Desporto

domingo, 29 de junho de 2014

O Federalismo europeu

      A eleição de Jean Claude Juncker para Presidente da Comissão Europeia representa mais um passo na direcção do federalismo, que muitos defendem como a solução definitiva para a resolução dos problemas da União. Agilizar o processo de decisão parece ser decisivo para responder com êxito aos múltiplos desafios internos e externos. Todos o entendemos; uma boa decisão num dado momento será inadequada num momento diferente. Apesar de terem sido dados passos importantes na identificação e implementação de  dispositivos de prevenção de crises como a atual - unificação bancária, criação de um Fundo Autónomo de Capitalização Bancária, reorientação da acção do BCE, agora mais focada na estabilização dos mercados e de promoção da economia - perante o cortejo dos dramas económicos e sociais destes últimos quatro anos, temos assistido ao entaramelamento das instituições europeias, constituindo por si só, fator de agravamento da conjuntura. É pois sem surpresa que assistimos a declarações como as que Sarkozy recentemente produziu no sentido da necessidade de afastamento dos pequenos países dos centros de decisão, defendendo a eufemística "partilha de soberania" como necessária ao sucesso do projeto europeu. Todos entendemos a dificuldade de obtenção de consensos a 28 e os custos de toda a ordem que comporta, mas é importante percebermos os custos resultantes da capitulação dos pequenos Estados ao cederem elementos fundamentais de soberania a países económica e tecnologicamente poderosos sob a ingénua crença da sua proteção. Desde logo, o custo maior da diluição do Sentido de Estado e decadência do sentimento patriótico. Estou contra; prefiro a liberdade na escassez à subjugação na prosperidade.
      Percebe-se agora melhor a relutância do Reino Unido à União Europeia; se há povo que jamais se deixará subjugar é o inglês. Perdoem-me a imodéstia de considerar ignorantes os que acreditam numa federação de nações europeias. A História demonstra-o à saciedade; a supressão das nacionalidades em favor da hegemonia alemã - outra que seja -, inviabilizará, naturalmente, o processo num ponto qualquer do seu percurso, esperemos que sem violência.
      O caminho do federalismo iniciou-se em 1992 com o Tratado de Maastricht - em que foi decidida a união monetária - e o Tratado de Lisboa - em que foi abolido o direito de veto dos pequenos países. A ironia está na satisfação, senão mesmo orgulho, dos nacionais de um dos países subjugados por ter sido atribuído ao Tratado o nome da sua capital! Cabe aqui um paralelismo ao facto da surpreendente nomeação de Durão Barroso para Presidente da Comissão Europeia; lembram-me os processos do império romano que deixava aos lideres locais dos povos subjugados a tarefa da governação a troco de segurança externa, contra prestação de contas. 
      Curiosamente, com a aprovação do Tratado de Maastricht em 1992 terminou o ciclo económico dourado da democracia portuguesa iniciado em 1986 com a adesão à Comunidade Europeia tendo-se verificado a redução continuada do crescimento até à estagnação económica a partir de 2000, na sequência da inclusão na União Monetária - em 1999 -, até à hecatombe da pré-bancarrota de 2011 e subsequente recessão, finalmente em vias de ser ultrapassada em 2014. Entre as várias causas da decadência económica - imoderação salarial, baixa intensidade de capital, baixa qualificação tecnológica, excesso de burocracia, carga fiscal extorsionária e corrupção geral -, ganhou relevância primordial a adesão à moeda única, desenhada para responder aos requisitos de economias poderosas - alemã - e por isso inadequada  ao desenvolvimento das economias frágeis como a portuguesa. Constituiu-se assim a moeda única como fator de controle da concorrência interna às economias do norte condenando os países do sul à estagnação, agora perpetuada pelo astronómico endividamento em que estes caíram, consumidores compulsivos dos seus parceiros, os quais, sempre prontos, contudo, a distribuir migalhas a troco de cedência de soberania e consequente subalternização daqueles. Uma das consequências deste processo consiste no movimento maciço das populações do sul para norte, em sobreposição às migrações africana e de leste, com a consequente desertificação destas áreas e o sobrepovoamento daquela, acabando por conduzir a uma catástrofe demográfica e seu cortejo de miséria.
      Perante a total asfixia da vida nacional que já se verifica a todos os níveis, assume particular relevância a posição que João Ferreira do Amaral assume no seu trabalho intitulado "Em defesa da Independência Nacional". Professor universitário de economia, ex-ministro e patriota, Ferreira do Amaral expõe com objetividade e clareza, as razões da sua oposição ao federalismo europeu cuja contrapartida consistirá na subalternização de Portugal e, finalmente, no desaparecimento do Estado Português no concerto das Nações. Defende sim, a permanência de Portugal na Comunidade Europeia no âmbito de uma confederação de Estados independentes não exclusiva, na qual assumem a prossecução de um conjunto restrito de interesses comuns, sem cedência de soberania e disponibilidade para o estabelecimento de acordos bi ou multilaterais "à la carte". Representação externa, políticas monetária e orçamental, Forças Armadas e Constituição manter-se-iam na esfera dos Estados cuja ação seria coadjuvada por instituições de colaboração confederadas, como seria o Fundo Monetário Europeu - que substituiria o Banco Central Europeu - com o fim de ajudar os Estados na compensação das suas contas externas, quando necessário. Refundar-se-iam as instituições europeias, Parlamento, Conselho e Comissão, substituindo as atuais por representações dos Estados mais restritas, funcionais e menos dispendiosas.
      Não se limita, Ferreira do Amaral, a apontar os interesses dos Estados poderosos no federalismo, apontando as origens portuguesas das ideias federalistas, citando Almeida Garret, Félix Nogueira e Teófilo Braga, estes últimos em particular, como exemplos do pensamento republicano português concluindo com a veemente reprovação da inclusão na Constituição nacional do nº 4 do artigo 8º que a subordina ao direito da União; um ato antipatriótico. As elites de hoje, tal como no passado, vêm no federalismo o porto seguro de realização das suas ambições pessoais, familiares e de grupo ou seita, destituidos de sentido patriótico,  indiferentes às tragédias dos seus concidadãos, acenando com um, mais que duvidoso, próspero futuro e apresentando-se como os iluminados salvadores da humanidade. É também por isto que, quanto a mim, a monarquia começa a fazer sentido em Portugal.
      Citando João Ferreira do Amaral:

