Desporto

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Da responsabilidade dos clubes

 
Coffeepot, Earthenware and Fruit, May 1888, Vincent Van Gogh
 
   Na sequência da recente condenação do ex-vice-presidente do SCP, no processo que, entre outros ilícitos, envolveu tentativa de corrupção do árbitro interveniente num jogo daquele clube, perante a ilibação deste pelo Tribunal, que o considera vítima, apetece perguntar:
 
   Porque é que os clubes são considerados responsáveis pelo comportamento incorreto dos adeptos e não o são pelo comportamento criminoso dos seus dirigentes?

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Taça de papelão

  
José Malhoa (o tocador de bombo poderia ser o Rui Santos, ou ficaria melhor o da gaita de foles?)
 
   Rui Santos considera-se um comentador supra-institucional; alguém capaz de descontar os impactos aleatórios do jogo, os equilíbrios ou desequilíbrios das equipas, as vicissitudes dos dirigentes dos clubes e respetivas instituições tutelares, enfim...uma espécie de teórico do futebol "quântico". Na verdade é um comentador de futebol que sofre de incontinência verbal, que raciocina em círculos sucessivos e padece de parcialidade. Sem prejuízo de, aqui e ali, dizer umas coisas acertadas, como por exemplo, quando defende a tecnologia no futebol. O que é certo é que tem audiência, talvez pela extraordinária capacidade de, à vez, agradar a todos. Há muito que deixei de lhe dar atenção, tal como aos programas de debate sobre futebol que passam nos canais generalistas, estes, com o propósito de provocar e explorar a vulnerabilidade emocional dos adeptos.
 
   Constou-me porém, que, essa "eminência parda"  da bola lusa, na sequência da sua profunda reflexão em busca da "verdade absoluta", decidiu expor publicamente a sua filiação clubística atribuindo ao "supersumo" da bola universal uma taça inédita com o propósito de atenuar a pesada frustração e embaraço deste.
 
   Apesar do tom jocoso acima, o tema deve ser levado a sério por encerrar mensagens que podem ter consequências para a próxima época. Em primeiro lugar o "guru" do comentário pretendeu validar a teoria compulsivamente repetida pelo "aureolado", seus patrões e aliados, de que ele e o clube que representa são os vencedores morais da competição, e que tal só não se verificou por ocorrências espúrias que favoreceram o adversário. Deste modo pretende-se criar a ideia de que há uma espécie de crédito desportivo acumulado que deve ser ressarcido o mais rapidamente possível.  Ficam pois, antecipadamente justificados todos os erros institucionais e de arbitragem futuros favoráveis, por mais grosseiros que sejam. Ora isto é profundamente desonesto, deselegante e contrário ao estatuto que Rui Santos pretende assumir, desacreditando-o. Deveria perceber isto. Mas também mostra que, ao aceitar o pseudo-troféu, Jorge Jesus não sabe lidar com o insucesso e tem de si próprio uma ideia desajustada dos seus efetivos méritos e dos dos seus adversários (colegas).
 
Haja bom senso.  

quarta-feira, 25 de maio de 2016

A farsa do IPCC e da ONU


José Malhoa

"The real-world evidence shows that global warming mitigation policies are based on predictions now exposed as having been flagrantly and baselessly exaggerated.
 
All global-warming mitigation policies should be forthwith abandoned and their heavy cost returned at once to taxpayers by way of cuts in energy taxes and charges.
 
Industries such as coal mining and generation should be fully compensated for the needless loss and damage that ill-considered government policies inflicted on them.
 
Subsidies for global warming research should be ended and IPCC dissolved."

https://wattsupwiththat.com/2016/05/25/introducing-the-global-warming-speedometer/

Tradução:

A evidência das medições efetuadas mostra que as políticas de combate ao efeito de estufa são baseadas em previsões flagrantemente exageradas e sem fundamento.


Todas as políticas de mitigação do aquecimento global devem ser imediatamente abandonadas e seu pesado custo deve ser devolvido imediatamente aos contribuintes por meio de redução dos impostos e outros encargos sobre a energia.

Indústrias, tais como as da mineração de carvão e energéticas, devem ser totalmente compensadas pelas desnecessárias perdas e danos que as irrefletidas políticas governamentais  lhes infligiu.

