Desporto

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O "desastre napolitano"

 
Edvard Munch obreros Camino de casa, 1913-5
 
Ponto prévio; não é novidade para ninguém que se interesse minimamente pelo tema, que o futebol italiano é, desde sempre, dos mais evoluídos do planeta. Sabem tudo da poda, seja nos planos técnico e tático, seja no plano chamado "jogo sujo". Um futebol enxuto mas sofisticado, cínico e preciso, a que acrescentam uma forte mentalidade que lhe advém duma história coletiva riquíssima.
 
Posto isto, tendo o Nápoles perdido a corrida do título da época passada nas derradeiras jornadas, a tarefa do Benfica, ainda debilitado no seu onze titular por falta de algumas "pedras" influentes e à procura de novos equilíbrios, não se afigurava fácil. Por outro lado, a menor exigência dos adversários internos, nos quais os níveis de eficácia são consideravelmente baixos relativamente "aos nápoles" conduzem à concessão de algumas "facilidades", agora fatais.
 
Uma derrota em Nápoles é normal; uma humilhação não! E foi o que aconteceu! Falhadas duas oportunidades flagrantes pelos encarnados, muito graças ao já mítico Reina, preocupados em fechar os espaços interiores, como explicou Vitória, a equipa do Benfica, caiu no tipo de jogo em que os italianos são exímios, abdicando das alas e dos lances de rotura. Com um posicionamento irrepreensível em todo o campo, exercendo permanente pressão sobre os "vermelhos" logo à saída da área, fechando todas as linhas de passe, trocando a bola com precisão de relojoeiro, os napolitanos, recuavam de imediato para a frente da área logo que perdiam a posse da bola, "roubando" os espaços de possível expansão do jogo do Benfica.
 
No lance do primeiro golo do Nápoles esteve em evidência a diferença essencial entre as equipas; concentração, técnica e sagacidade do lado dos italianos e desconcentração e até displicência dos portugueses. Um remate de dentro da área, desde que não seja à figura do GR, é indefensável. No caso dos cantos, uma vez que não há fora de jogo, o GR é pressionadíssimo pela proximidade dos adversários, beneficiando apenas da proteção de que goza na pequena área. Nenhum GR, consegue responder a tempo, desde o meio da baliza a um dos postes, a um remate rápido desferido nas proximidades da pequena área. Por conseguinte, o que deve ser feito é encurtar a baliza com um homem a cada poste, pelo interior. Porque não foi feito?, porque em Portugal não são necessários tantos cuidados!
 
Em cima disto, a "ratice" e excelência técnica do avançado azul, e do marcador do canto, fizeram o resto; Feysa assumiu a cobertura ao 1º poste, colocando-se ligeiramente à frente do avançado. Muito bem. Quando viu a bola vir na sua direção cometeu o erro fatal; ficou à espera dela, julgando-se senhor do lance. Pois é! O picolo napolitano agachou-se ligeiramente, deu meio passo em frente e "penteou" a bola metendo-a no buraco da agulha". Júlio César ainda apareceu...mas...demasiado tarde. Teve responsabilidade na formação defensiva; competia-lhe dar as ordens de posicionamento. Aquele é o seu território; ele é que manda!
 
Ainda assim, tendo a 1ª parte sido equilibrada, o golo do Nápoles não foi um golpe de sorte. As "papoilas saltitantes" apresentaram-se na 2ª metade com o mesmo "desgraçado" tipo de jogo - do tico tico saranico - a pensar não sei o quê, quando me parecia óbvia a necessidade de aumentar a velocidade, a intensidade, a amplitude e a profundidade do jogo. A vitória é dos ousados. Era necessário provocar desequilíbrios e o Benfica só o fez quando tudo estava perdido! Então viram-se ao adversários a terem de correr atrás da bola, a falharem passes e a encaixarem duas "mocas". Certo que, nesta fase, já tinham passado o computador a modo "sleep". De qualquer modo foi um regalo ver o sargalhão do Guedes a cortar o passe, bater o defesa em corrida, contornar o grande Reina e fazer o golo já de ângulo fechado. Aprendeu com o lance do Besiktas. Tem futuro. O golo do Sálvio, a passe do André, constituiu uma lição acerca do que deveria ter sido feito; passes de rotura sobrevoando o denso meio-campo do Nápoles, bem recheado com cinco craques. Ficou demonstrada  nos lances de rotura a debilidade da defesa napolitana. Os receios de Rui Vitória foram excessivos; lá diz o aforismo que a melhor defesa é o ataque.
 