"O que se passa hoje na Europa nunca se tinha visto no continente e não se vê em nenhuma parte do  mundo...estados que se vergam a iniciativas legislativas comunitárias que prosseguem fielmente os interesses das empresas multinacionais, estados que perderam o norte e são comandados por um diretório que na verdade, é de um só país,  a Alemanha. Estados que convivem bem com taxas de desemprego superiores a 25% da população activa e com taxas de desemprego jovem superiores a 50%. Estados que são sujeitos a humilhações constantes dirigidos por elites completamente subordinadas aos verdadeiros detentores de poder que não são quem os eleitorados efetivamente elegem.
      O processo de integração europeia tornou-se de facto num caos, numa tirania, em que vale tudo, excepto os interesses dos cidadãos dos estados de menor dimensão."

      São portugueses como João Ferreira do Amaral que nos permitem ter ainda alguma esperança no futuro da Nação portuguesa,

domingo, 22 de junho de 2014

O "sistema" ataca em todas as frentes

      Depois da agregação em torno da Sport TV da Zon-óptimus, da PT, do BCP do BES e de investidores angolanos proporcionando a sua capitalização e apoios comerciais de peso,  estão em curso os processos de desmantelamento  do plantel do Benfica e da neutralização da Liga. De facto, depois das pré-anunciadas saídas de Rodrigo e André Gomes para o Valência, referem-se agora as de Garay para o Zénith e de Enzo também para o Valência, anunciando-se também com mais insistência grande empenhamento de vários clubes, entre os quais o inevitável Valência, no concurso de Oblack. Por detrás de todas estas movimentações parece estar a mãozinha de Jorge Mendes, ao que parece, o atual mandante do futebol nacional, alegadamente, incumbido por Pinto da Costa de desfazer o plantel do Benfica, estratégia corrente da Direcção do clube que, segundo Ferguson, "compra campeonatos no supermercado".  Francamente, entre a necessidade de vender do Benfica, a voracidade e poder do mercado e o eventual ataque de PC, haverá um ponto de convergência impossível de vislumbrar. De todo o modo, os jogadores em causa são nucleares e não vai ser nada fácil substitui-los sem perda de eficácia. Oxalá Oblack se mantenha; foi fundamental na estabilização da equipa na época transacta e sê-lo-á na reestruturação da mesma. Gostaria que a  Direcção que consignasse 50% da verba arrecadada, à amortização do passivo, mantendo a trajectória de redução do mesmo, iniciada no ano económico anterior em cerca de 14 ME, e do serviço da dívida que é de cerca de 22 ME.
      O esforço de recrutamento tem sido notável tendo-se preenchido já algumas posições; no eixo da defesa - César e Lisandro (regresso) -,  na esquerda da mesma - Djavan e Loris Benito -, no centro - Dawidowicz -, e na esquerda do ataque - Candeias -. Procuram-se reforços para a frente - fala-se em Éder, Bébé e Derley - e para o meio campo - parece que ainda não há nomes credíveis. Enfim, está em marcha uma autêntica roleta, razão pela qual assume relevância decisiva a eficácia dos departamentos de recrutamento dos clubes. Veremos como nos vamos sair desta vez.
     
