Desporto

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Benfica - Eleições 2020

    Defendi, convictamente, o projeto de Luís Filipe Vieira para o Benfica. Subestimei as dúvidas que foram surgindo; a forma algo enviesada como acedeu à presidência, o passado de amizade com Pinto da Costa, os recorrentes apelos à gratidão dos benfiquistas para com um dos piores inimigos do seu clube, Joaquim Oliveira, os permanentes enxovalhos à gestão e à pessoa de Vale e Azevedo, promovendo a desunião dos sócios, a contratação para os quadros do “clube-sad” de ex-colaboradores dos rivais, alguns dos quais com um passado hostil clube, o deplorável caso do motorista condenado por envolvimento em negócios de estupefacientes, etc. Tudo isto me parecia secundário perante um projeto que prometia fartas vitórias a médio-prazo, concluído o equilíbrio económico e financeiro e a criadas as infraestruturas inerentes. As circunstâncias do fracasso do penta porém desmoronaram a minha fé!

  Nessa época de profundo desencanto, apesar da reiterada afirmação pública de empenho no penta-campeonato, a Direção do Benfica pouco fez para o concretizar. Com efeito, com uma receita de cerca de 240 milhões de euros em vendas de jogadores cruciais na manobra da equipa, negligenciou o reforço da mesma. Curiosamente, nessa mesma época foi negociada a venda dos direitos desportivos do Benfica à NOS e decidido o pagamento de 100 milhões de euros ao NB. Joaquim Oliveira reconstituiu o seu falido grupo empresarial e Filipe Vieira conseguiu a generosa reestruturação da sua dívida. Tanta coincidência foi demais, para mim.

   A confirmação veio na época transata em que, apesar do desafogo financeiro, não foram colmatadas as fragilidades da equipa, apesar de evidentes a um leigo. Disso beneficiou o rival Porto, acabando por ganhar, apesar do seu mau futebol e do estado de pré-falência em que se encontrava.

   Por outro lado, dezassete anos é um lapso de tempo suficiente para avaliar a qualidade do desempenho da Direção em exercício. A seu crédito contabilizo o magnífico projeto de formação do futebol, o ecletismo, o sucesso do atletismo, em especial do masculino, a construção do, outrora utópico e sempre adiado museu, a constituição da Fundação Benfica e da Benfica TV, e o carinho com que tratou muitas das glórias do clube. Em seu descrédito considero, a insuficiência de títulos conquistados no futebol sénior e nas modalidades, à exceção do voleibol, o descalabro do desempenho europeu da equipa de futebol sénior, a demolição do antigo, único e icónico estádio, trocando-o por outro modular, sem alma, sem história, a acumulação duma gigantesca e asfixiante dívida, a incapacidade reiterada de defesa do clube nos areópagos desportivos, judiciais e públicos, a degradação reputacional do clube resultante de sucessivos escândalos, o afastamento progressivo dos sócios e adeptos do dia-a-dia do “clube-sad” em troca duma insuportável “corte” compulsivamente e exclusivamente encomiástica, a incapacidade de eliminar uma certa promiscuidade entre assuntos pessoais e os do “clube-sad” e a implementação de uma cultura de relativização dos insucessos, em que se transformam pequenos clubes em grandes adversários e grandes clubes em adversários inacessíveis. Em suma, uma Direção com um modelo de gestão autocrático e manipulador, que degradou a cultura do Benfica conformando-o com as derrotas, e arrastando-o para situações indignas. 

   Por todas estas razões é minha convicção de que o Benfica precisa de um novo fôlego, um novo ímpeto que resgate a sua histórica e quase transcendental ambição de ganhar. Ganhar interna e externamente, ante qualquer adversário e em qualquer circunstância. As infraestruturas e o património imobiliário têm importância instrumental, enquanto ao serviço do objetivo primordial; ganhar!

   Nestas eleições não faltam candidatos, destacando-se, além de Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes e Rui Gomes da Silva. A vantagem parece estar do lado de Filipe Vieira, que, numa atitude contrária à tradição do clube, recusa o debate com os adversários vedando-lhes o acesso às plataformas mediáticas internas de que é exclusivo beneficiário.