Júlio César ficou afetado com o primeiro golo; foi-se abaixo. Não teve responsabilidades no segundo mas teve no terceiro e no quarto. Será que o histórico da sua carreira em Itália o afetou? Se afetou, deveria tê-lo dito ao Treinador.
 
O lançamento de Carrillo não funcionou. Vitória deveria ter mexido na equipa mais cedo.
 
As decisões vitais do árbitro aceitam-se, mas creio que pecou por excesso de zelo no lance da falta que resultou no livre do segundo golo, superiormente executado. O caso é que já antes se tinha portado mal com o Benfica "roubando-lhe" uma Taça da Liga Europa. Não é por este caso, mas há muito que não acredito da UEFA, nem na FIFA, e, já agora, nem na FPF.

É possível que este resultado sirva para unir ainda mais o grupo de trabalho otimizando o esforço de todos.
 
Conclusão; há que trabalhar mais e melhor. A festa deveria ter acabado há muito; esqueçam-se dos êxitos passados e concentrem-se nos objetivos desta época.
 
Força!

sábado, 24 de setembro de 2016

Vitória suada!


Achille-Émile Othon Friesz - Le Havre, le bassin du Roy, 1906.

O jogo correspondeu ao que dele se esperava; um Desportivo de Chaves dos velhos tempos, compacto, raçudo, sem desfalecimentos, num belo mas curto relvado, usando e abusando dos velhos truques do anti-jogo. 

Sem espaço nas costas dos defesas contrários os jogadores encarnados viam-se e desejavam-se para desenvolver o seu jogo até à área contrária em condições de alvejar a baliza. Na verdade, ainda na primeira parte, criaram algumas situações de golo; numa delas o GR respondeu com excelente defesa a remate mortífero de Kostas e na outra, o juís de linha assinalou falta por fora de jogo inexistente. 

Alguns jogadores encarnados desorientaram-se errando, grosseiramente, alguns passes a meio campo, um dos quais, ainda na 1ª parte, resultou em lance de golo do Chaves, neste caso bem anulado por fora de jogo, pelo juiz de linha respetivo. Outro, só por sorte não deu golo; a bola embateu por duas vezes no poste direito da baliza de Ederson!

As alas do Benfica não funcionaram devido ao permanente bloqueio dos chavenses com dois, três e até quatro jogadores, tática propiciada pela exiguidade do campo, mas também por falta de inspiração dos extremos do Benfica. Só de bola parada os encarnados fizeram os dois golos; o primeiro, num livre a punir falta sobre Nelson, exemplarmente marcado por Grimaldo e sabiamente finalizado por Kostas, mais uma vez, penteando a bola, na cara do GR. O segundo, na sequência do livre marcado pelo mesmo Grimaldo fazendo a bola embater na barreira e ressaltar para a frente da área onde apareceu Pizzi, com oportunidade e concentração, a fazer a recarga indefensável; o GR nem se mexeu!

Finalmente os encarnados puderam respirar ,mas os de Chaves é que não se deixaram abater!, assumiram o jogo e chegaram a encostar o Benfica às cordas, arrancando várias faltas no seu meio-campo. Desconfiei do árbitro, por assinalar tudo para o Chaves, mas parece que não tinha razão. Nesta fase já nenhum jogador do Chaves parou o jogo por alegada lesão.

Enfim, mais uma vez, esteve em evidência a importância dum ponta de lança de alto gabarito e o perigo da desconcentração defensiva inerente a este tipo de jogos em que o adversário se acantona frente à sua área vedando todos os espaços mas, numa recuperação, rapidamente mete dois, três ou quatro jogadores na área contrária, devido à exiguidade do campo.

