Desporto

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Traição no futebol


In A Mafia do Futebol de Declan Hill

"Franceze foi muito franco: 'A minha opinião pessoal, a de alguém que esteve envolvido no crime organizado e no jogo ilegal é de que é muito fácil de fazer...é muito fácil fazer com que um atleta profissional fique "do nosso lado". Perdíamos imenso tempo a tentar que estes tipos fizessem isso...fazíamos deles o nosso alvo...Porra, na maior parte das vezes eram eles que vinham ter connosco!"
 
"Os Atletas gostam de apostar. Assumem riscos de forma confiante e agressiva. Tudo o que os torna bons Atletas, torna-os bons apostadores...Quando tinham um problema connosco, resolviamo-lo usando-os para fazerem coisas para nós.Púnhamo-los a marcar menos pontos, sabe como é, ou então a jogar um bocadinho abaixo das suas capacidades. Ou então, apenas a darem-nos informações, a contarem-nos o que sabiam."
 
"Podíamos abordá-los ou pô-los na cama com uma mulher. Ela fica grávida ou finge que fica. Isso ia influenciar, imediatamente, o jogo deles. Ou então punhamo-los numa festa até às tantas na noite antes de um jogo."
 
"...havia mensageiros. Eram bons jogadores, bons amigos da equipa. Algumas vezes eram tipos que encontrávamos numa discoteca. O dono ou alguém assim, e andavam em festas connosco durante meses. E então, talvez, diziam alguma coisa. Estes tipos eram essenciais. Tinham que ser tipos com acesso aos jogadores. Tinham que ser tipos em quem os jogadores confiassem. Era a mesma coisa que nos arranjos de criquete. Eram precisas pessoas que pudessem estar em contacto com a equipa. Eram vitais. Tinham que ser pessoas que pudessem ir ver os treinos ou os jogos."
 
"David C. Whelan, um antigo polícia de Nova Jersey e agora professor de Direito Criminal, escreveu sobre o envolvimento do crime organizado na manipulação de resultados no basquetebol universitário. Ele afirma que, no início da sua relação, os arranjadores pagam o "bónus de vitória" aos jogadores de forma mais ou menos regular. Os jogadores vêm os "bónus de vitória" de forma relativamente benigna: ao mesmo tempo, ganham e mantêm a lealdade para com a sua equipa, e mantêm o prémio financeiro que advém do arranjo dos jogos. Contudo, estes pagamentos eram muitas vezes o que Whelan chama de "portais do crime", através dos quais os jogadores entravam na rede de arranjo de jogos quase sem se darem conta.
 
"O que eu faço é ter omeu mensageiro junto ao banco de suplentes, vestido com uma camisola vermelha, se a mensagem for de que devem perder. Quando as equipas entram no campo, ficam junto à linha de meio campo a saudar os espectadores. Quando a minha equipa vê o mensageiro de camisa vermelha, ficam a saber que devem abrir o jogo. Se quizesse que eles jogassem duro, mandava o mensageiro vestir uma camisola azul. Quando os jogadores vêm o mensageiro, devem pôr as mãos sobre o peito, como se estivessem a saudar o público. É o seu sinal para nós dizendo que viram e perceberam a mensagem. Depois não podem dizer que não tinham visto o sinal."
 
"Em geral, os arranjadores de jogos fazem estes pagamentos em duas fases. A primeira trata-se de um adiantamento, ou "dinheiro para café ou para compras", pago antes do jogo. Este é o pagamento que fecha o negócio e garante que o jogador irá colaborar com o arranjo. O pagamento principal, contudo, está reservado para depois do jogo, quando o jogador cumpriu já e com sucesso a sua missão. O local desse pagamento é quase um sítio neutral e distante do mundo do futebol: uma discoteca ou um restaurante."
 
"No dia XX, nesse jogo em Singapura, perdemos. Jogámos abaixo do nosso nível. Fui para o hotel. Nessa noite...o Chieu tinha arranjado quatro prostitutas de luxo para quatro jogadores."
 
Zaratustra:
 
Vem tudo isto a propósito da crónica de Tânia Laranjo publicada no CM em 05.04.2013 na secção de desporto sob o título: "Pepe "traiu" Marítimo. Nela se refere que, na época 2003/2004, meses antes de ser transferido para os azuis e brancos, Pepe terá informado os dirigentes deste clube da estratégia que o seu clube iria adotar no jogo contra os dragões. Refere que, na escuta revelada no CMTV, Pinto da Costa terá dito a Pinto de Sousa - à época Presidente doConselho de Arbitragem da FPF -, que Pepe tinha dito que o Marítimo iria oferecer um elevado prémio de jogo. Apesar de saber que Pepe não jogaria esse jogo, Pinto da Costa, precisava ainda da ajuda do dirigente para dar uma "palavrinha" ao árbitro, comenta Tânia Laranjo.
 
 E é disto que certa gente diz que se orgulha!
 
Os corruptos do século!