz o seu batismo de fogo em Dezembro de 1962 em Úcua-Dange, no norte de Angola, onde permanece até Setembro de 1964, como oficial de reabastecimentos do Batalhão 38, mais tarde como comandante da Companhia de Caçadores Especiais 365 - CCE365 -de que fora instrutor em Chaves. Depara-se com vestígios dos horrores da revolta negra de 1961 e da, ainda mais brutal, resposta das tropas portuguesas, matando, fuzilando a eito.

      Voluntaria-se para comandar a CCE365 em resposta ao pedido dos respetivos soldados insatisfeitos com os formalismos do seu comandante.  A CCCE365 circula pelas luxuriantes florestas do norte de Angola, por Zalala, Zemba, Quibaxe, Muchaluando (próximo de Nambuangongo), Piri, Namaúa e Quicabo. Mal armada - com a FN cujo cano incha após os primeiros tiros -, a CCE365 é flagelada em múltiplas ocasiões, destacando-se Neves pela presença afetiva mas firme e competência tática; um conforto para os soldados que que vêm reduzir as baixas para um morto e vários feridos num acidente de viação. Numa destas ocasiões foi abatido um avião e morre o filho do Treinador do Benfica Szabo quando se encontrava ao serviço de uma companhia de cavalaria. Mantêm um distanciamento respeitoso em relação aos pretos, defende-os contra os abusos dos colonos e presta-lhes assistência médica através do médico da companhia, Agualusa. Trata os casos disciplinares facultando ao faltoso optar entre “o papel selado” e o murro nos queixos, sendo este último o castigo “voluntariamente” escolhido pelo “gebo” ou “coirão”.  Recebe os primeiros louvores oficiais por desempenho “exemplar” em combate.
      Na fascinante Luanda, desataviada dos preconceitos sociais e sexuais, Jaime Neves,  ciente da volatilidade  existencial de um guerreiro, dá livre curso à sua exuberante faceta boémia semeando “penache”, em traje de caqui “à colonial”, lenço vermelho, óculos Ray-ban e jeep, frequentando tudo que “cheire” a fêmea, cansado das “sarapitolas” do mato; o bairro Marçal, o Bairro Operário e os abundantes bares de “meninas”.
      Regressado à Metrópole apresenta-se no Regimento de Artilharia de Queluz em Janeiro de 1965 onde se inicia a sua saga nos Comandos, cujo curso, há-de tirar no exigente Centro de Instrução de Comandos de Luanda - CIC - no qual só cerca de um terço dos candidatos tem sucesso. Depara-se com situação caricata a propósito do Eusébio que lá presta serviço militar; com estatuto especial, o popular jogador do Benfica é alvo da idolatria dos soldados que fazem fila para ver as suas botas e o seu potente remate. Perante os protestos dos seus camaradas pelo atraso no pagamento dos quinhentos escudos do subsídio de fardamento, Neves, benfiquista e “eusebista”, dirige-se ao Comandante do Regimento na presença do respetivo primeiro-Sargento e grita-lhes: - Onde está o dinheiro, caralho?! Mas isto trata-se da guerra ou de apoiar o Eusébio?! Os futuros subordinados de Neves percebem logo ali que estavam em presença de um chefe a sério.
      No Vera Cruz regressa a Luanda, a caminho do curso de Comandos, com mais de dois mil militares, passando as noites no jogo do póquer com os seus camaradas oficiais e apresentando-se diariamente às sete horas para ministrar aos seus homens dura sessão de ginástica matinal. O CIC fica nas proximidades de Luanda na antiga chitaca do Sr Sousa e nele se ministra a duríssima instrução de Comandos, quer no plano físico quer no mental, e se adquire um forte sentido de corpo. Stanley Kubrick, nos primeiros quinze minutos do seu filme “Full Metal Jacket” dá uma ideia parcial de um curso do género. Dificultar a instrução para facilitar o combate é a ideia geral e nas provas que ocorrem durante cerca de três meses, constam como pontos mais altos a Prova de Choque e a Semana Maluca. Inspirado na Legião Estrangeira, nos Cursos de Cristandade e nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, mentaliza o instruendo da justiça da morte quando na defesa da Vida e da Liberdade. Assimilando o marialvismo os instruendos tornam-se fãs de toiros e fados, consideram o amor um desejo de compaixão e a dor um instrumento de fortalecimento. Ginástica de Aplicação Militar ou “Ginástica Até à Morte”, formaturas de ferro, crosses, cambalhotas nas fossas de lama, cai levanta, quedas na máscara, passo fantasma, milhares de tiros instintivo e de precisão com bala real, exercícios de explosões de trotil, granadas e minas e muitos outros exercícios resultam nalgumas fraturas, desidratações e, de vez em quando, um morto. Hino Nacional, a música de Richard Anthony, de Richard Strauss, o tema de Zaratustra de Richard Wagner, o Fado do 31 e o Portugal Campino fazem parte do cardápio de “fortalecimento” mental dos futuros Comandos que culmina com o famoso grito de combate “Mama Sumé” com que, mortíferos, investem de peito aberto sobre o inimigo. Tudo superou Jaime Neves, sem queixas, incluindo os castigos, apesar de mais velho - cerca de seis anos - que os restantes camaradas, dando o exemplo aos seus futuros subordinados e aos camaradas da Academia, que lhe atribuem a alcunha, a 2ª, de “Tigre”.
      Nas folgas, na “cidade do pecado alegre” os martirizados Comandos dão livre curso aos instintos, comprovando Neves poder ter algo de verdadeiro a ideia de que o Império Português pode ter sido alcançado “pas avec l’épée mais avec le pénis”, o exato oposto do Império Britânico “no sex please, we are british”. 
Por AB
Sintetizado de "Jaime Neves, Homem de Guerra e Boémio" da autoria de Rui Azevedo Teixeira, editado pela Bertrand
 