   Apesar de um início de época prometedor e da reconhecida qualidade do grupo de trabalho atual criar a justa expetativa de uma época vitoriosa, a história recente diz-nos que, a ocorrer, provavelmente, será sol de pouca dura; rapidamente a equipa será, mais uma vez, desmembrada no final da época. Por outro lado, Filipe Vieira foca de novo o seu projeto, nas obras - campos de treino, colégios, universidades, hotéis, centros de alto rendimento, expansão do estádio, etc - remetendo, mais uma vez, a concretização das ambicionadas vitórias para o médio-prazo. Ora este é o tempo do Benfica ganhar e, como diz o bom povo “quem muito mato corre pouca lenha apanha”. Por tudo isto, e pelo que refiro acima, desta vez não terá o meu voto.

   João Noronha é um gestor experimentado e teve a capacidade de reunir à sua volta gente de grande qualidade; glórias do clube, figuras da cultura, académicos, profissionais liberais e alto empresariado. Apresenta um projeto de continuidade mas focado na vertente desportiva, nas vitórias, em detrimento das obras. Porém, a inclusão de Manuel Vilarinho no seu elenco, deixa-me de pé atrás. Manuel Vilarinho é o obreiro do Benfica moderno, o Benfica do “vamos ganhar amanhã”, Respeito-o enquanto benfiquista mas não admiro a sua obra no Benfica; ganhou as eleições graças à falsa promessa de contratação do Jardel, despediu aquele que veio a ser o melhor treinador do mundo - que “deu”, ao rival, vários títulos, entre os quais, um da Liga Europa e outro da Liga dos Campeões -, despachou todos os jogadores da equipa que tinham mercado - entre eles Van Hooijdonk, João Tomás e Marchena -, entregou a construção do plantel a José Veiga - que trouxe os “seus” jogadores, em final de carreira, e se viu a braços com a Justiça, deixando uns salpicos de lama no clube -, rasgou o contrato de direitos desportivos com a SIC devolvendo-os à Olivedesportos - um dos pilares de sustentação do rival - por tuta e meia, e contribuiu “orgulhosamente” para a prisão de Vale e Azevedo, transformado numa espécie de apátrida ignóbil, mesmo depois de cumprir, integralmente, pesada pena de prisão, algo que reputo de deplorável.

   Rui Gomes da Silva apresenta um projeto ambicioso, que consiste no resgate da genuína cultura do Benfica, assumindo, frontalmente, o objetivo da conquista das Ligas dos Campeões em futebol sénior masculino e feminino, de futsal, de hóquei em patins e de voleibol, e na recuperação da supremacia do futebol nacional. Tem estruturado um projeto para todo o universo do Benfica para o qual apresentará equipa à altura. A seu favor conta o facto de conhecer a realidade do “clube-sad” por dentro, de ter assumido a rotura antes de qualquer outro, e de, com o seu exemplo, ter contribuído para o aparecimento de candidatos idóneos.

    Na entrevista que deu ao Observador em 24 de Setembro de 2020, Rui Gomes da Silva deu a conhecer algumas ideias chave que norteiam o seu projeto e revelou alguns detalhes da parceria que estabeleceu com a “start-up” “PAGAAQUI”, visando o robustecimento do financiamento das modalidades amadoras e das casas do Benfica libertando as receitas do futebol para o projeto europeu:

“Foi mais difícil ao Benfica conquistar a Liga dos Campeões Europeus em 1961 e 1962 ou chegar às finais de 1988 e 1990, do que é hoje, o Benfica, ser campeão europeu.” (…) “O Benfica não é uma entidade financeira, não vive para fazer negócios ou ser cotado na Bolsa, é um projeto desportivo que vive de vitórias e títulos.” (…) “O objetivo desta parceria é financiar as modalidades amadoras e as Casas do Benfica, que muito necessitam de apoio, para que as receitas do futebol sejam todas canalizadas para o projeto europeu, que aponta para o título máximo; a Liga dos Campeões. Não pode ser o futebol a sustentar estas atividades”, explicou Rui Gomes da Silva, que tinha a seu lado o CEO (diretor executivo) da “PAGAQUI”, João Barros.” (…) “Segundo este, a aplicação irá disponibilizar aos sócios, simpatizantes e membros das Casas do Benfica produtos financeiros em melhores condições do que aqueles que são colocados pela banca tradicional e que servirão, ao mesmo tempo, para financiar o clube nas modalidades amadoras, sendo que muitas delas, atualmente, não suportam os seus encargos.”

