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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

“Jesus de Nazaré, parte II” de Joseph Ratzinger (Bento XVI); algumas propostas de reflexão:


3. A morte de Jesus como reconciliação (expiação) e salvação (pág. 187 a 196)

   1)      “…Surpreendentemente, uma coisa pareceu clara desde o início: com a Cruz de Cristo, os antigos sacrifícios do templo ficaram definitivamente superados. Algo novo acontecera….Na Cruz de Jesus, verificou-se aquilo que nos sacrifícios dos animais tinha sido tentado em vão: o mundo obteve a expiação. O ´Cordeiro de Deus ‘ tomou sobre Si o pecado do mundo e o retirou. A relação de Deus com o mundo - relação transtornada por causa da culpa dos homens - foi renovada. Realizou-se a Reconciliação. Assim, Paulo, pôde sintetizar o acontecimento de Jesus Cristo, a sua nova mensagem, com estas palavras: ‘Pois foi Deus quem reconciliou o Mundo consigo, em Cristo, não imputando aos homens os seus pecados, e pondo em nós a palavra da reconciliação.”

a)      O pecado do Mundo consistiria - consiste - na desobediência dos homens aos preceitos divinos - Tora -, cuja expiação e consequente reconciliação dos homens com Deus, só é possível pela crucificação de Jesus, que investiu os Apóstolos - igreja nascente - com o dom da reconciliação pela palavra.

b)      O “povo escolhido” tinha consciência dos seus pecados e procurava expiá-los repetidamente, pelo método sacrificial de substituição, usando animais, método aceite pela hierarquia religiosa.

c)       O pecado do mundo engloba todos os homens e não apenas os vinculados à Tora, e a Reconciliação dirige-se igualmente a todos, não se percebendo como poderão ter acesso à Reconciliação os homens não vinculados à obediência Divina, sobretudo os que dela não tiveram - têm - conhecimento.

d)      Os não Reconciliados suportarão o sofrimento eterno da sua própria culpa, não se percebendo como tal sucederá relativamente aos que a desconhecem.

2)      “Visto que no Homem Jesus está presente o bem infinito, agora, na história do Mundo, está presente e ativa a força antagonista de qualquer forma de mal; o bem é sempre infinitamente maior do que toda a mole do mal, por mais terrível que esta se apresente.”

a)      O Homem Jesus não veio acabar com o mal da humanidade mas constituir-se como força antagonista acessível ao Homem que lhe permitirá suportá-lo.

b)      Parece óbvio que, sem o mal, não é possível compreender a essência Divina, tal como não é possível compreender a antimatéria sem a matéria.

3)      “Também no mundo grego se sentia cada vez mais insistentemente a insuficiência dos sacrifícios animais, dos quais Deus não tem necessidade…Assim, aparece aqui formulada a ideia do “sacrifício sob a forma de palavra”: a oração, a abertura do espírito humano a Deus é o verdadeiro culto. Quanto mais o homem se torna palavra - ou melhor, se torna resposta a Deus com toda a sua vida -, tanto mais realiza o culto justo.”

a)      Fica expressa a revolução no culto religioso, substituindo-se o ato sacrificial pela oração, invocando a abertura do espírito a Deus.

4)      “A nossa obediência volta sempre a falhar. Volta sempre a impor-se a nossa vontade pessoal. E o profundo sentido da insuficiência de toda a obediência humana à palavra de Deus volta sempre a fazer irromper o desejo de expiação, que todavia, em virtude de nós mesmos e da nossa “prestação de obediência”, não se pode realizar.”

a)      A necessidade de oração do Homem é permanente dada a fragilidade da sua vontade pessoal.

5)      “…a nossa moralidade pessoal não basta para venerar de modo justo a Deus; eis o que esclareceu S. Paulo, com grande vigor, na controvérsia sobre a justificação. Mas o Filho feito carne carrega em Si todos nós e, assim, dá aquilo que nós, sozinhos, não podemos dar. Por isso, faz parte da vida cristã tanto o sacramento do Batismo enquanto nossa entrada na obediência a Cristo, como a Eucaristia na qual a obediência do Senhor na Cruz nos abraça a todos, nos purifica e atrai na adoração perfeita realizada por Jesus Cristo.”

a)      Não basta ao Homem viver conforme a moralidade cristã; a Reconciliação só será possível, mediante vínculo pelo Batismo e purificação pela Eucaristia.

6)      “A grandeza do amor de Cristo revela-se precisamente no facto de Ele, não obstante toda a nossa miserável insuficiência, nos acolher em Si, no seu sacrifício vivo e santo, de tal modo que nos tornamos verdadeiramente o “seu Corpo”.

a)      O Homem pode tornar-se Deus amando-O em Jesus Cristo.

7)      “…o objetivo constante é atrair para dentro do amor de Cristo cada indivíduo e o mundo inteiro, de modo a que todos se tornem , juntamente com ele, “uma oferenda agradável a Deus, santificada pelo Espírito Santo””.

a)      Deus quer no “Seu Reino” cada homem e todos os homens.

b)      Tal desígnio impossibilita, o Diálogo Ecuménico, perpetuando os milenares conflitos inter-religiosos.

8)      “…mas também uma imagem da existência cristã em geral: nas tribulações da vida, somos lentamente purificados no fogo, podemos, por assim dizer, tornar-nos pão, na medida em que, na nossa vida e no nosso sofrimento, se comunica o mistério de Cristo e o seu amor faz de nós um dom para Deus e para os Homens.”

a)      Os sofrimentos da vida constituem a própria expiação do Homem pela comunicação do mistério de Cristo.

b)      Continua presente a exigência sacrificial, para acesso do Homem à Reconciliação; além da oração, os sofrimentos da vida completam o processo.

c)       O sacrifício do “Cordeiro de Deus” permite a Reconciliação do Homem mas não o poupa aos sofrimentos da vida.

9)      “O mistério da expiação não deve ser sacrificado a um racionalismo presunçoso. …o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos.” 

a)      Tentar compreender o mistério da expiação não é apropriado, o que deixa a Igreja em muito maus lençois; quer pela confissão da sua incapacidade quer pela negação do dom do raciocínio humano.

b)      Muitos não terão acesso à Redenção, ficando em dúvida a infinita compaixão Divina.   

AB