Desporto

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Vai Estudar Relvas!


                                               Os factos:

Esta expressão, exibida no decurso da Volta à França em bicicleta por um espetador, caiu no “goto” dos portugueses, por traduzir uma das raras situações de inversão da relação entre Governante e Governado.  De facto, o ato subjacente, retirou ao governante em causa a legitimidade moral para a função, proporcionando ao Povo a oportunidade de exibir a sua “autoridade”, restituindo-lhe alguma dignidade, ainda que efémera.

Porém, esta é uma excelente oportunidade para refletir mais profundamente, sobre o “estado” da Democracia que vivemos e que, até agora, não vi em parte nenhuma, neste país de "iluminados".
O facto relevante é o de um político atualmente governante ter obtido o grau de licenciado, aparentemente, graças ao relacionamento de exceção que detinha com um estabelecimento de ensino superior privado, proporcionado pela relevância da sua atividade e traduzido na sobrevalorização das competências da sua experiência de vida, por parte desse mesmo estabelecimento.
Processo de Bolonha:
As alterações introduzidas pelo Processo de Bolonha no modelo do ensino superior têm gerado enorme controvérsia, sobretudo entre os “instalados”; académicos e profissionais no ativo, devido à alegada injustiça que, alegam,  introduziu, no acesso às profissões. Percebendo o impacto que tal produzirá no ensino superior - redução de ativos docentes - e nas profissões - aumento da concorrência -, trataram de se proteger através das respetivas corporações - universidades e ordens - “ inventando”, quer os “mestrados integrados” quer modelos abusivos de acesso às respetivas profissões, subvertendo o alcance desta reforma.
O ensino superior público e algum privado, são financiados maioritariamente pelo erário público, ou seja, pelos contribuintes; importa pois que seja eficaz e que abranja o maior número de cidadãos possível. A sobreformação é um desperdício e uma injustiça social. Adequá-la às necessidades efectivas do país e torná-la acessível é um imperativo cuja justificação ganha, atualmente, especial relevo, quer pela escassez de recursos quer pela necessidade de materialização de um dos principais desideratos do Regime. Também a Academia deve servir a Comunidade e não servir-se dela alongando, injustificadamente, a formação.  O livro “Matemática em Portugal”, da autoria de Jorge Buescu, patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, diagnostica um dos crónicos bloqueios da sociedade portuguesa:
“Os verdadeiros culpados são os catedráticos, o meio académico, as políticas de educação. Foi a sua secular tacanhez, boçalidade e obscurantismo que estiolou a Ciência e Matemática em Portugal. E não é preciso fazer arqueologia para saber do que se trata. Repetidamente (págs. 23, 68, 79, 90), o livro nota a semelhança entre os desastres antigos e os males que hoje se apontam ao ensino: "falta de exigência e de rigor, facilitismo,...cultura de mediocridade" (págs. 68 e 69).
Mas a questão não se reduz ao campo educativo, pois os tais lentes que sabotaram a ciência nacional estiveram ativos em todas as áreas. A monstruosa falsificação histórica que o livro denuncia não se limitou à Matemática, mas afeta todo o nosso imaginário coletivo. Podemos dizer que fomos todos enganados em alguns traços da interpretação oficial da nossa história.
As elites intelectuais dos séculos XIX e XX construíram uma magna narrativa civilizacional para explicar não apenas para a miséria educativa, mas todo o desenvolvimento nacional. Mas nesse relato os heróis estão trocados com os vilões, as forças progressivas com as retrógradas, as causas com consequências.”
A mudança de paradigma dos sistemas de ensino, sobretudo a nível superior, está já em curso, graças, sobretudo, às novas tecnologias, que proporcionarão a sua massificação, tornando-os acessíveis a estratos sociais e etários cada vez mais alargados, acabando, assim espero, por desmistificar os “sábios” de “pés de barro”, graças ao esperado amadurecimento dos regimes Democráticos.
Neste processo de mudança, será inevitável a vinculação dos programas de ensino às necessidades efetivas da comunidade numa interação indutora de progresso académico e económico, com os consequentes ganhos de competitividade global e de justiça social. E é assim que faz todo o sentido valorizar a experiência profissional relevante, a qual, complementada adequadamente, dará lugar ao grau académico justo.
Esta mudança, revolucionará a axiologia vigente, muitas vezes promotora da sobreformação com o propósito de dar resposta a uma quase doentia e geral necessidade de acesso à consideração social pela via do grau académico, consequência dos estigmas do passado e da dificuldade de assimilação da axiologia Democrática. Por outras palavras; os estigmatizados “trabalhadores” passarão a valorizar-se socialmente pelo reconhecimento das suas competências efectivas e pela abertura das vias de acesso ao ensino superior. Um passo decisivo na Democratização efetiva das sociedades humanas.
O mito do Ensino:
Se é verdade que a educação e a qualificação são necessárias ao desenvolvimento individual e colectivo, é indiscutível porém que, por si só, são insuficientes. As economias de todos os países socialistas implodiram, apesar do nível relativamente elevado de qualificação geral das respetivas populações. Isto quer dizer que a qualificação só é eficaz se os ambientes político, social e económico forem propícios à efetivação do seu contributo à sociedade. A qualificação é anulada pela burocracia, pela corrupção, pelo nepotismo, pela asfixia da livre iniciativa, pela destruição das legítimas aspirações de realização pessoal.
Mas…de que serve a qualificação quando se desempenham cargos relevantes que nada têm a ver com a mesma, servindo apenas  para “emprestar” alguma dignidade ao candidato ou titular do cargo e ao processo de nomeação efectiva ou implícita? E como se  conjuga esta “doença social” com o primado da educação e da qualificação permanentemente propagandeados? E que consequências tem nas respetivas sociedades a generalização deste processo? Obviamente, o retrocesso socioeconómico, por contrariar ou anular o efeito da educação e da qualificação.
Não há Democracia sem Democratas!
Mas neste caso, tal como no que envolveu o anterior Primeiro-Ministro, não se tratou de garantir a aquisição de novas competências, mas tão-somente o de aceder a um “estatuto profissional "mais condigno” com os respetivos cargos. Ou seja; dois reputados políticos dos maiores partidos fundadores da Democracia Portuguesa, têm dificuldade em assumir a sua efetiva condição académica ao exercer cargos que não exigem qualificação específica, mas apenas idoneidade social e política! E nem por um momento parecem ter-se preocupado com o tratamento de favor de que sairam beneficiados e inacessível à generalidade dos seus concidadãos! 
Eis-nos por fim chegados à questão primeira! A dignidade de cada cidadão passa pela possibilidade de acesso de cada um ao exercício de qualquer cargo político independentemente da sua qualificação académica. Entre os principais mentores da Democracia porém, há quem o considere inadequado e se disponha a "atropelar" o basilar princípio da igualdade.
Concluo com tristeza que, apesar da estrutura Democrática da III República constitucionalmente consagrada - discutível, embora -, grande parte dos seus mentores não são, efetivamente, Democratas! Apenas se servem da Democracia para a prossecução de desideratos pessoais e de grupo. E não são democratas porque, eles próprios, constituem o testemunho do défice crónico de cultura cívica entre os Portugueses, nomeadamente das elites de que fazem parte; políticas, económicas, académicas, judiciais e sociais.
E é pelos alicerces da cultura que a Democracia se pode erguer e sustentar, de nada servindo as leis constitucionais, por mais democrático que seja o seu articulado.
AB

