Uma notícia publicada no CM em
16.12.2012 assinada por J.A.R. (COMLUSA), atribui ao ex-empregado de Joaquim
Oliveira, ex-Administrador da SAD do Porto, ex-Presidente da Liga e atual
Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Sr Fernando Gomes (FG),
declarações onde afirma a sua convicção do apuramento da Seleção para o próximo
mundial, ainda que com dificuldade, e defende o termo da realização da final da
Taça de Portugal no Estádio Nacional “devido à falta de condições de segurança
e comodidade.”
Sendo relativa a importância da comodidade nos
estádios, a sua segurança é matéria da maior relevância justificando-se que
ambos suscitem a atenção do Presidente da FPF com vista à identificação de
todos os constrangimentos inerentes e sua resolução. A insistência na contestação
que se tem verificado por parte do lóbi portista à realização da final da Taça
de Portugal no Estádio Nacional e as ligações de FG ao mesmo, levam-me a
concluir que o argumento não passa, afinal, de um mero pretexto.
No plano meramente desportivo o
lóbi “liderado” pelo Sr Pinto considera uma desvantagem para os seus a disputa da
final da Taça num estádio localizado mais perto dos mais prováveis adversários,
nomeadamente, pela presumível maior afluência de adeptos destes.
Mas, estou certo, que o maior
obstáculo é de outra natureza:
“O objeto
de culto que domina este trabalho, um Estádio integrado num complexo desportivo,
pertence ao domínio dos ícones que, desde o séc. XX, têm congregado as maiores
e as mais heterogéneas multidões; o desporto, com predominância para o futebol,
é, para além da religião, aquele que constitui um dos objetos da cultura popular contemporânea mais estudados pelas ciências
sociais. (...) O futebol surge como suporte de investimentos simbólicos que se
inserem numa construção, mais global, das identidades coletivas. Os clubes e
respetivas equipas, constroem imagens estereotipadas das comunidades, simbolizando,
desse modo, as formas específicas da existência social. Além de elementos de
identificação emblemática, os clubes são também veículos de negociação com o
exterior (a sua existência depende do confronto com outras equipas), colocando,
por via da representatividade, a comunidade em confronto com outras
comunidades. Por esse motivo, revelam-se
elementos fundamentais para a construção/ reconstrução das identidades coletivas.”
Na
dissertação de André Cruz “O Estádio Nacional e os novos paradigmas de culto”
donde retirei os estratos acima, levanta-se a ponta do véu; o futebol foi capturado
pelo já referido lóbi - que passarei a designar de “cruzados” em contraponto à
ostensiva e pejorativa denominação de “mouros” com que os “azuis” classificam
todos os portugueses a sul do mondego -, usando-o na desconstrução de elementos
estruturantes da Identidade Nacional presentes no desporto, tentando a todo o
custo construir, em simultâneo, uma identidade regional centrada, abusivamente,
nos plastificados êxitos desportivos do seu clube, semeando ódio e
ressentimento entre os portugueses, pela via do desporto.
Foi
esta, quanto a mim, a verdadeira razão da “guerra” que o sr Costa desencadeou
contra o ex-Selecionador Nacional, o competente e digno Filipe Scolari, que,
contra sua vontade, uniu todos os portugueses em torno da Seleção Nacional e do
símbolo máximo da Nação Portuguesa: a Bandeira Nacional! Ao Sr Costa, aos seus
correligionários e a muitos regionalistas, tal como aos traidores, não convêm
os elementos agregadores dos Portugueses. Tal é o caso do Estádio Nacional!
A
Taça de Portugal comummente designada por “Festa do Futebol”, efetivamente,
aproxima e solidariza os portugueses através dos respetivos clubes, abolindo
quase completamente as fronteiras entre escalões, levando os “grandes ” aos
locais mais remotos, com seus “mágicos” da bola, e dando aos “pequenos” a
possibilidade de os baterem, até ao desfecho final, onde, perante os mais altos
dignitários da Nação, poderão com brio e honra, disputar o troféu. Esta
competição é pois um tributo à Nação e o Estádio Nacional é símbolo do
sentimento Patriótico. São estes os verdadeiros motivos do Sr Fernando Gomes enquanto
“cruzado”.
