Desporto

sábado, 16 de abril de 2016

Pés na terra!

(Depois do Banho, Pierre Auguste Renoir)
 
    O desempenho da equipa do Benfica na Liga dos Campeões suscitou justificado entusiasmo entre os benfiquistas, pela dignidade, competência e postura cívica demonstradas. Mas também porque a forma como se bateu, em especial contra o Bayern, definiu a o nível competitivo atual da equipa, dissipando os vestígios de desconfiança que ainda subsistiam relativamente ao projeto de Filipe Vieira e à qualidade técnica de Rui Vitória, deixando os detratores internos sem argumentos.
 
   No entanto, não há razão para excessos; a equipa da luz nem passou a eliminatória nem ganhou qualquer dos jogos. Há que encontrar as causas e corrigi-las. Nos momentos críticos dos dois jogos houve falhas defensivas fatais; em Munique o extremo do Bayern centrou sem oposição e Vidal, no eixo da área, cabeceou sem opositor. Lindelof, que foi compensar o André Almeida, devia ter pressionado o adversário, obrigando-o a soltar a bola incondicionalmente, em vez de ficar expectante no limite da área. Em Lisboa, no lance do primeiro golo dos alemães, defesas centrais e trinco mobilizaram-se para o lance que se desenvolvia com perigo pela esquerda deixando a cabeça da área completamente desguarnecida. Esse espaço deveria ter sido preenchido por um centrocampista ou mesmo avançado. Não foi. O resultado foi o empate. No lance do segundo golo bávaro a defesa manteve-se parada deixando os avançados atacar a bola sem oposição; pareceu-me que estavam a marcar à zona e, quanto a mim, não deviam; não há tempo de reação nem eficácia  de um defesa parado perante o avançado que vem lançado. Também no capítulo ofensivo faltou capacidade de controlo da ansiedade, especialmente por parte de Jonas e Mitroglou , em Munique, mas também de Jimenez e Luca Jovic em Lisboa, nos excelentes  momentos de concretização que se proporcionaram; Jimenez, aliás, concretizou de forma exuberante a primeira oportunidade que teve, demonstrando ser talhado para os grandes jogos e momentos decisivos.

   Por contraste, na equipa do Bayern, todos os jogadores no terreno, e talvez até no banco, com bola ou sem ela, estão sempre em jogo, fazendo marcações, fechando linhas de passe e fazendo as compensações. Por várias vezes assistimos ao recuo de médios ou avançados para a cabeça da área; zona crítica para onde fatalmente, em grande parte dos casos, a bola ressalta  depois de rechaçada pelas defesas. Aí esteve a principal diferença; na concentração coletiva permanente. E claro em Arturo Vidal; o homem dos sete instrumentos, o faz tudo!, defende à frente, defende atrás, distribui jogo, ataca pelos dois flancos e pelo meio e...faz golos decisivos. Sem ele, a equipa encarnada poderia ter prosseguido na prova. Um exemplo para Renato Sanches ver e meditar.

   Apesar da superioridade, embora marginal, dos alemães, o Benfica tem razões de queixa das equipas de arbitragem, que cometeram erros grosseiros...e não deviam. Qualquer das faltas em causa foi suficientemente definida. A Direção dos encarnados, sem espalhafato, deve pedir satisfações ao comité de arbitragem da UEFA, ao que julgo saber, infestado de portistas. 

Força, Benfica!