(Continua)

domingo, 7 de dezembro de 2014

Malomil: O Parisiense.

Malomil: O Parisiense.:             Para quem passou a infância a procurar as parisiennes de Kiraz nas páginas...

Jaime Neves; o último guerreiro do império (1)

      O homem do 25 de Novembro nasceu em 24 de Março de 1936 na freguesia de São Dinis, Vila Real, terra de Diogo Cão e passou a infância e parte da adolescência na terra de sua mãe, São Martinho de Anta, a mesma de Miguel Torga, concelho de Sabrosa. Filho de polícia, com mãe doméstica, o jovem Neves, com acesso a sapatos, fato e gravata, na sua pequena aldeia  pertencia "aos de cima"; e aos "do meio" em Vila Real onde completou a primária e fez o secundário. Extrovertido, dançarino, pragmático, aluno mediano, benfiquista por acaso depois convicto, Jaime Neves declina a medicina e abraça a carreira militar frequentando o curso de 53/57 da Escola do Exército da Amadora - mais tarde Academia Militar -, onde foi "camarada", entre outros, de Alpoim Calvão - só no 1º ano -, Melo Antunes - Pré-intelectual já devoto das teorias marxistas -, Ramalho Eanes - "irmão" afetivo que viria a considerar, a par de Passos Ramos - covardemente assassinado pelo PAIGC no tristemente célebre "Massacre dos Majores" -, o melhor oficial do exército português  -, Pato Anselmo - protagonista do 25 de Abril, do lado errado, mais tarde tradutor no Benfica de Mortimore -, Loureiro dos Santos - craque em Artilharia com doutoramento no Brasil -, Garcia dos Santos - arquiteto das comunicações no 25/04 com quem se virá a incompatibilizar no pós 25/11 -, Almeida Bruno - o militar mais condecorado que viria a candidatar-se à Presidência do Benfica -, Tomé Pinto - Único general com a Cruz de Guerra, alegadamente envolvido na questão das armas do PS que levou o valente e honrado Edmundo Pedro à prisão, por ocasião do 25/11. Neves destaca-se no tiro, especialmente o instintivo, em orientação e navegação terrestre. Descontraído e boémio, Neves cria empatia com os seus "camaradas", "ganhando" a sua primeira acunha - "Rufino" -, ao tentar meter conversa inocente com umas miúdas no elétrico. Célebre ficou o "castigo" que impunha aos caloiros, que consistia em fazê-los decorar e cantar o hino de Vila-Real. Foi na Academia Militar, como membro de uma geração "charneira",  que Neves cimentou os valores patrióticos, da "glória" da guerra na perspetiva da Ilíada, da camaradagem e o sentimento de casta, que o levaram a adotar o exército como a "sua família", sobretudo após o falecimento de sua mãe.

