Desporto

sábado, 24 de setembro de 2016

Vitória suada!


Achille-Émile Othon Friesz - Le Havre, le bassin du Roy, 1906.

O jogo correspondeu ao que dele se esperava; um Desportivo de Chaves dos velhos tempos, compacto, raçudo, sem desfalecimentos, num belo mas curto relvado, usando e abusando dos velhos truques do anti-jogo. 

Sem espaço nas costas dos defesas contrários os jogadores encarnados viam-se e desejavam-se para desenvolver o seu jogo até à área contrária em condições de alvejar a baliza. Na verdade, ainda na primeira parte, criaram algumas situações de golo; numa delas o GR respondeu com excelente defesa a remate mortífero de Kostas e na outra, o juís de linha assinalou falta por fora de jogo inexistente. 

Alguns jogadores encarnados desorientaram-se errando, grosseiramente, alguns passes a meio campo, um dos quais, ainda na 1ª parte, resultou em lance de golo do Chaves, neste caso bem anulado por fora de jogo, pelo juiz de linha respetivo. Outro, só por sorte não deu golo; a bola embateu por duas vezes no poste direito da baliza de Ederson!

As alas do Benfica não funcionaram devido ao permanente bloqueio dos chavenses com dois, três e até quatro jogadores, tática propiciada pela exiguidade do campo, mas também por falta de inspiração dos extremos do Benfica. Só de bola parada os encarnados fizeram os dois golos; o primeiro, num livre a punir falta sobre Nelson, exemplarmente marcado por Grimaldo e sabiamente finalizado por Kostas, mais uma vez, penteando a bola, na cara do GR. O segundo, na sequência do livre marcado pelo mesmo Grimaldo fazendo a bola embater na barreira e ressaltar para a frente da área onde apareceu Pizzi, com oportunidade e concentração, a fazer a recarga indefensável; o GR nem se mexeu!

Finalmente os encarnados puderam respirar ,mas os de Chaves é que não se deixaram abater!, assumiram o jogo e chegaram a encostar o Benfica às cordas, arrancando várias faltas no seu meio-campo. Desconfiei do árbitro, por assinalar tudo para o Chaves, mas parece que não tinha razão. Nesta fase já nenhum jogador do Chaves parou o jogo por alegada lesão.

Enfim, mais uma vez, esteve em evidência a importância dum ponta de lança de alto gabarito e o perigo da desconcentração defensiva inerente a este tipo de jogos em que o adversário se acantona frente à sua área vedando todos os espaços mas, numa recuperação, rapidamente mete dois, três ou quatro jogadores na área contrária, devido à exiguidade do campo.

O estádio esteve bem composto; viu-se que foi uma festa para as gentes de Chaves. E assim deve ser o futebol...desde que, sem anti-jogo.

PS: Registo com agrado e alguma surpresa a indignação pública de Ana Gomes contra os seus "camaradas" que proporcionaram a José Sócrates mais uma oportunidade de se apresentar ao país como vítima de perseguição judicial e política. Para alguns políticos, os interesses dos seus correligionários e dos seus Partidos, prevalecem sobre os do país e da decência política.