Subsídios para a pesquisa do aquecimento global devem ser cancelados e IPCC dissolvido.

domingo, 22 de maio de 2016

Palavras por inventar

 
Vénus ao espelho, Velásquez, 1647
 
   Terminou a temporada para o futebol sénior do Benfica com a conquista de mais um troféu em consequência da pesada derrota infligida ao Marítimo, que se bateu com galhardia. O maior talento individual dos encarnados fez a diferença, apesar de alguma fadiga visível em alguns jogadores.

   Para o Benfica foi uma época inesperadamente positiva em virtude do atribulado início e do intenso jogo de bastidores e guerrilha mediática que lhe foram movidos pelo principal rival desta temporada. Mas, esta, mostrou com exuberância a grande transformação que Filipe Vieira operou em todo o universo encarnado; o Benfica já não depende da bola na trave, de um ou outro resultado menos positivo, deste ou daquele treinador. Tem um projeto consolidado em permanente evolução que lhe grangeia não só equilíbrio financeiro mas, sobretudo, resultados desportivos, reconhecimento e respeito dos que interessam. Foi tudo isto, mais o amor ao clube, que fez com que os sessenta e cinco mil adeptos desatassem em cânticos de apoio aos seus jogadores num momento de grande adversidade. Foi nesse instante que se estabeleceu o vínculo coletivo que despoletou a reação que haveria de conduzir a equipa à vitória mais saborosa. Era possível fazer melhor, sim; a presença na final da Liga dos campeões não era uma miragem e a eliminação da Taça de Portugal teve peripécias decisivas, relacionadas com o desempenho da equipa de arbitragem. Por mim, dadas as circunstâncias, mais não é exigível.

   Independentemente do que suceder no defeso o Benfica iniciará a próxima época num patamar competitivo e emocional superior ao da que agora findou. Contrariamente, os principais rivais terão motivos para duvidar da "superioridade" moral e arrogância que têm ostentado. No entanto há que levar o seu discurso a sério e desenvolver estratégias de comunicação que neutralizem os seus efeitos sob pena de se instalar na comunidade desportiva a ideia de "justa reivindicação". Tal sustentará os favores institucionais, dentro e fora do terreno de jogo, de que necessitam para ganhar. Cuidado Benfica, o próximo campeonato já começou; basta ver as manchetes dos desportivos de hoje.

     A temporada ficou também marcada pelo fim dos fundos de investimento no futebol  e, paradoxalmente, pelos estranhos critérios de financiamento de alguns clubes, em que os financiadores dispensam a remuneração do seu capital e o reembolso do mesmo e em que se aprofundou a ideia da presença de capitais de proveniência informal com o propósito de legitimação dos mesmos. Marcantes, também, foram  os intensos e sistemáticos ataques dos dirigentes leoninos  aos árbitros, às instituições desportivas e ao Benfica, com a intenção de obtenção  de benefícios desportivos ilegítimos para o seu clube. O relativo sucesso desta estratégia indicia eventual cumplicidade institucional com o propósito de dar mais visibilidade à competição. É certo que, sem os erros grosseiros de arbitragem que se verificaram ao longo da época,  e sem a, não estranha, eventual adesão de certos clubes ao projeto, especialmente nas jornadas finais, o segundo classificado teria abandonado a corrida muito antes da última jornada. Porém, os resultados poderão ter efeitos contrários, na medida em que descredibilizam a competição perante os adeptos e os investidores idóneos, subestimados por quase todos.

   As notícias das detenções de agentes desportivos, jogadores e dirigentes da segunda Liga, no âmbito da operação "Jogo Duplo" levada a cabo pela PJ, na sequência das participações da FPF à PGR após alerta de entidade europeia, mostram o que muitos de nós já haviam percebido e alguns preferem sistematicamente ignorar; que há corrupção no futebol nacional! Na verdade certo tipo de incidências, umas, erros grosseiros, outras nem tanto, mas com um padrão coerente identificável, associadas a movimentações de natureza institucional, indiciavam espúrias manobras de bastidores entre "aliados". O processo do "Apito Dourado", que culminou com a condenação de alguma "arraia miúda" e a vergonhosa absolvição dos "tubarões"  que durante décadas subjugaram o desporto nacional aos seus interesses, deixou um sinal de impunidade e "legitimou", implicitamente, a marginalidade desportiva.