domingo, 26 de agosto de 2012

Caganêra


Mário Bandeira é o “meu” livreiro; é um tipo castiço, com talento e história. “Semos sócios” ! Volta e meia, antes de levar o jornal, vamos lá para o canto do balcão onde ele verseja de improviso e eu “guitarro” a preceito, respeitando o tom do “artista”.
Naquele dia, o Mário estava numa espécie de “tertúlia científica” com alguns clientes.
– Se passar um cabo até à lua e ligar a luz, quanto tempo leva a chegar lá? Perguntava veemente o bom do Mário perante os silenciosos ouvintes! Logo que me avistou disse;
-Olha ali o Barreto deve saber! Sabe, com certeza! Ó Barreto, quanto tempo leva? Respondi:
- Ó Mário, depende do tipo do condutor, do seu comprimento, da sua secção, da potência da lâmpada e da temperatura média ambiente. Posso calcular um cabo elétrico para esse fim se me disser a potência da lâmpada e o tempo.
- Não, não, quanto tempo leva? Repetiu, continuando:
- São sete segundos e meio, que eu ouvi há dias num programa na TV!
-Ah! O que o Mário quer perguntar é; quanto tempo demoraria a ser vista na lua, a luz de uma lâmpada desde o momento em que é ligada na Terra! Repliquei, continuando:
Ora a distância da Terra à Lua é de, aproximadamente, 374000 Km e A velocidade da luz acho que é 3000000 Km/s, portanto demora aí…quase dois segundos, não é assim Maria? (é assim que trato a minha sueca, ex-professora de física, química e matemática).
-É mais ou menos isso, acho eu! Respondeu. (a distância exata entre a Terra e a Lua é de 384400 Km).
Estávamos nisto, quando se fez notar um “jovem” baixote na casa dos sessenta, cabelo rapado, magro, desempenado, com quem ganhei imediata empatia por se apresentar de camisola amarela, ostentando com discreto orgulho o emblema do Glorioso, dizendo:
- Uma vez, estavam três gajos, um deles Alentejano, a conversar, diz assim um:
-É pá o Capel é um ganda jogador! Sacana tem uma corrida que parece um foguete! Respondeu outro:
- Não chega aos calcanhares do Nolito; esse sim, tem uma velocidade que nunca vi, parece um avião! Diz então o Alentejano, subitamente inspirado:
- É pá; agora fora de brincadeiras; qual será a coisa mais rápida do mundo? Após um breve silêncio respondeu o primeiro:
-Cá p’ra mim é a luz elétrica. A minha fábrica tem 100 metros, liga-se a luz numa ponta e no mesmo instante, acende-se a luz lá no outro lado! Porra! Isto é que é velocidade! Diz o segundo:
-É pá eu acho que é o telefone. Já viram? Ainda há dias falai com o meu irmão que está na América, nem sei quantos quilómetros são, vocês já viram bem? Falamos daqui e no mesmo instante, estão a ouvir o que dizemos no outro lado! Já viram, uma distância daquelas? Eu acho que o telefone é muito mais rápido! Diz então o Alentejano muito depressa:
- É a caganêra!
-A caganeira? Responderam os outros em uníssono, meio ofendidos:
-Pois, a caganêra! Respondeu convicto o Alentejano.
-Pronto, lá tás tu com as tuas merdas! Nu vês que estamos numa conversa a sério? Ripostaram os colegas.
- É pá, vocês nem me deixam falar, dass! Volto a dizer; é a caganêra! Repetiu com ênfase o Alentejano.
- Pronto, atão diz lá porquê! Tinhas que estragar tudo, pá! Chiça! Nu se pode ter uma conversa séria contigo! Gaita! Disse um dos outros.
- É que, quando ela vem, não dá tempo nem de acender a luz nem de ligar o telefone!
Olharam-se os três e após um breve silêncio, desataram às gargalhadas acompanhadas com mútuas pancadas nos costados, retomando a conversa inicial;
- Atão que vai ganhar o campeonato? Tenho cá uma fézada…