   Há porém um tema que considero primordial e que ainda não vi refletido nos planos de nenhum dos candidatos. Trata-se da associação do Benfica ao salazarismo que, 46 anos depois do 25 de abril, certos setores da sociedade continuam a manter e que tem sido explorado com mestria e proveito pelo rival moderno do Benfica. Grassa uma hostilidade crescente, percetível na comunicação social, nas instituições governativas, judiciais e desportivas contra o clube de Eusébio, Águas, Coluna, Germano e Cª. São abundantes os casos, recentes ou remotos, que o comprovam. Um dos mais emblemáticos residiu na designação de “Liga Salazar”, por adeptos do Porto - sabe-se lá a mando de quem -, ao último campeonato ganho pelo Benfica, sem que tenha havido, por parte da tutela, qualquer sancionamento. O conceito implícito é óbvio e parece que funciona (funcionou!); a ascensão desportiva do Benfica é relacionada como um sinal de deriva autoritária do regime, uma espécie de retorno ao salazarismo, algo que parece aterrorizar os “democratas”, enquanto a supremacia desportiva do Porto é vista como um testemunho inequívoco da consolidação da democracia, o anúncio dos famigerados e utópicos “amanhãs que cantam”. Entretanto, os benefícios desportivos que têm contemplado o rival nas últimas décadas, constituem uma espécie de legítimo ressarcimento por décadas de “sujeição ao regime fascista”. É esta narrativa que tem de ser erradicada duma vez por todas da sociedade portuguesa. Os lídimos representantes dos cidadãos benfiquistas devem que inquirir os promotores deste discurso, em especial aos que detêm responsabilidades públicas, acerca do que pretendem do Benfica e dos benfiquistas. Que lugar lhes reservam num regime que se pretende democrático e tolerante.

   Considerando esgotado o consulado de Filipe Vieira pelas razões apontadas, terá o meu voto o projeto de Rui Gomes da Silva. Em todo o caso parece-me claro que só com a fusão das candidaturas das oposições será possível derrubar a Direção de Luís Filipe Vieira e construir um futuro mais promissor para o clube.

                                    

Pelo Benfica

Peniche, 21 de Outubro de 2020

António Barreto

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O Lado Negro das Energias Verdes

O Lado Negro das Energias Verdes: Carros elétricos, aerogeradores, painéis solares... A transição energética traz a promessa de um mundo mais próspero e pacífico, finalmente livre de p

O Lado Negro das Energias Verdes

O Lado Negro das Energias Verdes: Carros elétricos, aerogeradores, painéis solares... A transição energética traz a promessa de um mundo mais próspero e pacífico, finalmente livre de p

sábado, 10 de outubro de 2020

Uma Proposta de Anteprojeto para o Benfica (3)

 A.      Os meios comunicacionais

o   A BTV: reformular o seu editorial diversificando temas e intervenientes, com primazia à emissão de eventos desportivos do clube, à promoção da cultura desportiva, à participação das velhas e atuais glórias, à intervenção dos adeptos - desportistas, ex-desportistas, escritores, músicos, académicos, técnicos ou anónimos -, com abertura a realidades desportivas, ou sociais relacionadas, exemplares.  

o   O Jornal: informação detalhada dos eventos desportivos do clube, com crónicas de opinião de jornalistas idóneos. Difusão regular, moderada e sistemática, das várias áreas do conhecimento relacionadas com o desporto; normas, metodologias de treino, técnica, motricidade, alimentação, etc. Publicação de histórias do desporto benfiquista e outras de relevância geral. Convocação do contributo de benfiquistas notáveis, ou de figuras de relevo que, não sendo benfiquistas, respeitem o clube.  

o   Redes sociais: difusão das notícias do clube, com abertura à participação livre dos adeptos, num ambiente de cordialidade e tolerância.

o   As Casas do Benfica: mais do que uma espécie de centros de dia, cabe-lhes a missão de aproximação dos adeptos e sócios ao clube - simplificando as operações correntes, incentivando o seu envolvimento nos eventos desportivos e na discussão dos assuntos relacionados -, promovendo o desporto local e fazendo a prospeção local de futuros atletas.

o   Externos: manter atualizado o quadro das plataformas relevantes, os correspondentes canais de acesso, os respetivos perfis editorais e uma estratégia de ação com vista à promoção dos interesses do clube.

