Desporto

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Filipe Vieira; notas sobre a entrevista de ontem

 
Claude Monet - Heavy Sea at Pourville, 1897
 
No seu estilo simples, sem rasgos de oratória, Filipe Vieira, respondeu a todas as questões avulsas que lhe foram colocadas, definiu os objetivos para a próxima época e, sobretudo, clarificou o seu projeto para os próximos anos. É esta última parte que me parece mais relevante.
 
Distingo três estágios, cumulativos, no consulado de Vieira no Benfica; o das infraestruturas, o da competitividade e o da identidade. O primeiro continua em curso e dispensa comentários. O segundo foi atingido nos últimos anos em ambos os planos; interno e externo, com o anterior ainda em expansão. O terceiro iniciou-se com a entrada de Rui Vitória, com os anteriores em curso.
 
O plano da identidade consiste na manutenção na equipa principal de uma maioria de jogadores de nacionalidade lusa originários da formação do clube. Com os modelos desportivos bem consolidados, passados os sucessivos crivos de exigente avaliação, os jogadores que chegarem ao topo serão necessariamente bons e trarão consigo  a mais-valia  da cultura do clube consolidada, em cada caso, por cerca de uma década de manto vermelho vestido. Acredito que este modelo trará sinergias à equipa.
 
A segunda vertente deste plano, que até agora não tinha sido bem compreendido, ficou bem expresso na descrição do objetivo de planeamento desportivo a médio prazo. Desta vez foi mais longe ao referir a acção abrangente do Treinador principal ao acompanhar os jovens da formação, elaborando planos de progressão individuais e das respetivas integrações na equipa sénior A. Parece evidente que, este método, possibilitará estabilidade a toda a estrutura associada a maior responsabilidade e dignidade de todos os envolvidos, desde técnicos a jogadores. O grande desafio que aqui se coloca é o de assegurar o talento inerente ao jogador de alta competição, reconhecendo-o precocemente e sabendo desenvolvê-lo ao nível pretendido.
 
Finalmente a terceira e última vertente é, nada mais nada menos, que a financeira, definido o objetivo de redução do passivo aos 200 milhões de euros, considerado essencial para a retenção no plantel, durante mais tempo, da estrutura nuclear da equipa, por sua vez necessário à prossecução dos mais altos objetivos desportivos, nomeadamente europeus. Lembremo-nos que o Benfica paga cerca de 22 milhões de euros anuais em juros! Uma barbaridade comprometedora da competitividade desportiva. Este plano permitirá reduzir os encargos de recrutamento maximizando as mais-valias das transações, criando excedentes, que permitirão, paulatinamente, cumprir o objetivo da redução do passivo.
 
Haja capacidade para pôr isto a funcionar.
 
Quanto ao resto, algumas curiosidades e clarificações interessantes acerca dos múltiplos episódios que têm surgido. De enaltecer a postura cordial para com os principais rivais e respetivos dirigentes, clarificando fronteiras.
 
Boa sorte.

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