      Alferes a partir de 4 de Agosto de 1957, Jaime Neves iniciou uma longa a notável carreira militar tendo granjeado o respeito dos soldados, a admiração dos seus pares e a distinção das altas patentes militares e do Estado, consubstanciada nas várias promoções por mérito em combate e em múltiplas condecorações, entre as quais a mais valiosa, de Grande-Oficial com palma da Ordem Militar da Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito, atribuída por Mário Soares.

      É o elegante e imperial Pátria que o leva à cidade da Beira em Moçambique, donde segue para Tete, que o marcará para sempre, e onde dá instrução militar a nativos. Aqui se depara, se dececiona e ofende com o estado primitivo dos negros e a desumanidade com que são tratados, chegando a insurgir-se contra o Administrador da zona, tomando então conhecimento à guisa de "justificação" de que a escravatura já existia em África muito antes dos Portugueses lá chegarem (como se as humilhações a que os nativos eram submetidos tivessem desculpa!).

   Em Março de 1958, Neves segue para o Estado Português da Índia como comandante de um pelotão de macuas, ascendendo à patente de Tenente em 1959. É aqui que mais sente a "paixão imperial", o peso da grande História de Portugal, na "Roma do Oriente"; onde tem uma vida tranquila e desafogada e se depara com uma arquitetura tipicamente colonial, de fortes, igrejas e moradias avarandadas, com um povo católico e hospitaleiro apesar de pobre que fala razoavelmente o português e onde as crianças são persuadidas a comer a sopa sob ameaça do iminente castigo do português. Em Goa arranca um dente a frio no odontologista local e provoca uma cena pugilato com o Chefe de Estado Maior de Goa em defesa de uma donzela que  lhe parecia estar a ser incomodada por este. Em Maio de 1960, Neves regressa a Moçambique, à cidade da Beira.

      Aqui toma conhecimento da morte de sua mãe - que falecera de doença cardíaca quando ele partira para Goa. Sentindo-se desamparado assume plenamente a vida militar; a aceitação libertadora da inevitabilidade da morte. É também nesta cidade que se apercebe da influência da África do Sul em Moçambique, não só entre a população negra mas também na população branca incluindo alguns militares, para sua deceção. 
 
      Regressa à metrópole em 1961, a Chaves onde pela primeira vez dá instrução a soldados brancos, à Companhia de Caçadores Especiais 365 que, inesperadamente, virá a comandar em Angola. Aqui se consolida a amizade com Eanes iniciada na Índia, ambos protagonizando animadas e semi-inocentes conquistas amorosas condenadas ao esquecimento. Apesar de oficiais subalternos - Tenentes -, ambos são já respeitados entre soldados, pares e patentes superiores. Para além do por todos reconhecido rigor, seriedade e competência, Eanes revela em momentos privados, entre camaradas, uma faceta informal e até divertida pouco conhecida da generalidade dos Portugueses; reconhecendo a desanimadora "cara de pau"  que Neves denuncia, Eanes confessa, com alegado pesar não dispor alternativa. De outra feita, levando a camaradagem a sério mas não a si próprio, como lhe chegara aconselhar Torga, declara-se em público a uma moçoila, por tal lhe ter calhado em sorte entre camaradas, acabando em grande embaraço em consequência da inesperada anuência! Uma amizade autêntica, fraterna, que dura até ao final do primeiro mandato da presidência de Ramalho Eanes.