O estádio esteve bem composto; viu-se que foi uma festa para as gentes de Chaves. E assim deve ser o futebol...desde que, sem anti-jogo.

PS: Registo com agrado e alguma surpresa a indignação pública de Ana Gomes contra os seus "camaradas" que proporcionaram a José Sócrates mais uma oportunidade de se apresentar ao país como vítima de perseguição judicial e política. Para alguns políticos, os interesses dos seus correligionários e dos seus Partidos, prevalecem sobre os do país e da decência política.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Pé ante pé!

 
 
 Barbería, Edward Hopper
 
...E já estamos na frente! Sem euforias, como convém; a procissão vai no adro e respeitar os outros é bonito.
 
A equipa do Benfica, como tinha feito contra o Besiktas, fez um bom jogo. Melhor!, desta vez teve o que lhe faltou antes; ponta de lança; o que está onde é necessário e que, de pé ou de cabeça, sabe rematar, dando à bola o efeito de que carece para entrar na baliza.  Ainda houve por ali alguma confusão no passe a nas marcações, valendo-nos a excelência de Júlio César cum umas três intervenções de grandíssima categoria. Marafona também brilhou a grande altura por várias vezes, que me lembre; espetacular remate de primeira de Sálvio a culminar jogada de envolvimento empolgante, salvo erro, iniciada pelo endiabrado Grimaldo; portentoso livre de Gonçalo Guedes a meia altura e forte remate rasteiro à entrada da área de Zé Gomes. Várias perdidas, parte a parte, a indiciarem ainda, baixos níveis de preparação e concentração de alguns jogadores. Braga difícil, muito tático e ativo. Benfica respondendo à letra e superiorizando-se quase sempre, sem que, até ao 2-0, deixasse de pairar o síndroma do empate.
 
Grimaldo está a jogar muito; Nelson Semedo deve dar mais atenção à cobertura do seu flanco; Lisandro não deve desligar o radar enquanto o árbitro não der o apito final. André Horta e Feysa estão soberbos - este com uma fífia monumental, invulgar, que nos ia saindo cara; Pizzi fez um golo e assistiu para o terceiro; Guedes foi, mais uma vez, um moiro de trabalho, incansável rematador a merecer melhor sorte. Zé Gomes é fino; conhece os terrenos que pisa e não pede licença para rematar, tendo obrigado Marafona a aplicar-se a fundo.
 
Com o 3-o, Rui Vitória, descomprimiu a equipa - cuidado com isso - aproveitando para descansar jogadores - Feysa e Sálvio -, e dar minutos a outros; Carrilho e Zé Gomes. Gostei, claro; há grande margem de progressão.
 
Sousa não esteve mal; a decisão do 2º golo é para respeitar. Pizzi foi rasteirado na área, de forma invulgar. Guedes foi derrubado na zona frontal e impedido de visar a baliza. António Rola anda muito macio com os árbitros; terá sido atacado pelo vírus do excesso de zelo?
 
Marafona lesionou-se, mesmo, no pé esquerdo; viu-se bem como abanou todo. Pousou-o devido ao colega. Julguei que estava arrumado para o jogo. Apesar de tudo, cheguei a convencer-me de que, da segunda vez, estava a fazer ronha, para "arrefecer" o ímpeto dos encarnados e para os colegas "apanharem ar", que já estavam a estorvar-se uns aos outros.
 
José Peseiro enervou-se e compreende-se; mas não teve razão; o movimento de interseção do bola pelo seu jogador, foi intencional e colocou Pizzi em jogo!, enfim; é a chamada sorte do jogo...mas não deve subestimar-se o trabalho atacante, nomeadamente pelo Kostas.
 
Salvador pareceu demasiado nervoso pois não sabia que fazer às mãos nem ao nariz; tinha o primeiro lugar à vista, mas o Benfica foi melhor.
 
Trabalhinho, muito trabalhinho; deixai o paleio para os outros.
 
