Desporto

sábado, 31 de agosto de 2019

Benfica em Agosto


Benfica em Agosto 

  
Depois da boa campanha de pré-época, da vitória na supertaça e da superação das duas primeiras jornadas, uma das quais, a do Belenenses, a gerar fundadas espectativas face às dificuldades da época transata, o Benfica tropeçou na terceira jornada frente ao Porto.

   Apesar da abundância de golos no início da época - 12 -, permanecia a dúvida dos danos provocados na equipa pelas saídas de Félix e Jonas. Compensar a imprevisibilidade, inteligência tática e a capacidade técnica de qualquer deles, não se afigura fácil Foi o que este jogo demonstrou.

   A equipa do Porto, após uma sequência de insucessos, foi a justa vencedora do encontro, recuperando da instabilidade resultante dos primeiros jogos, na “Liga dos Campeões” e no “Campeonato”.

   A primeira vantagem foi ganha pelo Porto na guerra do posicionamento; ocupando o terreno de jogo de forma equilibrada, mantendo os seus jogadores muito próximos uns dos outros criando facilmente superioridade numérica na disputa da bola. A segunda foi a intensidade de jogo; os seus jogadores correrem sempre mais e com mais intensidade, chegando à bola mais cedo, com mais força e em maior número. A terceira foi a forma como pressionaram a primeira zona de construção do Benfica; à saída da área e com quatro jogadores, fechando, literalmente, as linhas de passe ao adversário. A quarta consistiu em retirar a iniciativa ao Benfica mantendo a posse da bola o máximo tempo possível, obrigando os jogadores encarnados a preocupar-se mais com a recuperação e menos com a construção. Foi esta a chave da vitória. Beneficiaram os azuis de alguma sorte no primeiro golo, graças ao mau alívio de Rúben Dias que pôs em jogo o José Luis, e no segundo, do tudo ou nada da equipa da luz em busca do empate.

   A equipa do Benfica, exceto nos últimos 20, minutos após a entrada de Adel Taarabt, regrediu na qualidade de jogo, fazendo lembrar tempos passados. Jogadores sem mobilidade, quase estáticos, isolados na disputa da bola, sem solução para fazer fluir o seu jogo. Só após a entrada de taarabt, a equipa equilibrou o meio-campo, aumentou a velocidade, amplitude e profundidade do jogo, obrigando os adversários a correr atrás da bola e a abrir espaços. O golo anulado (bem) foi o corolário disso mesmo. Era demasiado tarde.

   Mais uma vez ficou demonstrada a importância de Gabriel na consolidação do meio-campo e na manobra ofensiva, com passes de meia-distância de grande imprevisibilidade e remates de meia-distância. Na frente, os imensos cruzamentos efetuados foram todos infrutíferos, seja pelo excelente posicionamento da defesa, sempre com dois homens nas linhas de passe, seja pela falta de acompanhamento dos avançados, causa das escassez daquelas. Remates de meia- distância ou aéreos, foram praticamente inexistentes.

   Compreende-se que se tenha optado em manter Seferovic na sua posição de ponta de lança, afinal foi o melhor marcador da época transata, mas não deve pedir-se golos a Raúl se lhe atribuem a missão de jogar trinta a cinquenta metros atrás da linha de baliza, defendendo e apoiando o meio-campo. Por outro lado, Seferovic tem falhado nalguns momentos cruciais; é um luxo que não se pode conceder neste tipo de jogos. (Creio que teve uma clara oportunidade de golo em que a bola “tirou tinta” ao poste direito).  

   Com a lesão de Chiquinho, cuja mobilidade e inteligência muito promete - dois jogos com os rivais fazem-nos duas baixas de relevo! Por mim, optaria por mudar a posição dos avançados; Raúl na área, zona onde se movimenta bem e já revelou instinto finalizador, e Seferovic em apoio ao avançado e ao meio-campo, fazendo uso da sua capacidade de disputa e transporte da bola, de passe longo e de remate de meia-distância.

   Jorge de Sousa, foi permissivo sobretudo no jogo violento de Pepe, no antijogo dos azuis e na avaliação dos lances divididos contribuindo, à sua parte, com uma boa meia-dúzia de lances ofensivos a favor do Porto e outros tantos eliminados aos encarnados. Rafa, mais uma vez, foi um “saco de pancada” e, a “pedido de Conceição, nenhum dos faltosos adversários foi sequer admoestado. Não é essa a sua missão.

   Espero que este jogo tenha servido de teste para a equipa do Benfica ultrapassar as contingências demonstradas, arrancando para uma época pujante, demonstrando-o já no jogo com o Braga.
 
(Abel Manta)

Peniche, 31 de Agosto de 2019
António Barretojb