Desporto

sábado, 29 de abril de 2023

O Lado Sujo do 25 de Abril

 

O Lado Sujo do 25 de Abril


...O MFA e a nova classe política, consciente do que o povo queria e para ganhar a sua confiança, apressou-se a garantir a concretização, e a curto prazo, das suas aspirações.

Foi a fase dos discursos, encontros, debates, mesas-redondas, saneamentos, e, não se esqueça, ocupação, cuidadosa e bem meditada, dos bons lugares na política, na administração e na economia, donde iam chutando, com o maior impudor, os melhores administradores, funcionários, técnicos e cientistas que o país tinha – a sua maior riqueza.

Na primeira reunião da Assembleia do MFA, a que compareceram pouco mais de duzentos oficiais, fizeram-se as primeiras distribuições. Na segunda apareceram cerca de dois mil, tendo-se então chegado algumas vezes a vias de facto e à invocação dos galões na disputa por um lugar num conselho de administração, pois que os melhores eram os das companhias em que o Estado não tinha participação. Nas outras, os lugares de administração não eram remunerados com tanta generosidade. Eles isso sabiam e como os lugares eram poucos para tantos patriotas, decidiram que cada lugar seria ocupado por três oficiais – um da Força Aérea, outro da Marinha e outro das Forças de Terra – ganhando cada um, por inteiro e com acumulação, o que antigamente ganhava um só e cometente. Precisa o Povo de melhor prova de que foi enganado? Devo esclarecer que esta informação me foi dada no momento por um oficial das Forças Armadas que assistiu a estas primeiras reuniões.”

Fernando Pacheco Amorim

Manifesto Contra a Traição


Uma das muitas detenções arbitrárias

Peniche, 29 de Abril de 2023

António Barreto

terça-feira, 25 de abril de 2023

O Prémio Camões e o Oportunismo político

 

O Prémio Camões


É difícil não gostar de Chico Buarque, grande compositor, grande músico, com temas que são autênticos mosaicos sociais, como é o caso de "A Banda". Porém, vinculou-se à promoção do socialismo a expensas do erário público -da lei Ruanet! Nunca pensai! Tal como muitos outros, Gilberto Gil, Cláudia Raia, etc., a troco de chorudos subsídios mensais concedidos pelo governo comunista, fazem parte da "milícia" cultural tão a gosto das esquerdas. Cientes da ingenuidade e boa fé dos cidadãos, que, atraídos por uma canção bonita, tomam por boas as ideias que veicula, dispensando a crítica do conteúdo subjacente às mesmas. Veja-se o exemplo de "A Paz" de Gilberto Gil; uma bela canção que implicitamente, apela à guerra como forma de obter a paz social.


Tenho pena de o dizer, mas não respeito estes artistas; são uma espécie de "pastores" culturais, têm segundas intenções, são falsos. A atribuição deste prémio insere-se neste processo e denuncia o oportunismo dos outorgantes, por sinal da próximos da cor política do homenageado e do atual Presidente do Brasil.


Este, que ascendeu ao cargo por métodos espúrios na sequência de eleições injustas e sem liberdade, pôs em marcha uma ditadura corrupta e repressiva que, pelos vistos, não perturba os anfitriões, tidos, por muitos, por democratas imaculados.


Inevitavelmente, como consequência destas considerações, o Prémio Camões surge como mais um instrumento de promoção do socialismo.


Assim a nobre e bonita finalidade de aproximar culturalmente os povos de língua portuguesa, fica manchada pelo despudorado oportunismo político.


Quase cinquenta anos depois do 25 de Abril, o Povo Português, merece o respeito que caracteriza as democracias adultas.




Peniche, 25 de Abril de 2023

António Barreto

O 25 de Abril . Antecedentes Remotos

 

O 25 de Abril


Antecedentes Remotos


Num artigo publicado em O Dia (23/3/1980) duma série sobre os Rockfellers, Lourdes Simões de Carvalho transcreveu a carta que Roosevelt endereçou em 1941 ao Kremlin – carta que Le Figaro, de Paris, revelou a 7 de Fevereiro de 1951:


Quanto à África, será preciso dar à Espanha e a Portugal compensações pela renúncia dos seus territórios para que haja um melhor equilíbrio mundial. Os Estados Unidos instalar-se-ão aí por direito de conquista e reclamarão inevitavelmente alguns pontos vitais para a zona de tutela americana. Será mais que justo.

