Desporto

domingo, 28 de outubro de 2012

Alberto Buela



(Extrato da entrevista de Duarte Branquinho em “O Diabo” de 16.10.2012) 

Alberto Buela, filósofo Argentino e professor catedrático, em Lisboa no dia 6 de Outubro a convite Conselheiro Científico da revista “Finis Mundi” , Flávio Gonçalves, deu uma interessante conferência sobre a Teoria da Dissidência, da qual passo a transcrever as  as mais interessantes. 
OD: O que o trouxe aqui?
“…vim pelo vinho verde, que é melhor que champanhe!...Também já provei bacalhau, que é um peixe de ricos. Os portugueses são ricos, agora se tornaram pobres, mas que não perderam o bom gosto, o que é fundamental. …vim a Portugal…,porque sempre me interessou o mundo português, depois porque queria conhecer um filósofo português, porque a seguir à guerra eram todos marxistas….” 
OD: O tema era a Teoria da Dissidência. De que se trata?
Trata-se de utilizar a dissidência como um método para terminar com a Teoria do Consenso, com o pensamento único, com o politicamente correto. A primeira exigência é a preferência de si mesmo. Saber quem somos, dizer ao outro quem somos e esperar que nos diga quem é. É um sistema de valores, que são polares em termos filosóficos. Quer dizer, temos que preferir um ou outro, não podemos querer os dois. A seguir temos que fazer uma recuperação das tradições nacionais, reencontrar o nosso “genius loci”. A dissidência, mata o simulacro em que hoje vivemos. 
OD: Falou sobre a Universidade hoje e a ultraespecialização. É um grande problema?
Sim. As Universidades perderam o sentido, produziram investigadores da “imortalidade do caranguejo”, ou seja, grandes especialistas no mínimo. 

OD: Acha que chegará de novo um tempo para os grandes pensadores, para os verdadeiros filósofos?
Não sei o que se passará no futuro porque o vou de Minerva, que é o simbolo da filosofia, parte quando a realidade já se pôs, ao entardecer. Por isso,nós, os filósofos, cada vez que falamos do futuro enganamo-nos. Já sobre o passado somos os melhores…Mas este tema, o do filósofo como aquele que tem uma visão do todo, que tem um pensamento especulativo, pertence agora aos jornalistas.
OD: Como assim?
Os jornalistas são os novos filósofos. A Revolução Francesa matou os filósofos e substituíu-os por ideólogos. A sociedade de consumo matou os ideólogos e substituíu-os por jornalistas e artistas. É aquilo a que chamo a pátria locutora. Os jornalistas têm que falar ou ficam sem trabalho. Um jornalista é um mestre de generalidades. É como um antigo filósofo, sem sê-lo. As circunstâncias obrigam-no a ser assim. 
OD: Porquê?
Porque o que emana da Universidade é um pensamento conformado, metodologicamente trabalhado. Esse pensamento é estéril e às pessoas não interessa a esterilidade. O público, que é quem manda no jornalismo, quer razões gerais. Por isso, um jornalista é um grande ensaísta. As pessoas querem isso, querem soluções gerais, querem coerência. Ora na Universidade, hoje em dia, nada se produz.  

OD: Qual é o pior aspeto da crise que atravessamos?
É a representatividade política. Os partidos políticos de há 50 anos para cá, mais ou menos, tomaram o monopólio da representatividade política. Claro que, como em qualquer monopólio, não permitem a participação de outros. Com o passar dos anos, este monopólio acabou por nos conduzir à crise terminal que estamos a viver.
OD: Era melhor no Estado Novo?
Ninguém pode contestar que Salazar foi uma das principais referências do Estado do bem-estar. Antes de Oliveira Salazar, nada! Como Franco ou Peron, ele inventa o Estado de bem-estar, que consagra os direitos de segunda geração: o direito ao trabalho, à reforma, às férias, à escolaridade das crianças, à saúde.
OD: E a seguir?
Por exemplo, na época de Soares, havia um compromisso. Não podemos comparar a representatividade dessa altura com a de hoje. Então ainda havia algum compromisso com o socialismo ou outras ideologias. Agora, os políticos estão apenas comprometidos com eles próprios e com os seus interesses. Hoje vivemos uma oligarquia partidária.
OD: É essa a causa de tantos protestos?
Sim. Quando falha a representatividade política, estalam os protestos. Quando a representatividade é nula, acaba-se na rua. Mas chegamos a um protesto sem conteúdo.
OD: Que pensa dessa vontade do povo?
O povo transformou-se no “público consumidor”. Chegámos ao máximo da sociedade de consumo. Os políticos de agora, Hollande, Sarkozy, Zapatero, Berlusconi, representam oligarquias fechadas. Um corpo endógeno que se alimenta a si mesmo. Por um lado retiram ao povo a representação política, por outro lado, recebe da sociedade de consumo um ataque às suas próprias convicções.
OD: O povo está viciado no consumo?
Hegel diz que o consumo é infinito. Há sempre algo mais a consumir. Há sempre um modelo novo, um mais recente. Se eu corro atrás do consumo, acabo por me tornar parte do público consumidor. Heidegger afirma isto também. Mas nós não podemos, porque o consumo está constantemente a tentar-nos. Estas sociedades opulentas, de massas, retiraram o caráter político ao povo. É por isso que cada vez que há eleições, se agitam os fantasmas do dinheiro, do trabalho, da recessão.
OD: É um jogo dos governantes?
O filósofo italiano Massimo Cacciari disse que os governos vivem do conflito. Vivem da paz aparente. Os governos pós-modernos limitam-se a administrar os conflitos, não os solucionam. O conflito é parte da sua própria existência.
OD: A atual crise económica é boa para eles?
Exato. É como para nós nos países sul-americanos, o tema da insegurança. Em Lisboa não se compara a taxa de criminalidade com a das cidades  sul-americanas, onde se mata diariamente por nada. A insegurança é, lá, uma política de Estado. Aqui é a crise económica. A política de Estado é garantir que não desapareça a conflitualidade.
OD:  A representação do peronismo era uma solução?
Sim, falo da dupla representação, ou do duplo voto. Era uma representação comunitária. A questão é que era necessário retirar o monopólio aos partidos políticos e dar uma parte à comunidade. Havia uma representação política e uma representação laboral. Mas isto, hoje, nunca será concedido pelos que detêm o poder. O que não significa que deixemos de propô-lo.
OD: Que acha das manifestações de rua?
A manifestação maciça nas ruas não tem eco se não tiver uma instituição que a contenha. No peronismo, o povo solto não existe. Apenas o povo organizado, em instituições sociais, em sindicato.
OD: Hoje, na Argentina, os sindicatos mantêm essa representação popular?
Na Argentina, os sindicatos são a única força que se opõe ao Governo. Em termos de representação, digo que há 13 milhões de trabalhadores e oito milhões estão sindicalizados.
OD: Mas não são sindicatos marxistas, como tantos que há na europa…
Não. Há alguns socialistas e até uns trotskistas, mas são pequenos. Os maiores são todos peronistas.