Enquanto
Administrador da SAD do Porto, Presidente da LPFP e Presidente da FPF, que fez
FG pela salvaguarda da segurança e comodidade no futebol?
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·
Que
fez FG para garantir a punição dos bandidos que semeiam o terror entre todos os
que, correligionários ou não, desagradam ao putativo “gerente de caixa”?
·
Que
fez FG para garantir a punição dos que se deslocam aos estádios adversários
para os incendiar e agredir os respetivos adeptos?
·
Que
fez FG para dissuadir os mentores do chauvinismo no futebol que não hesitam em
ameaçar explicitamente os dirigentes que teimam em defender a universalidade
dos regulamentos desportivos?
·
Que
fez FG para impedir que os árbitros que mais erram em favor do seu clube sejam
os que mais facilmente sobem na carreira?
·
Que
fez FG para providenciar a melhoria das condições de segurança e comodidade no
Estádio Nacional?
·
Que
interesses defende FG enquanto Presidente da FPF?
Cidadão e benfiquista, acuso-o de consentir a compulsiva e discricionária punição
dos Dirigentes e Atletas do meu clube pelos órgãos das instituições a que
preside ou presidiu, quase todos conotados com o seu clube; de consentir no
financiamento da LPFP com a aplicação de sucessivas multas ao Benfica por
razões claramente discriminatórias face aos restantes adversários; de defraudar
as espetativas dos Dirigentes adversários do seu clube ao convencê-los do seu empenho
na luta pela regeneração do futebol; de omissão do seu dever de denunciar e
combater o chauvinismo no futebol.
Da
Wikipédia:
“Inaugurado a 10 de Junho de 1944,
o Estádio Nacional foi uma criação do Estado Novo,
que procurava com este novo recinto não só a promoção da prática do desporto,
mas também a criação de um espaço para manifestações públicas inspiradas nos
princípios políticos vigentes.
Para que o projeto do ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, fosse uma realidade, foram
consultados diversos arquitetos, entre os quais, Francisco Caldeira Cabral,
Konrad Wiesner, Jorge Segurado e Miguel Jacobetty Rosa.
A este último é apontada a “paternidade” do projeto do Estádio de Honra.
Influenciado por obras como o Estádio Olímpico de
Berlim, a edificação do Estádio Nacional levou cinco anos a ser
concluída - desde a planificação (1939) até à sua construção -,
sendo, mais tarde, inserido no Complexo Desportivo do Jamor, uma ilha verde no
seio da Área
Metropolitana de Lisboa.
Em 1967, o Estádio Nacional foi
escolhido como anfitrião para a prestigiada final da Taça dos Campeões
Europeus. O jogo foi disputado entre o Celtic Football Club
e Inter Milão. Os escoceses venceram por 2-1 e
levaram para casa a primeira Taça conquistada por um clube não latino.
Este complexo serve de Estádio oficial para a Seleção
Portuguesa de Futebol mas, devido à sua degradação, os jogos
oficiais da seleção não são realizados nele.
O Estádio Nacional recebe todos os anos a final da Taça de Portugal,
que se diz ser o ex-libris do
futebol português.
No Estádio Nacional, a simplicidade do
detalhe arquitetónico contrasta com uma conceção global inspirada numa
monumentalidade que exalta o nacionalismo próprio do período histórico em que
foi concebido.
Embora estejam afastadas do espírito dirigista
que animou as celebrações do nazismo, parece de todo o interesse referir o
movimento que, no Euro 2004, originou a proliferação de símbolos patrióticos,
com a utilização exaustiva de bandeiras nacionais.”
Claro
que o Estádio Nacional, mais tarde ou mais cedo será demolido, pela simples
razão de se tratar de uma obra simbólica do Estado Novo, intolerável aos falsos
profetas da Liberdade e da Democracia, que, hipocritamente, invocarão razões de
segurança e comodidade para apaziguar as dormentes consciências, depois de,
pacientemente, o deixarem apodrecer.
Como
diz a canção; a mim não me enganas tu, a mim não me enganas tu, a panela ao
lume e o arroz está cru…
http://www.youtube.com/watch?v=wjQsUWVM9kI&feature=player_detailpage
AB
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