Desporto

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Competitividade, Produtividade, Razão de Troca e Liberdade

 

1-Competitividade

   A economia chinesa é altamente competitiva. É esse tipo de competitividade que queremos para Portugal? Eu não!

   Antes de mais porque, na China, não há liberdade política nem económica, nem profissional, nem social. E, para mim, a Liberdade não tem preço; não há dinheiro ou glória que a pague.

   A competitividade chinesa, que catapultou o PIB do país a segundo do mundo - 23t de USD, cerca de 75 % do PIB americano, 27t USD, e 115% do PIB agregado da EU, 15t USD -, resulta da repressão económica dos trabalhadores, a quem a administração pública impõe salários exíguos e condições laborais indignas, negando-lhes qualquer veleidade reivindicativa.

   Convivi em África, não há não muito tempo, com trabalhadores chineses, vi como a tecnologia chinesa alastra pelo continente e vi a condição de carência económica daqueles, chegando, com os meus colegas, a pagar-lhes refeições e entradas em recintos turísticos; nem um cêntimo tinham nos bolsos, para seu livre gasto.

   Não é este tipo de competitividade que quero para Portugal! Defendo competitividade sim, mas com dignidade, com direitos - como não se cansam de dizer os “nossos” comunistas.

   Na China pratica-se capitalismo de Estado; este apropria-se da mais-valia e entrega a maior parte aos membros do partido, à administração pública, às forças de segurança e às forças armadas.

   Ao povo, reserva o indispensável para que continue a produzir e alimentar os sonhos imperiais dos líderes do partido-religião.

   Aos dissidentes reserva os campos de reeducação, onde se reconverterão ou acabarão mortos; lentamente, sob tortura, ou com um solitário tiro na nuca, numa qualquer catacumba, ou em inóspita floresta.

   Mais uma vez Marx se enganou; na China, onde se pratica capitalismo de Estado, os proletários oprimidos não se revoltam, não por falta de vontade, mas por falta de força. No Ocidente - capitalismo democrático -, os proletários também não se revoltam, neste caso porque partilham da mais-valia que ajudam a criar, porque têm capacidade reivindicativa e liberdade para sonhar, para decidir o seu futuro e o dos seus filhos ou até para sair do país; são livres.

 


Peniche, 25 de Janeiro de 2023

António Barreto