1)
“…Surpreendentemente, uma coisa pareceu clara
desde o início: com a Cruz de Cristo, os antigos sacrifícios do templo ficaram
definitivamente superados. Algo novo acontecera….Na Cruz de Jesus, verificou-se
aquilo que nos sacrifícios dos animais tinha sido tentado em vão: o mundo
obteve a expiação. O ´Cordeiro de Deus ‘ tomou sobre Si o pecado do mundo e o
retirou. A relação de Deus com o mundo - relação transtornada por causa da
culpa dos homens - foi renovada. Realizou-se a Reconciliação. Assim, Paulo,
pôde sintetizar o acontecimento de Jesus Cristo, a sua nova mensagem, com estas
palavras: ‘Pois foi Deus quem reconciliou o Mundo consigo, em Cristo, não
imputando aos homens os seus pecados, e pondo em nós a palavra da reconciliação.”
a)
O
pecado do Mundo consistiria - consiste - na desobediência dos homens aos
preceitos divinos - Tora -, cuja expiação e consequente reconciliação dos
homens com Deus, só é possível pela crucificação de Jesus, que investiu os
Apóstolos - igreja nascente - com o dom da reconciliação pela palavra.
b)
O
“povo escolhido” tinha consciência dos seus pecados e procurava expiá-los repetidamente,
pelo método sacrificial de substituição, usando animais, método aceite pela
hierarquia religiosa.
c)
O
pecado do mundo engloba todos os homens e não apenas os vinculados à Tora, e a
Reconciliação dirige-se igualmente a todos, não se percebendo como poderão ter
acesso à Reconciliação os homens não vinculados à obediência Divina, sobretudo
os que dela não tiveram - têm - conhecimento.
d)
Os
não Reconciliados suportarão o sofrimento eterno da sua própria culpa, não se
percebendo como tal sucederá relativamente aos que a desconhecem.
2)
“Visto que no Homem Jesus está presente o bem
infinito, agora, na história do Mundo, está presente e ativa a força
antagonista de qualquer forma de mal; o bem é sempre infinitamente maior do que
toda a mole do mal, por mais terrível que esta se apresente.”
a)
O
Homem Jesus não veio acabar com o mal da humanidade mas constituir-se como
força antagonista acessível ao Homem que lhe permitirá suportá-lo.
b)
Parece
óbvio que, sem o mal, não é possível compreender a essência Divina, tal como
não é possível compreender a antimatéria sem a matéria.
3)
“Também no mundo grego se sentia cada vez mais
insistentemente a insuficiência dos sacrifícios animais, dos quais Deus não tem
necessidade…Assim, aparece aqui formulada a ideia do “sacrifício sob a forma de
palavra”: a oração, a abertura do espírito humano a Deus é o verdadeiro culto.
Quanto mais o homem se torna palavra - ou melhor, se torna resposta a Deus com
toda a sua vida -, tanto mais realiza o culto justo.”
a)
Fica
expressa a revolução no culto religioso, substituindo-se o ato sacrificial pela
oração, invocando a abertura do espírito a Deus.
4)
“A nossa obediência volta sempre a falhar. Volta
sempre a impor-se a nossa vontade pessoal. E o profundo sentido da
insuficiência de toda a obediência humana à palavra de Deus volta sempre a
fazer irromper o desejo de expiação, que todavia, em virtude de nós mesmos e da
nossa “prestação de obediência”, não se pode realizar.”
a)
A
necessidade de oração do Homem é permanente dada a fragilidade da sua vontade
pessoal.
5)
“…a nossa moralidade pessoal não basta para
venerar de modo justo a Deus; eis o que esclareceu S. Paulo, com grande vigor,
na controvérsia sobre a justificação. Mas o Filho feito carne carrega em Si
todos nós e, assim, dá aquilo que nós, sozinhos, não podemos dar. Por isso, faz
parte da vida cristã tanto o sacramento do Batismo enquanto nossa entrada na
obediência a Cristo, como a Eucaristia na qual a obediência do Senhor na Cruz
nos abraça a todos, nos purifica e atrai na adoração perfeita realizada por
Jesus Cristo.”
a)
Não
basta ao Homem viver conforme a moralidade cristã; a Reconciliação só será
possível, mediante vínculo pelo Batismo e purificação pela Eucaristia.
6)
“A grandeza do amor de Cristo revela-se
precisamente no facto de Ele, não obstante toda a nossa miserável insuficiência,
nos acolher em Si, no seu sacrifício vivo e santo, de tal modo que nos tornamos
verdadeiramente o “seu Corpo”.
a)
O
Homem pode tornar-se Deus amando-O em Jesus Cristo.
7)
“…o objetivo constante é atrair para dentro do
amor de Cristo cada indivíduo e o mundo inteiro, de modo a que todos se tornem
, juntamente com ele, “uma oferenda agradável a Deus, santificada pelo Espírito
Santo””.
a)
Deus
quer no “Seu Reino” cada homem e todos os homens.
b)
Tal
desígnio impossibilita, o Diálogo Ecuménico, perpetuando os milenares conflitos
inter-religiosos.
8)
“…mas também uma imagem da existência cristã em
geral: nas tribulações da vida, somos lentamente purificados no fogo, podemos,
por assim dizer, tornar-nos pão, na medida em que, na nossa vida e no nosso
sofrimento, se comunica o mistério de Cristo e o seu amor faz de nós um dom
para Deus e para os Homens.”
a)
Os
sofrimentos da vida constituem a própria expiação do Homem pela comunicação do
mistério de Cristo.
b)
Continua
presente a exigência sacrificial, para acesso do Homem à Reconciliação; além da
oração, os sofrimentos da vida completam o processo.
c)
O
sacrifício do “Cordeiro de Deus” permite a Reconciliação do Homem mas não o
poupa aos sofrimentos da vida.
9)
“O mistério da expiação não deve ser sacrificado
a um racionalismo presunçoso. …o Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a vida pela redenção de muitos.”
a)
Tentar
compreender o mistério da expiação não é apropriado, o que deixa a Igreja em
muito maus lençois; quer pela confissão da sua incapacidade quer pela negação do
dom do raciocínio humano.
b)
Muitos
não terão acesso à Redenção, ficando em dúvida a infinita compaixão Divina.
AB
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