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sábado, 20 de agosto de 2022

Um Pouco de História (VII)

 República Romana

César e a construção europeia

 

        No ano de 703 - da era romana; 50 a. C. -, pois, a pacificação era geral. No seguinte César ocupou-se em organizar os seus reinos. Deu por toda a parte o mando às aristocracias sempre fiéis aos romanos; confiscou e distribuiu tesouros e terras; impôs o latim como língua oficial, sem bulir todavia na religião nem nos costumes, porque bem sabia ser suficiente alterar a linguagem para modificar os homensfez cidadãos romanos a muitos indivíduos para criar assim um fermento de ambição e inveja; mandou circular a moeda romana; e preparando a romanização rápida da Gália, juntando-a à Espanha já romanizada, fez para o Ocidente, latinizando-o, o que Alexandre fizera helenizando o Oriente. Alargou a área da civilização indo-europeia à Europa ocidental bárbara. – Carlos Magno alargou-a depois à Germânia; por via da Rússia estendeu-a mais tarde ao mundo eslavo e à Sibéria; e desde o século XVI da nossa era, por fim, essa civilização soberana invadiu a América fazendo-a europeia.

   A conquista da Gália demorou por quatro séculos o choque inevitável do mundo latino e do germânico, levantando entre ambos, aquém da fronteira do Reno, as cidades e cantões da Gália romanizada. Os povos celtas não foram exterminados à moda das conquistas dos orientais: outra era a tradição romana desde os tempos mais remotos. A Gália e a Espanha foram assimiladas. Decerto houve horrores nas batalhas e crueldades na conquista, mas nem os gauleses foram em geral escravizados nem as suas terras confiscadas. Se ficaram pagando um tributo, pagavam antes pesados impostos aos governos das suas tribos e cantões. Atrofiada a elaboração da nacionalidade comum, não podiam lamentar a perda de uma coisa que ainda não tinham conseguido definir politicamente, pois a independência local conservavam-na na organização municipal, a liberdade religiosa manteve-se, e quando os gauleses comparassem a vida atribulada de discórdias que antes levavam, com a imensa majestade da paz romana, no seio da qual viviam sossegados, felizes e fartos, deviam abençoar e abençoavam de facto o presente, sem saudades pelo passado.”


Júlio César

Créditos: História da República Romana, de Oliveira Martins

O negrito e o itálico são de minha edição.

Peniche, 20 de Agosto de 2022

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