B.      Gestão Económica:

o   Convocar assessoria especializada com vista a criar as condições de maximização das receitas correntes atuais e identificação potenciais novas fontes de receita.

o   Convocar assessoria conhecedora dos mercados desportivos internos e externos e das estratégias de criação de valor desportivo dos atletas e dos correspondentes canais confiáveis de acesso.

o   Definir uma estratégia de valorização dos atletas da formação do futebol, com e sem viabilidade de acesso à equipa sénior, com criação de valor para o clube.

o   Recuperar para a esfera do clube a gestão dos direitos desportivos da equipa de futebol sénior, com o objetivo de maximizar as receitas, de servir de catalisador da nação benfiquista e de desmoralizar os rivais.

o   Implementar uma estratégia de bilheteira acessível à base social dos adeptos do clube com vista à atração de novos adeptos e sócios, ao aumento da assistência média dos jogos e à maximização das receitas de bilheteira e dos contratos de patrocínio.

o   Implementar um catálogo de equipamentos de baixo custo, acessível à base social de adeptos do clube, promovendo a sua difusão por todo o universo benfiquista, numa ótica de agregação dos adeptos e otimização das receitas correspondentes.

o   Moderar as ações de marketing, em especial junto dos sócios, prevenindo comportamentos de rejeição e afastamento do clube por parte daqueles em consequência do desconforto provocado pelas frequentes ações de persuasão comercial.

C.      Gestão Financeira

o   Manter a estratégia de financiamento pela via obrigacionista universal.

o   Identificar fontes de financiamento tradicionais viáveis, preferencialmente externas.

o   Identificar parcerias estratégicas com aporte de financiamento e know how sem prejuízo do controlo do clube.

o   Definir uma estratégia de redução gradual do passivo financeiro exigível, de curto e médio prazo, sem prejuízo da capacidade competitiva da equipa de futebol sénior, alocando ao serviço da dívida, por exemplo, 50% da mais-valia líquida de todas as transações desportivas.

D.      Previsão do futuro do futebol na Europa

o   Europeu: expansão das atuais Ligas, dos Campeões e Europa e criação de um terceira liga, com integração dos clubes europeus mais competitivos.

o   Nacional: definhamento progressivo das ligas nacionais e falência de grande parte dos clubes, remetidos à dependência do financiamento via UEFA e públicos.

o   Benfica: integração no lote dos clubes da primeira liga europeia rivalizando na disputa dos respetivos títulos graças à redução do atual abismo orçamental.

E.       Fim (provisório)



Peniche, 06 de Setembro de 2020

António Barreto

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Uma Proposta de Anteprojecto para o Benfica (2)

    Cont.

A.            A Formação

o   Em todas as modalidades profissionais deverá focar-se primordialmente no fornecimento de atletas de alto nível às respetivas equipas séniores.

o   A base de recrutamento deverá ser tão vasta e diversificada quanto possível, condicionada aos limites naturais do clube - infraestruturas e orçamento - e ao talento nato e disponibilidade mental do atleta.

o   A diversificação deve ter em conta a importação de novas ideias - táticas, técnicas ou metodológicas -, enriquecedoras da cultura do clube.

B.            As alianças

o   Manter atualizado um quadro de alianças com entidades congéneres, nacionais, europeias, sul-americanas, africanas e outras, com o intuito de criar sinergias desportivas e económicas com benefício de ambas as partes.

o   Avaliar a viabilidade de restaurar parcerias históricas do clube, como são os casos do Barreirense, do Salgueiros - alfobres de velhas glórias do clube - e outros.

C.            A responsabilidade social

o   O ecletismo: tão vasto e diversificado quanto as infraestruturas e o orçamento permitam, aberto a todos sem exceção de qualquer ordem, com prioridade aos jovens e inclusão dos séniores.

o   O apoio social direto: aprofundar e diversificar, tanto quanto possível, a ação da Fundação Benfica, com prioridade à integração comunitária dos jovens em situação de risco e a famílias ou pessoas singulares vítimas de tragédias afirmando a preocupação e empenho genuíno do clube.