Força, Benfica!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O pézinho do Talisca

 
Jean Beraud , La rue de la Paix
 
À parte as picardias e ressentimentos, Talisca, talvez seja, hoje, o melhor especialista mundial na marcação de livres diretos na zona dos trinta metros, numa amplitude de quarenta e cinco graus relativamente ao eixo da baliza, na linha de golo. Julgo que tem a ver com a sua morfologia; Talista tem perto de 1,90 m o que lhe confere poder e facilidade de remate, permitindo-lhe concentrar-se na colocação, o que faz com rara mestria. Até Neuer foi batido. Qualquer um!
 
Neste lance, fiquei com a impressão que Elderson foi lento; estava no meio da baliza e a bola entrou a cerca de dois metros à sua direita! Para um guarda redes de extraordinária elasticidade e concentração como ele, parece estranho. Só se compreende se admitirmos que se apercebeu da trajetória de bola demasiado tarde e isso poderá ter a ver com o seu posicionamento inicial, a meio da baliza. Onde estava não viu a bola partir; esta sobrevoou a barreira, apesar do salto dos defesas, e só depois foi vista por Elderson...e como vinha a alta velocidade..., este não reagiu a tempo. A posição do guarda redes deve ser concertada com a barreira de acordo com as instruções daquele; a barreira, o mais alta possível, fecha um lado e o guarda redes fecha o outro, à escolha deste. O que, para um Talisca, pode não servir de nada; este consegue passar a bola sobre a barreira, com facilidade...mas nem sempre, como já se viu.  
 
Ora tudo isto vem a propósito da discussão da utilidade da barreira. Recordo que, não há muito tempo, houve um guarda redes de que não recordo o nome, mas suponho que até era do Benfica, que não queria barreira neste tipo de lances. O que então me parecia absurdo, considero hoje razoável. É que raros são os jogadores capazes de rematar para golo de trinta metros; é preciso força e colocação. Por outro lado, sem barreira, ou com uma barreira reduzida, o guarda-redes pode posicionar-se no meio da baliza, ver a bola partir, aperceber-se atempadamente da sua trajetória e fazer-se ao lance com mais eficácia. Neste caso, não tenho a menor dúvida que, considerando a mesma trajetória e velocidade da bola, Elderson teria efetuado a defesa eficazmente. O caso é que, nesta circunstância, o remate poderia ser feito de outra forma, embora a preferência de Talisca pelo pé esquerdo restrinja as trajetórias possíveis.
 
Haverá, hoje, guarda redes no mundo que, pelo menos em certos casos, prescindam da barreira?

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Desânimo parcial

 
Jean Béraud, Le coup de vent
 
O empate do Besiktas nos momentos finais do jogo, de livre exemplarmente marcado pelo Talisca, desanima jogadores e adeptos encarnados mas não deslustra o bom trabalho da equipa encarnada. Com Talisca em campo e o resultado tangencial ,o risco de sofrer um golo de bola parada era muito alto. Até porque o árbitro estava a marcar tudo contra o Benfica e o Besiktas procurava chegar à baliza nesse tipo de lances. No computo geral, o empate acaba por ser justo, com o Benfica a dominar na primeira parte e o Besiktas a assumir o controlo do jogo na segunda. De todo o modo, os encarnados criaram oportunidades suficientes para vencer, a mais flagrante pelo Gonçalo, que teve azar no lado que escolheu para o remate.
 
Mas gostei de ver a dinâmica da equipa em quase todas as zonas do campo, apesar das mudanças que se verificaram; muito bem a disputar e trocar a bola, muito bem nas faixas...mas falta de gente no eixo do ataque. Notou-se a falta de Jonas. Elderson esteve fantástico, sem responsabilidades no golo de Talisca; indefensável. Horta está cada vez melhor, tal como Sálvio, Fejsa, Grimaldo, Nelson, Gonçalo, Cervi.... A saída de Fejsa por lesão foi fatal. Mesmo no período ascendente dos turcos, os encarnados criaram várias oportunidades para marcar. Tendo em conta as limitações do plantel, até estou razoavelmente satisfeito. Não há razão para dramatizar.
 
Por acaso pareceu-me que o árbitro não usou o mesmo critério em lances semelhantes, como o que deu o livre donde resultou o lance do empate.
 
Oxalá não haja sequelas daquela bolada no Grimaldo nem novas lesões, senão ainda teremos que jogar com os juniores.
 
