Desporto

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O pézinho do Talisca

 
Jean Beraud , La rue de la Paix
 
À parte as picardias e ressentimentos, Talisca, talvez seja, hoje, o melhor especialista mundial na marcação de livres diretos na zona dos trinta metros, numa amplitude de quarenta e cinco graus relativamente ao eixo da baliza, na linha de golo. Julgo que tem a ver com a sua morfologia; Talista tem perto de 1,90 m o que lhe confere poder e facilidade de remate, permitindo-lhe concentrar-se na colocação, o que faz com rara mestria. Até Neuer foi batido. Qualquer um!
 
Neste lance, fiquei com a impressão que Elderson foi lento; estava no meio da baliza e a bola entrou a cerca de dois metros à sua direita! Para um guarda redes de extraordinária elasticidade e concentração como ele, parece estranho. Só se compreende se admitirmos que se apercebeu da trajetória de bola demasiado tarde e isso poderá ter a ver com o seu posicionamento inicial, a meio da baliza. Onde estava não viu a bola partir; esta sobrevoou a barreira, apesar do salto dos defesas, e só depois foi vista por Elderson...e como vinha a alta velocidade..., este não reagiu a tempo. A posição do guarda redes deve ser concertada com a barreira de acordo com as instruções daquele; a barreira, o mais alta possível, fecha um lado e o guarda redes fecha o outro, à escolha deste. O que, para um Talisca, pode não servir de nada; este consegue passar a bola sobre a barreira, com facilidade...mas nem sempre, como já se viu.  
 
Ora tudo isto vem a propósito da discussão da utilidade da barreira. Recordo que, não há muito tempo, houve um guarda redes de que não recordo o nome, mas suponho que até era do Benfica, que não queria barreira neste tipo de lances. O que então me parecia absurdo, considero hoje razoável. É que raros são os jogadores capazes de rematar para golo de trinta metros; é preciso força e colocação. Por outro lado, sem barreira, ou com uma barreira reduzida, o guarda-redes pode posicionar-se no meio da baliza, ver a bola partir, aperceber-se atempadamente da sua trajetória e fazer-se ao lance com mais eficácia. Neste caso, não tenho a menor dúvida que, considerando a mesma trajetória e velocidade da bola, Elderson teria efetuado a defesa eficazmente. O caso é que, nesta circunstância, o remate poderia ser feito de outra forma, embora a preferência de Talisca pelo pé esquerdo restrinja as trajetórias possíveis.
 
Haverá, hoje, guarda redes no mundo que, pelo menos em certos casos, prescindam da barreira?