      Na eminência da derrota da estratégia do "sistema" para a substituição da Direcção da Liga, cujo controle parece vital para assegurar as vitórias do Porto e a solvabilidade da Sport TV, face à tenacidade de Mário Figueiredo que, surpreendentemente, tem resistido a todos os ataques, surgem agora notícias da eminência de saída de legislação que permitirá à FPF - controlada pelo "sistema" - acumular as funções da Liga. Nada que nos surpreenda; falhada a eleição de Júlio Mendes, Presidente do Guimarães, entra o Governo pela mão do Secretário de Estado do Desporto, Emídio Guerreiro, também Vimaranense, a dar a mãozinha a Joaquim Oliveira. Recordemos que, nas camadas jovens - Juniores e Juvenis -, mais uma vez, as equipas do Benfica foram prejudicadas em favor, respectivamente, do Braga e do Guimarães. Coincidências?, talvez, mas não acredito, dada a natureza dos prejuízos e o histórico. Pelo meio, a decisão do Tribunal Administrativo do Porto favorável à providência cautelar apresentada pelo Guimarães e Estoril - outra coisa não era de esperar -, que Mário Figueiredo considera sem efeito por ter sido apresentada fora de tempo. Veremos, a este respeito, se a UEFA e a FIFA sancionarão aqueles clubes, como advertiram,  pelo recurso ao Tribunal Civil antes de transito em julgado nas instâncias desportivas; Concelho de Justiça da FPF.
E é nisto que consiste o jogo fora das quatro linhas. Oxalá a Direcção do Benfica se aguente nas "canetas".

domingo, 15 de junho de 2014

Mixordia da politica e dos negocios na Controlinveste


Eduardo Cintra Torres é uma referência do jornalismo português; competente, analisa com lucidez e coragem temas atuais relevantes na área da comunicação social, vinculado apenas à sua consciência, contribuindo para nos ajudar a perceber este poderoso mundo, por muitos designado de "o quarto poder", decisivo condicionador dos poderes formais e modelador da opinião pública, a alma de qualquer regime e a grande alavanca política das democracias. Desta vez, no Correio da Manhã de hoje, aborda o tema da Controlinveste na sequência do anúncio do despedimento de 160 jornalistas do grupo. Denuncia o servilismo daquela entidade - "encontraram em alguns jornalistas bem pagos, agentes sabujos para o exercer" - aos poderes políticos que, por sua vez, lhe têm garantido financiamento desde há largos anos - "(DN&Cª) vivem, não de proveitos, mas do dinheiro que acionistas e depositantes do BCP e do BES que alimentam a loucura daquele negócio" -, a troco da criação de ambiente favorável à promoção dos seus interesses. Promiscuidade que Cintra Torres parece antever na atual reorganização empresarial do grupo tendo em conta as ligações políticas das pessoas envolvidas, algumas delas figuras públicas de grande relevo, como Proença de Carvalho, alegadamente, com acesso a múltiplas alavancas políticas, jurídicas e financeiras. Não refere Cintra Torres o caso da Sport TV cuja recente restruturação envolve indiretamente duas das maiores figuras da economia portuguesa e do Norte do país, Américo Amorim e Belmiro de Azevedo os quais, por sua vez, com ligações diretas ou indiretas ao Futebol Clube do Porto. Nem tão pouco refere o facto de o anúncio em causa ter sucedido à derrota das listas, alegadamente afetas a Joaquim Oliveira, deixando antever a importância dos direitos desportivos dos clubes da Liga para a solvabilidade do grupo e a expetativa desfavorável relativamente à resposta da ERC à participação de abuso de posição dominante por parte de Mário Figueiredo (cerca de um ano antes, eu próprio fiz uma exposição do mesmo tema à ERC e ao Ministério Público). O futebol fecha, assim, este círculo, não necessariamente ilegal, mas promíscuo, servindo os propósitos dos que decidiram manipular os adeptos deste desporto, fomentando a exacerbação regionalista com vista ao estabelecimento de roturas sociais que satisfaçam as suas ambições de poder pessoal. O velho aforismo "pão e circo" aplica-se, também aqui, com propriedade; saciado com os feitos desportivos, o povo relativiza tudo o resto, pronto a entronizar os novos deuses; os deuses da sua rua, mas os seus deuses. A tragédia, entre outras, consiste na constatação pública da disponibilidade para a subjugação política que grassa no jornalismo nacional, salvo excepções, último reduto de esperança dum povo martirizado pela irresponsabilidade, pela corrupção e pela insensibilidade das elites político-económicas  e pela insaciedade dum Estado que tudo destrói à sua volta, indiferente aos dramas humanos que provoca, por conta da sempre utópica "promised land" que tudo parece justificar. Ai de um povo em que a comunidade jornalística está pronta a vender-se a troco do seu bem-estar. Ai de um povo que prefere acreditar nas promessas de falsos profetas a decidir pela sua própria cabeça.

