Desporto

domingo, 15 de março de 2015

Ao Deus dará!

      Consta que o Governo tem um programa de financiamento a fundo perdido - 15 a 20 mil euros - a cada emigrante que, não tendo obtido sucesso no país de destino, queira regressar. Parece um gesto louvável mas não é. Ainda não há muito tempo, o chefe do Governo, sem demonstrar pesar, incitava os portugueses à emigração. Emigrar não é necessariamente uma tragédia e poucos como nós, portugueses sabem disso, mas fica mal a um Primeiro-Ministro dizê-lo com aparente insensibilidade. Trata-se, afinal, implicitamente, de uma confissão de impotência que muitos consideram, também implicitamente, uma expulsão.  Daqui ao rancor vai um passo, especialmente tendo em conta a experiência pessoal do atual Primeiro-Ministro.
 
      Importante não é oferecer uma ajudazinha financeira aos desafortunados depois perderem a dignidade, importante é proporcionar a cada um o direito de lutar por ela no seu próprio país, simplificando o acesso às profissões e ao empresariado, combatendo todos os que, sob pretexto das mais "elevadas" causas, universalista ou não, regulamentam e certificam a torto e a direito com o propósito, afinal óbvio, de garantir receitas para o Estado e feudos económicos para si próprios....Mas, nada como os subsidiozinhos para  enfraquecer e tornar dependente uma  população, pronta a agradecer nas urnas.
 
      Mas, afinal, e os outros?, os que enfrentam o terramoto económico que se abateu no país nos últimos anos e a voracidade insaciável das administrações pública e local?, quantos terão que fechar as portas por tal ato de aparente generosidade? Trata-se afinal de suscitar a "rotação" da pobreza!, não será? É com certeza uma daquelas medidas patéticas destinadas a "amaciar o pêlo dos eleitores" consequência da falta de ideias e convicções.
 
      Tal faz-me recordar o programa em vigor de cofinanciamento pelo Estado dos salários dos desempregados de longa duração em parceria com os empregadores. Percebe-se a ideia; paga-se meio salário, poupa-se um subsídio e integram-se pessoas na vida ativa. Mas...será mesmo assim?, não, não é! há empresas a despedir trabalhadores a prazo ou efetivos para admitir esses desempregados, arriscando quebras de competitividade por perda de rotinas dos processos produtivos. Ou seja; poupa-se um subsídio e paga-se meio-salário ao ex-desempregado pagando-se um subsídio ao novo desempregado! Entra um, sai outro e aumenta a despesa!

      E quanto às outras empresas?, as que pagam salários por inteiro? As que vão concorrer com as que pagam meio salário?, mas a constituição serve para quê?, para garantir carreira, salário e pensões aos constitucionalistas? Igualdade de oportunidades consiste em quê? Esta gente percebe o que anda a fazer?
 
      São coisas como estas que tornam evidente a falta de efetiva cultura democrática da nossa comunidade política,  irremediavelmente perdida nos labirintos das lutas partidárias, na insana disputa do poder.     

Parabens Benfica; em frente!

      Foi uma vitória saborosa e merecida sobre uma equipa de um clube que, contranatura, se deixou enredar nas malhas dos interesses portistas. O jogo começou uns dias antes, quando Pinto da Costa, na sequência dos benefícios da sua equipa dos sucessivos erros de arbitragem nos últimos jogos, teceu rasgados elogios ao árbitro Artur Soares Dias, protagonista num desses casos. Não surpreendentemente, mas desavergonhadamente, o Conselho da Arbitragem da Liga nomeou esse mesmo árbitro para este jogo, demonstrando, perante todos, o pavor que Pinto da Costa, ainda inspira aos órgãos daquela instituição.
 
