Desporto

domingo, 24 de março de 2013

Sócrates na RTP: a face oculta do Bloco Central

 
                                       In CM de 24 de Março de 2013
                                        Por Eduardo Cintra Torres
 
O clamor popular contra os 25 minutos semanais de Sócrates na RTP1 não resulta de oposição à sua liberdade de expressão. Os 120 mil signatários contra esta pouca-vergonha sentem-se ofendidos por Sócrates usar a TV pública. Ele lançou o país na bancarrota e foi o maior inimigo da liberdade de expressão nos últimos 30 anos (fez gato-sapato da própria RTP). O clamor resulta também do cinismo de a RTP chamar ao tempo de antena de Sócrates "comentário" sabendo que é propaganda pessoal e intervenção directa no processo político actual e futuro.
 
Como um demagogo vulgar, o director de Informação da RTP, Paulo Ferreira, inventou que "qualquer TV neste País gostaria de pôr [Sócrates] no ar". Ora se "qualquer TV" o quisesse, tê-lo-ia convidado. Para tirar teimas, perguntei sexta-feira a responsáveis da SIC, da TVI e da CMTV se alguma vez convidaram Sócrates para "comentador". A resposta foi simples: não. Ninguém o quer – excepto a RTP. Ferreira também citou Voltaire: "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a dizê-lo."
 
Devia ter vergonha: não o vimos defender a liberdade de Nuno Santos se exprimir sem ser despedido. Calou-se enquanto lhe ocupava o lugar. Além de que não se trata de Sócrates ter ou não o direito de falar (claro que tem, embora ele não queira que outros o tenham). Trata-se de lhe dar tempo de antena semanal. Os políticos não deviam ser comentadores, porque não comentam para esclarecer os espectadores, falam em proveito próprio. A decisão sobre Sócrates passou pela Informação e pelo "director-geral", que é em simultâneo socratista e relvista, pela administração e pelo ministro, como reconheceu António Cunha Vaz, gestor da "imagem" do presidente da RTP, ao dar os "parabéns ao Paulo Ferreira, ao Luís Marinho, ao Alberto da Ponte e, já agora, ao Miguel Relvas".
 
Não são precisas teorias da conspiração para perceber como pode ser do interesse de Relvas (e dos restantes) ter Sócrates como comentador na RTP: para lá da política, há tachos, interesses pessoais, maçonarias, negócios presentes e futuros. Se Relvas faz este frete a Sócrates é por esperar que amanhã Sócrates lhe faça um frete a ele. Quem esquece que a biografia oficial de Sócrates foi apresentada, com consentimento do biografado, por Dias Loureiro, outro nome do mesmo calibre?
 
A contratação dum inimigo da liberdade de expressão e ex-ditador da RTP representa novo máximo na degradação moral da RTP e da política pantanosa do Bloco Central dos Interesses. A RTP ofendeu o povo e cometeu um erro colossal que lhe custará caro.
 
A ver vamos.
 
RELVAS, O SÓCRATES-2: CONFIRMADO SANEAMENTO POLÍTICO NA RTP
 
Um dia antes de anunciar o tempo de antena pessoal de Sócrates, a RTP despediu Nuno Santos. Trata-se de um processo jurídico para mascarar a brutalidade do ministro Relvas, da sua administração na RTP e do seu ilegal "director-geral": o objectivo foi simplesmente sanear alguém que incomodava e substituí-lo por quem fizesse os fretes nos momentos-chave, como, na minha opinião, Paulo Ferreira mostrou na contratação de Sócrates. E o despedimento indicou aos trabalhadores que quem se meter com Relvas leva. Os métodos de Relvas são os mesmos de Sócrates quando mandava na RTP: proto-fascistas. Há jornalistas com medo e vergonha de lá trabalhar. A RTP torna-se infrequentável. Uma vergonha nacional, como escreveu V. Pulido Valente.


Comentário Zaratustra:

O regresso de Sócrates à RTP é um escarro de ambos no rosto estupefacto de uma Nação traída, humilhada, perdida no labirinto partidário,  perdida no labirinto da história. Uma Nação a que urge redescobrir o amor e a raiva dos fundadores sem os quais não descortinará os caminhos do futuro.