Mixordia da politica e dos negocios na Controlinveste

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Mario Figueiredo eleito com 7 votos

Mario Figueiredo eleito com 7 votos

Bastidores do futebol ao rubro!

Afinal de contas, se não houver golpe de teatro de última hora, haverá apenas um candidato à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional; Mário Figueiredo, precisamente, o meu favorito! A sofreguidão dos múltiplos candidatos foi tal que conduziu à displicência e atabalhoamento processual, reflexo, afinal, da ligeireza dos respectivos projetos. Não é fácil perceber o que efetivamente se passou nomeadamente com a candidatura de Fernando Seara. Seria, em princípio, um projeto de convergência visando a credibilização do futebol, como condição para o progresso económico dos clubes. Seara tem perfil para o efeito dada a cultura de respeito pelo adversário, capacidade essa que lhe confere argumentos para aspirar ao diálogo universal. Acontece porém que, como tem demonstrado a história recente, com Pinto da Costa e seus correligionários no processo, qualquer projeto de convergência está condenado ao fracasso dada a compulsiva incapacidade destes em estabelecer compromissos em pé de igualdade. Há uma grande crispação entre os adeptos benfiquistas contra Seara, pelos alegados acordos com "o inimigo", sobretudo pela aproximação a Joaquim Oliveira, cujos interessas passam pela subjugação de todos os clubes, em especial do Benfica, aos interesses do Porto. Por isso os benfiquistas o detestam. Por isso não lhe perdoarão, a não ser que apresente explicações condignas. Quanto a Rui Alves, parece que a sua candidatura não cumpriu os pressuposto regulamentares. De qualquer modo, não vislumbrei que virtudes poderia ter o seu projeto.
 
Apesar do sucessivo esvaziamento de poderes da LPFP pela FPF, ultimamente com a ajuda do Governo, pela turbulência gerada em volta do ato eleitoral em curso, percebe-se que ainda lhe subsiste poder suficientemente relevante. Desde logo o financeiro. Dado o esvaziamento dos estádios, os clubes ficaram reféns do financiamento proveniente dos respetivos direitos desportivos e, implicitamente, da entidade que os tem adquirido em regime de monopólio. Quando esta entidade tem fortes ligações, implícitas, ao concorrente que tem dominado o futebol português nas últimas décadas, é inevitável a emergência da convicção entre os adeptos do efeito, direto e indireto do condicionamento do desempenho desportivo dos restantes. Ora, Mário Figueiredo, revelando clarividência e coragem invulgares, pretende acabar com um regime que tem conduzido ao empobrecimento da maioria dos clubes, centralizando os direitos e abrindo a sua comercialização à concorrência efetiva. Esta constitui uma ameaça grave ao sistema azul, pela neutralização da alavanca financeira e pelo perigo de generalização da "afronta". Só a independência financeira dos clubes proporcionará um campeonato atrativo, capaz de maximização das receitas. Mário Figueiredo é inteligente, preparadíssimo no plano jurídico, conhecedor de ginjeira dos bastidores da bola, tem revelado uma coragem inaudita, e vai lutar pela independência da Liga, face a uma FPF que a pretende esvaziar e manietar, agora com a subtil ajuda do Governo. É uma luta dura, desigual, eu sei, mas que tem que ser travada, sob pena da decadência crescente do futebol português, até à indigência.
 
Bruno de Carvalho, pateticamente, tenta ganhar posição pública incluindo o Benfica no "sistema", descredibilizando-se perante os factos da história recente. Parece desconhecer que, uma vez perdida, dificilmente se recupera a credibilidade, mesmo ganhando, e não é a bajulação dos hipócritas que a traz de volta. 
 
Parece que o Benfica se tem mantido higienicamente afastado deste processo, "disponível para ouvir os candidatos e depois votar". Uma atitude saudável que, espero, não se traduza num alheamento destas questões. que, como se tem visto até noutras modalidades, são muitas vezes decisivas para definir os vencedores, como aconteceu esta época, mais uma vez, no hóquei.
 
Parabéns ao Atletismo, ao Hóquei Feminino e ao Hóquei Masculino. Futsal e Handebol, não há que desanimar; há sim que trabalhar em conjunto e com inteligência. Só os melhores podem aspirar a ganhar, desde que o queiram.

domingo, 8 de junho de 2014

Manuel Beninger: New York Times: Monarquias, mais útil do que você ...

Manuel Beninger: New York Times: Monarquias, mais útil do que você ...: «Serge SCHMEMANNJUNE 3 de 2014 A decisão do Rei Juan Carlos de Espanha, com 76 anos, de abdicar em favor de seu filho de 46 anos de...