O caso Talisca, não é caso nenhum; marcou um golo à Talisca em modo vingança e mostrou-se ressentido com o ainda seu clube, não se sabe bem porquê; se calhar queria ser titular e tinha o caminho tapado. Se é o caso revela falta de respeito pelos seus colegas, que têm o mesmo direito. Tem é que convencer o Treinador e não acredito que Rui Vitória aja de má fé. Será que tem problemas de consciência relativamente a eventual espionagem desportiva ao serviço do clube rival? Não sei; mas estou tentado a acreditar nisso.
 
PS: A Deputada Ana Gomes, resolveu meter-se com o Benfica; não parece preocupar-se com a rapinagem que alguns clubes praticam sobre bancos com risco de prejuízos para os contribuintes. Nem com o esbanjamento de dinheiros públicos no apoio a religiões associadas a atos de terrorismo. Nem parece indignar-se com o descaramento com que gente do seu partido indiciada por corrupção ataca os agentes da justiça que atuam em nome do Povo. Nem com a trajetória do país na direção do quarto resgate proporcionado por governos do seu partido. Não. Tal como já tinha feito a sua colega Helena Roseta a propósito do Museu Cosme Damião, foi meter-se com o Benfica e eu julgo saber porquê: Em primeiro lugar o projeto político do seu partido contempla a diminuição das entidades agregadoras dos portugueses, considerando-as culturalmente conservadoras, geradoras de resistências às suas ideias de organização política e social de Portugal. O Benfica é uma delas. Não só. Em segundo lugar, tendo em conta o mediatismo do clube encarnado, entendo esta ação como uma manobra de diversão destinada a aliviar a pressão, que se tem generalizado e agravado, sobre o Governo que o seu partido lidera. Finalmente, este ataque ao Benfica serve de prova de vida a quem parece necessitar desesperadamente de fazer "prova de vida política". É pena; causas não lhe faltam. Dão é mais trabalho e não atraem tantas atenções.
   Já nem pergunto qual o seu clube; mas não tenho a menor dúvida de que o poder político, em geral, se encarregará de impedir a hegemonia desportiva do Benfica; não vá o povo associar o Novo ao Antigo Regime. É assim uma espécie de vacina intelectual. E se é intelectual...é boa!
 
FORÇA BENFICA!

sábado, 10 de setembro de 2016

Coisas em Arouca

 
Fishing Boats on the Deauville Beach 1866
 
Três pontinhos, inteiramente merecidos, embora sofridos, já cá cantam. Em geral a dinâmica da equipa do Benfica foi boa, tendo criado oportunidades suficientes para um resultado dilatado. Foi escasso, graças ao défice de finalização e ao erro grosseiro de Veríssimo no lance da grande penalidade perdoada ao Arouca. Daria o 0-3 ficando o Arouca com 1o jogadores depois do que, levaria uma valente coça tipo meia-dúzia. Em vez disso fez o 1-2 logo a seguir e, felizmente, ficou-se por aí.
 
Mais uma vez uma falha de marcação dos centrais encarnados no jogo aéreo custou um golo. Julgo que o Rafa deveria ter jogado na ala - necessita de espaço para transportar a bola, fintar os adversários e centrar ou declinar para o meio para rematar à baliza. Julgo que Guedes pode fazer bem a posição de avançado centro; tem arcaboiço para lutar com os centrais e remata bem com os dois pés. Contudo, os alas estiveram bem. Zé golo ia molhando a sopa mesmo no fim, na sequência de uma jogada fantástica de Horta; vê-se que sabe movimentar-se na área. Os restantes jogadores pareceram-me bem.
 
O intervalo parece que fez mal ao árbitro, tal como aconteceu ao do jogo com o Setúbal. Os árbitros não deviam estar acessíveis a contactos externos de qualquer espécie durante os intervalos dos jogos. É que, às vezes, parece que acontecem coisas...do arco da velha.
 