D.            As infraestruturas desportivas

o   O Estádio da Luz: avaliar a viabilidade de expansão da lotação em mais 15 mil lugares sentados.

o   O complexo do Seixal: integração dos trabalhos e jogos oficiais do futebol feminino e expansão do número de campos de treinos e instalações de apoio à formação com vista à otimização da base de praticantes.

o   O Centro de Alto Rendimento: atualizar o estudo de viabilidade deste projeto, previsto para Oeiras, condicionado aos objetivos desportivos e sociais do clube e à qualidade dos resultados a obter.

E.             As infraestruturas não desportivas

o   Museu: mantê-lo atualizado, em bom estado de conservação e animado, promovendo, primordialmente, a difusão dos feitos desportivos do clube, dos seus atletas e ações de natureza social e cultural diversificadas, enquadráveis na cultura do clube; de solidariedade, de tolerância e de conhecimento.

F.             O Património

o   Material: mantê-lo em bom estado de conservação, identificando intervenções conducentes à redução de custos de exploração, em particular energéticos e de manutenção, e à minimização de impactos ambientais.

o   Imaterial: promover a imagem e cultura do clube e seus maiores, interna e externamente, e defendê-la dos seus detratores com determinação e elevação.

G.           O relacionamento interno

o   Estatutos: revisão e discussão dos mesmos reduzindo a dez anos o tempo de associado para habilitação de candidatura à presidência.

o   Sócios: proporcionar o convívio com velhas glórias e atletas no ativo, otimizar o quadro de benefícios agregados e manter abertos os canais comunicacionais possíveis, num quadro de incentivo ao debate de ideias, com participação regular de quadros dirigentes.

o   Adeptos: difusão regular e universal da atividade e objetivos do clube, incentivando explícita ou implicitamente a adesão ao estatuto de associado.

o   Investidores: manter uma estratégia de persuasão do pequeno e médio investidor à adesão das emissões de dívida, proporcionando segurança e retorno acima do mercado, visando a dispersão do investimento e a independência do mercado bancário.

o   Acionistas: prevenir o acesso de acionistas hostis ao clube cultivando relacionamentos idóneos e solidários portadores de valor estratégico e operacional.

H.            O relacionamento externo

o   Institucional desportivo (clubes): cultivar a cordialidade, num quadro de respeito mútuo, com deferência especial às entidades com vínculo histórico e social ao clube e sua cultura.

o   Institucional tutelar (órgãos de tutela desportiva): manter atualizado o conhecimento dos quadros competitivos e normativos, identificar e denunciar desconformidades e anomalias, debater e propor alterações que se justifiquem adequados na defesa dos interesses do clube e, tanto quanto possível, gerais. Defender intransigentemente o clube, em todas as frentes, dos sistemáticos ataques desferidos pelas várias Federações, Ligas e seus órgãos, sob a forma de sucessivas e pesadas multas, castigos de atletas, interdições dos recintos desportivos, aplicação arbitrária dos regulamentos - nomeadamente disciplinares - e segregação dos seus sócios e adeptos.

o   Institucional Estatal: manter atualizado um plano de articulação dos projetos desportivos do clube com os do desporto nacional e dá-lo a conhecer publicamente. Identificar e denunciar os casos de descriminação do clube, em especial dos que se revelarem preconceituosos, persistentes ou estruturais, desconstruindo a ideia, promovida insistentemente, pelo rival do norte de que o Benfica é um símbolo do Salazarismo e do centralismo, prejudicial à democracia à descentralização.

o   Espaço público: intervenção regular nas plataformas e canais de comunicação nacional na difusão geral dos projetos do clube e na promoção da sua imagem, no exercício do contraditório face a ações hostis, na clarificação de atos que dela careçam e na denúncia de atos lesivos do clube, seus atletas, funcionários, sócios ou adeptos.


Peniche, 20 de Agosto de 2020

António Barreto

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Uma proposta de anteprojeto para o Benfica (1)

A.      A missão

Ganhar. Em todas as provas, em todas as modalidades, em todas as faixas etárias, mas sobretudo no futebol sénior, o “main driver” do clube. Tudo o mais virá por acréscimo.

A mentalidade ganhadora associada à excelência de execução da arte, à correção comportamental para com adversários, instituições, adeptos e público em geral, constituem a cultura do Benfica com a qual granjeou maciça adesão popular - a sua base social de referência - e admiração geral dos adversários, incluindo os que o atacam e agridem.

Urge acabar com o discurso de relativização da derrota e do conformismo em nome de gloriosas e sucessivas vitórias futuras, de obras fantásticas, da credibilidade das contas e da solidariedade para com os rivais.