António Barreto

Senhora da Nazaré

 
Apesar da heterodoxia, António Zambujo recupera com sucesso,  um dos mais belos temas da nossa música ligeira imortalizado pelo nosso Tristão da Silva. Senhora da Nazaré é quase uma horação que muitos de nós reconhecemos como nossa.  
 
 

 
António Zambujo

Uma questão de bolas!


 
Houve manipulação no sorteio da Champions?
21 de Março de 2013, às 13:54 
 
Ex-árbitro denuncia alegado sistema de "bolas vibratórias" na tômbola da Liga dos Campeões.
Ahmet Çakar, antigo árbitro internacional turco, denunciou a existência de uma fraude no sorteio da Liga dos Campeões e da Liga Europa. O agora comentador de uma televisão do seu país fez a demonstração do processo, que, alegadamente, utiliza um sistema de “bolas vibratórias”.
Segundo Çakar, o sorteio é manipulado no sentido de os grandes clubes não se enfrentarem, de forma a garantir meias-finais de grande nível.
O antigo árbitro começou a investigar depois do sorteio dos oitavos-de-final, no qual o resultado foi o mesmo do ensaio geral.
Segundo Çakar, algumas bolas emitem vibrações em contacto com um objeto metálico que está na mão de quem as extrai. Çakar demonstrou em direto na televisão turca o sistema que diz ser usado para manipular o sorteio e conseguiu os mesmos resultados do sorteio dos quartos-de-final do passado dia 15.
Na transmissão do sorteio, como é destacado no programa turco, vê-se a dada altura o secretário-geral da UEFA, Gianni Infantino, a mexer dissimuladamente uma placa que se encontra ao lado da tômbola e que contém o nome das equipas. Segundo Çakar, poderia estar a ativar o sistema de vibração.
Recorde-se que o sorteio resultou nos jogos Málaga-Borussia Dortmund, Real Madrid-Galatasaray, PSG-Barcelona e Bayern-Juventus.

Liga dos Campeões: sorteio no ecrã (dezembro 2012)
 
Comentário Zaratustra:
 
Por cá, há muito que é "conhecido" o processo das bolas quentes como o estratagema usado na manipulação dos resultados dos sorteios das competições. Quentes, vibratórias, ou outra coisa qualquer, não falta tecnologia capaz de permitir o controle dos sorteios, quaisquer que eles sejam, a contento dos poderes dominantes.

A corrupção no futebol verticalizou-se, vulgarizou-se, tornou-se ostensiva! O corruptos já nem se preocupam em disfarçar, seguros da impunidade garantida por cumplicidades das múltiplas esferas de poder já contaminadas pelas "metástases" desta doença fatal.

Substimam, estúpidamente - não percebendo que estão a matar o futebol - a inteligência dos adeptos e restantes cidadãos! Na verdade, ao genuíno adepto, basta observar o desenrolar dos acontecimentos desportivos para perceber se há ou não corrupção; a postura tática e a dinâmica das equipas no decurso dos jogos, em particular de alguns atletas, o padrão de atuação das equipas de arbitragem e suas trajetórias profissionais, as sucessivas "coincidências", quer nos sorteios dos jogos, quer nas nomeações dos árbitros, onde é percetível a "proteção" das equipas eleitas, a "rotação" dos vencedores eleitos nas ligas europeias!

A este pântano, percetível a olho nú, respondem as autoridades com o desprezo da indiferença, como se os adeptos do futebol fossem imerecedores do seu empenho - qual tribo de indigentes mentais - e este desporto fosse uma atividade social iníqua! Paradoxalmente, não hesitam em capitalizar dividendos políticos colando-se aos vencedores, espúrios ou não, sempre que podem.

Há muito que deixei de ter dúvidas quanto à ineidoneidade quer da UEFA, quer da FIFA, para gerir os destinos do futebol europeu e mundial. Urge encontrar novo paradigma descontaminado da prepotência dos patrocinadores, onde não haja poderes absolutos e seja possível o escrutínio eficiente e permanente. Infelizmente, nos tempos atuais, parece que ninguém confia em ninguém para que tal se verifique.

Lentamente, inexorávelmente, o romantismo e fascínio que fizeram do futebol o maior desporto mundial, desvanecer-se-á e não serão os artistas de circo que impedirão a sua decadência.

António Barreto