Desporto

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Um manicómio chamado Portugal

 

Com vénia ao Clube de Oficiais da Marinha Mercante, transcrevo estes exemplos “exemplares” da verdadeira causa da falta de competitividade neste país de gente “doida” (salvo seja):

a)   Entre 2014 e 2020, os projetos de apoio à pesca artesanal irão beneficiar de uma taxa de cofinanciamento comunitário de 75%. Senhores pescadores, tratai de amealhar os restantes 25%, se puderem. (Esta não conta; é boa!).

b)   A Comissão Europeia vai canalizar para o setor das pescas verbas dos fundos da Política de coesão, para investimentos em melhoramentos das infraestruturas de apoio à pesca artesanal, como por exemplo; construção e desassoreamento de barras. (Esta também não conta; também é boa!).

c)   O “PROMAR”, Programa Operacional de Pescas, tem 65 ME para investimento em aquicultura e a Noruega vai oferecer a Portugal 58 ME para aplicar em projetos marítimos ou de saúde. (Esta ainda não conta; também é boa!). A outra a seguir é para contar; leiam com atenção:

d)   O Relatório de Auditoria do Tribunal de contas diz: “ A aquicultura não tem tido o aumento que se esperava “. E mais à frente; nos “ Investimentos Produtivos da Aquicultura do programa PROMAR com incidência sobre a execução de 2010, verificam-se desistências de promotores, devido a obstáculos na obtenção de licenças, necessárias para apresentação de candidaturas e na dificuldade de acesso ao crédito bancário. Por isso, a meta definida de 3200 toneladas de aumento de produção em 2010, ficou longe de ser atingida”. UAU! Quem se atreve a explicar aos governantes as verdadeiras causas da perda de competitividade da economia portuguesa?  Ora vamos lá pensar em conjunto: Há dinheiro…há projetos…mas…não há investimentos…por causa do excesso de burocracia! UAU! Má qui cosa bella!

e)   O consumo per capita de peixe na UE é de 22,3 Kg enquanto a média global é de 16,1 Kg. A produção de pescado europeia satisfaz 40 % da procura interna. Quer dizer; a EU importa os restantes 60 %! Agora digo eu; Portugal tem a maior ZEE da europa, que ainda vai ser expandida - esperemos -, desde a adesão à CEE, depois UE, o esforço de pesca português sofreu uma redução, salvo erro, entre 60 a 75%. Contudo, apesar da nossa frota residual, apesar da carência da UE em pescado, apesar de importarmos, aproximadamente 800 MEA, de pescado, o valor deste em lota tem baixado, continuamente, salvo exceções! Sabem porquê? Porque a UE, por razões político-económicas do interesse dos que a controlam, abriu as fronteiras à importação de pescado de todo o Mundo (poderão confirmá-lo nos hipermercados). Má qui cosa bella, mamma mia! (vejam a próxima):

f)    Uma diretiva do Instituto Nacional dos Recursos Biológicos fixou a captura máxima de sardinha nas 400 toneladas entre Janeiro e Maio de 2012, representando uma redução de 64 % face a igual período do ano passado. Digo eu; queriam saber onde anda a sardinha? Mesmo a sério? Pois! O Governo não deixa pescá-la, e os nossos pescadores não sabem onde ela anda! Quer dizer; há uma forte carência de sardinha na nossa costa e o Governo, em vez de mandar os “cientistas” estudar o fenómeno, limita a pesca! Eu vou prá ilha! Tá mesmo à minha frente, quem quer vir? (ora vejam agora a próxima; é báita fixe!)