   A questão que se coloca atualmente é a de saber se a corrupção se tem restringido à segunda Liga ou está, também, instalada na primeira. Compreende-se que os corruptores atuem em competições com menor visibilidade devido ao menor escrutínio inerente, mas têm acontecido coisas tão estranhas na primeira Liga...!


   Há dúvidas quanto à atuação do Presidente deste organismo; Pedro Proença deu ou não seguimento aos alertas que recebeu de entidade externa idónea? Se não deu, porque não o fez? E é necessário uma entidade externa, no âmbito da UEFA, dar o alerta? O que é que leva um clube, n clubes, a jogarem com as suas equipas desfalcadas contra a equipa A e na máxima força contra a equipa B? E porque não se tira isso a limpo?, têm medo de descredibilizar a "indústria"? Não haverá indícios suficientes? A omissão constitui um incentivo implícito à prática da corrupção que, estou em crer, existe na primeira Liga, sob muitas formas, algumas delas bem difusas.

   Apesar das vicissitudes de natureza cultural e institucionais, a eficácia do combate a este fenómeno passa pela promoção da autonomia financeira dos clubes, o que implica a redução da dependência de parte deles do financiamento dos designados grandes, mas também, pela maximização dos direitos desportivos através do estímulo da concorrência e  da inviabilização dos monopólios, bem como da fiscalização eficaz das regras do fair-play. Neste domínio não cabe aos jogadores o ónus da delação; para um jogador médio com salários em atraso, denunciar o caso ou recusar a declaração de ausência de dívidas, implica a renúncia dos seus créditos e, provavelmente, o fim da carreira por ausência de interessados.     

 
  A qualidade do  futebol que a equipa do Marítimo apresentou nesta final remete para casos como os do Tondela, do Paços de Ferreira, do Rio Ave, do Moreirense, do Arouca, do Belenenses, do Estoril e outros e mostra como o campeonato poderia ser bem mais disputado e entusiasmante. O diferencial competitivo entre a maioria dos concorrentes e os designados grandes promove o antijogo, a tentativa desesperada de a equipa mais fraca segurar o pontinho inicial com prejuízo do espectador e, consequentemente, da "indústria". Não sei se não seria benéfico atribuir um ponto apenas aos empates com golos, penalizando com zero pontos os empates sem golos.

   Enfim, veremos o que nos trará a nova época com o deplorável Proença ao leme da Liga, antevendo-se novidades sombrias no âmbito da arbitragem, provavelmente, imbuídas do novo "desígnio" nacional de promoção de novos campeões. Ou talvez não...como dizia alguém em pleno PREC; o povo é sereno...e...talvez seja apenas fumaça...  

domingo, 15 de maio de 2016

BENFICA É ALEGRIA!

  
 
BENFICA TRICAMPEÃO 
 
   Não é ódio, nem ressentimento, não é vexame, nem covardia, não é manipulação, nem agressão!
 
   É alegria, é alma, é paixão, é lealdade, é arte, é coragem, é família, É ALEGRIA!
 
 
OBRIGADO QUERIDO BENFICA!
 
 
 
BICAMPEÃO NACIONAL E BICAMPEÃO EUROPEU DE HÓQUEI EM PATINS!
 
CAMPEÃO NACIONAL DE FUTSAL FEMININO!
 
CAMPEÃO NACIONAL DE RÂGUEBI FEMININO
 
OBRIGADO QUERIDO BENFICA!
 
 
 
FORÇA ANDEBOL!
 
FORÇA BASQUETE!
 
FORÇA FUTSAL!
 
FORÇA VÓLEIBOL!
 
FORÇA, FAMÍLIA BENFIQUISTA!
 
QUEM MAIS HUMILHOU, MAIS SE ENVEGONHOU!
 
VIVA O BENFICA!