Queira transmitir a Staline, meu caro senhor Zabrusky, que para o bem geral e para o aniquilamento do Reich ceder-lhe-emos as colónias africanas se ele refrear a sua propaganda na América e cessar a interferência nos meios laborais”


José Dias de Almeida da Fonseca – “Livro Negro do 25 de Abril”





Peniche, 25 de Abril de 2023

António Barreto

domingo, 23 de abril de 2023

O 25 de Abril e a Descolonização

 

O 25 de abril e a Descolonização


Quanto ao problema da descolonização assistiu-se, contrariamente ao prometido, a uma entrega sem condições, a uma corrida que não permitisse a salvaguarda de qualquer direito do residente e de Portugal nos territórios. Enquanto o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, general Costa Gomes, dava instruções às tropas em Moçambique para porem fim aos combates e confraternizarem com o inimigo, o major Melo Antunes incitava Samora Machel a atacar a fundo as mesmas tropas, já moralmente destroçadas pelas ordens recebidas, forçando-as à rendição incondicional, para assim poder exigir a independência incondicional a Lisboa. Porquê? Porque as fardas da traição sabiam que a Frelimo perderia um referendum. Era necessário como tal evitá-lo a todo o custo. O Povo português não viu os filmes, feitos por correspondentes da imprensa internacional em Moçambique, em que apareciam soldados portugueses, formados e sem calças, a entregarem as armas aos inimigos da véspera e, a seguir, ante o gáudio do populacho convocado, serem passeados pelas ruas das localidades, enquanto lhes arremessavam pedras, os insultavam e lhes cuspiam. Não viu o Povo os filmes, nem teve conhecimento das declarações de Samora Machel, em que este afirmava que a Frelimo vencera pelas armas as tropas portuguesas, como claramente o demonstravam os filmes e milhares de testemunhas. Samora Machel em diversas ocasiões tem manifestado claramente o desprezo que lhe merecem esses traidores. Entretanto, em Lisboa, Costa Gomes e o MFA declaravam ao Povo Português que tudo se estava a passar na melhor ordem e no melhor espírito de cooperação com os dirigentes da Frelimo. Os crimes, as desordens e enfrentamentos sangrentos de que o povo teve conhecimento, embora vago e deturpado, eram atribuídos à ação criminosa de alguns racistas e colonialistas que se opunham à justiça da descolonização.

Assim se abusou da boa-fé do povo.

Tanto o MFA como a nova classe política aplaudiram sem reservas esta maratona da Traição.”


Fernando Pacheco Amorim, em “Manifesto Contra a Traição”


Nas comemorações do 25 de Abril que se avizinham serão enaltecidos ou lamentados estes atos? Para uns, autores e comunistas, foram atos de heroísmo, para outros, onde me incluo, de traição! Aos povos da metrópole e do ultramar, pretos e brancos. Ninguém foi consultado sobre o destino das ex-colónias, como previa o Manifesto do MFA.



Peniche, 23 de Abril de 2023

António Barreto


sábado, 8 de abril de 2023

Um Campeão define-se no momento certo

 

Um campeão define-se no momento certo


O resultado do jogo de ontem, 1-2 para o Porto, foi justo. A equipa azul foi a melhor em quase todo o tempo de jogo. Ciente de que uma derrota a afastaria, em definitivo, do título, arriscou tudo. Receosa da qualidade ofensiva da equipa encarnada, retirou-lhe a iniciativa do jogo pressionando integralmente a sua defesa logo na área, começando pelo guarda-redes. Deste modo a equipa do Benfica não conseguia elaborar os seus movimentos ofensivos. No meio-campo, os jogadores azuis sempre se mostraram mais lestos e agressivos a atacar a bola, antecipando-se frequentemente. Estranhamente, os encarnados insistiram em iniciar as jogadas a partir da defesa, condenando a maior parte delas ao fracasso, em vez de optarem por lançamentos em profundidade para as costas da defesa contrária, onde Rafa, Ramos e Mário, poderiam fazer estragos, criando desequilíbrios. Curiosamente, foi o que fizeram os azuis; lançamentos longos a partir da defesa, obrigando os encarnados a recuar no terreno.