g)   A Companhia de Pescarias do Algarve em Olhão, investiu 1,3 ME numa nova fábrica, que, apesar de ter sido inaugurada há um ano, encontra-se encerrada! Querem saber porquê? Querem? Mesmo, mas mesmo a sério? Então vão buscar um lençol para enxugar os olhos. Por falta de ligação à rede municipal de esgotos! O Porto de Pesca de Olhão não possui tratamento de esgotos e os efluentes descarregam diretamente para a Ria Formosa! O IPTM responsabiliza o Ministério das Finanças - acho que falta o tal papel - para ligação da estação elevatória, já construída, à ETAR, também pronta!  Calma; vamos pensar em conjunto; Um fdp (salvo seja) investiu 1,3 ME, criou não sei quantos postos de trabalho - riqueza endógena -, tem a fábrica parada a consumir recursos financeiros e o endividamento da Câmara não chegou para construir o “desgraçado” do ramal de esgotos? Calma; não é tudo! Então o Porto de Pesca descarrega os efluentes para a Ria Formosa! Hããããã? E os “desgraçados” dos mariscadores, estão largos meses do ano paralisados e a passar fome, com as suas famílias, por causa das toxinas! Já me esquecia; sempre podem passear nas rotundas…! Ninguém quer ir prá ilha cómigue? É bué da fixe meu! 

h)   Agora uma boa: David Melgueiro foi um navegador Português, que, em 1662 e pela primeira vez, navegou do Japão ao Porto pela rota do Pólo Norte (passagem do Nordeste)! Pergunto eu; onde é que este "ladrão" terá ido tirar o curso? Ainda não havia a Independente nem a Lusófona pois não?

i)    Outra boa: Portugal vai ter um novo navio de investigação ocenográfica! Alto aí; não estejam já a pensar coisas más; não é para fazer cruzeiros, é para investigar como "devedeser", tá?

j)    Esta é para rir: As Agências das Nações Unidas estão empenhadas em combater o trabalho infantil na pesca! São encontradas crianças a cozinhar, libertar redes, limpar e vender peixe. Parece que estão muito atentos ao problema e vão fazer um documento para publicar em 2012! Digo eu; depois, quando esse documento sair, deixará de haver trabalho infantil na pesca e meninos atirados aos crocodilos!

k)    Olhem, vou mas é ver o Benfas, a ver se isto melhora alguma coisa!

l)     Parabéns ao colega Alberto Fontes que foi o autor do referido trabalho publicado na revista dos “Herdeiros de Vasco da Gama”.
 
AB 

Colonialismo e “Africanismo”


Meninos brincando no cais do porto de pesca artesanal em Tema, no Gana
 
 
Duarte Branquinho, no editorial de “O Diabo” de 4 de Setembro de 2012, sob o título “O fardo do Homem branco” - título do poema de Rudyard Kipling normalmente associado ao dever dos povos europeus promoverem o desenvolvimento dos outros povos e considerado de racismo eurocêntrico -, refere que: “Hoje o fardo é outro. Incrivelmente, passados tantos anos, os europeus continuam a ser repetidamente culpabilizados pelo atual estado dos países que outrora dominaram” (eu próprio defendi o mesmo na sequência da minha visita ao Forte de S.João da Mina). Isso mesmo refere o historiador Niall Ferguson no seu livro “Civilização: “Nenhum autor sério poderá afirmar que o reinado da civilização ocidental foi imaculado. Contudo, há quem afirme que não teve absolutamente nada de bom. Esta posição é absurda”.

Porém, segundo o articulista, o historiador Vitorino Magalhães Godinho, explicou que; “por não existir a ideia de nação em África, os novos países construíram um passado próprio, passando a dizer que tudo quanto os colonizadores tinham trazido era mau, que eram todos uns criminosos, que tinham de pedir desculpa”. Recusando tais pedidos de desculpa, terá ainda afirmado: “o que é condenável é esconder o que se passou! Mas eu não tenho nada a ver com o que fizeram os homens no século XV! A culpa não se transmite de pais para filhos, não é hereditária.” Terá dito ainda acerca da escravatura: “Esta existia entre os povos africanos; os portugueses utilizaram as redes de escravatura existentes. Os régulos gostavam muito de vender os seus negros como escravos. E isso permanece! Terá referido ainda a continuidade dessa postura aré aos atuais chefes políticos dos estados africanos, a cujos bolsos vão ter os subsídios atribuídos aos seus países”.

Termina o articulista dizendo que “É tempo de acabar de vez com o fardo da culpabilização unívoca”.