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Renato Sanches

  
 
   Sonho com o dia em que o Benfica consiga manter os seus melhores jogadores por períodos longos. Só assim poderá bater-se, com pretensões, com os colossos europeus e aspirar à vitória na liga maior. Por isso é sempre dececionante assistir à saída de jogadores como Renato Sanches. O fascínio do Benfica reside na sua competitividade desportiva; uma mistura eficaz de alegria, coragem, arte e lealdade, só possível com jogadores de craveira técnica e humana especiais. Conciliar este propósito com o crescimento económico sustentado, num setor tão atribulado e volátil como o do futebol,  num país de exíguo mercado e em crise permanente, é tarefa ao alcance de muito poucos. Resignemo-nos, pois...por agora.
 
  Os valores da transação referidos na comunicação social, são fantásticos para o mercado nacional, tendo em conta que se trata de um atleta, há bem poucos meses, quase desconhecido no panorama futebolístico lusitano. Mérito total de Filipe Vieira, da estrutura do Seixal, de Rui Vitória, e, claro, do jogador. Obviamente que tal sucesso não é obra do acaso, mas fruto de uma estratégia delineada há muito, implementada paulatinamente, que custou uma guerra "feroz" com o anterior treinador e que abanou o clube de alto a baixo.
 
   Quanto a mim Renato necessita ainda de amadurecer, melhorando a leitura de jogo e o posicionamento, gerindo com maior eficácia as fases de rotura ofensiva e controlando a impetuosidade. Far-lhe-ia bem permanecer mais dois ou três anos no clube. No entanto, receio que, se cá permanecesse, tendo em conta o ódio que os rivais do Benfica destilam quase diariamente  contra si, correria o risco de lhe suceder o mesmo que ao Mantorras, e, mais recentemente, ao Luisão; ao próximo confronto com os de Alvalade, seria prendado com uma "pantufada" que o arredaria dos relvados por largos meses ou ficaria mesmo com a carreira arruinada. A memória de Eusébio está ainda demasiado fresca, e no CD da FPF tem havido excessiva condescendência para com as agressões perpetradas pelos jogadores do Sporting nos relvados, que parecem dispostos a tudo para ganhar.
 
   O meio-campo do Benfica constitui, quanto a mim, o setor onde há maior potencial de valorização competitiva. Investir a verba da transferência na melhoria da equipa e na redução do passivo, tipo meio por meio, era o que eu recomendaria à Direção do clube.
 
   Fica agora demonstrada que a primordial razão de divergência da Direção do Benfica com Jorge Jesus residiu na relutância que este reiteradamente demonstrou em apostar nos jovens da formação do clube. O caso de Bernardo Silva ainda está "atravessado" no "goto" dos adeptos encarnados que, há anos, ansiavam por disfrutar do perfume do seu futebol e convicto benfiquismo. Uma venda precoce que resultou na subvalorização do jogador com prejuízos para este e para o clube. Dez milhões? Quinze milhões? Vinte milhões? Não sabemos. Mas sabemos o que Jorge Jesus lhe disse; que tinha n jogadores à frente (julgo que sete).
 
PS: Tem sido escandalosa a atuação do CD da FPF, num  padrão de proteção incondicional aos desmandos de dirigentes, técnicos e jogadores do Sporting - casos Slimani, Teo Rodriguez (salvo o erro), futsal (final da supertaça ganha pelo Benfica), jogo com o Tondela em Alvalade - e de perseguição ao Benfica nas modalidades; futsal (perda de três pontos) , equipa B (fustigada com péssimas arbitragens) e agora os "pobres" dos Juniores, sobre os quais pende a ameaça de perda de três pontos. É demais e não dá para atribuir às contingências da época. Há algo errado na atual FPF e é necessário saber o quê e porquê. Findo o campeonato nacional de futebol sénior, há que dar um "murro na mesa" e chamar os bois, salvo seja, pelos nomes.  Ou têm medo dos dirigentes de Alvalade ou são seus cúmplices. É o que me parece.

domingo, 8 de maio de 2016

Uma equipa com alma

 
  Já está!, apesar da grave contrariedade com errada a decisão do árbitro no lance de Renato na área maritimista que acabaria por ditar a expulsão deste, os bravos jogadores do Benfica, uniram-se, mantiveram.se concentrados...e ganharam justamente, merecendo até margem mais dilatada. Os golos foram fantásticos; um primor de execução, tal como as duas bolas na trave! Estão todos de parabéns.
 