Apesar disso, o Benfica adiantou-se no marcador, numa bela jogada pela direita, com um centro bem medido e uma cabeçada fulminante, apesar de alguma sorte no ressalto no guarda-redes, após a bola ter batido na barra, com estrondo. E o segundo golo poderia bem ter acontecido, não fora a reação do Pepe, num último esforço, ter desviado a bola com o bico da bota, um instante antes de Ramos desferir o remate, a cerca de três metros da linha de baliza. Foi este o lance que decidiu o jogo.


Os azuis não se desmancharam; mantiveram o perfil do seu jogo, fazendo o empate num forte remate na área encarnada perante a apatia da defesa, e vendo dois golos anulados ainda antes do intervalo. Bem anulados ambos, o primeiro por falta sobre o guarda-redes, e o outro por fora-de-jogo de 6 cm, algo de que discordo.


O reatar da 2ª parte não trouxe alterações, com os azuis a pressionar alto e os vermelhos a querer recuperar a vantagem. E venceram; mais um descuido defensivo deu o golo da vitória, num lance em que me parece que Odisseias poderia ter feito melhor.


Em vantagem, Conceição alterou a tática da equipa, refrescando o meio-campo e recuando-a, dando a iniciativa de jogo ao adversário e atacando em transições e em ataque apoiado. Com a iniciativa de jogo, os encarnados tiveram sempre dificuldade em construir lances ofensivos de qualidade, graças à coesão e intensidade defensiva contrária. Os remates de meia-distância foram escassos, os centros, geralmente rasteiros, eram sucessivamente intercetados e nos ressaltos, os azuis estavam sempre em superioridade numérica.


A equipa do Benfica bateu-se bem mas faltou-lhe intensidade e inteligência para romper a teia contrária, como fez no lance do seu golo. Musa entrou demasiado tarde, bom no jogo aéreo e a rematar com os dois pés, ocuparia os centrais adversários deixando espaço os alas e para as entradas mortíferas de ramos, equilibrando o défice numérico na área.


A nomeação da dupla Soares Dias-Tiago Martins, de má memória para o Benfica, deu o mote ao jogo, mostrando ostensivamente quem manda no futebol nacional. O desempenho da dupla de arbitragem, seguiu o padrão já conhecido; cartão amarelo aos encarnados logo a abrir - Florentino -, para condicionar a equipa, permissividade aos azuis - Otávio deveria ter sido punido com o amarelo no mesmo lance, ficou por assinalar uma falta sobre Grimaldo quando entrava isolado na área contrária e ficou por punir disciplinarmente o jogador que retirou Bah do jogo e o lesionou para o resto da época, etc. Tempo de compensação insuficiente face ao anti-jogo azul e, incompreensível momento do termo da partida com a bola ainda no ar em lance ofensivo do Benfica. Com equipas equilibradas, estas “habilidades” fazem a diferença.


É histórica influência no desempenho das equipas em vésperas de jogo da Liga dos Campeões, ainda mais nos quartos de final. E pode ter tido efeitos neste caso. Atua ao nível do subconsciente dos atletas, todos querendo estar presentes numa ocasião que pode ser única. A disputa do lances é feita com mais cautelas e a intensidade das movimentações é atenuada.


Também adquirido é a quebra de ritmo ocasionada pelas paragens para os jogos das seleções, que, mais uma vez se verificou na equipa encarnada. Não se compreende a marcação de jogos das seleções com os campeonatos na fase decisiva! É certamente, a necessidade de financiamento das federações nacionais e da própria UEFA, instituição que carece de profunda reforma ou extinção.


