Desporto

domingo, 18 de maio de 2025

Futebol 2024/2025

 

Futebol

2024/2025


E pronto, cumpriu-se o desígnio nacional”, o Sporting é campeão. Como disse Pinto da Costa nos “bons” tempos do apito dourado, não se é campeão sem mérito. Concordo. A equipa do Sporting tem qualidade, bons jogadores, motivação e organização. Mas não ganharia sem o benefício de erros de arbitragem, alguns deles grosseiros. Basta lembrar-mo-nos das últimas jornadas.


Nos jogos do Benfica, no mesmo período, também os ouve, mas geralmente penalizadores da equipa. Coincidências. Acresce que o velho rival revelou uma comunicação eficaz, bem acolhida pelas instituições tutelares, ainda que discretamente, e sobretudo pela milícia de comentadores da nossa praça. Estes últimos sempre prontos a relativizar as facilidades decorrentes dos referidos erros. Até os tribunais, coisa nunca vista, várias vezes suspenderam castigos desportivos aos seus atletas.


Por outro lado, conseguimos, hoje, identificar erros capitais por parte do Benfica:


O primeiro deles, foi ter decidido a continuidade de Roger Schmidt. Compreendo a decisão e reconheço que encerra uma certa nobreza, porém, o défice motivacional dos jogadores era patente na segunda metade do campeonato anterior. E sem motivação nada funciona. Nada; nenhuma tática, estratégia ou qualidade dos jogadores, por si só faz uma equipa. Schmidt estava desportivamente esgotado. Erradamente ter-se-á pensado que com alguns ajustes no plantel se ultrapassaria o bloqueio competitivo.


Lage terá sido uma solução de recurso, entrou com o campeonato a decorrer e com vários pontos de atraso, face ao primeiro classificado. Apesar disso disputou o campeonato até à última jornada. É certo que a equipa revelou deficiências de sua responsabilidade, entre elas, disciplina e consistência tática. Porém considero que fez um bom trabalho.


Os ajustamentos no plantel foram tardios e erráticos, perdeu-se demasiado tempo e terreno em apostas falhadas. Incompreensíveis algumas saídas, Risic, Gilberto e até o Odisseas. Na frente, faz-me espécie o caso do Artur Cabral, é evidente que se trata de grande jogador, mas o seu rendimento no campo foi deficitário. É o treinador que tem que perceber os jogadores e motivá-los.


No plano da comunicação, a do Benfica foi, é, um desastre. Parece que o plano é o de não reagir a provocações nem a espúrios prejuízos desportivos, contribuir com silêncio - limitando-se a pífios comunicados de imprensa - para a pacificação do desporto nacional e para a promoção da competitividade do campeonato nacional. Espera-se, desta forma, julgo, induzir uma reação benévola por parte das instituições desportivas e da comunicação social em geral. Errado. Este vazio comunicacional que vem do tempo de Filipe Vieira - desde que dispensou João Gabriel . prejudica o clube. Paulatinamente, criou-se uma atmosfera negativa, com raízes desportivas e até políticas, que acabou por se refletir na tendência geral do desporto em Portugal.


Desde o momento em que tomei conhecimento do calendário dos jogos, percebi que o campeonato seria decidido nas duas últimas jornadas. E também me pareceu que o mesmo foi sendo controlado de forma a dar a ideia, falsa, de incerteza permanente e forte competitividade. É preciso atrair capital. É que, com VAR e AVAR, há erros absolutamente injustificáveis. Uma ferramenta que pode reduzir drasticamente a margem de erro das arbitragens, tem servido, afinal, quanto a mim, como mais um instrumento de manipulação.


Mas o mais grave é que, por vezes tenho a impressão de que terá havido uma espécie de acordo entre os principais dirigentes dos clubes e das respetivas instituições tutelares.


Haja que não haja, o que conta é a perceção dos adeptos. Instalada e consolidada a dúvida, o desinteresse geral ocorrerá e conduzirá a uma hecatombe.


                                               A dança da vida (1899, 1900) - Edvard Munch


Peniche, 18 de maio de 2025

António Barreto