OD: Parece que Perón conseguiu que quase todos os argentinos se considerassem peronistas até hoje…
Costumo dizer que a diferença entre Salazar, Franco, Stroessner e Perón, é que os três primeiros estiveram no poder cerca de 40 anos, enquanto Perón esteve apenas de. No entanto, não há hoje um partido salazarista em Portugal, um franquista em Espanha, ou um stroessnerista no Paraguai, enquanto na Argentina quase todos são peronistas.
OD: Qual é esse mistério Argentino?
Perón criou instituições sociais. Aliás, fê-las criar, não as criou ele; criou as condições para que estas pudessem surgir. Foi um regime verdadeiramente popular.
OD: Como é que esse regime é visto pela esquerda?
Sempre como “fascista”, claro, com o discurso do costume…Mas o que acontece é que a esquerda quando vai a votos obtém um por cento, enquanto os peronistas têm 70 por cento. Nas últimas eleições presidenciais, por exemplo, os três candidatos eram peronistas.
OD: Como vê o discurso político hoje?
É um discurso que se compromete sem comprometer ninguém. Em campanha ouvimos dizer de vários políticos que vão fazer isto e aquilo. Mas depois, quando não fazem, a culpa é dos outros, do partido, etc. nunca é deles. É um compromisso que não compromete. É o cúmulo do simulacro.
OD: Geopoliticamente, acha que a América Latina e os países ibéricos deviam cultivar um entendimento?
Sim, houve pensadores extraordinários nesse campo, como Oliveira Marques ou António Sardinha, com todas as limitações do seu tempo. Portugal e Espanha, que é o que me interessa, que me afeta existencialmente, equivocam-se no caminho. Ninguém pode negar que um português ou um espanhol seja europeu. Mas não são europeus à maneira centralizada francesa. São outro tipo de europeus. Pode-se ser um europeu diferente sem ter que copiar o modelo francês. Nas últimas décadas, Portugal e Espanha copiaram esse modelo; têm um banco na Alemanha e um parlamento em Bruxelas. Já não são donos do seu destino. Imagine-se o poder de uma moeda conjunta entre os países ibéricos, o Brasil e a Argentina, por exemplo. O Brasil percebeu isto e assume agora um papel central no mundo hispano-americano, porque vê que Espanha não faz nada e Portugal ainda menos.
OD: Voltando a Salazar, como o vê enquanto homem e estadista?
Salazar foi o último político justo do Ocidente. Era um homem de uma integridade absoluta. Conheço até casos em que foram feitos pedidos para a sua santificação. Era um homem honesto e inteligente, que pensava pela sua própria cabeça. Salazar, como Perón, distinguiu claramente entre o político e a política. O político é o poder, a política é a organização do poder. Salazar era um mestre na organização do poder e ao mesmo tempo tinha uma ideia do poder. Foi um justo porque fez na sua altura tudo o que devia fazer, sabendo sempre que o que fazia era limitado ao seu tempo. Procurou a justiça social. Foi um católico no poder e, por isso, um pré-moderno. Um católico nunca endeusa o Estado, prefere a pessoa, o ser na comunidade.

AB

Rescaldo eleitoral - Gil Vicente-Benfica (0-3)

 
Apesar do empenho de alguns arruaceiros que gravitam em torno do Benfica e se autointitulam Benfiquistas, em denegrir o ato eleitoral, este, foi um sucesso. Parabéns aos candidatos de ambas as listas, apesar de algumas picardias a descontar à emotividade e muita adrenalina característicos destas ocasiões.
 
Os elementos da lista vitoriosa, nomeadamente o reeleito Presidente do nosso clube, devem perceber que o voto maciço dos Benfiquistas não sanciona todos os atos de gestão passada nem significa a mera expetativa de continuidade. Significa sim, que os sócios lhe reconhecem capacidade para prosseguir o projeto de consolidação e desenvolvimento económico e desportivo passível de conduzir o nosso clube à liderança desportiva nacional e ao mais alto patamar do desporto internacional.
 
Tal implica a racionalização e otimização de todas as superestruturas empresariais, administrativas e desportivas sem concessões à incompetência, à irracionalidade, à deslealdade, à passividade, à ostensividade ou simples vaidade. É gratificante para qualquer um trabalhar no Benfica mas…competência em primeiro lugar, não esquecendo a cultura permanente da mística Benfiquista, apanágio secular do nosso clube.
 
O Presidente eleito, deve ser magnânimo e, com sinceridade, convidar os candidatos opositores a apresentarem as suas sugestões disponibilizando mecanismos de participação institucional regular, a nível consultivo, durante o mandato agora iniciado. A dissidência é o mecanismo de evolução por excelência de qualquer entidade, desde que vise o bem comum, neste caso, do nosso querido clube. E todos seremos necessários.
 
Os candidatos vencidos, devem perceber que a sua participação é imprescindível à vida do clube, escrutinando a gestão estratégica e corrente, identificando fragilidades, erros, apresentando alternativas, construtivamente, sem ressentimento nem despeito, respeitando os órgãos legitimamente constituídos e sempre visando o Bem comum.
 