B.      O futebol profissional masculino sénior

o   A equipa técnica:

o   Além dos requisitos de competência, de conhecimento do futebol nacional e europeu, de capacidade de liderança e de identificação com a cultura do clube, deve ser independente do circuito desportivo nacional, impermeável aos jogos de poder internos e com evidente reconhecimento internacional ou potencial para tal.

o   O plantel:

o Deve refletir a filosofia do clube; futebol de ataque, determinado, virtuoso, objetivo e solidário, em atualização permanente, quer ao nível de jogadores quer ao nível tático.

o   A prospeção:

o Setor chave, diferenciador, que requer atenção permanente pela simples razão de que o primeiro a chegar ao mercado adquire vantagem competitiva sobre os rivais (lembremo-nos do caso Eusébio). Se o clube não tem capacidade financeira para acompanhar os grandes rivais europeus na disputa pelos grandes talentos, tem de chegar antes deles.

o A estrutura técnica deverá dotar-se de capacidade para monitorizar permanentemente o estado da arte nas escolas de maior destaque; Europa - começando por Portugal -, América Latina e África, sem esquecer os mercados emergentes asiáticos.

o O objetivo deverá centrar-se na identificação de jogadores com potencial e nos estilos enriquecedores dos modelos táticos da equipa.

o A execução passa pela criação de uma rede de parcerias confiável, supervisionada por colaborador de reconhecida competência, recorrendo, preferencialmente, a gente com vínculo afetivo e cultural ao clube, ex-atletas, ex-funcionários e ex-dirigentes, sem afastar outras possibilidades.

o   O recrutamento:

o A equipa técnica, supervisionada superiormente, deverá manter permanentemente atualizadas as necessidades da equipa, imediatas e a dois anos.

o Igualmente, em articulação com os departamentos da prospeção, da formação e de recursos humanos, deve manter permanentemente identificados os atletas alvo, definindo objetivos prioritários e calendarizando as correspondentes contratações.

o Igualmente, deve manter-se permanentemente atualizado o conhecimento dos valores de mercado em cada área geográfica para cada tipo de jogador, identificando oportunidades que justifiquem a contratação para investimento desportivo ou económico. 

C.      O futebol profissional feminino sénior

o   Consolidar a superioridade interna e assumir os títulos europeus.

o   Dotar a secção de condições internas adequadas ao treino e à competição.

D.      As modalidades

o   De pavilhão, séniores masculinos:

o Futsal: consolidar a superioridade interna e assumir a luta por títulos europeus e mundiais.

o Voleibol: manter a superioridade interna e assumir a luta por títulos europeus.

o Hóquei em patins: recuperar e consolidar a superioridade interna e assumir a luta por títulos europeus e mundiais.

o Basquetebol: recuperar e consolidar a superioridade interna e a capacidade competitiva europeia.

o Andebol: dar o salto competitivo decisivo para aceder aos títulos nacionais; algo estrutural tem falhado nesta modalidade que requer o contributo dos melhores técnicos.

o Natação: assumir a luta pelos títulos internos e a participação em provas internacionais de relevo.

o   De pavilhão, séniores femininos:

o Futsal: Consolidar a superioridade interna e assumir os títulos europeus e mundiais.

o Hóquei em patins: manter a supremacia interna e assumir os títulos europeus e mundiais.

o Natação: assumir a luta pelos títulos internos e participação em provas internacionais de relevo.

o Ténis de mesa: manter uma equipa capaz de discutir e ganhar os títulos internos e disputar provas internacionais de relevo.

o Bilhar: manter uma equipa de excelência capaz de discutir e ganhar títulos internos e europeus.

o   De ar Livre

o Atletismo masculino: reforçar o domínio interno e assumir os títulos europeus.

o Atletismo feminino: assumir o salto qualitativo necessário às vitórias internas e à disputa das provas europeias de relevo.

o Triatlo masculino: consolidar o domínio interno e europeu.

o Triatlo Feminino: consolidar o domínio interno e europeu.

o Triatlo misto: consolidar o domínio interno e europeu.

o Ciclismo masculino: manter um plano de ação para reintrodução da modalidade logo que seja restabelecida a credibilidade das condições de competição internas.


Peniche, 20 de Agosto de 2020

António Barreto

(Continua)