Desporto

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Chauvinismo de Serpa


No seu admirável blogue "Em Defesa do Benfica", Alberto Miguéns, dá conta de uma crónica de Vitor Serpa em o "A Bola" na qual,este, fazia a elegia do Sporting de Braga e acusava de traidores os Bracarenses adeptos de outros clubes!

Vitor Serpa demonstra mais uma vez não estar à altura dos pergaminhos de "A Bola" quando esta era considerada a bíblia do futebol, quando não tinha medo de trafulhas nem de sociopatas, quando não tinha a preocupação da equidistância cúmplice, quando tinha a coragem e o orgulho de ter inimigos por amor à verdade, quando tinha a lucidez de defender a arte do futebol. Abaixo Vitor Serpa!
 
"A Bola" é hoje um jornal castrado, medroso, merdoso, que quer estar bem com deus e com o diabo,  incapaz de defender a causa da transparência, da lealdade, da verdade. Um jornal que vai atamancando o discurso, dando uma no cravo outra na ferradura, cinzento, amarelo, na patética pretensão de pairar acima dos clubes, enquanto, paradoxalmente, rasteja ondulante ao sabor das conveniências. E Vitor Serpa é seu Diretor! Abaixo Vitor Serpa!
 
Ora então, segundo a "lei serpa", cada cidadão deveria ser, exclusivamente, adepto do clube da sua terra sob pena de ser acusado de traição e, quem sabe, condenado ao cadafalso, à forca, ao fusilamento, ao ostracismo ou à expulsão! Vitor Serpa, o Torquemada do luso ludopédico! Haverá algo mais patético? Abaixo Vitor Serpa!
 
Porém, de tal sapiência, rapidamente, a "lei serpa" se transformaria em "doutrina serpa" alargando-se a todos os setores da atividade humana. Assim, acabariam todos os cidadãos notificados da obrigatoriedade de prestação, em regime de exclusividade, de apoio a todos os atletas, artesãos e bachareis da cidade, com exclusão de quaisquer outros, ainda que notáveis e talentosos.
 
E para evitar a perdição da tentação, proibir-se iam os ignaros de assistir a espetáculos ímpios, desligar-se-iam as televisões, proibir-se-ia a circulação além das muralhas da cidade, queimar-se-iam  todos os livros de autores blasfemos e ateus e oferecer-se-iam livros e canções de autores locais como se fossem os melhores da galáxia. Haverá algo mais patético? Abaixo Vitor Serpa! Abaixo! PUM!
 
Ironias à parte; em matéria desportiva, todos os cidadãos são adeptos dos clubes da sua terra e destes, adotam mais um deles. Porém, sendo o futebol um espetáculo desportivo e aspirando o Homem ao êxtase emancipador da Arte, é natural que alguns Homens se identifiquem com aquelas entidades que, efetivamente, praticam a Arte do Futebol, mesmo não sendo da sua cidade. Apreciar a Arte é ainda uma liberdade que nenhum serpa, nenhum pinto, nenhum mesquita, nenhum salvador, nenhum bento, nenhum tavares, nenhum moreira, pode negar a um Homem, seja de Braga, do Porto, de Lisboa, de Guimarães, de Madrid, de Barcelona, de Paris, de Berlim, etc! Abaixo Vitor Serpa!
 
Serpa, defende a tese difundida pela "tropa saloia" pintista por tudo quanto é sítio, com o propósito de desalojar a simpatia de que o Benfica disfruta por toda a parte, tentando substitui-la não pelo clube da terra, mas pelo ressabiado clube da fruta, fomentando subversivamente a intolerância ativa, a discriminação e a perseguição aos Benfiquistas, enquanto se apresentam como beneméritos desinteressados, trocando atletas, técnicos e serviços outros, quiçá, aconselhamento matrimonial e distribuição de fruta, chocolatinhos, rebuçadinhos e quinhentinhos, tão necessários ao êxito desportivo em Portugal.
 
Serpa sabe, mas finge ignorar, que o futebol em Portugal, hoje, é um instrumento político ao serviço da ambição desmesurada e fraturante de alguns caciques sociopatas que, a coberto de cumplicidades várias, não hesitam em manipular o afeto dos seus conterrâneos ao seu clube para atingirem a notoriedade local que lhes permite ascender e permanecer em lugares de relevo na paróquia.
 
Serpa sabe, mas finge ignorar, que o relativo sucesso do Braga da era Salvador tem origem na réplica da miserável estratégia de condicionamento competitivo do seu clube mentor, destruindo um passado nobre porque leal, cordial e competitivo. O Braga já era competitivo muito antes de Salvador. O Braga de Cajuda, por exemplo, foi uma grande equipa!
 
Serpa sabe, mas finge ignorar, a razão das estranhas alterações táticas das equipas protegidas que propiciam ao seu clube mentor fáceis vitórias. Contrapartidas. Contrapartidas, que permitem ao mentor passear nas competições nacionais e concentrar-se nas europeias onde valoriza os seus ativos sem o que teria de reduzir os seus orçamentos a metade, com a correspondente perda de competitividade e quebra do ciclo virtuoso de natureza frutóide.
 
Vitor Serpa, garantiu a irrelevância na história do jornalismo desportivo nacional. Não soube, não sabe potenciar o privilégio de dirigir aquela que foi uma instituição de referência.
 
Vitor Serpa, parece não ter percebido que, também no futebol, há causas pelas quais vale a pena ter inimigos.  
 
AB
 

Sem comentários:

Enviar um comentário