A novidade destas eleições não residiu na vitória da lista de Filipe Vieira mas no resultado significativo da Lista de Noronha Lopes e na estrondosa derrota de Gomes da Silva.
Filipe Vieira tinha os trunfos na
mão e jogou-os no momento certo. Com o regresso de Jesus, a contratação de bons
jogadores, um início de época auspicioso e promessas de um futuro europeu
risonho, depressa os benfiquistas esqueceram o fracasso da época anterior e optaram
pela continuidade, receosos da turbulência desportiva que uma mudança de rumo
acarretaria na época em curso. Porém o comportamento de Filipe Vieira ficou indelevelmente
marcado pela negativa ao ter-se recusado a debater com os dos outros candidatos
e ao vedar o acesso destes à BTV onde poderiam explanar as suas ideias. Os
interesses do Benfica estão acima dos de qualquer candidato ou Direção, e o seu
destino deve ser decidido pelos sócios. Manter a BTV fora da campanha eleitoral
com o pretexto de evitar o “ruido”, constituiu uma habilidade maldosa que contraria
a cultura aberta e democrática do clube. Saiu beneficiada a lista de Filipe
Vieira uma vez que a estação, implicitamente e desonestamente, foi fazendo
campanha em seu favor.
Noronha Lopes, aparecendo a
poucos meses do ato eleitoral com um projeto mobilizador, dinâmico, virado para
o sucesso desportivo da equipa masculina de futebol sénior, congregou um vasto grupo
de apoiantes entre os quais, ídolos do futebol, figuras da cultura, académicos,
gestores, empresários, etc. Gente com acesso ao espaço público, com boas ideias
e com disponibilidade para as discutir e aprofundar. A votação expressiva na lista
de Noronha Lopes, deixa filipe Vieira com margem de erro residual no mandato em
curso e coloca sob pressão o seu eventual sucessor, Rui Costa.
Gomes da Silva, não obstante a
sua determinação, obteve uma estrondosa derrota, que o afasta de quaisquer
ambições futuras. Julgo porém que terá sido vítima do voto útil. Muitos dos
seus apoiantes terão intuído vantagem da lista B e mudaram a sua decisão de
voto. Por outro lado foi também prejudicado pela vertente negativa da sua
campanha e pela tardia apresentação pública da sua equipa. Sem dúvida alguma é
dele o mérito do aparecimento duma oposição robusta a Filipe Vieira. Oposição
imprescindível ao progresso do clube, ainda que à custa de alguma turbulência.
De sublinhar a entrada em liça de
Bernardo Silva cujas declarações certamente contribuíram na ponderação de mutos
sócios que vêm nele o símbolo do adepto genuíno. Já Jorge Jesus deveria ter
ignorado a rasteira do jornalista e ter-se abstido de comentar o assunto.
Resta esperar que não ocorra a
dispersão dos opositores, que estes se revelem funcionais no acompanhamento do dia-a-dia
do clube, na sua defesa perante inimigos externos e, sobretudo, na apresentação
e discussão de propostas estratégicas para o futuro.
Peniche, 01 de Novembro de 2010
António Barreto
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