Desporto

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O mostrengo

Passadas três jornadas, um dos principais braços do “mostrengo”, continua a fazer, com notável zelo, o seu trabalho. Com efeito, depois de assistirmos, com indignação, ao duplo prémio com que Pedro Proença foi agraciado pela UEFA, apesar de mais um erro grosseiro cometido pela sua equipa, mais uma vez decisivo para a definição do campeão nacional - por sinal o do costume -, legitiman-nos a concluir que foi mesmo essa a razão da distinção e que um dos braços do maldito mostrengo já se estendeu àquele organismo.

Depois de assistirmos à arrogância daquele árbitro internacional ao recomendar cinicamente, aos Dirigentes dos clubes, a título de resposta às severas críticas de que foi alvo e confiante da sua condição de impunidade, maior competência na gestão dos mesmos, sabendo de antemão que não há competência que resista quer à aselhice quer à má-fé dos membros das equipas de arbitragem.

Caiu-nos agora “em cima” - salvo seja- metronomicamente, o despropositado castigo ao Treinador da nossa equipa, a pretexto de ter ofendido a honra do árbitro auxiliar que não assinalou o fora de jogo donde resultou o tento que veio a decidir o campeão. O conceito de honra é subjetivo, e eu não considero honrada uma pessoa incompetente ao ponto de lesar gravemente as legítimas espetativas de terceiros. Muitos menos considero honrado alguém que, de má-fé, simula uma dificuldade para sustentar um erro grosseiro.

A verdade é que, esse erro capital, voluntário ou involuntário, lesou gravemente o Treinador da equipa ofendida, os seus colaboradores, os seus atletas e a sua entidade patronal; a tal entidade que “tem obrigação” de gerir com parcimónia e inteligência os recursos de que dispõe, e que, com seus pares, faz funcionar a indústria do futebol; que vê gorado o seu trabalho e de toda a organização…por um erro grosseiro de terceiros…paradoxalmente, suscetível de agraciamento. Um só erro; vital, decisivo, imoral!

Segundo Ricardo Costa - no jornal“O I” de 8 de Setembro de 2012 -“…o órgão da federação está a violar a lei ao não publicar um acórdão com a descrição de cada etapa do processo e a discriminação das datas correspondentes, ou pelo menos um resumo dos principais momentos.” Sendo assim, porque não requer o Benfica a nulidade da sentença e suscita o levantamento de um processo disciplinar interno aos responsáveis por mais este alegado erro grosseiro?

Quem repara os danos materiais e imateriais provocados ao Treinador duplamente “condenado” e a toda a organização de que faz parte? Quem responsabilizar por eventuais desacatos que a sucessão de “erros grosseiros” poderá desencadear? Quem escrutina o desempenho da FPF e dos seus órgãos? Supostamente, a Assembleia Geral, efetivamente, ninguém! A FPF e seus órgãos funcionam em roda livre. O futebol, em Portugal, é um Estado àparte, governado na sombra pelo hediondo mostrengo.

Na Indústria do Futebol, os erros grosseiros das equipas de arbitragem previnem-se punindo exemplarmente quem os pratica, sobretudo quando repetidos. Não é assim, Sr. Presidente da FPF? Não é assim, Sr. Presidente da UEFA? Não é assim, Sr. Presidente da FIFA? Não é assim, Sr. Secretário de Estado da Juventude e Desporto? É sim!

Em curso está “o caso Luisão”, claro que vem aí “chumbo grosso”…no momento oportuno, virá. O braço mediático do mostrengo já está a fazer o seu trabalho nas “tabancas” da comunicação social, derramando toda a sua indignação pela “ineficácia” efetiva da punição aplicada ao nosso Treinador.

Não sei se o árbitro em causa - Christian Fisher - estava devidamente habilitado para dirigir a partida, não sei quem o indicou, não sei quem o nomeou, mas sei que, segundo o Correio da Manhã de 2012.09.01, pág. 28, o “relatório elaborado por Carla Hulslep, médico-chefe do St. Elisabeth Hospital Iserlohn, enviado pela Federação alemã à congénere portuguesa, para os membros do CD restam poucas dúvidas de que o árbitro agiu de má-fé “. Afirma ainda o articulista do CM - António Pereira -, na mesma crónica; “ao contrário das expetativas dos dirigentes que esperam ver Luisão absolvido, o central vai mesmo ser punido pela forma intempestiva como avançou para o juiz, não conseguindo, depois, evitar o contacto físico entre os dois”. Que tal? Lembram-se daquela adivinha: “qual é a coisa qual é ela que antes de ser já o era?” Não, não é a pescada…é o Luisão!

Quanto a mim, os juristas do Benfica e o Luisão devem avaliar a viabilidade de avançar com um processo-civil por danos patrimoniais e não patrimoniais contra o senhor Fisher, uma vez que, segundo o mesmo Correio da Manhã de 19 de Agosto de 2012, numa crónica de João Querido Manha refere que “ O árbitro Christian Fisher diz que lhe foi diagnosticado um traumatismo craniano a seguir ao jogo particular que Fortuna Dusseldorf e Benfica disputaram no dia 11 de Agosto. No relatório, ao qual o CM teve acesso, o juiz alemão não utiliza a palavra ‘agressão’ em nenhum momento, mas diz ter levado um empurrão que o fez cair”.

Por outro lado, parece claro nas imagens que o Sr. Fisher foi agressivo para com o Máxi, merecendo, no mínimo, uma repreensão formal após processo disciplinar. Ademais, os Dirigentes do Benfica, num gesto de invulgar nobreza, assumiram as consequências da interrupção da partida por iniciativa, alegadamente irregular, do mesmo árbitro.

Com que moralidade se pede a punição de Luisão? Como é que o articulista do CM diz saber que Luisão vai ser castigado? Quem escrutina o funcionamento dos órgãos da FPF? Quanto a mim, o departamento jurídico do Benfica deveria exigir esclarecimentos ao Chefe de Redação do CM, ao respetivo articulista e à FPF. Temos que lhes cair em cima sempre que a razão nos assista, caso contrário…

Tudo isto depois de mais um erro grosseiro, desta vez da equipa de Artur Soares Dias, nos ter custado os primeiros dois pontos, que proporcionariam à nossa equipa o primeiro lugar destacado e a força anímica subjacente?

A procissão ainda não saiu da igreja e já estraleja no ar, abundante foguetório!

Chamo a isto, "o futebol da piolheira".

AB