E lá fui, sorridente, ao cafézinho matinal, com o jornal debaixo do braço.
AB

 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Refrigeração por absorção; breve descrição.


                                           As características particulares de algumas soluções binárias como por exemplo, água - H2O - e amoníaco - NH3 -, ou água e brometo de lítio - BrLi -, permitem construir bombas de calor accionadas por fonte térmica, usadas quer em refrigeração, quer em ar condicionado. 

Estas unidades são constituídas por um circuito de água quente e um circuito de água refrigerada. No primeiro, a água recebe o calor no permutador da fonte motriz e entrega-o ao gerador da unidade refrigeradora, no segundo, a água arrefecida no evaporador da unidade absorve o calor do espaço refrigerado através de uma bateria de arrefecimento.  

Esta unidade refrigeradora necessita de um condensador - multitubular arrefecido a água, no caso das embarcações - e pode utilizar qualquer fonte de calor nomeadamente renovável - solar, biomassa - ou rejeitado - gases de exaustão dos motores diesel, caldeiras ou ar/água de arrefecimento de ar comprimido. 

A solução mais usada nestes equipamentos de refrigeração é a de água-amoníaco e a configuração indicada acima permite instalá-lo num espaço confinado e ventilado, obviando as consequências nefastas do amoníaco no caso de eventual rotura. 

A sua utilização é especialmente indicada em regiões onde não haja energia elétrica disponível ou em unidades industriais com efluentes térmicos significativos aumentando significativamente os ganhos energéticos globais, com redução equivalente da fatura respetiva, num processo designado por co-geração. 

Tendo em conta que o amoníaco é um refrigerante natural que não tem qualquer impacto no efeito de estufa não afeta a camada de ozono e permite a recuperação de energia habitualmente rejeitada, o processo de arrefecimento por absorção é ecológico e a sua utilização ganha maior relevância na actualidade dada a importância cada vez maior do aumento da eficiência energética dos sistemas. 

Utiliza-se mais correntemente em caravanas, barcos de recreio, ar condicionado industrial e doméstico e arrefecimento industrial de água, prevendo-se a expansão do seu uso, nomeadamente a viaturas de transporte e a navios, permitindo  utilizar cerca de 80 % da energia química do respectivo combustível, em vez dos habituais 40 %. 
 
 
AB

domingo, 19 de agosto de 2012

"Pastéis...de nata"