Créditos: Jaime Neves, Homem de Guerra e Boémio, por Rui de Azevedo Teixeira, Bertrand

(Continua)    
    

sábado, 6 de dezembro de 2014

Benfica-Belenenses (3-0)

     
Difícil, esta equipa do Belenenses!, implantada em trinta metros do seu meio campo - tal como fez o Zénit - entregando a iniciativa do jogo ao Benfica, disputou os lances quase sempre em vantagem numérica, atacando pela certa sempre com grande disponibilidade física e mobilidade. Ainda na 1ª parte chegou mesmo a gelar o estádio com um violento remate de cabeça em zona frontal na sequência de excelente cruzamento, valendo aos da luz o excelente posicionamento e reflexos de Júlio César.
 
      No Benfica faltavam ideias, dinâmica, intensidade e criatividade adivinhando-se tarefa árdua perante o nulo com que terminou a 1ª parte. Felizmente a equipa manteve o controlo emocional e Jorge Jesus mexeu bem na equipa ao substituir Lima por Talisca. Lima deu maior mobilidade ofensiva à equipa, proporcionando mais opções de passe, criando espaços e superioridade numérica, razão do golo gazua. Com o pontinho "a avoar" os de belém abriram mais o jogo e com isso beneficiaram os vermelhos que não tardaram a marcar o 2º tento numa grande penalidade, excelentemente concretizada por Enzo, a castigar falta num lance de rotura de sua autoria. Superioridade numérica na área, lances de rotura, remates de meia distância, jogo aéreo, são as soluções para estes jogos, que, sobretudo as duas últimas, devem ser melhor trabalhadas pelos jogadores do Benfica. A confirmar no futuro a meia-distância de Samaris que na 2ª parte desferiu um bom remate a cerca de 30 metros que  não saiu muito longe da baliza adversária. De sublinhar uma saída arrojada e invulgar de Júlio César ao rápido avançado azul só travado em falta, am lance de grande perigo para os encarnados.
 
      Com dois a zero, o momento do jogo estava reservado para Gaitan que com um slalom dos antigos, flanqueando, alterando a velocidade e a direção foi driblando adversários até proporcionar um golo de belo efeito de Sálvio numa potente cabeçada em suspensão em resposta ao centro teleguiado de Gaitan. E é isto que dá vida ao futebol e ao Benfica; a fantasia, o fascínio que os grandes jogadores proporcionam muitas vezes inesperadamente. Foi o caso. Parabéns Gaitan. Felizmente não houve lesões entre os nossos atletas, Enzo e Máxi safaram-se do esperado amarelo e Pizzi está de volta.
 
      De sublinhar a correção dos atletas do Belenenses, que se bateram muito bem demonstrando domínio dos princípios de jogo sem recorrer ao habitual à violência de certas equipas.
 
      Nada a dizer da equipa de arbitragem; grande penalidade bem assinalada e uma bola na mão dos azuis bem ajuizada.
 
      Polémica tentaram provocar os jornalistas na sala de imprensa a propósito da ausência de Miguel Rosa e Deyverson . Defendo que não deveria haver empréstimos entre equipas da mesma competição, consciente da impossibilidade de dominar este fenómeno; ainda que tal se verifique, há sempre a possibilidade de promessas de compra, formalizadas ou não, e de aliciamento nos bastidores de atletas influentes. Se um clube, o Porto, usa e abusa deste método há décadas, todos os outros têm o mesmo direito de o fazer, e já nem falo da "fruta". Nada funcionará no futebol ou na sociedade em geral sem uma sólida cultura ética por parte de todos.      