Porém, devem manter-se, também, vigilantes relativamente às ameaças externas, nomeadamente dos dirigentes dos clubes inimigos e adversários, dos organismos desportivos, das corporações dos agentes desportivos relevantes, da tutela governativa e dos agentes partidários com relevância no setor. Só assim poderão ajudar a clube na prossecução dos objetivos comuns e consolidar a sua própria credibilidade.

 
Finalmente, as figuras idóneas integrantes da candidatura da lista B, deverão olhar para o universo dos seus apoiantes e ponderar se, efetivamente, aceitam os arruaceiros, que exercem o seu autoproclamado Benfiquismo nas fronteiras da marginalidade, promovendo a violência, a intolerância, o ataque sórdido aos elementos dos órgãos dirigentes legitimamente constituídos e seus apoiantes, afrontando ostensivamente e estupidamente a legislação em vigor, colocando o nosso clube em risco de sofrer pesadas sanções dos poderes instituídos, geralmente coniventes com a desordem que se instalou no desporto nacional e sempre desejosos de mostrar serviço, empenhando-se ativamente em “pôr o nosso clube na ordem”.
 
Para o ex-candidato Rui Rangel, enquanto cidadão quero dizer-lhe que, a ser verdade o que consta, legal ou não, não acho que fique bem a um magistrado candidato ao que quer que seja na “sociedade civil”, aceitar o apoio explícito e ativo de pessoas dependentes do seu magistério judicial.
 
Posto isto, é tempo de darmos as mãos, unidos no combate àqueles que nos tratam dentro e fora do relvado como inimigos, perante a cumplicidade dos oportunistas e cobardes que todos os dias se demitem das suas responsabilidades democráticas.
 
Gil Vicente-Benfica (0-3)
 
 
Saúdo a vitória da nossa equipa no jogo de hoje sobre a honrada equipa do Gil Vicente, em especial a integração e o desempenho dos jovens portugueses que refletem uma viragem importante na política desportiva do nosso clube.
 
Uma palavra de apreço para o Lima pelo excelente golo, resultante do seu primoroso posicionamento e qualidade técnica, associada ao cruzamento milimétrico de outro excelente atleta Benfiquista dos quatorze costados, que é o nosso Maxi.
 
Enzo Pérez, encheu o campo com o seu empenho e talento sem regatear esforços, assumindo-se cada vez mais como o grande dinamizador de todo o jogo da equipa, para nosso regalo.
 
Ola John, igualmente, mostrou que é um atleta de eleição, que trata a bola com subtileza mas eficientemente; com excelente posicionamento e visão de jogo, qualidade e timing no passe, poder de drible curto estonteante, alta velocidade, profundidade de jogo e grande sentido de baliza. Está aqui um craque que vai dar que falar.
 
Não posso deixar de salientar o nosso Artur, com um par de defesas de alto calibre, mostrando mais uma vez toda a classe que lhe conhecemos.
 
Matic, revela-se cada vez mais um guerreiro fortíssimo dentro do campo, fechando espaços e disputando a bola em cada milímetro do terreno. O seu entrosamento na equipa e a racionalização do esforço através de uma gestão eficiente do seu posicionamento, fará dele, em breve, um atleta de referência no nosso clube e na Europa.
 
Garay já nos habituou à sua classe que nos empolga, com o seu posicionamento primoroso e uma capacidade de prestidigitador em roubar a bola ao adversário quase sem ele dar por ela.
 
Ao André Gomes e ao Luisinho, em quem depositamos fundadas espetativas, endereço os parabéns pelas exibições e magníficos golos,
 
Enfim, todos merecem os parabéns pela vitória num terreno bem difícil, onde um dos nossos adversários baqueou.
 
AB

sábado, 27 de outubro de 2012

A hora da verdade


Decide-se hoje o futuro do Benfica. Saúdo ambas as listas, pois apesar dos excessos emocionais de alguns candidatos, a campanha eleitoral foi um exemplo de cultura Democrática, tendo-se debatido publicamente os projetos dos candidatos em disputa, como é apanágio da cultura Benfiquista. Esperemos que o ato eleitoral decorra com a normalidade desejada e que, no momento seguinte, vencedores ou vencidos, nos unamos em defesa do Benfica, que é, também, um forte contributo para a consolidação da Democracia Portuguesa, hoje tão abalada.
 
 
O meu apoio vai para a lista A, apesar de reconhecer que tem que promover alguns ajustes a vários níveis no seu projeto. De facto, a atual Direção apresenta hoje uma acumulação de know-how relevante, que pretendemos de excelência, na gestão económica, financeira , desportiva, administrativa e social, apesar de todas estas áreas deverem ser revistas, optimizadas e racionalizadas. Também o relacionamento institucional deve ser alvo de análise, assumindo um papel ativo, multidisciplinar, na defesa dos interesses do clube. Regozijo-me com o recente anúncio do termo da ligação comercial com a Olivedesportos, quanto a mim, um cancro no futebol português, ao serviço do mostrengo azul, que deve ser extirpado de uma vez por todas, a bem do desporto nacional e dos clubes.
 
Infelizmente, a lista B, apesar de algumas ideias interessantes, não apresentou um projeto consistente que permitisse vislumbrar o salto qualitativo que ambicionamos para o nosso clube, enfermando de várias contradições e de incontida hostilidade divisionista há muito detetada na blogosfera. É minha convicção que, esta lista, atribui ao seu presidente candidato uma função meramente representativa sendo o digníssimo Benfiquista, Fernando Tavares, o verdadeiro mentor deste projeto. Tive oportunidade de analisar exaustivamente e em toda a extensão as suas ideias para o nosso clube, em cinco crónicas que publiquei no blogue Nova Geração que agora republico.
 