Gosto do Ministro Álvaro Pereira; tem uma formação sólida em economia, conhece muito bem a economia portuguesa - frequentava o seu excelente blogue antes de ser ministro -, teve sucesso num país estrangeiro onde a meritocracia reina, fala pouco, trabalha muito, não tem “peneiras” e sintetiza o Português comum; honrado e trabalhador, sem vínculo às estruturas partidárias que quase destruíram o País em 38 anos de oligarquia a que pomposamente dão o nome de democracia representativa.
Rotinado nos hábitos culturais do seu País de acolhimento - Canadá - foi alvo de chacota geral quando pediu que o tratassem, simplesmente, por Álvaro! Até o ilustre professor Marcelo se pronunciou no seu programa semanal, considerando  desadequada tão inusitada sugestão!
Ora este singelo ato representa, nada mais, nada menos, a maior revolução mental de que a sociedade Portuguesa necessita. Estigmatizada e bloqueada pelas “trincheiras” e “torres de marfim” cavadas e erguidas pelos grupos que se julgam “donos de Portugal” e que teimam em vedar a ascensão profissional e social aos outros, a sociedade portuguesa continua fiel às tradicionais amarras da subserviência e do amiguismo.
Reproduzo um extrato de uma excelente crónica de João César das Neves, acerca do livro “Matemática em Portugal” da autoria de Jorge Buescu patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que sintetiza muitíssimo bem esta realidade:
“Os verdadeiros culpados são os catedráticos, o meio académico, as políticas de educação. Foi a sua secular tacanhez, boçalidade e obscurantismo que estiolou a Ciência e Matemática em Portugal. E não é preciso fazer arqueologia para saber do que se trata. Repetidamente (págs. 23, 68, 79, 90), o livro nota a semelhança entre os desastres antigos e os males que hoje se apontam ao ensino: "falta de exigência e de rigor, ... facilitismo,...cultura de mediocridade" (págs. 68 e 69).
Mas a questão não se reduz ao campo educativo, pois os tais lentes que sabotaram a ciência nacional estiveram ativos em todas as áreas. A monstruosa falsificação histórica que o livro denuncia não se limitou à Matemática, mas afeta todo o nosso imaginário coletivo. Podemos dizer que fomos todos enganados em alguns traços da interpretação oficial da nossa história.
As elites intelectuais dos séculos XIX e XX construíram uma magna narrativa civilizacional para explicar não apenas para a miséria educativa, mas todo o desenvolvimento nacional. Mas nesse relato os heróis estão trocados com os vilões, as forças progressivas com as retrógradas, as causas com consequências.”
Aqui chegados, vejamos agora o caso dos famigerados pastéis de nata. Sugeriu o honrado Álvaro a internacionalização do fabrico dos famosos pasteis através de franchising, para a promoção do crescimento económico através das exportações, método que poderia alargar-se a outros produtos de fabrico tradicional.
Caiu o carmo e a trindade! Choveram anedotas de todos os setores quer políticos quer  populares; exatamente os mesmos que exigem governantes com toque de midas! Afinal, Álvaro, sugeriu “apenas” o que Michel Porter recomendou há cerca de vinte anos,na sequência do estudo que fez sobre a economia portuguesa encomendado pelo governo de Cavaco Silva, a que ninguém ligou qualquer importância! Recomendou o cotado economista, que Portugal deveria concentrar-se em desenvolver o que sabia fazer bem, ou seja, a sua economia tradicional! Ora é precisamente o caso dos pastéis de nata!
Então vamos a números. A famosa Fábrica dos Pasteis de Belém emprega 150 pessoas, fabrica 20 mil pasteis por dia e fatura, diariamente só neste produto, 21 mil euros! Para termos uma ideia da magnitude do negócio, imaginemos um objetivo de 1000 estabelecimentos com semelhante produção em valor - cerca de 37 lojas por país membro da EU. Teríamos então uma receita diária de 20 milhões de euros! 7300 milhões de euros ano! Quase tanto como a receita turística total anual do país! Agora imaginemos que era possível replicar este caso em mais 10 produtos…pois é…73000 milhões de euros! Quase metade do PIB - cerca de 160000 milhões de euros! Paremos por aqui.
Afinal, quem é o pastel nesta história? Bebam uma coca-cola a acompanhar um hambúrguer e respondam vós próprios.
Por mim retiro a lição de que, nem sempre é boa ideia rirmos das ideias dos outros, porque pode dar-se o caso de, afinal, nos estarmos a rir de nós próprios.
Força Álvaro, tens aqui um fã.
AB

sábado, 18 de agosto de 2012

O trio Maravilha



                                           A privatização de um canal da RTP está já a provocar movimentações nos bastidores. O CM de 10 de Agosto noticia um almoço na praia do Ansião na Quinta do Lago no Algarve entre o Presidente da PT (Zeinal Bava), o Presidente da Controlinveste (Joaquim Oliveira) e…o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares (Miguel Relvas). Provavelmente discutiram estratégias de aliança para candidatura conjunta à privatização do canal público, o que me deixa bastante preocupado por ver confirmar-se a suspeita de que esse canal já tem o destino traçado, como o deixa adivinhar a nomeação de Carlos Magno para a ERC, quanto a mim, com o objetivo de remover eventuais obstáculos legais.

No dia seguinte, o mesmo CM, na página 36, refere; “dona do MEO quer entrar no canal de desporto”. No articulado informa que está a ser negociado o regresso da PT  à Sport TV, mediante a cedência dos 50% da sua participação na Sportinveste e a aquisição de parte das ações de Joaquim Oliveira, havendo como contrapartida, a entrada da Sportinvest na Sport TV, visto que detém os direitos “new média” dos principais clubes, atuando no mercado nacional e internacional.
Refere ainda o mesmo artigo que, a concretizar-se esta ação, poderá servir para melhorar a relação entre a Sport TV e o Benfica, devido à forte parceria entre este e a PT, que patrocina as camisolas e o Estádio da Luz .
Conclui, referindo que o Benfica pretende manter a decisão de não vender os direitos desportivos a Joaquim Oliveira.
Os campeonatos passam por aqui! Joaquim Oliveira é o braço do outro clube para a comunicação social e para o domínio financeiro da FPF, da LPFP e de grande parte dos clubes adversários. Confrontado com a redução de receita, seja de publicidade seja de subscrição do canal, JO, socorre-se do velho aliado, para obter o capital que a banca nega à Sport TV e, eventualmente, pressionar o Benfica a vender-lhe os direitos desportivos.  Considero por isso urgente que a Direção do Benfica contacte os dirigentes da PT para saber as linhas com que se cose e, se for caso disso, procurar já outro patrocinador para as camisolas e o estádio. Vender os direitos ao outro clube, não, nunca, jamais!
Quanto à presença do ministro Relvas no tal almoço, consubstancia a suspeita de que, este governo tudo fará para entregar o canal público ao lóbi azul, visto que, quanto a mim, está fortemente comprometido com os seus caciques patente na nomeação de Carlos Magno para a ERC, como já referi. Para este - e outros - temas, o Benfica precisa de aliados capazes de fazer frente a esta gente que vai expandindo e consolidando o poder azul na administração pública, na comunicação social e nos grupos económicos de referência.  
De momento, poderemos apenas contar com os numerosos adeptos Benfiquistas, cuja união ao serviço do clube é a única via para acabar com a corrupção.
É este o nosso desafio atual.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Fraude Histórica