Remotas razões do declínio de Portugal

      A expulsão dos Judeus decretada por D. Manuel I com o propósito da unificação religiosa do reino, traduziu-se na transferência maciça de capital, conhecimento e iniciativa para o exterior, em especial para os países baixos; os que mais lucraram com a nossa epopeia marítima. Os Judeus, entre os quais os portugueses, destacaram-se não só nas artes e na ciência mas também no artesanato  que difundiram por vários continentes graças às redes familiares e ao domínio dos transportes marítimos.  Obrigados à conversão ou expulsão, privados à força de seus filhos menores entregues sem piedade a famílias de cristãos-velhos para deles receberem "boa" educação, desalojados - os "convertidos" - de suas casas e realojados de forma a serem "fiscalizados" e denunciados quotidianamente por aqueles, os descendentes dos Judeus portugueses merecem um pedido de desculpas do Estado em nome de todos os portugueses honrados e viabilização da atribuição da cidadania portuguesa aos que a pretenderem. Também nós, portugueses, fomos vexados com este gesto do Rei de Portugal. 

      Quem sabe se não vem daqui a provinciana invejazinha, a denuncia malévola, o intriguismo, o elitismo pacóvio tão característicos da sociedade portuguesa e  que mantêm o país nas malhas do anacronismo. Recordo, a propósito, o caso dos "Mouros" mortos ou expulsos pelos "cristãos" de Lisboa na sequência da peste bubónica, que no século XIV  semeou a destruição, morte e fome, por toda a europa, culpando-os do "castigo divino", afinal, invejosos da prosperidade económica das suas laboriosas e engenhosas comunidades.

      Ao invés de ignorar a nossa História como é apanágio da ordem instituída, é necessário conhecê-la, aprender com ela e expurgar velhos atavismos que bloqueiam uma velha nação em busca de novo rumo.

 
(Créditos a João Miranda em Blasfémias)
 
Patrick Drahi, judeu sefardita (de acordo com a Lei Orgânica n.o 1/2013 o governo pode conceder nacionalidade portuguesa a judeus sefarditas descendentes de judeus expulsos de Portugal). É o maior accionista da Altice.

Gente que honra Portugal


Armando Pereira, português do Minho, emigrou para França com a 4ª classe. É dono de 30% da Altice, empresa que quer comprar a PT Portugal à Oi por 7400 milhões de euros.

(Créditos a João Miranda em Blasfémias)

A Destreza das Dúvidas: Excelente artigo de André Azevedo Alves

A Destreza das Dúvidas: Excelente artigo de André Azevedo Alves: Estando quase de certeza  a violar alguma lei com que o André Azevedo Alves não concordará, diga-se, transcrevo quase na íntegra o seu artig...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

GIUSEPPE DI STEFANO "Nessun dorma" Turandot

Banco bom, banco mau, Estado péssimo, Europa madrasta

      O caso BES continua a fazer correr muita tinta e muitas lágrimas, pairando a incerteza quer quanto ao impacto na economia nacional, quer quanto ao desfecho no apuramento de responsabilidades, quer quanto à legalidade da solução adotada.
 
      Mais que as estafadas declarações de princípios com que somos brindados quase diariamente pelas elites, são os factos que revelam o que verdadeiramente interessa. O caso BES é exemplar. 
 
      Declarou o Governador do Banco de Portugal não possuir, apesar dos cerca de seiscentos funcionários qualificados- salvo o erro -, capacidade para fiscalizar com eficácia a atividade dos  seus supervisionados! Agora considera, tal como o BCE, competir aos acionistas, investidores  e alguns depositantes, a assunção dos prejuízos dos "seus" bancos. Justificam-no, enternecedoramente, com a necessidade de proteção dos contribuintes, martirizados com tenebrosos casos precedentes. Ouvi até um distinto comentador referir que os acionistas são os primeiros responsáveis, como se fossem todos iguais. Ou seja; o BP, com centenas de técnicos qualificados não consegue perceber as contas dos bancos sob sua alçada apesar dos doze testes de stresse efetuados não se coibindo, ainda assim, de afiançar publicamente a solidez do banco em causa! Parece cómico mas não dá vontade de rir.
 