   Renato Sanches foi infantil no lance do segundo cartão e Rui Vitória deveria tê-lo substituído de imediato após o primeiro; no meio campo há muito contacto físico e Renato usa muito o "cabedal"; tendo em conta o critério do juiz da partida, impunha-se a sua substituição.
 
   Estou a ouvir o Calado e não há dúvida que tem toda a razão na maneira como aprecia o silêncio da comunicação social na conferência de imprensa; de facto, Rui Vitória não dá "milho" aos jornalistas; fala sobre o jogo e não alimenta polémicas que é o que pretendem, para mal de quem tem algum decoro. Assim é que é! Querem polémica falem com as legiões verde e azul.
 
   Já Nelo Vingada não foi feliz na análise que fez ao jogo; com onze primeiro, depois com com dez, o Benfica foi sempre superior e se não obteve resultado mais robusto foi graças a Salin e ao poste.
 
  É necessário perceber o que se passa nos bastidores do futebol nacional; há muitos anos que não se via campanha tão sórdida e abrangente contra o Benfica. Sabemos que o líder é sempre o alvo dos outros; é normal nas sociedades animais, humanas ou não, mas desta vez está a ultrapassar-se tudo o que é razoável, com a conivência de quem tem a obrigação de manter a lucidez e o vínculo à verdade e ao mérito.
 
   Força Benfica!

O pântano

      
Auto-retrato, Pierre Auguste Renoir
 


   Denunciada a manobra "da mala", logo se desencadeou uma panóplia de ações de origens diversas, cujo propósito está por avaliar; se autêntica, se para "tapar olhos". Até parece que andavam todos distraídos; ele são os inquéritos da Liga, ele são as investigações a russos e angolanos com atividade no futebol nacional, ele são as múltiplas análises antidoping, ele são as "juras" de oposição aos aliciamentos. Tudo acompanhado pela censura mais ou menos explícita aos denunciantes, pela ausência à pouca vergonha que se tem verificado nos jogos dos dois candidatos ao título, não faltando quem considere benéficos os incentivos para ganhar, apesar de, efetivamente, se tratarem de incentivos para a prática do antijogo e, ou, prémios por "facilidades" em jogos passados ou futuros.
 
   Com efeito, a escandalosa displicência dos adversários do Sporting nesta ponta final do campeonato, mostra uma alargada aliança entre clubes para reforçar a candidatura daquele ao título em detrimento do Benfica. Tal espelha a falta de ética e de confiança por parte dos aliciadores como também a debilidade económica da maioria dos clubes que se prestam a tais práticas. Tudo isto remete para tempos de má memória que se julgavam definitivamente afastados em que as "manigâncias" que sustentavam as vitórias do clube dominante, o Porto eram atribuídas à irrepreensível competência da "Exemplar estrutura", que, como hoje se vê, na realidade, assentava no poder dissuasor de um grupo de torcionários, finalmente a contas com a justiça, e que, antigos dirigentes do clube verde-branco, parece, tentaram reproduzir em Lisboa.
 
   Por sua vez, a comunicação social, com raras exceções, fecha os olhos aos indícios de corrupção e prefere enaltecer a futebol arrasador dos de Alvalade, colaborando na estratégia de desestabilização contínua e cada vez mais intensa do clube da Luz. A verdade é que, curiosamente, denunciado o jogo da " mala", logo surgiram notícias do interesse do Sporting no guarda-redes do Marítimo com a oferta de 350 mil euros por época...precisamente o mesmo valor que fora atribuído, também pela comunicação social à oferta dos verde-brancos aos jogadores do Guimarães. Curioso!
 
   Pateticamente, Pedro Proença, dirigente destituído de idoneidade por muitos adeptos, entre os quais me incluo, atual Presidente da LPFP, prefere enaltecer a ímpar competitividade do campeonato nacional face aos seus congéneres europeus, não percebendo que, pelo contrário, uma competitividade fictícia, como é o caso, só o descredibiliza.
 
    Estas debilidades do futebol nacional parecem  insanáveis porque na sua génese radica uma quase generalizada falta de ética crónica, a qual, paradoxalmente, muitos fazem passar por normal, consoante os seus interesses concretos. Apesar de reconhecer que, por mais que se regulamente, fiscalize e penalize, nunca se conseguirá suprimir esta tentação, considero que é possível atenuar esta realidade agindo com inteligência, firmeza e neutralidade. Neutralidade; eis algo que perece impossível atingir nas instituições que tutelam o futebol.
 
