Desporto

sábado, 23 de novembro de 2013

Benfica-Braga 1-0; Benfica-Oliveirense 4-3

A primeira parte foi péssima, típica do futebolinho Luso, com uma equipa - muito fechadinha no seu meio-campo - 5 defesas, um trinco e três médios, todos muito juntinhos - garantindo superioridade numérica na disputa da maioria dos lances, apostando no contra-ataque - uma bola na trave da baliza do Artur a remate de Eder - e na famigerada falta cirúrgica. Foi assim o Braga nesta primeira-parte, defendendo de forma compacta e explorando a esperada descompensação defensiva do Benfica, através de Rafa, Micael e Éder.

O Benfica apresentou um futebol mastigado, denunciado, sem imaginação, com pouca amplitude - só a ala direita funcionou ainda que a espaços -, sem meia distância e incapaz de criar situações de golo, com ressalva de um lance em que Matic em posição frontal e sem oposição , incompreensívelmente, falhou a baliza.
Como se esperava, embora súbtilmente, a equipa de arbitragem lá foi ajudando o Braga, eliminando alguns lances ofensivos ao Benfica, nomeadamente assinalando um fora-de-jogo num lance de grande perigo.


Na segunda parte o Braga apareceu um pouco mais afoito, apostando no desgaste físico do adversário, tentando marcar, para então bloquear o seu meio-campo, com uma espécie de "muro de vários panos". O Benfica, básiamente, manteve o posicionamento e a dinâmica criando poucas oportunidades de golo; recordo um remate alto de Markovic a explêndido cruzamento de Djuricic e o bonito lance gizado pelo Cavaleiro a que Eduardo respondeu com soberba defesa.


Do lado do Braga, mais uma vez nos causou calafrios novo remate à trave, desta vez pelo Rafa, por sinal, um excelente jogador. Mas foi Matic "o homem do jogo", quando, incansável e inquebrantável, "rouba" a bola no meio-campo a Mauro e, não se intimidando com a presença de três defesas, manteve o discernimento necessário para avaliar o posicionamento do Eduardo e colocar a bola, imparável, ao segundo poste. Depois, foi uma tremideira até final, com a nossa ala direita completamente desguarnecida, valendo-nos Cavaleiro, revelando-se fortíssimo a defender. Também este jogo revelou a tremenda importância de Cardozo na equipa, realidade bem conhecida a necessitar urgentemente de alternativa eficaz. Jorge Jesus faz falta no Banco.


Não percebi a razão pela qual os assistentes de campo seguraram Matic pelos braços quando este festejava com os adeptos; não havia necessidade!, é assim que elas acontecem. Os assistentes devem prevenir incidentes e não provocá-los.


Os nossos B ganharam ao Oliveirense por 4-3, num jogo muito disputado, contra uma equipa possante e experiente. Foram sete bonitos golos, em especial os nossos, qual deles o melhor, tendo-me ficado na retina, em especial, o do André Gomes e o do Bernardo. Saúdo o regresso de Sancidino, jogador em quem depositamos grandes esperanças e que, por sinal, foi o joker da partida, ao marcar o golo da vitória, num belo remate de cabeça assistido pelo magnífico João Cancelo num cruzamento precioso. Sim senhor; temos aqui uma belíssima fornada a bater à porta dos às.


Parabéns aos Ás e aos Bês.

PS: Parece que o BIC é o novo financiador do sistema; Braga junta-se ao Paços  no patrocínio. Como sabemos, BIC é Amorim e Amorim é Porto. Só por curiosidade; o Estado parece que injetou recentemente ou vai injetar mais 200 milhões de euros no BIC, a pretexto não sei de quê ao certo.


Fora de jogo!

A sucessão de casos que, ao longo das épocas, envolvem gente do Benfica, atletas - técnicos, dirigentes, claques ou simples adeptos, - a exemplaridade de ação da justiça desportiva ou cível, seja na celeridade seja na dureza das penas, face a outras situações similares, legitimam a suspeição. Suspeição de que, dado o enorme impacto social do clube, se procure, através destes casos, atenuar o estado de evidente descrédito da justiça junto do vulgar cidadão. Suspeição de que, a nova ordem socio-política necessite de impor ao clube a expiação dos excessos do Estado-Novo e da Primavera Marcelista. Suspeição de que, a mesma ordem, queira impôr novo paradigma desportivo ao país, consubstanciado pelo FCP e os interesses de toda a ordem que lhe estão associados.
 
Mais uma vez, Jorge Jesus foi afastado do banco, numa altura em que o seu clube se aproxima perigosamente do primeiro lugar, algo, pelos vistos, intolerável ao regime. Recordemos os castigos aplicados na época anterior ao Presidente e ao Vice-Presidente do Benfica, respetivamente, 15 dias e 11 meses, o afastamento de Luisão na mesma época - que custou 4 pontos e o título -, só para citar os casos mais próximos.
 
Recordemos ainda o julgamento em curso do Presidente do Benfica no Tribunal do Bolhão por alegada difamação a Antero Henrique, do qual, inevitávelmente, sairá condenado. Recordemos todos os casos de absolvição de Pinto da Costa, Pinto de Sousa e outros, nomeadamente, no âmbito ao Apito Dourado e outras acusações avulso. Recordemos as alegações em alguns destes casos, dos responsáveis pela acusação. Recordemos o desdém com que alguns destes arguidos se apresentam nos Tribunais, confiantes da sua impunidade. Recordemos a fundamentação dos respetivos acórdãos de absolvição e concluiremos que algo vai mal na Justiça. Concluiremos que, esta, mais parece um instrumento de afirmação e consolidação da nova ordem político-desportiva, como se estivesse subjugada a "superiores" desígnios justificadores da relativização arbitrária dos princípios formais do Direito.
 
A supremacia do FCP no futebol, sustenta-se, sobretudo fora das quatro linhas, pela desmotivação dos adversários através da emissão de indicadores da sua influência junto dos poderes públicos. E isso é patente não só nos Tribunais, mas em múltiplas instituições públicas. E é uma das mais poderosas facetas do futebol fora das quatro linhas às quais o Benfica tarda em encontrar a resposta adequada, sem a qual não é possível ganhar.
 
Oxalá que, no terreno do jogo, a equipa do Benfica saiba responder à altura, apesar destas contrariedades.
 
Boa sorte para logo; já sabemos que os jogadores do Braga "vão comer a relva".