A sucessão de casos que, ao longo das épocas, envolvem gente do Benfica, atletas - técnicos, dirigentes, claques ou simples adeptos, - a exemplaridade de ação da justiça desportiva ou cível, seja na celeridade seja na dureza das penas, face a outras situações similares, legitimam a suspeição. Suspeição de que, dado o enorme impacto social do clube, se procure, através destes casos, atenuar o estado de evidente descrédito da justiça junto do vulgar cidadão. Suspeição de que, a nova ordem socio-política necessite de impor ao clube a expiação dos excessos do Estado-Novo e da Primavera Marcelista. Suspeição de que, a mesma ordem, queira impôr novo paradigma desportivo ao país, consubstanciado pelo FCP e os interesses de toda a ordem que lhe estão associados.
Mais uma vez, Jorge Jesus foi afastado do banco, numa altura em que o seu clube se aproxima perigosamente do primeiro lugar, algo, pelos vistos, intolerável ao regime. Recordemos os castigos aplicados na época anterior ao Presidente e ao Vice-Presidente do Benfica, respetivamente, 15 dias e 11 meses, o afastamento de Luisão na mesma época - que custou 4 pontos e o título -, só para citar os casos mais próximos.
Recordemos ainda o julgamento em curso do Presidente do Benfica no Tribunal do Bolhão por alegada difamação a Antero Henrique, do qual, inevitávelmente, sairá condenado. Recordemos todos os casos de absolvição de Pinto da Costa, Pinto de Sousa e outros, nomeadamente, no âmbito ao Apito Dourado e outras acusações avulso. Recordemos as alegações em alguns destes casos, dos responsáveis pela acusação. Recordemos o desdém com que alguns destes arguidos se apresentam nos Tribunais, confiantes da sua impunidade. Recordemos a fundamentação dos respetivos acórdãos de absolvição e concluiremos que algo vai mal na Justiça. Concluiremos que, esta, mais parece um instrumento de afirmação e consolidação da nova ordem político-desportiva, como se estivesse subjugada a "superiores" desígnios justificadores da relativização arbitrária dos princípios formais do Direito.
A supremacia do FCP no futebol, sustenta-se, sobretudo fora das quatro linhas, pela desmotivação dos adversários através da emissão de indicadores da sua influência junto dos poderes públicos. E isso é patente não só nos Tribunais, mas em múltiplas instituições públicas. E é uma das mais poderosas facetas do futebol fora das quatro linhas às quais o Benfica tarda em encontrar a resposta adequada, sem a qual não é possível ganhar.
Oxalá que, no terreno do jogo, a equipa do Benfica saiba responder à altura, apesar destas contrariedades.
Boa sorte para logo; já sabemos que os jogadores do Braga "vão comer a relva".
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