1ª Parte
 
Introdução: Esta entrevista é mais um motivo de regozijo para os coordenadores do NG, que desta forma se está a converter num autêntico espaço de debate aberto sobre o universo Benfica. Os meus parabéns. Oxalá os colegas Benfiquistas correspondam a este esforço com o empenho que ele merece.
 
Recebi a notícia da saída de Fernando Tavares do Benfica com grande surpresa, deceção e preocupação, pois tinha a convicção de que estava a fazer um bom trabalho nas amadoras. A parca explicação da Direção, aduzindo divergências de ordem orçamental sem as quantificar publicamente, levantava a suspeita da “marginalidade” de tal discordância. Fernando Tavares tinha lutado bravamente pelo Benfica e a sua saída fazia temer o pior! De qualquer forma, é legítimo pensar que, a sua saída, tenha provocado um retrocesso ou atraso no desenvolvimento das modalidades.
 
Nesta entrevista, Fernando Tavares revela um profundo conhecimento das estruturas desportivas e administrativas do clube e seus adversários, bem como ideias claras de promoção do desenvolvimento das modalidades, demonstrando sempre um amor incondicional ao clube, uma consideração ambígua pelos atuais dirigentes e a assunção de erros próprios, sem se coibir de fazer a identificação dos impedimentos ao crescimento competitivo do clube.
 
Tal postura, até porque se trata de uma pessoa de elevada competência, deveria suscitar uma resposta séria dos Dirigentes, os quais deveriam ser convidados pelo dono do Blogue a pronunciar-se, quer pelo respeito pelo princípio do contraditório, quer pela necessidade de esclarecimento adequado dos sócios, acionistas e adeptos. É assim que se consubstancia a Democracia que nos é cara.
 
2ª Parte
 
Investimento marginal: Parece-me perfeitamente razoável assumir um deslizamento moderado num orçamento se tal permitir aumentar consideravelmente a probabilidade de sucesso. Os custos do insucesso serão sempre muito maiores. Já tivemos exemplos bem dolorosos desta realidade.
 
Tomada de poder no clube e na SAD: É uma acusação gravíssima, com destinatários definidos que não deve ficar por aqui. Refere-se a altos funcionários não Benfiquistas que, assegura, têm agendas de boicote do clube e da SAD impedindo o crescimento da sua competitividade desportiva global, alegando que deveriam subordinar-se funcionalmente aos membros eleitos, devido à maior legitimidade e empenho destes. Esta afirmação carece de demonstração cabal e da consequente resposta dos visados, que têm todo o direito de se defender, e nós, o direito de ser esclarecidos, visto que se trata de um tema fraturante, que tem de acabar de uma vez por todas. Se por um lado compreendo o desconforto e a suspeita permanente que paira entre Benfiquistas sobre uma Direção que contrata para lugares-chave, profissionais adeptos de outros clubes, por outro lado, também compreendo que a emotividade do dirigente-adepto conduz frequentemente à irracionalidade e ao descalabro, tal como aconteceu com as Direções anteriores à atual. Por mim, considero absurda tal acusação, na medida que, qualquer projeto de tomada de poder num clube, só terá viabilidade se visar o sucesso do mesmo. O que me importa é saber se as pessoas em questão cumprem bem ou não a sua função. E é neste domínio que tal acusação tem que ser sustentada.
 
Não esqueço o total descrédito e anarquia que se vivia no clube anteriormente, nem a “deriva” que frequentemente se apodera dos “notáveis” que se julgam “donos” e “fiéis depositários” do património cultural do clube, julgando-se legitimados para condicionar a gestão corrente ou estratégica do clube, acabando por a manietar, condenando-a irremediavelmente ao insucesso. Devolver ao Benfica a sua grandeza, na atual conjuntura e após o descalabro, é uma tarefa lenta e árdua, que exige o empenho de todos, cada um no seu posto. Para bem do clube, é imperativo eliminar esta desconfiança de uma vez por todas, reconciliando os Benfiquistas, sendo que, tal só será alcançável, com respeito mútuo.
 
Autocrítica: Ao reconhecer que deveria ter envolvido mais o Presidente do clube na sua gestão, demonstra a sua honestidade, mas também levanta a ponta do véu! Fernando Tavares não gostou de ver reduzida a sua autonomia em benefício de “um membro não eleito” nem de perder influência junto do Presidente, opondo-se à cadeia hierárquica, indispensável ao sucesso de qualquer instituição. Naturalmente, tudo terá ocorrido em circunstâncias de grande tensão, desfavoráveis ao diálogo. Foi pena.
 
Confronto de ideias: Sem o afirmar abertamente, FT dá a entender que o atual Presidente não estimula o debate de ideias, o que, a verificar-se, é grave, visto que, este, estimula os colaboradores a envolverem-se na identificação e resolução dos problemas com benefício da instituição. Dispensar este contributo é um mau ato de gestão que, porém, não pode pactuar nem com indisciplina ou com permissividade.
Estruturas e formação nas modalidades: Aponta a falta de profissionalização destas estruturas como principal razão para o défice de vitórias nas modalidades, bem como falta de aposta na formação no caso do andebol, apesar do desinvestimento que se tem verificado nas equipas adversárias; afirmação que parece revestir-se de grande pertinência. Ainda hoje lamento a saída de Alexander Donner e lamento que FT, não o possa ter esclarecido, deixando no entanto claro que se tratou de algo muito grave!
 
Medidas drásticas: A decisão que tomou de retirada do Benfica na Liga de Basquetebol que terá provocado a implosão desta e propiciado a ascensão do clube às vitórias nesta modalidade, é um exemplo do tipo de medidas que, defendo, devem ser tomadas noutras modalidades, incluindo o futebol sénior. Já quanto ao hóquei refere FT não ter tido apoio presidencial na implementação do projeto delineado com Carlos Dantas, que devolveria ao clube a hegemonia na modalidade, revelando-se surpreendido por algumas dessas ideias terem sido implementadas posteriormente. É possível que assim seja, porém, apesar do enorme respeito e gratidão que tenho por Carlos Dantas, percebi que o seu ciclo tinha terminado no Benfica, quando declarou publicamente não saber porque ganhava o outro clube, em vez de denunciar sem tibiezas as conhecidas “ más práticas da arte” em que é useiro e veseiro, para g´qudio geral.
 