      Sintomáticas foram as declaração de António Salvador após a derrota caseira da sua equipa perante o Porto, num jogo em que o empenho dos atletas arsenalistas foi posto em causa por muitos. Apontar à vitória da sua equipa no jogo seguinte após uma derrota, nada tem de anormal, é mesmo assim; faz parte do processo de recuperação mental dos atletas. Dadas as circunstâncias deste caso, porém, mais parecia tratar-se de parte de uma missão; garantir os três pontos ao Porto e subtrair outros tantos ao Benfica. Afinal, talvez Salvador sonhe com a cadeira de Pinto da Costa e esteja a mostrar serviço aos adeptos azuis. Sei que este raciocínio é algo perverso, mas...quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.
 
      A equipa do Benfica está hoje muito mais forte, seja pela maior consolidação de processos, seja pelo alargamento do cardápio ofensivo proporcionado por Jonas, seja pelo maior leque de opções em resultado do regresso dos últimos lesionados. Entre estes, destacam-se Júlio César, cuja presença, indubitavelmente, dá segurança à equipa e aos adeptos refletindo-se na dinâmica do jogo, Gaitan, que com a sua criatividade aumenta consideravelmente o grau de incerteza às defesas contrárias, Sálvio, que mobiliza quase sempre dois defesas adversários e é sempre uma seta apontada à baliza, Luisão, que disciplina a equipa e  Eliseu, que, apesar de alguma lentidão de processos e de alguma indisciplina tática, é lutador e sabe utilizar o seu mortífero pé esquerdo, como mais vez, demonstrou.
 
      A equipa do Braga, que, quando quer, pratica bom futebol, desta vez não teve hipótese, perante o colete de forças encarnado, apesar da "virilidade"  que "generosamente" dispensam aos atletas do Benfica. Jonas e Eliseu fizeram o que me parece óbvio e não era habitual na equipa, sobretudo após a saída de Cardozo; com espaço, na proximidade da área, deve rematar-se para golo! qualquer um!, de primeira e colocado as hipóteses de golo são muito altas. Nunca percebi porque a equipa não utiliza este processo com mais frequência; há toda uma movimentação prévia a desenvolver, como ficou pedagogicamente demonstrado no caso do golo de Jonas. Mas não gostei, especialmente na 2ª parte, daquele engonhanço na área adversária; os habituais toquezinhos à procura do momento ideal para rematar, invariavelmente até perder a bola!, devem-me dois golos!, à viva!
 
      Tive mais medo do árbitro que do Braga; o simples facto de ter sido nomeado como que a pedido de Pinto da Costa, era suficiente para deixar os jogadores ansiosos e assim prejudicar a qualidade de jogo. O homem sabe muito. O facto é que a solidez de processos dá segurança aos jogadores do Benfica e isso nota-se na serenidade com que se apresentam; sabem o que fazer. Está no rosto deles. Mérito de todos, em especial de Jesus e do Presidente.
 
      Mas não gostei da atuação de Soares Dias, apesar das declarações elogiosas de Jorge Jesus no final da contenda. Soares Dias foi o 12º jogador do Braga, qual armador de jogo, proporcionando a esta equipa vários lances ofensivos, sem causa; as cargas de ombro, invariavelmente, resultavam em faltas contra a equipa do Benfica. Só de bola parada os encarnados do Minho conseguiam chegar à área adversária, e Soares Dias proporcionou-lhes essa possibilidade. Com um golo de diferença, receei a lotaria das bolas paradas; é um facto.
 
      Surpreendeu-me a expulsão do jogador bracarense por acumulação de amarelos; apesar de bem expulso andou a distribuir "fruta" todo o tempo que esteve em campo. Esteve bem. Mas esteve mal ao não expulsar Micael por agressão a Gaitan com uma cotovelada intencional na cabeça. Não percebo como é que este troglodita, já poupado no jogo da pedreira, escapa sucessivamente a exemplar castigo.
 
      Esteve bem ao não assinalar grande penalidade contra o Braga por simulação de Gaitan, que parece não ter sido tocado, que, enfim, fica limpo. Oxalá não faça falta em Vila do Conde.
 
Estão todos de parabéns, incluindo o público, que embelezou o estádio e empolgou os jogadores.
 
Força. Em frente!