   A penalização dos incentivos externos à competitividade deveria ser agravada no plano pecuniário, mas também no desportivo, de forma a constituir efetiva dissuasão da tentativa de aliciamento. Porém, também me parece que a cedência de jogadores entre clubes do mesmo escalão não deveria ser permitida. Como é possível que não se considere esta uma prática antidesportiva apesar de  estabelecer um fator de desigualdade entre os clubes de origem e todos os outros? Parece infantil! Se, por um lado, a ausência destes jogadores desfalca as equipas de destino quando defrontam as de origem, se jogassem, daria azo à suspeição quanto às suas intenções no jogo. Por isso o melhor mesmo é proibir as cedências entre equipas na mesma prova.
 
  Mas, como sabemos, tal não seria suficiente para garantir a ética desportiva; os adeptos mais atentos, estão fartos de perceber todas estas manobras; fecha-se o contrato com um jogador da equipa alvo para a época seguinte...promete-se a "venda" de outro jogador ao clube alvo para a próxima época...alicia-se, discretamente, um jogador chave da equipa alvo para alguns jogos, (é para isso que servem os grupos  torcionários; na verdade, quando um jogador falha um remate ou um corte, só ele é que sabe se foi acaso ou não), ou faz-se perceber ao respetivo treinador, pelo mesmo método, e discretamente, da conveniência em alterar o modelo tático ou as opções técnicas da equipa. Enfim, nesta matéria não há limites para a imaginação. Apesar de incontrolável, deve trabalhar-se ao nível da dissuasão; elaborando regulamentos e penalizações tais que afastem as tentações dos mais ousados, nos âmbitos desportivo, cível e criminal. Ora tal exige, vontade e convergência política e aí é que as dificuldades se agravam, uma vez que, tal não se tem verificado. Antes pelo contrário, parece que a ordem política consiste em "fechar" os olhos aos mais "destravados", seja pela afinidade com o clube em causa, seja por medo de conflitos sociais. Enfim, uma autêntica deceção que resulta, sobretudo, da fraca conta em que os dirigentes têm os adeptos do futebol, os quais, diga-se em abono da verdade e salvo exceções, também não se dão ao respeito.
 
Força Benfica!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A mala

  
O Grande Banho, Pierre Auguste Renoir

 
    Vai por aí um grande alarido entre os falsos puritanos contra a denúncia implícita e explícita de alguns benfiquistas, João Gabriel, Pedro Guerra e Rui Gomes da Silva, relativamente aos incentivos monetários que parece estarem a ser oferecidos aos adversários dos encarnados por gente afeta ao Sporting. E não falta quem, não só, não veja mal nessa artimanha, como é o caso de Otávio Ribeiro, como considera esse complemento remuneratório extraordinário importante para os profissionais do ludopédio, tendo em conta as relativamente curtas carreiras, não reconhecendo correspondente desvirtuamento das competições onde militam.  
 
   A oferta de prémios monetários a jogadores de clubes em função do seu desempenho contra equipas rivais, ao que consta, foi uma prática corrente no futebol português durante várias décadas, segundo confirmaram, anos atrás, Gaspar Ramos e o  falecido Pôncio Monteiro (que Deus tenha). Uma discreta operação de bastidores, pelos vistos, de todos conhecida e sem penalização legal ou regulamentar. Hoje porém tal prática é interdita e penalizadora para quem a pratica, infelizmente, ao que parece, com multa ligeira. Pena que não dê lugar a perda de pontos.
 
   Evidentemente que não me causa qualquer estranheza que pessoas inteligentes e informadas defendam as cores dos seus clubes ou dos clubes dos seus patrões. Mas incomoda-me que tentem fazer-nos passar por parvos. Senão vejamos:
 
   Residindo a raiz da corrupção, antes demais, no coração dos homens, no caso específico  do futebol, ela é facilitada pela vulnerabilidade financeira de alguns clubes, de todos conhecida mas por todos consentida. Adiante. Um clube profissional tem obrigação de proporcionar aos seus trabalhadores e às suas famílias, dignas condições de trabalho. Se não tem, desce à categoria de amador e a questão já não se coloca. Mas compete às entidades organizadoras a verificação da condição financeira dos clubes que competem nas suas provas, a saber; LPFP FPF, UEFA e FIFA. Identificámos; défice cultural - falta de respeito pelos outros -, défice financeiro e défice institucional.
 