por JOÃO CÉSAR DAS NEVES
2012.08.13
Os Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos marcaram já uma posição de intervenção lúcida na sociedade portuguesa. Poucos títulos, porém, atingem o impacto do mais recente Matemática em Portugal. Uma Questão de Educação, do professor Jorge Buescu.
O livro formula uma questão simples: "Portugal não teve, ao longo da sua história quase milenar, nenhum cientista de topo mundial" (pág. 11). Para entender o facto existe uma "narrativa convencional". Esta versão canónica da evolução científica nacional explica o fiasco através de "elementos autoritários, externos ao ensino e prática das ciências" (pág. 14), que minaram os esforços das nossas mentes iluminadas: "... da expulsão dos judeus à Inquisição (pelo menos em dois momentos), do ensino jesuíta (pelo menos em dois momentos) à decadência naval, do regime filipino à ditadura salazarista ou a perseguições políticas" (pág. 14).
O autor, baseado na investigação historiográfica mais recente, procede então ao desmantelamento total dessas certezas, mostrando à evidência que não passam de mitos, distorções, falsidades. A conclusão fica inescapável: a causa da nossa vacuidade científica deve-se "à permanente mediocridade histórica do ensino das ciências em Portugal em comparação com os países europeus desenvolvidos" (pág. 20). Ou seja, a culpa da secular fragilidade científica não está na tacanhez cultural, boçalidade do povo, obscurantismo religioso, perversidade de ditadores. Todas essas coisas, por influentes que sejam, mostram-se irrelevantes na questão.

Os verdadeiros culpados são os catedráticos, o meio académico, as políticas de educação. Foi a sua secular tacanhez, boçalidade e obscurantismo que estiolou a Ciência e Matemática em Portugal. E não é preciso fazer arqueologia para saber do que se trata. Repetidamente (págs. 23, 68, 79, 90), o livro nota a semelhança entre os desastres antigos e os males que hoje se apontam ao ensino: "falta de exigência e de rigor, ... facilitismo,...cultura de mediocridade" (págs. 68 e 69).
Mas a questão não se reduz ao campo educativo, pois os tais lentes que sabotaram a ciência nacional estiveram activos em todas as áreas. A monstruosa falsificação histórica que o livro denuncia não se limitou à Matemática, mas afecta todo o nosso imaginário colectivo. Podemos dizer que fomos todos enganados em alguns traços da interpretação oficial da nossa história.
As elites intelectuais dos séculos XIX e XX construíram uma magna narrativa civilizacional para explicar não apenas para a miséria educativa, mas todo o desenvolvimento nacional. Mas nesse relato os heróis estão trocados com os vilões, as forças progressivas com as retrógradas, as causas com consequências.
A Inquisição, repetidamente acusada de todos os males nacionais, "teve um efeito objectivo nulo sobre o desenvolvimento da Matemática em Portugal" (pág. 53) e um impacto civilizacional muito inferior ao que os seus inimigos oitocentistas lhe quiseram assacar. Quanto aos jesuítas, malditos entre os malditos, "ao longo de todo o século XVII foram eles os únicos a ensinar Matemática e ciências em Portugal" (pág. 54). Pelo contrário, o Marquês de Pombal, supremo herói maçónico, repetidamente celebrado como reformador genial, criou "medida política isolada mais catastrófica alguma vez tomada em Portugal" (pág. 60), precisamente ao expulsar a Companhia de Jesus: "De um dia para o outro Portugal acordou sem escolas, sem professores, sem estabelecimentos de ensino e com 20 000 ex-alunos na rua" (pág. 61).
Portugal é um país espantoso, com um povo capaz de feitos únicos e maravilhosos. Em compensação, o País está há séculos dotado de uma elite pedante, mesquinha e medíocre. Esse grupinho de iluminados tem sempre no bolso a salvação nacional e, atingindo o poder, tudo faz para arruinar o País. Os desastres de 1834, 1890, 1910, 1916, 1926, 1961, 1978, 1983 e 2011 não são azares externos, mas efeito directo das soluções milagrosas da elite, que depois compõe uma magna falsificação histórica para se desculpar e acusar os adversários. Vemos isso hoje, com a crise.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


Benfiquistas de salto alto e outras curiosidades.


Quando vi o árbitro cair de “malhão morto” estatelando-se no relvado com os braços em cruz e a cabeça descaída para o lado, disse: "- O Luisão deu uma cabeçada ao árbitro! Ora, é isto mesmo que é preciso fazer aos proenças, olegários e outros “artistas” que todos os anos roubam títulos ao Benfica! Ninguém mais se atreveria a fazê-lo! Então o bacano, deixou os alemães distribuírem paulada à vontade em todas as zonas do campo sempre que os atletas do Benfica recuperavam a posse de bola e agora em duas entradas viris, em que o Javi interceta, de facto, a bola, dá-lhe dois amarelos?"