Incidentes no Basquete: Ao reconhecer não haver inocentes nos incidentes verificados no recinto do outro clube no jogo que decidiu o título, FT está a responsabilizar os Atletas, Técnicos e Dirigentes do Benfica, algo que repudio veementemente. Tal como me parece despeito, a censura que fez do discurso do Presidente, referindo que teria feito melhor. Aqui esteve mal FT, pois tratou-se de uma das raras ocasiões em que Filipe Vieira “pegou o toiro pelos cornos”, algo que deveria fazer com mais frequência.
 
 
Venezuelisação: Tal como FT reconhece, trata-se de uma expressão excessiva e infeliz, acrescento eu, por se tratar de uma referência deselegante ao Presidente de um clube onde, ao contrário do que insinua, os sócios exercem livremente a sua soberania nos atos eleitorais ordinários. Mais uma vez, o despeito ganha terreno ao bom senso.
 
Estatutos: Partilho do ponto de vista expresso por FT e considero que as condicionantes introduzidas para admissão dos candidatos resultarão em graves prejuízos para o clube, embora reconheça a necessidade de prevenir o aventureirismo ou a infiltração de agentes adversários. Tal como refere, é um ultraje à tradição Democrática do clube.
 
3ª Parte
 
Intolerância: Refere FT com toda a razão, que a intolerância prejudica o clube, atribuindo a responsabilidade desta atitude aos “não-Benfiquistas, sendo porém bem conhecida semelhante intolerância dos opositores aos Dirigentes atuais, não se coibindo muitos deles de recorrer à ofensa pessoal ao mais alto membro do clube. Esta é uma matéria onde não há inocentes, impondo-se uma urgente aproximação reconciliatória de todos em nome dos superiores interesses do Benfica.
 
José Veiga: Folgo em saber do Benfiquismo, competência e dedicação de José Veiga atribuindo-lhe coresponsabilidade na penúltima vitória do campeonato. Desconhecendo as verdadeiras causas da sua saída, era óbvio que os seus problemas com o fisco tornaram-no um alvo fácil para os adversários e seus cúmplices, induzindo grande instabilidade em toda a organização do Benfica.
 
Terá que resolver em definitivo todos esses problemas antes de pensar no regresso. No entanto fico apreensivo com a convicção com que refere que, a continuar no clube, José Veiga teria, nesta altura, restituído ao Benfica a Hegemonia no futebol. Como se pára um Proença, um Olegário, um Batista, um Soares, um Elmano, etc.? Saberá José Veiga fazê-lo?
 
Comunicação: As considerações de FT devem ser objeto de reflexão, embora as considere excessivas. Por outro lado é natural que os órgãos de comunicação do clube o defendam e evitem envolver-se com quem confunde crítica construtiva com insulto permanente. A idoneidade de quem critica é condição para a desejada disponibilidade para o debate. Discordo frontalmente das restantes considerações que FT faz sobre o tema. Não critico a estratégia de discrição assumida pela Direção nem concordo com a acusação de protagonismo ao Diretor de Comunicação, não me parece séria a acusação de controlo da Comunicação Social nem é séria a acusação ao Presidente de não ser ele próprio a escrever os seus discursos; é assim em todo o lado, dá as orientações, alguém escreve e ele confirma. Francamente, lá está o despeito novamente disparando implícito insulto.
 
O apoio a Fernando Gomes: Surpreendentemente FT revela compreensão pela posição assumida pela Direção nesta matéria, não sem dar mais uma “bicada” nos alegados “conspiradores internos”. Virá alguma boa surpresa a caminho? Não tardaremos em sabê-lo.
 
Direitos Televisivos: Com idêntica surpresa restringe o interesse desta temática ao valor em jogo, indicando como desejável a verba de 30 ME e ao direito de preferência da Olivedesportos! Discordo frontalmente; quero ver essa gente fora de vez! Simbolizam a subjugação do Benfica e dos Benfiquistas aos “bandidos” que destroem o futebol e ainda são elogiados!
 
Competência: É aqui que Fernando Tavares se estatela estrondosamente! Ao atribuir a escassez de vitórias do clube exclusivamente ao desleixo e falta de competência, revela, mais uma vez, o profundo ressentimento que o domina! Ao contrário, é óbvio que o nível de competência global e setorial no Benfica tem aumentado gradualmente, sendo inegavelmente fundamental torna-la mais profunda e ampla, o mais rapidamente possível.
 
Por outro lado, a capacidade de investimento do outro clube resulta do “lugar cativo” que tem na Liga dos Campeões e da influência que exerce sobre as instituições desportivas, o que lhe permite alavancar o valor dos seus ativos humanos, sobrevalorizando-os e tornando ordinárias estas receitas.
 
Veja-se o exemplo da época em curso; o outro clube, tem um orçamento de 109 ME, tendo contabilizado 50 ME de receitas na venda de atletas! Tal só é possível pelo baixo grau de incerteza na prova, proporcionado pelos sistemáticos e fatais “erros” de arbitragem de que beneficia e pela influência que detém na FPF, na constituição da Seleção Nacional.
 
Como pode Fernando Tavares ignorar o suporte financeiro do outro clube, proporcionado pelas suas fortíssimas ligações à banca e aos maiores capitalistas de Portugal, que lhe tem permitido criar ao Benfica, as maiores dificuldades no aumento da sua capacidade competitiva global?
 
Ignorar a influência de toda a panóplia de “investimentos” que vieram a lume no processo do Apito Dourado, alegadamente, utilizados pelos dirigentes do outro clube, não é sério!
 
Nem é sério afirmar que o sistema sempre existiu!
Nem é sério considerar que a competência é suficiente para vencer a corrupção.
 
