Desporto

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Taça de papelão

  
José Malhoa (o tocador de bombo poderia ser o Rui Santos, ou ficaria melhor o da gaita de foles?)
 
   Rui Santos considera-se um comentador supra-institucional; alguém capaz de descontar os impactos aleatórios do jogo, os equilíbrios ou desequilíbrios das equipas, as vicissitudes dos dirigentes dos clubes e respetivas instituições tutelares, enfim...uma espécie de teórico do futebol "quântico". Na verdade é um comentador de futebol que sofre de incontinência verbal, que raciocina em círculos sucessivos e padece de parcialidade. Sem prejuízo de, aqui e ali, dizer umas coisas acertadas, como por exemplo, quando defende a tecnologia no futebol. O que é certo é que tem audiência, talvez pela extraordinária capacidade de, à vez, agradar a todos. Há muito que deixei de lhe dar atenção, tal como aos programas de debate sobre futebol que passam nos canais generalistas, estes, com o propósito de provocar e explorar a vulnerabilidade emocional dos adeptos.
 
   Constou-me porém, que, essa "eminência parda"  da bola lusa, na sequência da sua profunda reflexão em busca da "verdade absoluta", decidiu expor publicamente a sua filiação clubística atribuindo ao "supersumo" da bola universal uma taça inédita com o propósito de atenuar a pesada frustração e embaraço deste.
 
   Apesar do tom jocoso acima, o tema deve ser levado a sério por encerrar mensagens que podem ter consequências para a próxima época. Em primeiro lugar o "guru" do comentário pretendeu validar a teoria compulsivamente repetida pelo "aureolado", seus patrões e aliados, de que ele e o clube que representa são os vencedores morais da competição, e que tal só não se verificou por ocorrências espúrias que favoreceram o adversário. Deste modo pretende-se criar a ideia de que há uma espécie de crédito desportivo acumulado que deve ser ressarcido o mais rapidamente possível.  Ficam pois, antecipadamente justificados todos os erros institucionais e de arbitragem futuros favoráveis, por mais grosseiros que sejam. Ora isto é profundamente desonesto, deselegante e contrário ao estatuto que Rui Santos pretende assumir, desacreditando-o. Deveria perceber isto. Mas também mostra que, ao aceitar o pseudo-troféu, Jorge Jesus não sabe lidar com o insucesso e tem de si próprio uma ideia desajustada dos seus efetivos méritos e dos dos seus adversários (colegas).
 
Haja bom senso.