Desporto

domingo, 7 de agosto de 2016

Já cá mora mais uma Supertaça!

 
Brenda y el bebé. Juliette Aristide (1971)    
 
   Difícil, muito difícil!, o resultado não espelha o que se passou no relvado. Nos momentos certos, a classe dos jogadores encarnados decidiu a partida. Primeiros trinta minutos avassaladores da equipa do Benfica, que poderia ter resolvido desde logo a partida. Depois do sufoco, a equipa do Braga subiu no terreno pressionando os defesas contrários e obrigando-os a soltar a bola improvisadamente perdendo a capacidade construtiva até aí evidenciada. Até final do jogo assistiu-se a um ascendente territorial da equipa do Braga não materializada, muito por culpa própria. O jogo ofensivo dos encarnados ressentiu-se até à entrada de Jimenez e Sálvio; aquele trouxe mais mobilidade ao ataque e este dinamizou o flanco esquerdo donde saíu o passe "a rasgar" para o terceiro golo. Não consegui aferir bem o desempenho de André Horta mas fiquei com a ideia de que, à equipa do Benfica, faltou mais autoridade, mais pulmão e mais criatividade no meio campo, pelo menos até à entrada de Samaris, que ajudou a bloquear o meio campo numa fase em que o jogo estava decidido.
 
   Pizzi foi o "homem do jogo" com uma assistência primorosa para o segundo golo e uma execução soberba no terceiro. No primeiro tento Grimaldo e Cervi construíram um lance fantástico, concluído com exuberância por este.
 
   Franco Cervi é um sobredotado, Grimaldo está em grande forma e mostrou a solidez da sua escola, Sálvio jogou pouco, mas "partiu aquilo tudo" na primeira vez que tocou na bola. Jonas foi igual a si próprio; inteligente, frio e eficaz. Mitroglou esteve pouco em jogo, sobretudo, devido à ineficácia das alas. Nelson Semedo agarrou-se demasiado à bola; tem que soltá-la mais cedo. Lindeloff quase "entregou o ouro ao bandido" num passe desastrado semelhante ao que ocorreu no final da época transata. Júlio César, Luisão e Fejsa estiveram bem.
 
   De zero a dez, daria nota três a João Capela; demasiado permissivo para com os jogadores bracarenses permitindo jogo faltoso e fechando os olhos a, pelo menos, uma grande penalidade cometida sobre Jonas ainda na primeira parte e um livre direto à entrada da área por mão na bola de um defesa bracarense. Seis elementos constituintes da equipa de arbitragem e mais o famigerado vídeo, hoje, de nada valeram.
 
   Julgo que, no plano tático, há, ainda, na equipa do Benfica, um longo caminho a percorrer.

PS1: Depois de ver e rever o resumo do jogo e de ler e ouvir alguns comentários, percebi que o André Horta fez um excelente jogo, aparecendo em todo o campo, fosse para defender, junto à área, para disputar a bola no meio campo, ou para lançar a ofensiva a partir das faixas. O abraço emocionado a seu pai no final da partida, mostra a origem dessa tal magia do Benfica; uma autêntica escola de afetos...e de bem jogar futebol!
 

Ainda agora é agora!

  
 
Georges Seurat, Peasants Driving Stakes
 
   Já estão ligados os "motores" para a disputa do primeiro troféu da época, o da supertaça; esse troféu, segundo alguns, inventado nos tempos do auge portista com a finalidade de permitir ao clube da bela cidade do Porto, aproximar-se do glorioso Benfica em número de troféus conquistados. No mesmo tempo, do consulado de Madail, em que a FPF inventou numerosos jogos a feijões da seleção nacional com equipas  de seleções de "pernas de pau", com a finalidade de retirar a Eusébio o título de melhor goleador nacional de sempre. Uma feia infantilidade.
 
   A equipa do Braga já conquistou os seu estatuto de quarto grande e tem legítimas aspirações à vitória. Neste início de época, José Peseiro, apostará em desfazer a má imagem que deixou na época transata ao serviço do Porto. Estou certo que procurará implementar estratégia semelhante à que rendeu a vitória na Luz à equipa do Porto na época anterior; bloqueio dos espaços no seu meio-campo com um avançado deambulando na frente à espera de um qualquer desaire. Habitualmente provida de bons jogadores, a equipa da cidade dos arcebispos, é um adversário de respeito que exije a máxima concentração.
 
  A equipa do Benfica deu boas indicações na pré-época, subsistindo algumas dúvidas quanto à ocupação das faixas e do meio-campo e, sobretudo, relativas à capacidade criativa e ao sincronismo de todo o processo ofensivo. Iniciar a época com nove baixas por lesão deve ser algo único no mundo do futebol!, importa perceber as causas e se há forma de as evitar.
 
   A equipa B do Benfica "arrancou" com um empate a um golo com a equipa do Cova de Piedade, no Seixal. Pelo resumo, pareceu-me que fez o suficiente para ganhar. No entanto, o Sr árbitro apresentou neste jogo a matriz da época finda; o golo do empate resultou de um lance de mão na bola e já na ponta final ficou por assinalar uma grande penalidade pelo mesmo motivo. Porquê?, o lance foi bem visível e não deixou dúvidas!, são ordens?, É desconfortável começar a época com queixas da arbitragem, mas há razões para isso e é melhor chamar a atenção de quem de direito; quem cala consente.
 
   Algumas novidades dignas de elogio vão ser introduzidas pela FPF e pela LPFP na Liga; publicação dos relatórios dos árbitros a introdução do vídeo-árbitro e a possibilidade de recurso a árbitros estrangeiros. A primeira e a terceira medida contribuirão para impor aos árbitros maior adesão à realidade e menor flexibilidade na interpretação dos lances. Alegações como a da "intensidade", da "intencionalidade" ou do "posicionamento" e da "velocidade"  serão bem mais difíceis de justificar, mesmo com a condescendência tutelar. Já quanto ao vídeo-árbitro me parece estar em curso uma discussão algo patética!, não vejo onde está a dúvida!, quanto a mim, o árbitro de campo continuará a ser soberano e recorrerá ao parecer do "vigilante" quando entender. A diferença é que deixará de ter justificação para os erros grosseiros de avaliação que, geralmente, decidem jogos e campeonatos. Trata-se de impedir a manipulação impune de resultados que muitos dos adeptos percebem existir nalguns casos.
 
   Consta ainda que Hermínio Loureiro será o representante da FPF na Liga. Não sei bem qual será o propósito, mas, em princípio, parece-me um bom sinal; Hermínio Loureiro tinha boas ideias para o futebol nacional que tentou levar à prática quando desempenhou o cargo de Presidente da LPFP...a que renunciou na sequência das "pressões" a que foi submetido pelas forças dominantes, à época. As mesmas que viriam a afastar o seu sucessor, o corajoso Mário Figueiredo, que, apesar de tudo, conseguiu dar mais um passo para desalojar o parasitismo instalado.
 
   Fernando Gomes, está a surpreender-me pela positiva. Não esperava; paulatinamente, parece estar a conduzir o futebol nacional na senda da credibilização. Veremos como se comportará esta época, nomeadamente relativamente aos incendiários, que teimam em  adotar métodos que julgávamos em vias de banimento.