Lex Barker nasceu em 1919 na povoação de Rye, em Westchester County - a cerca de 50 Km de Nova Iorque - à época com cerca de 5 mil habitantes -, onde seus pais, construtores bem sucedidos, tinham uma segunda habitação.
Lex Barker
Contrariando a vontade dos progenitores, Lex desde muito jovem quis ser ator. Depois de uma pequena experiência na escola e no teatro de Mount Kisco - povoação próxima de Rye -, foi na cidade natal que, aos 17 anos, teve a primeira experiência séria, no Teatro de Verão, ao lado de Vincent Price e da estrela, de origem russa, Eugenie Leontovich. Apesar de desanimado com a experiência decidiu dedicar-se à profissão de ator após novo papel na peça Anna Christie no teatro da cidade vizinha de Westport County. Não muito longe dali, no rio Hudson, o seu destino estava escrito.
Depois de desempenhar pequenos papéis
em filmes de grande qualidade, como “The Farmer’s Daughter” e “Crossfire”,
ambos realizados em 1947, Lex Barker
foi bafejado pela sorte - comum a muitos grandes atores -, ao ser escolhido pelo
produtor Sol Lesser, entre uma
multidão de candidatos, para sucessor do lendário Johnn Weissemmuller na representação do personagem criado por Edgar Rice Borroughs, o célebre Tarzan. O
seu porte atlético - cerca de 1,90 de altura -, gerou unanimidade na escolha, autor
incluído. Na verdade havia algo mais que aproximava Lex Barker do personagem de Borroughs.
De origem hispano-britânica, descendente de Roger
Williams - fundador da cidade de Providence e cofundador da colónia de Rhode Island, e de William Henry Crichlow, histórico governador-geral de Barbados ainda
no tempo dos piratas, Lex Barker tinha
o charme apropriado às nobres origens do rei da selva.
Em 1939 Lex Barker entra na peça “The Five Kings”, realizada por Orson Wells na Broadway. É recrutado como soldado raso de infantaria para a 2ª GM.
Regressou em 1945 no posto de Major - o mais jovem das Forças Armadas
Americanas - altamente condecorado e com uma placa de platina na zona da
têmpora em consequência dum grave ferimento de guerra. No mesmo ano retomou a
sua carreira participando no filme Doll
Face.
Em 1949 iniciou a sua saga na
pele de Tarzan com o filme “Tarzan Magic’s Fountain”, que se revelou um sucesso
junto do público, da crítica e, consequentemente económico. Seguiram-se “Tarzan
and The Slave Girl”, em 1950 e “Tarzan’s Peril”, em 1951, o primeiro realizado
na selva africana. Porém, Lex Barker,
cansado de ser visto como “o homem da selva”, aspirava a papéis onde pudesse
exprimir todas as suas qualidades de ator.
Em 1952 entra num pequeno filme “Battles
of Chief Pontiac”, um western de
fraca audiência. “Tarzan and the She-Devil”, realizado em 1953, foi o seu
último filme desta série e um grande sucesso de bilheteira. No mesmo ano prossegue
no género western com “Thunder Over
the Plains” e “The Yellow Mountain”, em 1954, um policial, “The Man From Bitter
Ridge”, em 1955, e um drama naval “Away All Boats”, em 1956, com os quais granjeou
aclamação geral. Seguiram-se, em 1957, “The Girl in Black Stockings” e “The DeearsLeyer”,
com os quais terminou o ciclo Hollywood.
Falando fluentemente francês,
italiano e espanhol, Lex Barker
partiu para uma carreira na Europa chegando a Itália, onde estavam na moda os
filmes de aventuras, género em que se se sentia à vontade. Em 1959 a sua
carreira sofreu um novo impulso com o convite de Frederico Fellini para integrar o elenco de “La Dolce Vita”, onde contracenou
com Marcello Mastroianni, Anita Ekberg e outras estrelas da época.
Nova viragem ocorreu na sua
carreira quando, pela mão do produtor Artur
Brauner, fez uma incursão no cinema alemão, desempenhando o papel de Joe Como - agente do F.B.I. destacado
para combater o infame Dr. Mabuse -, nos
filmes de suspense “Return of Dr Mabuse”, em 1961, e “Invisible Dr Mabuse”, em
1962. Com “Frauenarzt Dr. Sibelius “ e “Old
Shatterhand “, realizados ainda em 1962, Lex Barker atingiu o estrelato também na Europa.