Apesar de, as imagens, não terem ainda revelado exatamente o que aconteceu, pareceu-me que tinha havido um contacto acidental entre o Luisão e o árbitro, incapaz porém, de suscitar resultado tão tragicómico! Deduzi que o árbitro deverá ser portador de doença do foro cardíaco, depois de me ter ocorrido que se trataria de uma armadilha engendrada pelos agentes de que o outro clube, dispõe na rua e nas múltiplas comissões da UEFA.

Á noite, na Benfica TV, ouvi um adepto Benfiquista, via telefone, com ar seríssimo, censurar o jogo viril do Javi, após enaltecer o seu Benfiquismo!...Que se deveria falar com ele…pedindo-lhe para jogar de outra forma…que assim prejudicava o clube…etc.! Sugiro à Direção desportiva que obrigue o Javi e restantes atletas a jogar com botas de salto alto, florzinha no cabelo, laçarote ao pescoço e saiinha plissada até meio da perna!

De seguida, os comentadores da TVI24 e da SIC notícias, respetivamente, Fernando Correia e David Borges centravam a atenção no suposto gesto irrefletido de Luisão e nas “catastróficas” consequências para o clube, apesar de não perceberem o que, efetivamente, se tinha passado, revelando a habitual e repugnante reserva mental relativamente ao Benfica. De facto, salvo o infeliz desfecho, tratou-se de uma cena que ocorre em quase todos os jogos em toda a parte do mundo! Nem uma só palavrinha em defesa de Luisão apesar de, em cerca de dez anos que já leva da Portugal, não se lhe  conhecer conduta desportiva violenta!

A “A Bola" de hoje, exibe na 1ª página: “Árbitro preparava-se para expulsar Javi Garcia, quando foi atingido por Luisão. Caiu desamparado e não recomeçou o encontro.”  Por momentos esqueci o que tinha visto e fiquei a saber, que Luisão tinha agredido o árbitro com tal violência que este se tinha estatelado no relvado e estava ferido, a ponto de não ter condições para continuar o jogo!  Recuperei a memória e pensei no que teria acontecido se Luisão tivesse atirado a bota à cabeça do proença quando este ofereceu mais um campeonato ao outro clube.

No CM, Moita Flores (MF) atribuiu a responsabilidade do incidente ao árbitro o qual, segundo ele, revelara superar em manha o nosso Atleta! Não percebo como é que alguém idóneo, como é MF, considera Luisão manhoso! Só pode ser a fatal dor de cotovelo!

Durante o gostoso cafézinho do almoço, disse-me o meu amigo João dos Remédios, que um tal gerente de caixa, à porta de um conhecido supermercado, manifestara o seu comovido pesar  pela má imagem que tão desastrado ato provocara ao futebol Português, que assim ficara manchado para todo o sempre, deixando subentendido que o negócio da fruta é muito mais prestigiante.

Os Dirigentes do Benfica, devem averiguar quem é o árbitro, de onde veio, o que faz, o seu historial, quem o recrutou e porquê. Não me espantaria se tivesse ingerido fruta de dormir na noite anterior! Afinal, supermercados há muitos e não só em Portugal ou na uefa!
AB

sábado, 11 de agosto de 2012

São Jorge da Mina



Fortaleza de S. Jorge da Mina da cidade de Elmina no Ghana

Foram os Portugueses que, em 1482, construíram o Forte de S. Jorge da Mina, na sua Feitoria da Mina, situada na cidade de Elmina, tomada pelos Holandeses no século XVII - 1637, época em que Portugal estava sob domínio Espanhol, por sua vez em guerra com os Neerlandeses, os quais atacaram as desprotegidas possessões Portuguesas por toda a parte, tendo conquistado algumas delas. S. Jorge da Mina foi tomada pelos Ingleses em 1874 que constituiram a Costa do Ouro, a qual  se tornou finalmente independente em 1957.

Não pude evitar um breve arrepio quando entrei no Forte de S. Jorge da Mina, perguntando-me que povo seria aquele, que, há 570 anos, chegara àquele local e nele instalara a primeira Feitoria Europeia em África a partir da qual desenvolveu intensa e proveitosa atividade comercial, chegando mesmo a impor, durante quase 200 anos, a sua soberania na região.

O orgulho, porém, rapidamente deu lugar à deceção ao constatar que uma das mercadorias mais valiosas que ali se transacionara era…humana! Amontoada e agrilhoada nas exíguas, escuras e asfixiantes celas que se veem nas fotos, através das quais “circulavam”, por métodos desumanos, até sucumbirem, acabando enterrados na praça interior do próprio forte, ou serem “despejados” nos navios que os aguardavam, fundeados no exterior, paredes meias.

Bem no centro de todo este horror uma capela portuguesa! Uma capela onde a guarnição do Forte celebraria as homilias Católicas! Os valores de Jesus Cristo! Afinal, para que serviria a capela? Perguntei-me perplexo, ensaiando uma explicação plausível; a Igreja Católica não considerava os negros como seres humanos dignos de Cristo! Mas como? Se a principal revolução por ele  introduzida consistiu, precisamente, em pôr fim a qualquer tipo de discriminação humana! Recordei  como derrubou decidido, os dogmas da época, recusando-se a excluir os designados ímpios e  blasfemos! Recordei Maria Madalena! Não; aquela não foia Igreja de Jesus Cristo!

