Desporto

domingo, 23 de outubro de 2022

Parabéns Benfica

 

Parabéns Benfica

 

   A vitória da passada sexta-feira sobre o rival do norte foi, para mim, um feito histórico do Benfica “moderno”. E foi um feito histórico porque o clube encontrou-se consigo mesmo, com a sua cultura, com a sua força, com o seu talento, com a sua determinação. Sem constrangimentos mentais ou materiais, o Benfica bateu-se, sem medo de querer ganhar, sem medo de perder.

   É este o “meu” Benfica, o que perfuma os relvados da Europa e do mundo com a sua arte, a arte de jogar futebol, encantando adeptos e adversários, granjeando respeito e admiração geral.

   E é isto que alguma gente não percebe; que mais que ganhar, interessa a forma como se ganha, a forma como se está no desporto, que não deve ser, nunca deveria ser uma guerra, para atenuar frustrações da vida, alimentar ideias de grandeza patológicas ou simplesmente servir de compensação de contornos políticos.

   O Benfica ganhou porque foi igual a si próprio, planeando, trabalhando com competência e união, a tempo, para o objetivo assumido de ganhar, de cabeça levantada, olhos nos olhos, com respeito mas sem medo.

   Cabe aqui recordar Eusébio, cujas distintas qualidades atléticas eram mobilizadas por uma superior força mental; embevecido perante a constelação de estrelas que constituíam a equipa do Real Madrid, de que se destacavam Di Stefano e Puskas, o jovem Eusébio - de vinte anos -, não perdeu a vontade indomável de ganhar; “mas eu queria ganhar”, confessou-nos ter pensado, há não muito tempo.

   E é este, quanto a mim, o seu principal legado, que deveria ser recordado no clube, espalhando pelos locais estratégicos do estádio esta sua singela e sincera recordação.

   Rui Costa conheceu esta força, viveu-a - foi escolhido pelo Pantera Negra, para as escolinhas do clube -, pisou os grandes relvados da Europa e do mundo, ao serviço dos seus clubes e da Seleção nacional, por onde espalhou o génio tranquilo e perfumado do seu futebol, conquistando títulos, deixando um rasto de admiração e respeito que perduram no tempo, graças também à cordialidade e respeito que sempre demonstrou ter por todos; colegas, técnicos, dirigentes, adeptos, etc.

   O Benfica renasce pela mão de um dos seus “filhos”, que, francamente, julgava transviado, enredado na retórica das obras, do “já ganhámos muito”, do “não podemos ganhar sempre”, do “ os outros também têm que ganhar”, do “mais tarde ganharemos muito”.

   Era nisto, afinal que consistia a “refundação do clube”, planeada pela Direção precedente; o conformismo e a solidariedade populista.

   Mas o Benfica ganhou também por outra surpreendente razão: a equipa de arbitragem foi o que sempre deveria ter sido; capaz de interpretar e aplicar as leis do jogo!

   Francamente não estava à espera, sobretudo depois de saber quem seria o VAR, o conhecido e “azarado” Tiago Martins.

   Recordo os dois campeonatos precedentes, o último, em que, contra o mesmo adversário, nos dois jogos, foram anulados dois golos ao Benfica por fora de jogo, um por 4 cm, outro por…2 cm, e o anterior – 2020/2021 - em que nas 32 primeiras jornadas o Benfica tinha assinaladas a seu favor zero penaltis! Zero, enquanto este adversário, no mesmo período já contabilizava 15 - ou 16!

   O caminho é este; parabéns Benfica, parabéns Rui Costa, parabéns Roger, parabéns equipa.

   Vamos em frente e seja o que Deus quiser, mas que ninguém diga ou pense sequer, que o Benfica tem medo.

   Nós, adeptos, estaremos ao vosso lado; lembrem-se disso quando enfrentarem os adversários; batam-se por vós e…por nós, que somos a alma do clube.




Peniche, 23 de Outubro de 2022

António Barreto