Desporto

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Já vi este filme (II)

  

   Pois já. O que não vi foi o jogo na cidade do "choco frito". Parece que faltou "gás"  aos encarnados e o Vitória marcou no segundo remate que fez à baliza fechando-se a sete chaves depois, distribuindo "paulada" aos adversários e paralisando o jogo com sucessivos mergulhos no relvado dos seus jogadores. E lá foram os três pontinhos a "voar".
 
   Antes de mais os jogos com o Vitória de Setúbal são sempre difíceis para o Benfica e o José Couceiro é conhecedor da arte e muito experiente. Por outro lado os encarnados têm sido fustigados com uma sucessão e acumulação de contrariedades a vários níveis; na equipa, na direção e na comunicação, que, conjugadas, acabaram por fazer mossa no rendimento dos jogadores.
 
  Quanto à equipa: a sucessão de prolongadas lesões em elementos fulcrais em curso desde o início da temporada acabou por retirar automatismos e agressividade ao conjunto. Júlio César que tinha um efeito estabilizador na equipa e permitia assegurar a recuperação de Ederson em momentos críticos, mantém-se inativo; A saída de Grimaldo e Eliseu por lesão retiraram profundidade e agressividade ao flanco esquerdo; A dupla de centrais Luisão-Lindeloff acusa alguma desconcentração em momentos cruciais agravada com a saída de Feysa; Nelson continua bem; Samaris dá o que tem; Pizzi parece esgotado; André Horta tão necessário agora, continua fora, graças, mais uma vez, à Srª Seleção - que, ou não convoca os jogadores encarnados ou, quando, o faz, envia-os para a enfermaria em menos dum fósforo; Sálvio - "a gazua" do lado direito - joga a espaços - desta vez foi despachado no jogo com o Moreirense; Mitroglou está bem, apesar da prolongada ausência; Jonas ainda procura a melhor forma; Guedes foi-se; Zivkovick, Carrilho e Cervi lutam por um lugar na esquerda, órfã de Gaitan. UFA! Não há equipa que aguente.
 
   Relativamente à Direção: a extinção do fundo de investimento da SAD e a crise bancária, apesar de toda a criatividade, impõem a venda de jogadores e o "aceleramento" da produção da "fábrica" do Seixal (o termo fábrica é doloroso); uma gestão talvez sem paralelo na Europa mas que tem um "custo de oportunidade" não negligenciável. Esta é uma equação difícil; mais competitividade exige melhores jogadores e melhor organização para o que é necessário mais financiamento, o que, por sua vez, exige venda de jogadores competitivos. Isto só funciona quando o último elo é mais competitivo que o primeiro. E como é que se consegue isso se a competitividade está associada ao valor de mercado? Com competência, é possível, mas nem sempre; esta época, a estrutura não conseguiu substitutos à altura de Renato e Gaitan. Por outro lado, nesta última janela de mercado especulou-se demasiado tempo a eventual saída de alguns jogadores nucleares; casos de  Lindeloff, Mitroglou, Ederson, Nelson Semedo e Guedes. Quem fica, quem sai, quem vem, que modelo de jogo, são questões que sempre "arrefecem" o ânimo dos jogadores, deconsolidando processos, o que talvez tenha acontecido, agora, ao Benfica.
 
   Do ponto de vista da comunicação, adotou-se a estratégia do silêncio com a consequente saída de João Gabriel e de Rui Gomes da Silva, perdendo-se capacidade de argumentação relativamente aos sistemáticos "ataques" adversários,  o que se tem revelado desastroso. Compreendo e defendo a necessidade de manter permanentemente todos os elementos da estrutura focados nas respetivas tarefas e sei que, impedi-lo, é o propósito dos rivais, mas é urgente encontrar o ponto de equilíbrio; defender o clube institucionalmente, como tem sido feito, não é suficiente; é necessário fazê-lo, também, junto da opinião pública; ele são os vouchers, ele são os penaltis e os vouchers, ele é a UEFA e os vouchers, ele é a FIFA e os vouchers, ele é o Ministério público e os vouchers, ele é a dívida e os vouchers, etc, Funcionou; o processo do CD da Liga esteve em banho maria aguardando o início da 2ª volta; os responsáveis da Liga cedem às exigências dos dirigentes que os promoveram aos cargos que ocupam organizando uma reunião de dirigentes, depois da qual ocorre o castigo ao Treinador Rui Vitória e graves erros de arbitragem contra o líder da prova obrigando-o a perder pontos. Prevalece a convicção de que, nessa reunião, ter-se-ão verificado acordos de bastidores entre vários "players" do futebol que determinaram o padrão que se estabeleceu na arbitragem em favor dos promotores da mesma. Filipe Vieira deveria ter estado presente para se fazer ouvir e denunciar publicamente o que lá ocorresse.

   Outras curiosidades de natureza político-partidária dão que pensar; há tempos Ana Gomes chamou publicamente a atenção para qualquer coisa que ocorreu na Colômbia relacionada com um jogador supostamente associado ao Benfica; Helena Roseta insurgiu-se contra as isenções fiscais aplicáveis ao Museu Cosme Damião conforme norma aprovada previamente e aplicável a todos os clubes da capital; A ministra da justiça suspendeu o processo disciplinar ao polícia que agrediu barbaramente um adepto do Benfica em Guimarães; os dirigentes da PSP louvam e promovem o mesmo agente. Tudo isto consolida uma velha convicção que tenho de que o Benfica está desde há décadas na mira do Partido Socialista apostado em desmantelar sistematicamente as instituições conotadas com o antigo regime e promover as de caris regional seguindo a velha doutrina liberal.

   Finalmente, assinale-se a reprovável postura de alguns diários nacionais, que, de forma cirúrgica, movem uma guerra de desgaste permanente ao Benfica, traduzindo-se num impacto desfavorável ao clube perante os adeptos, a opinião pública em geral e, quem sabe, das instituições desportivas tutelares.

   FORÇA BENFICA!