A sua popularidade, em declínio na
América, rapidamente ultrapassou, na Europa, a das superestrelas John Wayne e Clint Eastwood, ao integrar as superproduções do jovem Horst Wendlandt alusivas ao tema do
Oeste Selvagem, superando todos os recordes de bilheteira e abrindo caminho às
grandes produções de Sergio Leone.
Cerca de 12 filmes, baseados nas
novelas de Karl May, protagonizou
nesta fase, tendo como pano de fundo, o Oeste, o México e o Oriente, onde desempenhou
as personagens de, respetivamente, “The Olde Shatterhand”, “Dr. Sternau” e “Kara
Bem Nemsi”. Os filmes “The Treasure Of Silver Lake”, em 1962, e “Apache Gold”,
em 1963, serviram de referência para o cinema do género. Os locais das
filmagens, Croácia e Espanha, constituíram uma vantagem por propiciarem uma
atmosfera condizente com o teor da história.
O público ficou deliciado com o
aparecimento de personagens índios em pé de igualdade com os pioneiros americanos
em “Winnetou I”, em que o francês Pierre
Brice, fez o papel da chefe Apache Winnetou,
irmão de sangue de Lex Barker. A
grande popularidade do tema do filme, “The Old Shatterhand” impulsionou o
talentoso ator americano, em 1965, a gravar baladas românticas, género western,
algumas delas compostas por Martin Boettcher.
A sua carreira prosseguiu por
todo o mundo em grandes produções europeias com os filmes de Karl May. Desta fase os mais icónicos
são “Code 7,
Victim 5”, de 1964, onde faz o papel de um agente privado
encarregado da investigação de uma série de homicídios na África do Sul, “Die Slowly,
you'll enjoy it more”, em 1966, no papel de espião tipo James Bond em versão cómica; e “Blood Demon”,
em 1967, um filme de terror baseado no romance de Edgar Allan Poe “The Pit and the Pendulum”, rodado em autêntico
ambiente medieval, com o “Drácula” Christopher
Lee na pele de antagonista.
O simpático americano pôde ainda
ser admirado como durão do Oeste em “A Place
Called Glory, em 1965”, no qual decorre um interessante duelo de
pistoleiros, e em “ La balada de
Johnny Ringo”, em 1966, onde, por uma vez faz o papel de vilão. Em
1967, protagoniza, ao lado de Shirley McLaine,
Anita Ekberg, Michael Caine e outros, “Woman Times Seven”, a única produção
americana noa anos 60 com Lex Barker.
Com o advento dos filmes western e eróticos italianos então em
voga, escassearam as propostas para Lex
Barker. Tendo conseguido, na Europa, tudo o que havia para conquistar, o
ator americano regressou a sua casa na Costa Brava, determinado a prosseguir a
sua carreira em Hollywood e viver na
sua América. As dificuldades porém superaram as suas espectativas. A sua
atividade limitou-se à participação nalgumas séries televisivas como ator
convidado em “It Takes a
Thief” e “The King of Thieves”. Os espetadores alemães puderam ainda
vê-lo num sketch ao lado de Ron Ely, o novo Tarzan televisivo alemão.
Nos anos 70 a carreira de Lex Barker prometia novo fôlego. “"When you're
with me", produzido na Alemanha em 1970, fora o seu ultimo filme. Novas
produções na televisão e no cinema estavam “na calha”, com Lex Barker como protagonista. Porém, o destino tinha outros planos
para o grande ator americano; Lex Barker,
o ídolo das gerações dos anos 60 e 70, o grande Tarzan, morreu de ataque
cardíaco em 11 de Maio de 1973 na avenida Lexington na sua Nova Iorque.
Lex Barker foi casado com, Constanze
Thurlow, Arlene Dahl,
Lana Turner, Irene Labhardt, e Maria del
Carmen 'Tita' Cervera. Teve dois filhos e uma filha e ficou imortalizado em
73 filmes.
Obrigado Lex Barker.
(Créditos a Marlies Bugmann)
Peniche 08 de Novembro de 2020
António
Barreto
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