1. Independência financeira do Grupo Benfica face a instituições que servem os interesses de adversários diretos, distorcendo as regras da concorrência desportiva, nomeadamente no que concerne à alienação dos direitos desportivos e outros.
a.
O controlo financeiro dos adversários constitui
um dos pilares onde tem assentado a hegemonia desportiva do Porto nas últimas
décadas. Com efeito, este clube, conta nas suas hostes com agentes da alta
finança nacional, Américo Amorim, Artur Santos Silva, Alípio Dias, com posições
fortíssimas na banca, quer como acionistas - os dois primeiros - quer como
Administradores - o terceiro, no passado recente. A esta equipa junta-se ainda
Belmiro de Azevedo - e outras figuras relevantes no panorama económico-político
nacional - com o seu vasto império industrial e financeiro. Não admira o pavor
hipocritamente e covardemente disfarçado a que assistimos no mundo do futebol e
conexos.
b.
Com o monopólio dos direitos desportivos
atribuído à Olivedesportos, conjugado com as profundas e históricas ligações
comerciais desta entidade com a FPF e com a debilidade financeira da maioria
dos clubes de futebol e suas SAD, direta ou indiretamente, o mostrengo tem
controlado os seus concorrentes pelo estrangulamento financeiro, incluindo o
Benfica, que, desde Damásio caíu nas suas garras por falta de capacidade de
captação de financiamento alternativo e de desenvolvimento de projetos
económico-desportivos consistentes. A dependência financeira subordina todos os
restantes interesses, incluindo o Desportivo. O Benfica tem sido legalmente
espoliado, pelos “tentáculos financeiros” do mostrengo, do seu património
material e imaterial, com repercussão no desempenho desportivo.
c.
O impacto desta realidade no Benfica, porém, está
longe de se confinar à vertente financeira. A presença no clube de qualquer uma
das empresas de Joaquim Oliveira, representa, para todos os adeptos, sócios e
acionistas, o jugo do mostrengo azul e uma machadada no seu orgulho, tendendo a
instalar-se progressivamente, o conformismo e a resignação, difundindo-se,
insidiosamente, até ao relvado, substituindo a tradição de inconformismo,
competência e valentia, identitários do clube. Esta é, quanto a mim, a razão
maior para o corte de relações comerciais com a Olivedesportos, ainda que não
tivéssemos alternativa. Não há dinheiro que pague o orgulho Benfiquista. Saúdo
a decisão da atual Direção e não tenho dúvidas de que, apesar das dificuldades
iniciais, encontrar-se-ão alternativas bem mais favoráveis, além das sinergias
resultantes da promoção da união dos Benfiquistas que daqui advirão.
d.
No entanto, este tema não se restringe à
Olivedesportos; também o BES está presente em todas as SAD como acionista,
acabando por condicionar a gestão das mesmas aos seus próprios interesses,
funcionando como “cavalo de Tróia” do mostrengo azul. Veria também com muito
bons olhos o afastamento quer do BES quer de Joaquim Oliveira do quadro de
acionistas de referência da nossa SAD.
e.
Tal é ainda o caso da PT cujo departamento de
marketing foi gerido durante largos anos por um confesso adepto azul - ficando
assim esclarecido, para mim, o mistério do financiamento salvador do mostrengo
-, que acabou de reentrar no capital da sport TV, ajudando a resolver as atuais
dificuldades de financiamento desta entidade, quiçá, dotando-a dos recursos de
que necessita para não perder os salvíficos direitos de transmissão dos jogos do
Benfica.
f.
Considero pois que, uma vez alcançada a
sustentabilidade financeira do Grupo Benfica e apesar das condicionantes do
mercado acionista, onde qualquer um pode comprar quaisquer ações desde que
tenha dinheiro, a Direção deve procurar financiamento alternativo e negociar a
saída daquelas entidades da nossa SAD, evitando financiadores comuns aos nossos
adversários diretos. Está aqui bem patente, talvez, o maior inconveniente da
constituição das SAD, que consiste na possibilidade real de intrusão manipulatória
de adversários, ainda que indireta, ainda por cima legalmente.
g.
Não faltarão financiadores ao Benfica, estou
certo; por mim privilegiaria financiadores internos com disponibilidade para um
compromisso de exclusividade, à semelhança do que já acontece com a Sagres, bem
como com entidades idóneas externas com interesse na expansão desportiva
mundial do clube.
h.
Tal exige o contributo de todos os Benfiquistas,
especialmente os melhor colocados, e não apenas da Direção, cabendo
naturalmente a esta, a sagacidade de os mobilizar, identificar e persuadir os
financiadores preferenciais, sempre na perspetiva do conceito win-win.
ET PLURIBUS UNUM
António
Barreto*
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