Vamos a ver se passa a maldição das lesões aos jogadores encarnados.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Filipe Vieira; notas sobre a entrevista de ontem

 
Claude Monet - Heavy Sea at Pourville, 1897
 
No seu estilo simples, sem rasgos de oratória, Filipe Vieira, respondeu a todas as questões avulsas que lhe foram colocadas, definiu os objetivos para a próxima época e, sobretudo, clarificou o seu projeto para os próximos anos. É esta última parte que me parece mais relevante.
 
Distingo três estágios, cumulativos, no consulado de Vieira no Benfica; o das infraestruturas, o da competitividade e o da identidade. O primeiro continua em curso e dispensa comentários. O segundo foi atingido nos últimos anos em ambos os planos; interno e externo, com o anterior ainda em expansão. O terceiro iniciou-se com a entrada de Rui Vitória, com os anteriores em curso.
 
O plano da identidade consiste na manutenção na equipa principal de uma maioria de jogadores de nacionalidade lusa originários da formação do clube. Com os modelos desportivos bem consolidados, passados os sucessivos crivos de exigente avaliação, os jogadores que chegarem ao topo serão necessariamente bons e trarão consigo  a mais-valia  da cultura do clube consolidada, em cada caso, por cerca de uma década de manto vermelho vestido. Acredito que este modelo trará sinergias à equipa.
 
A segunda vertente deste plano, que até agora não tinha sido bem compreendido, ficou bem expresso na descrição do objetivo de planeamento desportivo a médio prazo. Desta vez foi mais longe ao referir a acção abrangente do Treinador principal ao acompanhar os jovens da formação, elaborando planos de progressão individuais e das respetivas integrações na equipa sénior A. Parece evidente que, este método, possibilitará estabilidade a toda a estrutura associada a maior responsabilidade e dignidade de todos os envolvidos, desde técnicos a jogadores. O grande desafio que aqui se coloca é o de assegurar o talento inerente ao jogador de alta competição, reconhecendo-o precocemente e sabendo desenvolvê-lo ao nível pretendido.
 
Finalmente a terceira e última vertente é, nada mais nada menos, que a financeira, definido o objetivo de redução do passivo aos 200 milhões de euros, considerado essencial para a retenção no plantel, durante mais tempo, da estrutura nuclear da equipa, por sua vez necessário à prossecução dos mais altos objetivos desportivos, nomeadamente europeus. Lembremo-nos que o Benfica paga cerca de 22 milhões de euros anuais em juros! Uma barbaridade comprometedora da competitividade desportiva. Este plano permitirá reduzir os encargos de recrutamento maximizando as mais-valias das transações, criando excedentes, que permitirão, paulatinamente, cumprir o objetivo da redução do passivo.
 
Haja capacidade para pôr isto a funcionar.
 
Quanto ao resto, algumas curiosidades e clarificações interessantes acerca dos múltiplos episódios que têm surgido. De enaltecer a postura cordial para com os principais rivais e respetivos dirigentes, clarificando fronteiras.
 
Boa sorte.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Das novas regras do futebol

