Desporto

domingo, 19 de outubro de 2014

A família; a propósito de

      Helena Rebelo Pinto, Investigadora e Presidente do Instituto de Ciências da família, Licenciada e Doutorada em Psicologia pela Universidade de Lisboa, co-autora do livro "Mediação Familiar, contributo de Investigações realizadas em Portugal" e outros ligadas ao sono, deu uma excelente entrevista ao jornal "i" de 18.10.14, pág.38, conduzida por Marta Cerqueira, a propósito do seminário aberto "Olhares sobre a família" a realizar em 24 e 25 de Outubro na Universidade Católica do Porto, onde teceu oportunas considerações acerca da Família dos nossos dias. 

  Refere haver falta de investigação integrada acerca da Família e sobretudo desconexão das políticas para a Família dos resultados da investigação. Que mudou ao longo de décadas o contexto da vida da Família, mas que a essência desta permanece. Dessas mudanças destaca o prolongamento da vida e o controlo de fecundidade os quais inverteram a pirâmide geracional, bem como o ingresso da mulher no mercado de trabalho com impacto económico e nas relações entre homem e mulher. Que, como as crises sociais, os conflitos familiares acontecem nos períodos de transição, destacando os que resultam do paradoxo entre a precoce  autodeterminação dos filhos e do retardamento da sua integração na sociedade, perante pais já com os seus próprios pais a cargo. Que a, geralmente elevada distância entre a residência e os locais de trabalho conjugada com os trabalhos domésticos deixam pouco tempo para o convívio familiar. Justifica a baixa taxa de natalidade actual com a insegurança no futuro, à ideia de "aprisionamento" associada a elevada prole e à tendência de os pais de hoje sentirem a obrigação de dar um bem-estar máximo aos seus filhos, esquecendo-se de que ele consiste, precisamente, em proporcionar-lhes um irmão. Que as Famílias em Portugal são fortes e poderosas devido à antiguidade do país, constituindo disso um exemplo o caso da rápida integração dos portugueses que regressaram na sequência da descolonização. Afirma que cada pai sabe o que fazer, não se deixando contaminar por vozes ideológicas, adaptando sim modelos às suas raizes culturais profundas. 
   
      Chegamos finalmente ao motivo, para mim, mais interessante, e principal razão desta publicação:

      "A cultura que defende que os pais devem ser companheiros dos filhos é disfuncional. Os pais são pais, os filhos são filhos. Os filhos podem ter muitos companheiros mas pais só têm aqueles. Quando há um grupo organizado existe hierarquia que não está necessariamente organizada com autoritarismo, mas sim com a compreensão do estatuto de cada um. Situações mais disfuncionais acontecem quando os pais, na sua tentativa de se aproximarem dos filhos, se demitem do seu papel, que mais não é do que garantir o desenvolvimento saudável dos seus filhos, processo que passa também pelo cumprimento de regras. Se os pais se demitem dessa função, ninguém a vai assumir. Apesar de a escola ter também essa função, tem dificuldade em fazê-lo porque não existem regras em casa."

      Considera natural a influência do sínodo do Vaticano sobre a Família nas sociedades como a Portuguesa, essencialmente cristã, apesar de algum afastamento em termos de práticas ou da doutrina.
      

Bob Dylan, ele mesmo, no seu melhor em versão electrónica com o famous The Band!







Covilhã-Benfica (2-3)

      Como era de esperar, Jesus apresentou uma formação completamente diferente da habitual, com apenas Artur como habitual titular. Uma decisão arrojada que poderia ter saído mas que acabou por correr bem. De facto, a equipa da Covilhã, com menos um elemento logo aos 2 minutos bateu-se galhardamente ostentando um futebol esclarecido, pondo os encarnados, com seu futebol trapalhão, em sentido. Apesar de ter criado algumas boas oportunidades ainda na 1ª parte, a equipa do Benfica não conseguia ligar o seu jogo, desde logo por ausência de construção no meio-campo, saindo os lances ofensivos algo desgarrados. Destacou-se um belo remate de Guedes - futuro craque - à entrada da área para estupenda defesa do guardião contrário e outro, salvo-o-erro, de Derley à figura a passe enrolado de Tiago. O primeiro golo da Covilhã resultou do seu bom futebol e de talento do seu extremo-direito, que, sem opositor - Benito tinha deslizado para o eixo -, galgou uns bons 30 metros para concluir com um belo chapéu ao indefeso Artur. No final da primeira parte, não era claro que o Benfica ganharia o jogo, como parecia antes do início. E o 2º tempo teve mais do mesmo; uma Covilhã dinâmica e atrevida que, num lance de bola parada muito bem executado e melhor concluído, passava para a frente no marcador. Aqui chegados, a coisa estava preta!, não se percebia como dar a volta ao resultado sem recorrer aos peso-pesados! Mas aconteceu!, num passe aéreo de uns bons 40 metros executado por não-sei-quem, apanhou o inteligente Jonas no eixo do ataque que, com o  talento próprio dos grandes jogadores, encostou de pé direito saindo a bola indefensável direitinha ao fundo das redes. O golo da vitória, ainda da autoria do endiabrado Jonas, resultaria de uma bela combinação entre este, Guedes e Pizzi. 
      A estratégia de Jesus consistia em poupar os titulares face ao breve compromisso com o Mónaco, dar jogo aos jogadores menos utilizados e dar interesse à contenda reduzindo a diferença competitiva entre as equipas. Gostei.
      Jonas é craque e Guedes sê-lo-á, o que para mim não é novidade tendo em conta o que já o vi fazer ainda nos Juniores. Pizzi está no ponto. Tiago tem potencial mas tem que evoluir táticamente. Cristante tem muito futebol mas tem que manter o trabalho de integração. Lizandro precisa de afinar o posicionamento e os tempos de entrada aos lances; na sua zona, deixou o adversário cabecear sem oposição para o 2º da Covilhã. Benito tem boas capacidades atléticas e vontade, mas não chega; tem que evoluir táticamente, não poder deixar o seu corredor à mercê do adversário à sua guarda. Artur, André e Derley cumpriram.
      Parece claro que o plantel tem um grande potencial de evolução como convém à exigente época em curso. Oxalá que as lesões de John e de César - parece que Benito também saíu tocado - não sejam de cuidado.