Nem é sério ignorar o suporte político de que beneficia o outro clube!
Nem é sério afirmar que no outro clube se criou uma cultura de vitória, quando pratica a intolerância, a violência, o condicionamento do desempenho dos vários agentes desportivos por múltiplos e repugnantes processos.
Nem é sério afirmar que foram as Direções mais recentes que conduziram o clube à “autodestruição”, quando se verificou precisamente o contrário.
Nem é sério afirmar o conformismo dos Benfiquistas com a falta de vitórias.
Nem é sério acusar a atual Direção de fomentar a propaganda! Pode exigir-se mais debate interno, mais participação de Benfiquistas nos órgãos do clube, maior competência, maior capacidade de intervenção externa, mas não é idóneo suscitar a anarquia, a indisciplina, o insulto e a divisão de Benfiquistas!
 
Nem é sério estabelecer qualquer tipo de paralelismo entre “o sistema” dos tempos de Eriksson e o atual! Não tem comparação possível!
 
Ao atribuir as vitórias do Benfica à ocorrência de mudanças de ciclo no outro clube, contradiz-se, revelando falta de sagacidade e o já referido ressentimento, na medida em que, reconheceu antes dever-se à competência a última vitória do Benfica e ignora um facto óbvio; As vitórias de Benfica ocorreram quando o outro clube perdeu influência na Liga! É ou não é? Claro que é!
 
Da maior gravidade revestem-se estes pontos de vista proferidos por um “Embaixador da Ética no Desporto” colaborando com o “Plano Nacional de Ética no Desporto” a convite do Secretário de Estado do Desporto e Juventude, público admirador do outro clube e do seu presidente!
 
O que eu esperaria de um Benfiquista seria a recusa liminar da distinção ou a exigência de efetivas condições de restabelecimento da ética no desporto…mas não a “ética” do outro clube!
 
Espero pois que FT nos informe das condições que impôs ao Secretário de Estado para aceitar a distinção, sob pena de considerar este, como mais um gesto de cobertura aos métodos usados pelos dirigentes do outro clube, rejeitando reconhecer a FT autoridade moral para criticar os atuais Dirigentes do Benfica.
 
4ª Parte
 
Rui Costa: Outro espalhanço total de FT! Todos os Benfiquistas sem exceção confiam em Rui Costa! Todos os Benfiquistas sem exceção sabem que Rui Costa rejeitaria qualquer ato de desconsideração fosse de quem fosse! Todos os Benfiquistas sabem que Rui Costa não aceitaria ser mero figurante na estrutura do clube! É para mim claro que o Presidente quis proteger RC dos violentos ataques de que estava a ser vítima por parte dos dirigentes do outro clube e prepará-lo para as tarefas de Direção. Por outro lado, Jorge Jesus referiu-se, na recente entrevista que deu ao Record, à importância para o clube do trabalho de scouting de Rui Costa (julgo que se trata da identificação de jovens talentos nas regiões futebolisticamente relevantes; área em que obviamente detém talento próprio).
 
Estrutura e formação: Apesar de FT apresentar ideias interessantes, este é mais um domínio onde não me convence. Vejamos; deve ter-se em conta a sua afirmação de necessidade de maior qualificação humana e melhor orientação, tal como a sugestão de contratar um formador da melhor escola de futebol, assim como a necessidade de criação de condições que permitam canalizar para as equipas seniores os jovens talentos da formação.
 
Mas a formação é precisamente um setor onde a atual Direção tem feito um trabalho a todos os títulos notável em todos, ou quase todos, os departamentos! Não o reconhecer indicia má fé! Apontem-se melhoramentos, mas reconheça-se mérito sob pena de auto-descredibilização! O aumento do número de internacionais na nossa formação, ao contrário do que refere é um ótimo sinal do excelente trabalho que se tem feito! FT, sabe perfeitamente que só os grandes talentos podem aspirar ascender às equipas seniores, especialmente no futebol! Por essa razão é que se têm cedido atletas para consolidação desportiva e se constituiu a equipa B.
 
Ao sugerir a contratação de um formador da escola de futebol francesa para formar os nossos Técnicos revela perspicácia e pragmatismo, no entanto, reconhecendo a excelência da escola francesa não a recomendo, por razões histórico-culturais que não vou agora desenvolver. A melhor escola de futebol mundial é “nossa”, é brasileira; é este o futebol característico do Benfica; espetáculo, virtuosismo, autoconfiança, ascendente mental sobre os adversários e identidade cultural! Ficou demonstrado no passado e é o futuro!
 
Ficam-lhe muito mal as insinuações que faz sobre o Diretor da Academia aludindo à sua qualidade de empresário FIFA, deixando no ar a ideia de que há negócios ocultos. Se sabe ou suspeita de algo, diga-o com clareza, para que o visado se possa defender e os adeptos ficarem informados. Assim não! Não é sério! Um empresário FIFA não é necessariamente um bandido e é legítimo supor que indicia conhecimento do processo mundial de formação, de capacidade de movimentação nesse meio e de recrutamento de jovens talentos, tal como, aliás reconhece FT!
 
Receita para o sucesso: Este é outro capítulo onde Fernando Tavares me dececiona com um arrazoado de incongruências, demonstrando que o amor e a dedicação ao Benfica por si só, não habilitam quem quer que seja para desempenhar altos cargos no clube! Ora então vamos lá dissecar as suas afirmações:
 
A cultura de vitória está de novo instalada no clube, graças ao paciente e competente trabalho da atual Direção, após os desastrosos consulados de Manuel Damásio e Vale e Azevedo. A cultura de vitória só é possível quando sustentada em condições que a propiciem. É precisamente o que a atual Direção tem feito; negá-lo é má-fé! Podem identificar-se erros, sugerir melhoramentos, discordar de algumas opções, mas a trajetória de crescimento competitivo global é inegável.
 
As graves e indecorosas acusações de “tachismo” no Benfica, carecem de fundamentação; deve indicar quem são os tachistas e porquê; ou seja, deve exemplificar onde falharam os respetivos desempenhos e mostrar a sua falta de dedicação! Com tais acusações, Fernando Tavares está a dividir os Benfiquistas, a lançar um grave labéu sobre pessoas que têm o direito ao bom nome e a fazer o jogo dos dirigentes do outro clube. Não se faz!
 