Mas então, uma das missões atribuídas pelo Vaticano aos Portugueses não consistia, precisamente, na difusão da Fé Cristã pelos indígenas dos “novos” territórios, razão da inscrição da bonita Cruz de Cristo que a nossa Sagres, ainda hoje, orgulhosamente, ostenta? Então porque se condenavam à escravidão os destinatários da evangelização Católica? Que entendimento tinha a hierarquia Católica da Doutrina de Cristo? Consider-se-ia com poder para decidir quem era ou não, merecedor da Cristianização? Que terá feito perante o escravo evangelizado? É este um dos paradoxos da História que gostaria de compreender! E que a Igreja Católica tem obrigação de dar!

Compulsivamente, emergiu-me a convicção de que os europeus e os americanos têm uma dívida profunda para com os povos africanos colonizados, pelo sofrimento que lhes causaram ao escravizá-los, em nome do almejado progresso económico, que acabariam por alcançar e lhes garantiu a supremacia global sobre os restantes povos.

Após entrarmos na primeira cela, ouvimos a porta de ferro bater com estrondo! O Guia tinha-a fechado para dar mais realismo ao horror que pressentíamos! Por momentos, enquanto procurava inexistentes entradas de ar exterior, pensei no que faria se lá permanecêssemos fechados. Foi com alívio que vimos a porta a abrir-se, tendo prosseguido a visita, calcorreando todos os compartimentos do forte, os quais se apresentavam em bom estado de conservação, incluindo os cadafalsos, testemunhos de uma das maiores vergonhas da Humanidade e do Ocidente!

 
No exterior, mesmo junto à muralha, um exuberante relógio de sol, presumo que, com a idade do Forte. Na praia construía-se uma “bateira” tradicional, cujo o casco era um tronco de árvore escavado, sobreelevado lateralmente com recurso a longas tábuas. De propulsão mista; a remos e com motor fora de borda, cada embarcação poderia levar entre 10 a 30 tripulantes. A pesca era exercida tanto junto à praia - a que assistimos - como a muito longa distância - geralmente na costa do Togo - a vários dias de viagem. Uns metros além, o porto de pesca, onde as “bateiras” se aglomeravam, indiciando ser esta a principal atividade económica apesar de pouco rentável, como se percebia pela visível pobreza geral da população.

No piso reservado ao Governador da Feitoria, sua família e guarnição, uma exposição de pintura, artesanato e literatura condizente, mais dirigida à captação de recursos do que à divulgação cultural.

Um pequeno bando de jovens no exterior, assedia com persistência incomodativa os visitantes, tentando obter alguns cedi a troco de pequenas bugigangas.

Regressámos a Tema, almoçando  no terraço de um ótimo hotel próximo, junto à praia, algo que tive dificuldade em tragar e de onde se avistava o Forte…e…as “sereias” que se recreavam na piscina, as quais responderam com aparente entusiasmo aos nossos patéticos acenos.

AB

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


Esperteza saloia!

Só a eminência da bancarrota levou o Estado, através do Governo, fazer o escrutínio das Fundações, entre as quais a célebre Fundação Porto-Gaia! Segundo noticiou a imprensa, Vítor Gaspar terá ficado surpreendido com os montantes envolvidos - 1500 ME de 2008 a 2010! Com cerca de 15000 entidades na esfera do Estado, obviamente que nenhum Governo tem a menor ideia de como se gasta grande parte do dinheiro dos contribuintes! Portanto, não foi o critério de promoção da justiça social, nem o de poupar os contribuintes, que conduziu a esta ação, apesar de se saber que, em muitos casos, se trata de um estratagema para reduzir a carga fiscal dos seus promotores, noutros para desorçamentar despesas quer por parte de algumas autarquias quer por parte de alguns organismos estatais.

O caso Porto-Gaia, é do conhecimento público há muitos anos! Eu mesmo publiquei aqui uma crónica a esse respeito, onde “exigia” uma atitude enérgica por parte dos dirigentes do Benfica, junto de quem de direito. Outros colegas, em vários locais, o fizeram. Tal não foi suficiente para suscitar qualquer diligência das entidades que têm obrigação de fiscalizar e pôr cobro a estes abusos, preferindo “castigar” o silencioso contribuinte!

Ocorre-me de imediato a justificação de Laurentino Dias para a perseguição - em minha opinião - que moveu ao Nuno Assis e que culminou com a suspensão desportiva deste por um ano, motivo suficiente para o Benfica perder esse campeonato. Justiça desportiva! Disse ele! Justiça desportiva, uma ova; digo eu! Porque não viu a injustiça desportiva que constitui o facto de o crónico campeão nacional beneficiar de um centro de treino sem ter despendido um cêntimo na sua construção nem nos custos de manutenção, limitando-se a pagar uns míseros 500 euros mensais de renda? Tal omissão constituiu um insulto a todos os Portugueses, em especial, aos adeptos dos clubes rivais do campeão do regime.

