Desporto

terça-feira, 25 de julho de 2017

Polícias, salários e futebol

  
 
 
   Li há tempos que há quinze sindicatos na PSP. A comunicação social, todos os dias publica reivindicações dos mesmos sindicatos. Defendo que as questões corporativas destas instituições deveriam ser tratadas, preferencialmente, entre portas pelos mecanismos institucionais. Está em causa a confiança dos cidadãos nas instituições públicas, no Estado, em última análise, no regime. Todas as áreas da vida pública e privada são afetadas. Tem faltado prudência e sentido de Estado.
 
   Ora, maioritariamente, tais reivindicações, têm a ver com matéria retributiva; salários, subsídios, carreiras...e...os incompreensíveis gratificados. Estes, consistem numa retribuição particular pela prestação de serviços de segurança em eventos de natureza exclusivamente privada. Antes de mais considero que nenhuma força de segurança pública deveria fornecer serviços de segurança privada. A promiscuidade é má conselheira e indesejável. Para isso há entidades privadas licenciadas para o efeito. O que me parece é que, esta figura dos gratificados, não é mais do que um expediente para aliviar os cofres públicos da pressão salarial da classe. Uma habilidade à portuguesa.
 
   Consta que os agentes da PSP, ou os da Polícia de Intervenção, decidiram boicotar os jogos de futebol exigindo retribuição a título de serviço gratificado por considerarem tratar-se de eventos de natureza privada. Como é possível permitir-se tal insanidade? Os clubes de futebol são, quase todos, detentores do estatuto de utilidade pública. Tal não constitui tratamento de favor. Na verdade, são os clubes que facultam a prática do desporto, à generalidade da população, substituindo-se ao Estado, que se demite desta sua obrigação, limitando-se a distribuir uns pífios subsídios a algumas federações. Mas são os clubes que têm formado os campeões que difundem e consolidam o prestígio do país em algumas modalidades, desde logo, precisamente, a do futebol, seja ao nível de seleções - entre as melhores do mundo -, mas também do hóquei em patins e do futsal - campeões europeus em clubes -, recentemente no triatlo misto - campeões europeus -, mas também no atletismo - triplo salto (1º lugar olímpico), maratona, 100 metros, 11500 m, 0000 m, lançamento do peso - no judo - títulos europeus e um 3º lugar olímpico -, canoagem - com títulos europeus em várias disciplinas -, etc . etc.
 
   Acresce que os clubes de futebol profissional já contratualizam segurança privada para os jogos nos seus estádios e além do mais pagam avultadíssimos impostos pelo exercício da sua atividade, em todas as operações que lhe são inerentes. São eles que fornecem os atletas às seleções nacionais das quais os senhores agentes, certamente se orgulham.
 
   Se a moda pega, tal como consta que acontece em alguns países do terceiro mundo, ainda exigirão taxas de gratificados aos transeuntes por serviço de segurança privada. Já falta pouco.
 
Peniche, 25/07/2017