Ao atribuir a razão do sucesso do outro clube à exigência de identificação incondicional de todos os elementos da sua estrutura e a uma cultura de ódio ao Benfica, revela desconhecer a realidade profunda, que nos entra pelos olhos dentro, descredibilizando-se! O fortíssimo apoio económico e político de que disfruta e que está bem expresso na constituição dos seus órgãos sociais é que é a razão do miserável sucesso! Tivemos recentemente três grandes demostrações desta realidade; a receção provocatória ao Pinto por deputados da Nação em plena Casa da Democracia, Os elogios públicos à mesma personagem do Secretário de Estado do Desporto e Juventude, a viagem conjunta à Polónia, paga pela FPF, de membros da FPF, do Governo, do Pinto e do seu staff; a nomeação do Proença para partidas de alto nível na UEFA!
 
A atual Direção tem divulgado como nenhuma outra por múltiplas formas a grandeza do clube; ele são as homenagens nas galas, é o programa Vitórias e Património, é o departamento de restauro de troféus, é o patrocínio de várias publicações alusivas ao clube e a atletas, é o Torneio Eusébio, é a criação de uma TV própria de raiz e a sua internacionalização, é a expansão do número de associados, etc. Ignorá-lo não é idóneo!
 
Mas concordo quando refere que não podemos tolerar os enxovalhos que têm sido praticados contra o nosso clube, com mais competência sim; com mais participação sim; com mais ambição aceito, mas…com mais união e mais mobilização na denúncia e combate sem tréguas aos “ladrões” e seus cúmplices onde quer que se encontrem.
 
 
Para que nos possamos defender com eficácia dos nossos “inimigos”, é para mim claro desde há já muito tempo que os Benfiquistas têm que ter expressão política, já que os poderes instituídos são “cúmplices” na pouca-vergonha que se vive no desporto em Portugal. Este é que é o caminho!
 
5ª Parte
 
O Futuro: A divisão dos Benfiquistas, fomentada pelos dirigentes do outro clube, é um facto com responsabilidades de ambos os lados! Aqui não há inocentes! A intolerância está nos dois lados sendo que um deles está legitimado por sufrágio eleitoral e o ressentimento do outro impede-o de o aceitar negando aquela que considera ser a maior virtude do clube! Criou-se o nefasto mito de que o Benfiquista autêntico é o que contesta e não é bem assim! O Benfiquista coloca o clube acima de todos os interesses, contesta com racionalidade e respeita os órgãos do clube! Nada de confusões!
 
Porque acusa FT a atual Direção de propaganda? Quer que faça o quê? A apologia dos adversários? Propaganda da oposição que não tem hesitado em lançar mão do insulto e graves insinuações pessoais? A Direção tem todo o direito e o dever de dar a conhecer os seus propósitos e de defender os seus pontos de vista! Já há demasiados detratores entre os adversários!
 
Como pode FT assegurar “o crescente afastamento de milhares de Benfiquistas” se o número de sócios tem aumentado continuamente? E como pode assegurar que os que, eventualmente, abandonem o clube, são, efetivamente Benfiquistas? Em que consiste a alegada perseguição de que acusa a Direção? Qualquer elemento é livre de aceitar as diretrizes dos órgãos eleitos ou sair, com fez FT! Qual é o problema? O Benfica não pode ser uma Arca de Noé nem uma Torre de Babel! Foi essa uma das razões do desastre!
 
Então Fernando Tavares não sabe o que fazer? Se há tantos Benfiquistas discordando, basta-lhe promover uma oposição consistente, elaborar um projeto, um plano de trabalho, agregar todos os descontentes à sua volta e apresentar-se a sufrágio, ou apresentar um candidato! Não é assim que se faz em Democracia? Claro que é! O que um Benfiquista nunca deve fazer é anavalhar o clube pelas costas!
 
Já todos sabemos que são as vitórias que consolidam e promovem a expansão de um clube, no entanto, a atual Direção conseguiu o “milagre” de aumentar substancialmente o nº de sócios apesar dos escassos sucessos desportivos, porquê? Porque os simpatizantes do clube reconhecem o bom trabalho que tem sido feito e sabem que a míngua de vitórias se deve ao lamaçal em que tornou o futebol Português! É ou não é? Claro que é!
 
O atual estado lamacento do futebol, combate-se com união, com coragem, com inteligência e com disciplina identificando corretamente os “inimigos” do clube, propondo ações idóneas de consolidação e crescimento e não com insultos sórdidos de natureza pessoal e profissional aos Dirigentes! Isso é o que fazem os “inimigos” do Benfica! Já chega!
 
Como se atreve Fernando Tavares a reconhecer o bom trabalho feito pelo atual Presidente depois de todas as acusações que lhe acaba de fazer? Os “tachistas” que refere não estavam no clube já no primeiro mandato? E nos mandatos seguintes não fez nada bom? Ora valha-o Deus!
 
A respeito de Bagão Félix; fez bem em recusar porque não tem perfil para Presidente do Benfica, apesar do seu extraordinário amor ao clube e da sua enorme competência. As suas qualidades humanas são incompatíveis com o mundo aviltado do futebol. Porque não percebeu isso mesmo Fernando Tavares?
 
Unidade: A unidade dos Benfiquistas dentro e fora do clube, não só é possível como indispensável! O Benfica tem que constituir e consolidar uma rede solidária e leal de Benfiquistas da grande transversalidade e verticalidade social dispostos a defender o clube, cada um no seu posto.
 
Afirmar que há uma cultura de derrota no Benfica atual é um ato de má-fé fortemente divisionista. É mentira! Ninguém no Benfica se conforma com as derrotas!
 
Eleições: Outro percalço de FT! Evidentemente que eleições a meio da época desestabilizam toda a estrutura desportiva afetando a competitividade de todas as equipas. Por isso devem sempre ser realizadas entre épocas!
 