      Não, não dá! sobretudo porque, afinal, o BP e o BCE, consideram o investidor e aforrador responsáveis...só pelos passivos! 
 
      Não sei que nome dar a isto, mas, se não é ilegal, não vivemos num Estado de Direito. antes, num regime totalitário, dirigido por "chicoespertos" que desprezam os simples cidadãos mesmo quando afirmam tudo fazer por eles.
 
      Muitos dos infelizes acionistas e aforradores são gente simples que, confiantes, aplicaram as suas poupanças na perspetiva de um futuro menos sombrio. Por outro lado, arcando o sistema bancário com os custos de eventuais défices do fundo de resolução, sempre arranjará forma de os fazer passar para os clientes...simples contribuintes. Com uma ajudinha do BP não será difícil, pois não?
 
      Não sei qual o montante do "buraco" no BES, mas todos sabemos que "a família" andava em litígio há cerca de um ano. Tal parece não ter preocupado os supervisores. Sei que não interessa ao atual Governo financiar directamente o banco falido para não dar trunfos à oposição em vésperas das legislativas. E sei que milhares de contribuintes ficarão sem  os seus empregos devido à queda das empresas do grupo BES indo engrossar as filas da Segurança Social com o contribuinte a pagar a correspondente fatura.  É fatal como o Destino!, não falha! E sei que não era esta a solução preconizada por Vitor Bento, miseravelmente instrumentalizado neste processo.
 
      Assim se destrói o mais precioso bem de qualquer regime; a confiança. Os que viveram por dentro ou a distância este drama jamais irão confiar nas instituições do Estado, eufemisticamente designado de Direito Democrático. E não é assim que se constrói o progresso para todos.

      Novo regime, antigo regime...mudaram as elites!
     

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Académica-Benfica (0-2)

   Passámos no "exame" que é o que mais interessa, embora com "suficiente". Valeram os golos, especialmente o primeiro pela excepcional qualidade do lance que lhe deu origem. Um daqueles lances que leva os adeptos ao estádio e que caracteriza a cultura desportiva do Benfica, neste caso, protagonizada por Enzo Perez e Nicolas Gaitan. Muita luta, com algumas entradas maldosas por parte dos academistas, que "deram o litro", apesar de não terem criado grande perigo. Do lado dos encarnados continua a fazer-se sentir alguma falta de consistência no meio-campo e, sobretudo, necessidade de maior contundência no eixo do ataque. Esperemos melhorias várias a breve trecho. 
 
      Infelizmente, a Académica de Coimbra, com a sua colagem ao lóbi portista, perdeu o capital de simpatia de que era credora pela lealdade e alta qualidade de futebol que praticava.
 
      Parece que o golo de Luisão foi irregular - ainda tenho dúvidas. Sendo verdade, é caso para exigir rigor na classificação dos árbitros...mas em todos os jogos. A propósito, voltou o velho padrão aos jogos do Porto, desta feita com o Rio Ave, em que os generosos 5-0 de Benquerença, só por má fé relativizam os graves incidentes técnico-disciplinares do árbitro da partida.
 
      Desconhecendo em concreto o motivo da carga policial indiscriminada  com que, mais uma vez, a PSP "brindou" os adeptos do Benfica, pareceu-me esta tão desproporcionada,  que chego a pensar se não terá sido encomendada, tendo em conta a cultura de hostilidade que é promovida nalgumas latitudes relativamente aos benfiquistas. 
     

O pavor da esquerda

4R - Quarta República: Optimismo dos Consumiores e Conta Externas Positiv...: Numa época em que a tendência largamente dominante dos sabores mediáticos parece ser no sentido de recuperar teses que há mui...