"Quando aqui
cheguei a decisão já estava tomada pelo árbitro", observou, e negou
interesse em contratar Izmailov e Labyad (Sporting), mas não fez o mesmo em
relação ao central Reyes - está na rota do Benfica (ver pág. 32) -,
considerando-o "interessante". Abordou, ainda, as críticas às
arbitragens: "Fala-se sempre, enquanto existir o Gomes da Silva [vice do
Benfica]. Estar sempre a falar dos árbitros é ridículo e estúpido."
A preocupação de Pinto da Costa em
informar apressadamente os jornalistas de que nada tivera a ver com a decisão do
adiamento do jogo, revela a perfeita consciência que tem da convicção geral do
ascendente que detem sobre toda a estrutura do futebol, estrutura essa que não ousa contrariar
os seus explícitos ou implícitos desígnios. Revela ainda ser do interesse do
clube que dirige o adiamento do jogo com o Vitória de Setúbal, clube historicamente
amigo.
Acredito que tenha havido razões regulamentares
para o adiamento mas não confio no juízo de Pedro Proença que se tem revelado
condicionado em momentos capitais de alguns jogos que decidiram campeonatos em
favor do clube do engenheiro-chefe. E sei, sabemos todos, que o relvado encharcado
favorece a equipa técnica e táticamente menos dotada. A “exemplar estrutura”
não corre riscos, mesmo com adversários amigos. Por isso é “exemplar”. A
compulsiva e proverbial aquiescência das estruturas e agentes do futebol aos
seus insanos interesses constitui uma agressão a todos os outros
pseudoconcorrentes, impotentes ante tão revoltante discriminação desportiva.
Numa ilustração contundente, Joaquim
Oliveira protege Pinto da Costa dos pingos da chuva - não vá o Sr Pinto
constipar-se - e ao fazê-lo, ilustra o seu papel ao serviço da “exemplar
estrutura”; segurar o chapéu de Pinto da Costa, poupando-o dos pingos da chuva! Entenda-se; proteger o
clube da fruta de percalços financeiros, de adversários desalinhados, de comentadores
incómodos; garantir ao clube dos rebuçadinhos a docilidade dos adversários, a
anuência dos órgãos institucionais, a cumplicidade envergonhada ou descarada de agentes
políticos e judiciais garantes da impunidade geradora de indignação e revolta
dos Portugueses de Lei.
A negação
do interesse nos atletas do Sporting não convence os que não reconhecem a tal
personagem nobreza de caráter suficiente para respeitar um adversário em grave
crise desportiva e financeira, convictos de que, qual abutre, não hesitará em
tirar partido da desgraça alheia para a qual, afinal, deu precioso contributo,
ainda que indireto. O interesse por Reys
faz parte da obsessão visceral que tem pelo Benfica, mais fazendo supor ser este
clube o verdadeiro amor da sua vida.
Indignado com a “inoportunidade” das
críticas ao desempenho das equipas de arbitragem a quem o clube
dos chocolatinhos tantos títulos deve, atribuidas a Rui Gomes da Silva, mas não ao
ponto, suponho, de o mandar castigar com 11 meses de suspensão nem de o mandar espancar à porta de um qualquer restaurante do "seu" território guardado a seu contento por uma diligente PSP, o Sr Pinto
parece ter-se esquecido de que, muito antes do Sr Rui Gomes da Silva, já ele
era “catedrático” na matéria.
Em vez de dizer baboseiras, o Sr Costa
prestaria um excelente serviço ao futebol e aos Portugueses de Lei, se lhes
conseguisse explicar a razão pela qual só progridem na carreira os árbitros que
erram em benefício do seu clube. Parece que o Sr Costa só “consente” críticas a árbitros efetuadas por
si próprio ou pelos seus correligionários, revelando-se incapaz de entender a sua
crescente e inexorável insignificância à qual em breve se juntará o compulsivo
remorso, visto que ninguém pode ser feliz semeando ódio.
Faria bem o Sr Pinto, se esclarecesse as
dúvidas que pairam no espírito de muitos portugueses acerca das razões que o
levaram, há cerca de vinte a trinta anos, a recuar na sua decisão de abandonar o
futebol, que tão benéfica teria sido para quase todos.
É que, há quem recorde as notícias veiculadas na imprensa da época atribuindo
tal facto a um alegado pedido de última hora do Sr Guterres, por
escrito, propondo o estabelecimento de uma estratégia comum com vista à
regionalização, para a qual seria importante o seu contributo dada a sua
suposta capacidade de controle “politico-desportivo” dos adeptos do clube a
que preside e dos portuenses em geral. Eventos posteriores de natureza política parecem corroborar tal
tese e seria bom que esse assunto fosse esclarecido de uma vez por todas para
ficarmos a saber quem é quem, nesta debochada democracia.
Sr Costa, apesar de não faltar quem lhe
segure o chapéu, mais cedo que tarde a chuva cair-lhe-á em cima, libertando
finalmente o futebol do seu nefasto contributo.
AB
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