Em “O Diabo” de 18 de Setembro de 2012, na página 1O, num trabalho sob o título “A escravatura infantil não é uma brincadeira de crianças” dá-nos conta do empenho da ONG “Filhos do Coração” em combater os negócios ilícitos que se fazem no Gana com crianças.

No desenvolvimento, situa o início “desta história” em 2007, quando a jornalista da TVI Alexandra Borges apresenta uma grande reportagem intitulada “Infância Traficada”, segundo a qual “na República do Gana há crianças de 3 e 4 anos que são vendidas pelos próprios pais, por menos de 30 euros, a traficantes que as revendem a pescadores para serem escravizadas no Lago Volta , o maior lago artificial do mundo. Estas crianças trabalham 14 horas por dia, sete dia por semana, faça chuva ou faça sol, estejam ou não doentes, em troca de um prato de mandioca.”

Segundo aquela ONG, “estas crianças são conhecidas como Kobies e Kofies, conforme o dia em que foram vendidas, porque desconhecem a sua idade e identidade. Algumas morrem afogadas no lago porque não sabem nadar, outras são assassinadas pelos pescadores que as atiram vivas aos crocodilos. Apesar do conhecimento geral desta prática e da criminalização legal da mesma, parece que ninguém se preocupa, razão que levou a citada jornalista a criar a referida ONG com o fim de alertar a comunidade internacional e pressionar o governo do Gana a combater este flagelo.

Admirável, ALEXANDRA BORGES, com a colaboração de LUIS FIGO, e da pintora ANA CARDOSO, escreveu o livro “Filhos do Coração”, editando em seguida um CD com o mesmo título, tendo obtido uma receita de 150 mil euros. Regressou ao Gana em 2009, fundou uma escola com uma ONG norte-americana Touchalifekids” e resgatou 13 crianças escravas do Lago Volta, a quem está a pagar os próximos 10 anos de vida, adiantou a “Filhos do Coração”, referindo ainda, que, o resgate destas crianças não é pago, investindo-se na consciencialização dos pescadores que as escravizam e que a saúde, alimentação, segurança e escolaridade de cada uma destas crianças custa mil euros/ano.”

“Até agora, 93 crianças já foram resgatadas” mas Alexandra Borges está convicta de que “não vale a pena resgatar mais crianças escravas do lago porque serão rapidamente substituídas. O único caminho é a denúncia para acabar, de uma vez por todas, com este atentado aos direitos humanos. É a indiferença que está a matar as crianças do Gana”.

A miséria provoca desumanidade, já o sabíamos. Uma das recordações mais bonitas que trouxe da minha breve passagem pelo Gana foi precisamente as mães nas suas improvisadas tabancas cuidando de seus meninos, ou carregando suas bacias à cabeça com eles às costas. Não esquecerei o sorriso e a felicidade daqueles dois meninos, precisamente de 3 a 4 anos, brincando no cais do porto de pesca, quando dei um beijo na face de cada um e os fotografei, suscitando a satisfação geral dos adultos negros em volta.

Estarão estes ou outros meninos condenados a esta pavorosa infâmia? Será que os pais vendem os filhos por não terem possibilidades de os sustentar acreditando que, dessa forma, têm possibilidade de sobreviver? Será que, o desespero da sua própria sobrevivência, destrói completamente o afeto paternal e maternal ao ponto de sacrificar os filhos? Será que, lá como cá, algumas pessoas são, simplesmente destituídas de afeto? Quem sabe explicar? Finalmente, levanta-se a derradeira questão; se os negros se matam uns aos outros, indiscriminadamente, seja porque razão for, ninguém se indigna? Quanta hipocrisia afinal há nos atuais dirigentes negros que exploram, escravizam e aniquilam o seu próprio povo, ao acusarem os colonizadores das desgraças que os afetam?

Afinal, parece que, todo este tema, tem que ser revisitado a uma nova luz, em que muitos dos autoproclamados “libertadores” da opressão colonial, se transformaram, hoje, nos exploradores e exterminadores dos seus próprios povos em proveito próprio e dos que, hipócritamente, os apoiaram.

AB