Desert Journey 1935, Maynard Dixon
É surpreendente a quantidade de regras de futebol que foram modificadas esta época; algumas aparentemente sem causa, outras oportunas, vejamos:
A "paradinha" deixa de ser possível; não sei porquê; é um belo gesto técnico e o público gosta de espetáculo. Será que a consideram uma humilhação para os guarda-redes?
Nos prolongamentos pode fazer-se mais uma substituição. Acho bem.
Pausas para hidratação - uma velha artimanha do antijogo - passam ser adicionadas, obrigatoriamente, ao tempo regular de jogo.
Vídeo-árbitro em teste durante dois anos e só para os golos. Acho que ninguém o quer e é pena; os árbitros deixariam de ter desculpas para os erros grosseiros, que seriam expostos ao público..., e os seus supervisores ficariam sem os habituais argumentos, invariavelmente desculpabilizantes.
As violência intencional, ainda que sem contacto, é punível com livre direto e cartão vermelho. Parece-me bem.
Ofensas ao árbitro são puníveis com livre direto; penalti dentro da área. Nada contra.
Reposição da bola em jogo não tem que ser para a frente. Não vejo o alcance da coisa.
O causador involuntário de grande penalidade será punido apenas com amarelo. O vermelho destinar-se-á ao faltoso intencional. Concordo; um jogador não deve ser punido por tentar jogar a bola lealmente, seja em que zona do campo onde for.
O jogador vítima de falta punida com vermelho é assistido no relvado, exceto em caso de recuperação prolongada. Acho bem.
Agora uma bomba; a equipa do elemento do staff técnico que interfere no jogo provocando-lhe uma paragem, será punida com livre direto marcado no local onde se encontrava a bola no momento da infração; penalti, se dentro da área! Acho bem. O JJ está à pega!
Alerta!, o árbitro pode punir com cartão vermelho um jogador a partir do momento da inspeção do relvado; no aquecimento ou no túnel. Porém, a equipa do condenado pode substitui-lo. Cuidado com os provocadores; veja-se o que aconteceu no futsal na época passada!
Para o fora de jogo deixam de contar as mãos e os braços. Boa ideia, mas faltam os pés.
Tudo isto e mais as restantes regras alteradas, num total de 95, foram decididas pelo International Football Association Board, fundado em 1883, que reúne duas vezes por ano e é constituído por cindo membros; quatro delegados das federações de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte e um representante da FIFA. Não sabia.
Não me parece sensato mexer em muita coisa ao mesmo tempo mas pode ser que, pelo menos algumas das medidas deem bons resultados. A questão fulcral não são as regras mas a cultura dos agentes da lei no terreno; o respeito que devem a todos os envolvidos no jogo, direta ou indiretamente. A tal coisa que também não há na atividade política.
Boa sorte.

IPCC Forgets Antarctic Ocean Circulation and Can’t Explain New Record Ar...


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A nova época desportiva

 
 
Diego Rivera - Cancionero tocando cítara, 1938
 
Antes demais é de salientar e felicitar a equipa de andebol do Benfica pela conquista da supertaça, derrotando a valorosa equipa do ABC para a qual perdera o Campeonato Nacional e a Taça Challenge na época transata. É de enaltecer a abnegação e superação de todos, atletas, equipa técnica e dirigentes, que lhes permitiu ascender ao patamar competitivo dos principais rivais, dois dos quais, Porto e Sporting, bateram em momentos decisivos. Mesmo as vitórias do ABC não foram categóricas; em qualquer das duas finais a vitória poderia ter pendido para os encarnados.

Cheguei a duvidar da competência de Mariano Ortega, mas enganei-me; a serenidade que ostenta é a do conhecimento. Também duvidei da eficácia da formação, mas voltei a enganar-me; se há talento, o atleta-adepto junta algo mais ao seu desempenho. Consta que os rivais se reforçaram bem para a época que se inicia, em especial o Sporting, mas também o Porto, que se consideram os "reis" da modalidade. Como se viu tal pode não ser suficiente. Há que fazer melhor nesta época. Cá para mim, reforçava a baliza e a meia distância.
 
Parece-me necessário fazer algo na equipa do futsal para superar o rival Sporting; seja no plantel, seja na equipa técnica, seja a nível institucional. Na verdade à vitória dos verde-brancos na época anterior não foi alheio o seu comportamento desestabilizador nem a complacência da respetiva secção da FPF, que já preparou nova e absurda gracinha para enfraquecer os encarnados no próximo embate. Falta competência ou seriedade na FPF. Nada de novo. Os Dirigentes encarnados devem indagar junto de quem de direito se querem o seu clube a disputar a modalidade em Portugal...ou não.
 
Vólei e Basquete, terão que fazer mais e melhor esta época identificando e corrigindo as razões do insucesso relativo na época pretérita. Pareceu-me que, nos dois casos, houve, sobretudo, mérito dos adversários; o Fonte Bastardo pareceu-me possuir uma equipa ligeiramente mais sólida, muito graças à excelência de um dos seus jogadores que ganhou muitos pontos decisivos na extremidade da rede devido a uma técnica muito apurada. Na equipa de basquete do Porto a diferença, tangencial, deveu-se, especialmente, ao contributo de um jogador americano extremamente sereno e muito eficaz na meia-distância. Também a lesão de Andrade nos jogos decisivos foi crucial para os azuis. Mais eficácia nos três pontos e maior concentração a defender parece-me serem os principais desafios para esta época.
 
