Inflação
e Taxas de Juro
Acerca
da polémica que vai por aí sobre a inflação e as elevadas
taxas de juro eis, sucintamente, o que, de momento, se me oferece
dizer:
O
Jogo Político:
Todos
lhes
conhecem
as causas, ninguém assume responsabilidades. Todos têm medo de
dizer a verdade e todos vêm aqui uma oportunidade de "queimar"
- responsabilizar ou comprometer - o adversário. A origem remonta
ainda à crise de 2008 e à turbulência política que originou.
Passos Coelho foi o único que disse a verdade ao povo, que
"atacou"
a despesa pública e lutou pelas reformas estruturais de que o país
carece, contra a sistemática oposição do Tribunal Constitucional,
um órgão político - que veio substituir o Conselho da Revolução,
hoje controlado pelo PS – então
intransigente
na "defesa dos direitos adquiridos" e que hoje se remete ao
silêncio, indiferente a todos os atropelos a
que os portugueses têm sido sujeitos. A causa primordial são os
falsos alicerces do regime democrático; a cultura cívica e política
dos principais agentes políticos, os partidos, a sua falta de
vínculo ao interesse nacional, a subordinação destes ao interesse
partidário. E é por aqui que morrem as democracias. Já aconteceu
antes.
As
Causas:
A
resistência política dos governos, dos países em vias de default,
à política de austeridade da UE e do BCE, teve como consequência a
substituição do Claude
Trichet
por Mario
Draghi.
Daqui adveio a alteração da política do BCE; o expansionismo
monetário, como instrumento de financiamento dos desequilíbrios
orçamentais dos estados fragilizados, deixando
para segundo plano o controlo da inflação. Expansionismo
sem contrapartida nas reformas estruturais conducentes à indução
dos ganhos de produtividade de que essas economias carecem. De
momento não conheço os números exatos, mas, assim por alto - quem
puder, p.f., corrija -, de 2015 ao final de 2022 o BCE deve ter
injetado na economia europeia
cerca de 5 mil milhões de euros, na compra de dívida soberana.
É, mais ou menos, o PIB anual da Alemanha - cerca de 4 BE,
salvo-o-.erro
-, cerca de 30 % do PIB agregado da UE!
Uma
vez que não se verificou aumento correspondente do lado da oferta -
da produção de bens transacionáveis (aqueles bens que têm alguma
utilidade para alguém) - a inflação era inevitável! Eu contava
com ela! É verdade que há outra causa importante; a forma como se
abordou a crise pandémica; paralisaram-se as produções e
distribuiu-se dinheiro pelas populações. Só dois "loucos"
se opuseram
à
paralisação
das
economias dos seus países: Trump
e Bolsonaro!
No
caso de Portugal há ainda uma causa menor; o aumento forçado, desde
2005 do salário mínimo acima da inflação e do crescimento do PIB;
não porque o Governo tenha tido pena dos trabalhadores, mas porque
precisava de arrecadar mais receita. Quando um regime teima em viver
num ambiente de ilusão económica, acabará por morrer.
E
não! Não me venham dizer que o povo é estúpido, que não
compreende, que gosta de ser enganado, etc, etc. porque, depois de 4
anos de austeridade, quem ganhou as eleições foi quem a tinha posto
em prática: Passos Coelho! Foram os derrotados que, numa aliança
espúria e condenada ao fracasso, assumiram o poder, retomaram a
política despesista do Governo de Sócrates e, uma a uma, desfizeram
todas as parcas reformas daquele Governo. São os nossos políticos,
na sua grande maioria, que não têm
maturidade democrática; teimam em colocar os interesses dos
respetivos partidos acima do interesse nacional.
Controlo
da inflação:
Combate-se
a
inflação
reduzindo a procura. É a forma mais fácil e a que tem que ser
aplicada em caso de urgência, como atualmente.
Porém a redução de despesa pode e deve fazer-se também do lado do
Estado,
da Administração
pública! De 2016 a 2022 o OE aumentou aproximadamente,
de
86 MME para 113 MM! Não sei para onde foi esse dinheiro, mas parece
que terá sido mal utilizado, uma vez que já está "toda a
gente" na função pública a pedir aumentos de salariais!
Portanto, a redução da procura, pode e deve fazer-se pela lado da
despesa pública, eliminando redundâncias e ineficiências. Mas,
infelizmente, a via socialista não é a da eficiência, é a da
expansão do Estado.
Mas
há ainda
outra forma de "pressionar" a inflação; induzir
de ganhos de produtividade na
economia através
da redução dos custos de contexto das
empresas
- simplificação de processos administrativo-burocráticos, redução
ou eliminação de encargos diversos,
etc.
Para
isso o Governo teria de "derrubar o muro" do preconceito
ideológico e conversar com os empresários, começando por
perguntar-lhes o que poderiam
fazer em conjunto com o Governo para aumentar e
melhorar
a oferta de bens transacionáveis. É difícil fazê-lo? Não,
se o
interesse nacional está acima
do
interesse partidário, dos
fundamentalismos ideológicos
e das lógicas eleitoralistas. Não,
se deixarem de ver e tratar os empresários como meliantes carecidos
de punição económica, fiscal e social.
Abuela-Moses- Feria Rural (1950)
Peniche,
1 de Julho de 2023
António
Barreto