Finalmente, foi miserável toda a campanha que foi feita na comunicação social, supostamente, envolvendo instituições judiciais, em prejuízo do Benfica. Até parece que há gente no Ministério Público e nos Tribunais destacada para prejudicar o Benfica! Quanto à comunicação social, acho que não escapa um na militância contra o Benfica, apostados em denegrir a sua história e apesar magnífico trabalho que tem feito no desporto. Deploráveis foram as declarações de Francisco Varandas a lançar “lama” sobre o Benfica, por despeito, apesar dos inúmeros “telhados de vidro” do clube a que preside lhe retirarem a autoridade moral para o fazer.


A derrota é dececionante, mas a equipa encarnada, podendo fazer melhor, não esteve mal.


O Benfica está no bom caminho; se pudesse dar um conselho aos seus dirigentes, dir-lhes-ia para exigirem o afastamento dos atuais dirigentes da federação e da liga e para elaborarem um plano de intervenção no espaço público expondo as teses do clube e desmascarem os seus detratores. Quanto ao Varandas, gostaria de vê-lo responder em Tribunal pelas acusações que fez ao clube.





Peniche, 8 de Abril de 2023

António Barreto

domingo, 2 de abril de 2023

Desporto para Todos

 

Benfica

Desporto para todos


Num dia já muito distante, um menino, segurando a mão de seu pai perguntou-lhe:

- Pai, não sei se hei-de ser do Benfica se do Sporting.

- Tu és do Benfica!

E o menino ficou a ser do Benfica, algo de que hoje se orgulha, apesar da tristeza e da revolta que sente pelos enxovalhos a que o seu clube tem sido submetido nos últimos tempos. Tempos que deveriam ser de tolerância, de sã convivência e não de ressentimentos, frustrações e fracionamento social.


Hoje é um dia em que ser do Benfica me faz sentir bem, algo que agradeço ao meu pai. É uma grande satisfação ver a enorme participação popular nas jornadas de atletismo que estão a decorrer. É até divertido e comovente; meninada, novos, velhos, homens, mulheres, pretos, brancos, gordos, magros, nem todos do Benfica, felizes, divertidos, participando, uns pelo simples prazer da corrida, de estar com os outros, de entrar no Estádio da Luz, outros já a pensar numa carreira desportiva. Uma senhora já entradota lá ia na molhada com um dinossauro na cabeça, outro senhor veio com a família da sua terra que disse ficar a 6oo km de Lisboa, duas meninas, no pódio, mostravam as bandeiras dos seus clubes, outra menina disse correr no Sporting apesar de ser adepta do Benfica.


Isto é muito bonito! Toda a gente contente, divertindo-se construindo recordações, singelas, para a vida, dando os primeiros passos duma eventual carreira desportiva ou, os já atletas, aproveitando para rodar. Ou recuperar.


É isto que adoro no Benfica, esta dimensão popular, alegre, agregadora, integradora - estou a ver uma rapariga, de camisola verde, segunda na sua prova, que parece chinesa e um menino aí de três anitos, vestido a rigor, a andar apressado e a bater palminhas, uma multidão sorridente, prossegue no trajeto da prova, a passo -, num ambiente de excelência organizativa onde a competitividade, propósito primordial do clube, desta vez, passou para segundo plano.


Recordo outro fantástico evento anual, a Gimnáguia, o extraordinário trabalho de solidariedade da Fundação e uma palete de modalidades diversificada onde todos têm oportunidade de participar, de uma ou de outra forma.


Estes momentos mostram-nos a verdadeira função do desporto, o envolvimento social, em comunidade, proporcionado por uma ideia, o Benfica, a sua história admirável, a sua cultura de excelência, de cordialidade e amizade.

É tudo isto que fez, faz o meu clube popular, capaz de suscitar a simpatia até dos adversários, e que devia suscitar a reflexão dos que, nas últimas décadas, por ressentimento ou preconceito se têm empenhado em denegrir a imagem deste clube secular e admirável.


Obrigado, pai.


Obrigado Benfica.





Peniche, 2 de Abril de 2023

António Barreto