   Já ao jogador profissional, tendo aceitado as condições que aufere no clube que representa, compete dar sempre o seu melhor na defesa da sua entidade patronal. Rescinde em caso de quebra de contrato. Mais nada. Siga:
 
   Ora se uma entidade externa a uma equipa se intromete e premeia monetariamente os atletas da mesma pela maximização útil da sua competitividade contra os rivais daquela e estes aceitam, tal significa que todos os envolvidos reconhecem haver défice de empenho nas condições nominais. Isto não abona em favor dos profissionais em causa, nem das tais instituições, nem do "benemérito", desde logo por colocar em causa a idoneidade de todos como ainda por, potencialmente, beneficiar todos os outros adversários, que os defrontarão em condições mais favoráveis, desvirtuando, desde logo, a credibilidade da competição. Até porque muito poucos deles não disporão de meios para fazer o mesmo. Continuemos:
 
   Dando-se o caso de a entidade "benemérita" ser concorrente das equipas direta ou indiretamente envolvidas, nunca ninguém, além do círculo restrito dos diretamente envolvidos saberá o efetivo propósito de tal "dito cujo" prémio; se para incentivar maior empenho contra o adversário, se para pagar a displicência controlada no jogo entre ambos. Isto é definitivo, mas não é tudo; vejamos:
 
   O maior empenho pretendido com o "incentivo" pode não se traduzir num maior esforço para a prática de um jogo de maior qualidade, com benefício dos adeptos - que são quem, no final, acabará por pagar -, mas para colocar no terreno de jogo todas as sórdidas práticas do antijogo que por cá se vêm, como fez a equipa do Vitória de Guimarães, no recente jogo da Luz.
 
   Em conclusão e quanto a mim, este tipo de incentivos deverá ser considerado corrupção e penalizar severamente todos os intervenientes, não só no plano pecuniário como no desportivo, com severa perda de pontos, por exemplo, correspondente aos que estavam em causa nos jogos identificados.
 
   A bem do futebol, abaixo a corrupção. 

Vídeo-Árbitro

    
   Le Pont Neuf Paris, Pierre Auguste Renoir
   Apesar de anos de obstinada recusa da FIFA à abordagem do tema,  generalizou-se a discussão  acerca da  utilidade e viabilidade da utilização do vídeo-árbitro nos jogos de futebol, anunciando-se para breve as primeiras experiências oficiais na europa, talvez em Portugal. Que vai reduzir o tempo útil de jogo, dizem uns. Que as dúvidas irão sempre prevalecer, dizem outros. Que não é possível usar meios idênticos em todos os jogos, dizem uns e outros. Que é demasiado dispendioso, dizem todos. Que a discussão das dúvidas e erros fazem parte do jogo, dizem os do "stablishment". Que reduz a margem de erros das equipas de arbitragem, argumentam os mais convictos.
   Bem sei que os instalados no "status quo" não estão interessados na transparência nem na verdade desportiva. E "sei" que muitas provas são conduzidas de forma a produzir resultados pré-estabelecidos de acordo com as lógicas de poder vigentes. A teia de interesses associada ao futebol vai da finança à política e às economia formal e informal. Por tudo isso a resistência será forte e prolongada, mas tem de ser vencida, sob pena de inexorável declínio deste desporto e frustração dos seus adeptos, com repercussões sociais imprevisíveis.