Bem sabemos que este é apenas um dos muitos e avultados apoios de que esse clube beneficiou e que hoje, são decisivos na diferenciação da gestão financeira e desportiva face aos clubes rivais. À semelhança do que foi recentemente efetuado na Câmara de Lisboa relativamente aos apoios concedidos por esta ao Benfica, gostaria que se fizesse investigação semelhante relativamente à Câmara do Porto, à empresa Metro do Porto e à Estradas de Portugal!

Disse Filipe Menezes (FM) no CM de hoje, que a dita fundação não recebeu nem se antevê que venha a receber qualquer apoio público em 2012, sendo a totalidade das despesas suportadas por receitas próprias! Terá dito ainda o inenarrável FM que, “se calhar vamos extinguir as duas fundações” e que tal, “não é da competência do Governo”. Eu acho que, tais fundações, serão extintas logo que descubram outra forma de compensar o clube do regime.

Filipe Meneses é um regionalista radical e alimenta desde há muito a esperança de ascender à Câmara do Porto. É para mim óbvio que pretende constituir um tandem com o clube do regime desencadeando “a luta” pela constituição da, por alguns, tão ansiada região Norte. O “fechar de olhos” dos sucessivos Governos, quanto a mim, indicia uma anuência tácita, num encorajamento implícito à criação de situações de regionalização parcial de facto.

Eis-nos, por fim, chegados à questão primordial! A natureza política do outro clube! Repeti-lo-ei bem alto, hoje, como ontem e amanhã; o Porto, hoje, não é um clube de futebol; é a ponta da lança de uma organização político-económica regional que tem beneficiado de apoios cúmplices vários a nível nacional. Estou frontalmente contra; à política o que é da política e ao futebol o que é do futebol. Caso contrário, também os sócios e adeptos do Benfica terão de o fazer, sob pena de terem de assistir ao definhamento do clube, engalfinhando-se em mútuas acusações.

Viva o Benfica!

domingo, 5 de agosto de 2012


Amarga descoberta
2012.08.04
Toninho da viola, esparramado no velho cadeirão, emergiu lentamente do suave torpor da tarde. Pachorrento, levantou-se, bocejou e espreguiçou-se com prazer. Estava, finalmente, operacional! Reparou nos malotes, malas e sacos em volta, anunciando o breve regresso. Estoico, encheu o peito, pegando num saco em cada mão e desceu à rua onde estacionara o VW mesmo frente à porta. - Olhe que isso é muito pesado! Disse-lhe a norinha, preocupada, face ao volume dos malotes. - É agora pesado! Sabes lá! Tá aqui um peso! Respondeu brioso! Uma e outra vez subiu a escada; a coisa corria bem. -Faltam as violas! Mas quem me mandou trazê-las? Estava doido! Pensou contrariado! Finalmente estava pronto! Pronto não! No primeiro degrau da escada jazia o humilde e solitário, o saco preto do lixo da cozinha! - Á ladrão estás aí e não dizias nada? Pensou enquanto se dirigia ao contentor do lixo, mesmo em frente da oficina dos pneus. Aproveitou o levantamento da tampa pela vizinha e, com uma corridita, arremessou o saco bem para o fundo do contentor. - Já está! Pensou, esfregando as mãos satisfeito com a façanha que acabara de realizar, assobiando um velho fadinho.
Já de regresso; - …A Rosalina, trailarai, larai, lai, lai…grande fado pá! Uma voz…fabulosa! Esta malta de agora nem sabe o que é o fado a sério! O que cantam não é fado…é outra coisa qualquer…parece que têm vergonha! Foi o que deu o 25 de abril! Filosofava Toninho, satisfeito com o stock de CDs de que dispunha para a viagem, confirmando a anuência da “sueca”, já preocupada com o almoço. Ninharias, pensou. Fadinho após fadinho, CD após CD, lá chegaram a Peniche, remoendo ambos, a “ladroagem” do aumento da portagem mas ainda a tempo de dar uma saltada ao escritório.
Declarando-se dispensado da descarga, dado o esforço despendido na condução, Toninho mudou de roupa e foi à procura dos sapatos. - Sueca! Onde estão os sapatos? Perguntou a plenos pulmões. – Estão no saco preto com as minhas sapatilhas, respondeu, ao longe, a sueca! - O saco preto? Qual saco preto? Não vejo aqui nenhum saco preto! Onde é que está o raio do saco preto? - Há-de estar aí junto dos outros! Subitamente, lembrou-se que se cruzara com o seu filho João, quando se dirigia ao contentor do lixo! - Ai! Querem lá ver? O João vinha dos lados do contentor! Sentiu um vazio no estômago, perguntando já desanimado: - O saco era preto? - Era! Disse a sueca. Toninho deixou-se cair pesadamente na cadeira levando a mão à cabeça. - Olha lá, quanto custaram as sapatilhas? – Sei lá! Aí uns 30 euros. - E os sapatos? - Não me lembro; se calhar aí outros 30! - Ora 30 mais 30 são 60, mais gasolina, mais portagens, sim senhor! Pensou perguntando indignado: - Quem te mandou pôr os sapatos no saco preto? - Eu disse-te! Respondeu a sueca. - O saco preto é sempre para o lixo, não sabes disso? Mudas-te a rotina e deu asneira! Nunca mais aprendes pá! Desalentado: - Olha lá, o Benfica joga hoje?