Desporto

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

As angústias de Gomes

      Arvorando-se em salvador da bola lusa, o portista Fernando Gomes, actual Presidente da FPF, instituição cujos órgãos se têm distinguido pelas sucessivas e patéticas decisões favoráveis ao seu clube e respectivos dirigentes, embalado pelas declarações do Secretário de Estado do Desporto, cujo suposto clube emerge das trevas após adesão dos seus dirigentes  à causa azul, declarou em recente evento público, dado o impasse que se verifica nas eleições da LPFP poder ver-se obrigado a avocar para a “sua” Federação a organização das competições profissionais, admitindo porém não possuir os recursos suficientes para tal.
 
      Depois de Hermínio Loureiro, que ainda hoje vai a fugir com o susto, aproxima-se agora o defecho do processo de afastamento de Mário Figueiredo da Presidência da Liga, proporcionado pelo silêncio cúmplice da ERC e pela providencial alteração da Lei de Bases das Federações Desportivas já publicada. Perante a inesperada persistência do inconveniente Figueiredo, a quem o “medo” não tolhe o passo apesar do cerco financeiro e institucional a que a Liga tem sido sujeita, a versão mais alargada do “sistema” reage, com o alegado propósito de repor a normalidade institucional. Ou seja, o monopólio da exploração dos direitos desportivos pelo amigo Joaquim ou outro seu amigo, a preponderância da sua gente nos órgãos da Liga, o consentimento implícito de tentativas de corrupção encapotadas e toda uma parafernália de processos cujo beneficiário é o clube do costume. Daqui resulta que, semelhantemente ao que se tem verificado noutros casos, o conceito de normalidade ou até de crime, parece variar de acordo com a natureza do beneficiário.
      São estas pois, as circunstâncias em que vai ocorrer anunciada a cimeira de clubes em Coimbra com vista a encontrar uma solução de consenso; ou consensua-se a favor dos azuis ou vem o Gomes e come em favor deles!
      Não admira que os médios e pequenos clubes se deixem subjugar pela dependência financeira e desportiva aos espúrios ditames do sistema, abandonando quem antes apoiaram e por eles luta, cabendo ao Benfica e Sporting - principais alvos - darem uma pantufada nesta bandalheira denunciando frontalmente toda a tramoia e apresentando soluções alternativas. Afinal, parece que a “normalidade” só acontece quando os azuis estão satisfeitos e os restantes anuem. É hora de pôr termo a isto.