   Considero que o uso do vídeo-árbitro pode ser de grande utilidade e de simples aplicação, sem prejuízo do tempo útil de jogo. Eis como vejo o processo: o árbitro tradicional continua a ser soberano no jogo e decide quais os lances relativamente aos quais necessita de informação complementar. O árbitro auxiliar de serviço ao vídeo intervirá por solicitação do árbitro principal indicando-lhe a sua interpretação do lance em causa ou alertá-lo-á para incidentes ocorridos fora do seu campo de visão. Este toma a decisão definitiva e manda seguir o jogo. A diferença relativamente à situação atual é que deixa de haver a desculpa da falta de visibilidade ou da excessiva rapidez do lance, reduzindo drasticamente a margem de manobra dos "artistas" do apito, uma vez que tudo ficará registado. Obviamente que a eficácia deste processo restringe-se a certo tipo de lances; das linhas de baliza e da grande-área, do fora-de-jogo, do jogo violento com e sem bola, da marcação dos penaltis, enfim, os que o árbitro principal decidir, condicionado a tempos de decisão limitados. O processo desenrolar-se-ia passo a passo em vários países europeus que trocariam informações e conclusões entre si, com supervisão da UEFA e da FIFA.
   Se é verdade que há sorte e azar no jogo, também é certo que só as vitórias merecidas, produzem no adepto o fascínio que o atrai, sustenta e desenvolve a indústria do futebol e o pacifica com a vida.
   Já ontem era tarde.  

domingo, 1 de maio de 2016

Menos uma final

 
The Harem Aka Parisian Women Dresses As Algerians, Pierre Auguste Renoir
 
 
   Foi a ferros, mas foi justa. Sérgio Conceição levou para a Luz o tipo de futebol muito em uso por cá, em especial em um dos clubes que representou, o Porto. Explorou a previsível ansiedade da equipa encarnada abusando da agressividade e do antijogo ostensivo, provocatório, enervante, em detrimento do bom futebol que a sua equipa pratica...quando quer! Isso mesmo! Sérgio Conceição, com a falta de cultura desportiva que o caracteriza, preferiu apostar na interrupção frequente do jogo, recorrendo a esquemas circenses, do que explanar as qualidades desportivas que a sua equipa demonstrou possuir logo que se viu em desvantagem. Uma vergonha!
 
   A equipa do Benfica revelou ansiedade e falta de frescura física e mental de alguns jogadores, que se refletiram em fraco dinamismo, má qualidade de passe e falta de criatividade. Excetuou-se o lance do golo, graças à magnífica atuação da dupla Gaitan-Jardel, que já no jogo com o Rio Ave deu bons frutos, mais duas ou três situações, especialmente após as entradas de Sálvio, Jimenez - que pena aquela bola na trave, mas a "letra" era desnecessária (a equipa primeiro) -, e Samaris. Pizzi está fora de forma, tal como Renato - falharam inúmeros passes -, e Gaitan não pode fazer tudo. Sem eles, os pontas de lança não funcionam, como se viu. André Almeida foi providencial mas devia ter despachado a bola pela linha final, logo no primeiro corte. Jardel precipitou-se no lance precedente; tinha vantagem no controlo da bola, dava mais um passo e enviava-a pela linha lateral. Fantásticos, Ederson, Jardel, Fejsa e Gaitan. Carcela, Guedes Samaris, Jimenez e, talvez Luisão, podem ser importantes nesta ponta final. Os bons jogadores esgotados não funcionam. Enfim, vieram os três pontos, que era o mais importante.
 
   Bruno Paixão, felizmente, penalizou o jogo violento, mas não puniu as simulações grosseiras, permitindo prolongadas interrupções do jogo sem justificação, como era do interesse do Vitória de Guimarães.
 
   P.S. Consolida-se a ideia que vem correndo de que há algo espúrio nos bastidores que pode estar a desvirtuar e descredibilizar quer o campeonato quer as instituições desportivas e públicas. Se, tal como disse o Fanha, o incentivos às equipas dos concorrentes diretos são irregulares e puníveis, é tempo de averiguação por quem de direito. Constou-me quem sabe ver um jogo de futebol, que o Porto ofereceu o jogo ao Sporting!, não me surpreende, mas esperava que aquele clube procurasse salvar alguma da dignidade que lhe restava. Em outra frente, a comunicação social  continua a terçar armas pelos de alvalade; ele é o anúncio do julgamento dos dirigentes do Porto, ele é a dívida do Benfica e as empresas de Filipe Vieira ao Novo Banco, eles são os feitos do treinador do mundo, da Via Láctea e da Andrómeda e arredores...etc.
 
   Força Benfica!