Prioridades: Novo trambolhão de Fernando Tavares que ainda não compreendeu a nova era do futebol nacional, europeu e mundial! O futebol industrializou-se e os clubes empresaliarisaram-se! Foi esta a razão da constituição das SAD! Só o futebol amador não é empresarialisado! Ignorar esta realidade equivale a meter a cabeça na areia!
 
Primeiro os resultados, depois a marca? Os bons resultados só serão possíveis otimizando todas as vertentes com impacto na competitividade, incluindo a maximização das receitas que a marca proporciona. Assim é que é!
 
A estratégia de marca está a sufocar o produto? Faz favor; a expansão da marca está a proporcionar o aumento da competitividade global do clube!
 
Concordo com a prioridade às vitórias no campeonato, mas um dos fatores que proporciona estas vitórias é o financiamento direto e indireto que provêm das boas campanhas europeias, residindo precisamente aqui uma das maiores vantagens do outro clube que tem tido lugar cativo na Liga dos Campeões! Portanto, sem financiamento não há vitórias no campeonato e sem boas campanhas europeias não há financiamento.
 
Mas em que mundo vive Fernando Tavares?
 
Projeto ganhador:


Realmente o depoimento de Fernando Tavares é deploravelmente incoerente! Então depois de dizer antes que o Benfica não está em reconstrução diz agora que necessita de uma “limpeza interna”? Então depois de discordar das recentes alterações estatutárias denuncia os Benfiquistas de aviário que, segundo ele integram a estrutura do clube? Então como é que alguém mesmo de aviário, pode ter uma agenda de poder sustentada na incompetência e no insucesso? Ora valha-o Deus.
 
Conclusão:


Parabéns aos responsáveis por esta entrevista pois permitiram-nos conhecer os fundamentos dos opositores da atual Direção.
 
Quanto a mim, foi uma profunda deceção na medida em que Fernando Tavares está muito, mas mesmo muito longe de compreender o futebol e o Benfica, apesar de apresentar algumas boas ideias, revelando um profundo e compulsivo ressentimento contra atual Direção que o descredibiliza. Reivindica a legitimidade do escrutínio, mas não revela o respeito que os elementos dos órgãos legitimamente constituídos merecem, servindo, mesmo que involuntáriamente, de inspirador do divisionismo entre Benfiquistas que tanto para gáudio e proveito dos nossos adversários, que tratam de o alimentar incessantemente!
 
AB

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eleições no Benfica 1 - Contributo


 
Os dados estão lançados para a eleição dos corpos gerentes do Sport Lisboa e Benfica para o próximo quadriénio. À esperada recandidatura de Filipe Vieira, juntou-se a de Rui Rangel encabeçando, por fim, os principais críticos da gestão anterior. Os discursos dos candidatos e seus apoiantes sobem de tom. Espero que as respetivas campanhas se centrem nos correspondentes projetos, com respeito mútuo, como é apanágio da cultura benfiquista.

Qualquer projeto para o Benfica terá sempre que visar a prossecução das vitórias desportivas em todas as frentes, profissionais e amadoras e a difusão do Benfica e do Benfiquismo – os valores da competência, da valentia, da lealdade, da universalidade, do humanismo e do patriotismo – quer na frente interna, quer na frente externa.

Defendo, nesta fase, como principais objetivos estratégicos para a gestão do Benfica durante o próximo mandato:

1. Independência financeira do Grupo Benfica face a instituições que servem os interesses de adversários diretos, distorcendo as regras da concorrência desportiva, nomeadamente no que concerne à alienação dos direitos desportivos e outros.

2. Prossecução da trajetória de aumento sustentado da competitividade de toda a atividade desportiva, com especial ênfase no futebol sénior.

3. Reconciliação de todos os Benfiquistas.

4. Redução do passivo financeiro em, pelo menos, 20 %.

5. Refinanciamento do passivo financeiro reduzindo as respetivas taxas de juro.

6. Restituição do futebol ao Povo de modo a manter o estádio tendencialmente cheio.

7. Intensificação e diversificação dos processos de participação dos acionistas e dos sócios na vida do Clube.

8. Intensificação e diversificação da difusão do Benfiquismo na sociedade Portuguesa, principalmente nas camadas jovens, quer em território nacional, quer junto das comunidades portuguesas no exterior, quer nos Palop, quer onde se identifiquem oportunidades emergentes.

9. Constituição de um Conselho Consultivo integrado por personalidades intrinsecamente Benfiquistas, com peso institucional e profissional incluindo elementos da lista vencida.

10. Aquisição de competências relevantes em Direito Desportivo interno e externo habilitantes da participação a todos os níveis, na reforma regulamentar do desporto e escrutínio permanentemente a sua execução.

11. Introdução na retórica corrente da Direção do Grupo Benfica, na esfera da sua estrita competência, o questionamento dos agentes políticos e governamentais relacionados direta ou indirectamente com política desportiva, se necessário, adequando os estatutos do clube.

12. Otimização da eficácia de todos os meios de comunicação do Grupo, com especial relevo para a Benfica TV.

13. Elaboração de um projeto consistente na área da comunicação social de forma a salvaguardar, tanto quanto possível, a fiabilidade dos agentes do setor e gerindo a difusão das notícias do universo Benfica.

14. Elaboração, com a participação dos associados, um código de ética Benfiquista vinculativo e fazê-lo aprovar em Assembleia Geral.

15. Definição de uma política de alianças estratégicas duradouras com clubes nacionais e internacionais garantindo benefícios mútuos.

16. Elaboração de proposta de reforma dos quadros competitivos para o futebol profissional contemplando a autonomia financeira dos clubes participantes.

17. Elaboração de proposta de reforma das cedências ou aquisição de atletas entre clubes do mesmo escalão.

18. Avaliação da relevância para a competitividade dos principais clubes nacionais face aos seus congéneres mundiais, da promoção de um campeonato europeu em substituição dos nacionais, para os clubes participantes.

Procederei, em crónicas posteriores, ao desenvolvimento de cada um destes pontos.

AB