No hóquei há que resistir à fatal displicência que costuma atingir os que chegam ao topo. Exemplos não faltam. Esqueçam-se que ganharam tudo na época passada. À viva!
 
A equipa B de futebol sénior depois de duas jornadas meio manhosas - atenção aos homens do apito -, encarreiraram com dois excelentes triunfos fora revelando grande caracter, especialmente devido à valia dos adversários.
 
Nas camadas jovens de futebol já deu para ver que andam por lá alguns miúdos com grande talento. Veremos como se irão sair. Fiquei desolado com a derrota dos iniciados no Seixal contra o Sporting na época época transata, que lhes valeu o título, e fiquei convicto que a viragem nesse jogo foi obra do senhor do apito. Coisas da FPF, que mais parece um quartel general do anti-benfiquismo.
 
O futebol sénior arrancou com um padrão algo semelhante à época anterior; o Sporting vai ser campeão. Dizem. E, a julgar pela violência com que os seus jogadores continuam a empregar no terreno de jogo bem como à "vista grossa" que os senhores do apito têm feito, é bem capaz de ser possível. O trabalho de desestabilização fora das quatro linhas continua; deste vez, o alvo é o Luisão. Está velho e querem pô-lo na rua. Juram. As tentativas de retaliação prosseguem, desta vez com o caso Rafa. Juram que não e contratam Marcovick, um ex-benfiquista "ajuramentado", julgando fazer mossa no porta-aviões. Há porém uma mudança; Bruno de Carvalho mudou o discurso relativamente aos árbitros. Coitados; passaram a ser gente boa, à procura de fazer melhor! Significa que foram feitas as mudanças que lhe interessavam e está seguro disso. Benfica e Porto, perderam pontos com arbitragens polémicas nas três jornadas iniciais. Ah!, mas agora, nem dirigentes, nem comentadores, nem taxistas, nem mulheres a dias podem criticar as arbitragens! Filipe Vieira, mal abriu a boca em privado e em jeito de desabafo - falando para si próprio -,  vai já levar um castigo exemplar! Agora não! Agora não se pode empurrar nem agredir árbitros, nem chamar-lhes nomes feios à vista de todos, nem prometer-lhes pontapés naquele sítio logo depois das costas, nem insinuar propinquidades dos mesmos. Agora é a sério! As supremas autoridades estaroladas não permitirão insurgências, nem em pensamento. Diz-se esta gente empenhada na credibilização do futebol. Só se for...do seu futebol!
 
No Porto, a falta de vitórias e o ocaso de Pinto da Costa estão a provocar grande e inevitável turbulência. Veremos qual o novo rumo dos azuis e brancos. Em qualquer caso, serão sempre um adversário temível. Gostaria que, finalmente, encetassem o caminho da credibilidade.
 
Quanto ao Benfica, inicia a época um patamar acima do da época anterior; sem grandes mexidas, bem reforçada, com uma pré-época mais consentânea com a normalidade, com o trauma Jesus e as dúvidas relativas a Rui Vitória superadas. Inevitáveis e incompreensíveis são as lesões que se abateram sobre os jogadores. Nove. Não é azar a mais? Não haverá por aqui um padrão identificável?  Haverá encomendas? O que é certo é que as seleções têm saído bem caras ao Benfica. Espero que estejam a analisar o assunto sob todas as vertentes. Aqui há gato!
 
Absurdo é o prolongamento da época das transferências até tão tarde, já com os campeonatos em andamento! Subverte a justiça competitiva. Deveria terminar após a pré-época, quinze dias antes do início dos campeonatos, mas deveria ser permitido a qualquer clube, em qualquer momento, admitir um jogador por lesão grave irrecuperável até final da respetiva época. Nada mais.
 
Força, Benfica!

PS; O empenho de Rafa em vir para o Benfica é comovente; significa que busca algo mais além da recompensa financeira. Algo mais que o Benfica lhe pode proporcionar. Também me parece. É com este espírito que se cria aquela tal coisa a que chamam mística. Força, Rafa.